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Dia Especial

Dia Especial – Capítulo 10

CAPÍTULO 10

Cena 1 – Casa de Emília. Jardim Ângela. Manhã.

Luan: Aquele cara deve ter feito alguma para que a Emília saísse correndo dele, pode até ter sido algo grave, uma ameaça talvez. E tenho certeza que se essas tais câmeras gravaram alguma coisa, a Valentina irá deletar para acobertar o amado dela. Preciso fazer algo. Aquele desgraçado não vai ficar impune.

Dênis volta para a cozinha.

Luan: Quem era?

Dênis: Era a Valentina. – Ainda assustado. – Parece que a Emília morreu.

Luan: Como assim, morreu? – Ele simula estar surpreso. – Como foi que isso aconteceu?

Dênis: Eu sinceramente não sei te explicar. Só a Valentina poderá responder essa sua pergunta.

Luan:  Nossa! – Ele fala ao olhar o relógio no seu pulso. – Estou atrasadíssimo para uns compromissos, preciso ir. Mais tarde eu volto para conversarmos melhor sobre isto. – Ele sai às pressas.

Dênis: Que louco! Aliás, o que diabos o Luan queria com a Emília? Ele sempre detestou ela. – Ele estranha. – Estranho, muito estranho.

Cena 2 – Casa de Antony. Chácara Santo Antônio. Manhã.

Thales: Ontem aqui em casa tava melhor que as histórias de terror que você me conta para eu dormir. – Ele sorri. – Até agora não sei o que o senhor fez para que a Gilda saísse correndo.

Antony: Filho, eu estou com muita dor de cabeça. Podemos conversar sobre isso depois?

Thales: Quem era aquela mulher que saiu daqui na ambulância? Ouvi a Valentina falando que era mãe dela. Mas o que é que elas tavam fazendo aqui?

Antony: Não sei, Thales. Não sei. – Ele fala sem paciência alguma.

Thales: Pai, você precisa escolher logo entre a Gilda e a Valentina. Porque tô percebendo que as duas estão se afastando de você.

Antony: E você é uma criança para ficar se envolvendo no papo dos adultos, não acha?

Thales: Mas eu sempre te ajudei em tudo. E o senhor precisa decidir logo com quem vai ficar.

Antony: Thales, por favor. Me deixa quietinho um pouco, filho. Preciso tanto de um tempinho para poder ingerir tudo que aconteceu na noite passada.

Thales: Não, pai. Cê fica aí no mundo da lua, e o tempo passa. E quanto mais ele passa, mais a Val e a Gilda vão se afastando de nós. O senhor não pode ficar aí sentado nesse sofá sem fazer nada.

Antony: Acontece que eu quero ficar neste sofá sem fazer nada, posso? – Ele fala com braveza.

Thales: Desde a noite passada o senhor tá muito estranho. E ainda não quer me contar nada do que aconteceu.

Antony: THALES, CHEGA! CHEGA! VÁ IMEDIATAMENTE PARA O SEU QUARTO ANTES QUE EU COLOQUE VOCÊ DE CASTIGO.

Thales fica assustado e sai correndo. Antony volta a se sentar no sofá.

Antony: Eu não estou suportando isso, não estou. É muita confusão para uma cabeça só.

Cena 3 – Cobertura de Marcos e Raí. Morumbi. Manhã.

Marcos: Raí, será que você tem um tempinho para falar comigo antes de ir para o trabalho? – Ele fala ao entrar. – Preciso muito conversar contigo.

Raí: Contanto que você seja breve, por mim tudo bem. – Ele fala terminando de se arrumar. – Só não quero que me atrase.

Marcos: Pode ter certeza que não tomarei muito do seu tempo. – Ele se senta no sofá. – Eu vim aqui justamente porque gostaria de te pedir desculpas por ter te traído. Não foi nada bonito da minha parte.

Raí: Ao menos você está admitindo que errou. Reconhecer o erro já é um bom, um ótimo começo.

Marcos: Você vai aceitar minhas desculpas então?

Raí: Cê já tá desculpado, Marcos. Nada aconteceu, já até esqueci o que ocorreu ontem.

Marcos: E a gente? Como fica? – Ele pergunta timidamente. – Será que ainda existe um “nós”?

Raí: Quem nunca errou nesta vida, não é mesmo?

Marcos: Isso quer dizer que o nosso namoro continua?

Raí: Claro que continua, contanto que não faça uma coisa dessas novamente.

Marcos avança nele para beijá-lo, mas Raí se esquiva.

Raí: Espera aí que nem tudo está resolvido.

Marcos: Como assim nem tudo está resolvido?

Raí: Antes de mais nada, gostaria de deixar bem claro que eu entendo o porquê de você ter me traído com o Dênis: o cara transa muito bem! – Ele sorri.

Marcos: Pera aí, como é que você sabe disso? – Ele desconfia. – Por acaso vocês…

Raí: Depois que você saiu, foi inevitável segurar aquele fogo todo que estava afetando até mesmo os nossos neurônios. – Ele o interrompe.

Marcos: Você me traiu, Raí? – Ele fica incrédulo.

Raí: Não entendi essa sua incredulidade. Quer dizer que você pode me trair e eu não posso trair você? O bom é que agora estamos quites. Tenho certeza que você também adorou transar com o Dênis, confesse.

Marcos: É ME HUMILHAR O QUE VOCÊ QUER? Se pretende terminar com o nosso namoro é melhor dizer isso com todas as letras do que ficar aí me espezinhando. Quer saber de uma coisa? Eu não tinha nada que ter vindo pedir desculpas a você. – Ele se vira para ir embora, mas Raí o segura pelo braço.

Raí: Calma, eu não acabei de falar. Que gênio forte esse seu! Sem falar que é orgulhoso ao extremo.  Não estou querendo te humilhar não. Só quero te mostrar que nós dois ficamos muito satisfeitos em nos relacionar com o Dênis.

Marcos: E O QUE VOCÊ QUER ME MOSTRANDO ISSO? Faça-me o favor, né Raí. Não seja sínico.

Raí: Não estou sendo sínico coisa alguma. Só estou querendo te mostrar que de certa forma o Dênis foi a solução dos nossos problemas, aquele cara nos encheu de prazer e muito, mais muito tesão. Foi ele quem apimentou o nosso relacionamento, quem esquentou o que já estava ficando congelado.

Marcos: Como assim a solução dos nossos problemas? Não estou conseguindo te entender.

Raí: Eu vou te explicar tudo, senta aí. – Eles se sentam.

Cena 4 – Casa de Antony. Chácara Santo Antônio. Manhã.

Valentina abre o portão da casa de Antony e entra. Luan que a seguira durante todo o trajeto se aproxima do muro da casa. O rapaz sobe em uma árvore e consegue entrar na residência pela janela que estava aberta.

Luan: O primeiro passo já foi dado. – Ele cochicha para si mesmo ao conseguir entrar no local. – Suponho que este daqui seja o quarto do desgraçado. O problema é que esta casa é muito grande, e eu não faço a mínima ideia de onde estejam essas câmeras. – Ele começa a pensar um pouco. – Se aqui tem dois andares, certamente a câmera está nesta parte de cima, já que a Emília rolou escada à baixo. – Ele fica atraído pela tevê de Antony. – Caramba! Com uma tevê dessas eu não saio mais de casa, seria o dia inteiro assistindo filme. – Ele analisa o aparelho, completamente encantado. Sem querer, Luan acaba achando uma câmera próxima a televisão. – Vejam só! Uma eu já encontrei. E olha que nem precisei de muito esforço. Agora só falta mais uma. – Ele então procura na parte de baixo da cama, dentro do abajur, vasculha o quarto de Antony por inteiro. – Ai, cansei! Estou morto. – Luan já está suando, bastante ofegante. O rapaz então se encosta na parede, próximo à cortina. Ele sente uma pontada no meio das costas e se vira para ver o que é. – Não pode ser! Luan, você realmente é o cara. – Ele fica muito feliz ao encontrar a outra câmera. – Agora tenho que dar o fora daqui antes que alguém apareça. – Luan sai pelo mesmo lugar que entrou.

Poucos segundos depois Valentina e Antony entram no quarto.

Antony: Valentina, pelo amor de Deus né? Você não precisa me agradecer. A sua mãe precisava de uma ambulância com urgência, e eu apenas a ajudei, já que tinha os meus contatos.

Valentina: Você não entende que o que fez vai bem além disso? Você socorreu a sua sogrinha.

Antony: Como você é boba, muito boba. E ao invés de ficar aí conversando asneiras, vamos logo procurar essas benditas câmeras?

Valentina: Antony, me dá um abraço? Eu tô tão carente. Quer dizer, sempre fui, mas com a morte da minha mãe parece que fiquei um pouquinho mais.

Antony: Valentina, o que tá acontecendo com você? – Ele a abraça. – Está parecendo uma criança atrás de atenção.

Valentina: É porque esta foi a única maneira que eu encontrei para atrair o seu olhar para mim. – Ela o encara. – Independente de qualquer coisa que tenha rolado entre você e a Gilda, eu ainda te amo muito.

Antony: Valentina, este não é o momento certo para falarmos sobre isso. – Ele se afasta. – Eu sinceramente não quero mais fazer ninguém sofrer. Já basta ter ferido você e a Gilda com toda essa história.

Valentina: É, você me feriu mesmo! Até ousou trocar minha companhia pela da Gilda.

Antony: E eu também magoei ela. Acabei a envolvendo na nossa história, e deu no que deu. Tenho certeza que depois de ontem, a Gilda nunca mais vai querer olhar na minha cara.

Valentina: Você está falando do show que eu dei, né? Parei para pensar, e concluí que fui uma estúpida. Se eu pudesse voltar no tempo, não teria dito nada daquilo. – Ela fala arrependida.

Antony: O que não vai faltar é tempo para você se desculpar com ela. Mas não era disso que eu estava falando. – Ele fica triste.

Valentina: De quem você gosta mais? Dela ou de mim?

Antony: Que pergunta mais tola, Valentina.

Valentina: O que me surpreende é o fato de você não conseguir responder essa pergunta “tola”.  Quer saber de uma coisa? Eu não tenho mais nada a ver com a sua vida mesmo, já pedi demissão, não temos mais nenhuma ligação um com o outro.

Antony: Ainda não estou botando fé na sua demissão, creio que ainda vai querer voltar atrás. Mas talvez tenha sido melhor assim, pois como eu já disse: não quero mais magoar ninguém. E se você continuar trabalhando para mim, tenho certeza que nossa história só se prolongará, nos trazendo somente muita dor e sofrimento.

Valentina: Você já me magoou ao jogar no lixo tudo aquilo que vivemos e que ainda viveríamos juntos. Tá na cara que você gosta mais dela do que de mim, e que se ela estalar os dedos tu vai correndo. Você não quer prolongar a nossa história justamente para não magoar a sua princesinha.

Antony: Chega! Não quero mais falar sobre isso. Vamos procurar as câmeras ou está difícil?

Cena 5 – Restaurante Dom Casmurro. Chácara Santo Antônio. Tarde.

Dênis: Desculpe pela demora, é que o ônibus demorou de sair lá do terminal.

Marcos: Imagina, acabei de chegar. Sente-se por favor. – Dênis se senta à mesa junto com Marcos.

Dênis: E então? Você disse que precisava falar comigo urgentemente, e aqui estou.

Marcos: Você não quer pedir algo antes?

Dênis: Não. Estou bem assim.

Marcos: É que o Raí e eu conversamos hoje mais cedo sobre o que aconteceu ontem. E foi inevitável envolver você na conversa.

Dênis: Como vocês estão? Conseguiram se acertar?

Marcos: Estamos bem. Creio que estamos melhores do que antes. – Ele o encara. – Raí me contou sobre ter transado com você, ele ao menos te pagou direitinho?

Dênis: O Raí te contou? – Ele engole seco. – Foi para te humilhar que ele fez isso?

Marcos: No começo eu pensei que sim, mas depois ele me mostrou que não. Estava querendo apenas que chegássemos em um consenso com relação a você.

Dênis: Consenso com relação a mim? Desculpa, mas eu não entendi.

Marcos: Você tem lá as suas estranhezas com a sua tia, e quer muito ir para longe dela. Acho que temos uma solução para os seus problemas, e de quebra, ainda acabamos com a turbulência do nosso namoro.

Dênis: Acontece que a minha tia morreu ontem. – Ele fica meio desconfortável. – Mas estou disposto a escutar o que tu tem para dizer.

Marcos: Meus pêsames. – Ele fica sentido. – Enfim, o Raí e eu queremos lhe fazer uma proposta. Depois de conversarmos hoje mais cedo, percebemos que era o melhor a se fazer. Porém, não depende somente da gente, pois isso também envolve você.

Dênis: Se é vocês dois quem querem propor algo, por que ele não está aqui contigo? Não seria uma proposta somente sua, né? Pois isto pode até render mais confusão.

Marcos: Pode ficar tranquilo. É que ele deu uma passada na casa de um amigo dele que mora aqui perto, apenas isso.

Dênis: Então tá. Sendo assim, o que é que vocês querem me propor? Como pretendem sanar os nossos problemas?

Cena 6 – Casa de Antony. Chácara Santo Antônio. Tarde.

Raí: Meu amigo, a sua situação é complicada! Apaixonado por duas mulheres, quem diria?

Antony: O pior é que ambas não querem nem olhar na minha cara. Contei para a Gilda que tinha matado a Lia, e ela nem ao menos deixou que eu me explicasse. Já a Valentina está certa de que só não fico de uma vez por todas com ela por causa da Gilda, pois está crente de que amo mais a Gilda do que ela.

Raí: Você contou mesmo para a Gilda que matou a Lia? – Ele arregala os olhos. – Não estou acreditando numa coisa dessas. Antony, nem namorados vocês eram ainda, estavam apenas se conhecendo.

Antony: Mas eu sentia que ia dar tudo certo com a Gilda, por isso resolvi me entregar de corpo e alma àquela paixão. Principalmente depois que discuti com a Valentina.

Raí: Você é louco, muito louco. Não sei o que tu tem nessa sua cabeça aí!

Antony: Só faço cagada, né? Estou muito triste por ter feito a Gilda e a Valentina sofrerem. As duas pareciam gostar tanto de mim, assim como eu gosto muito delas.

Raí: Eu sinceramente não sei o que te dizer. Quando o Marcos me contou o que a Gilda tinha falado sobre o que aconteceu ontem aqui, eu quase caí para trás. Custei a acreditar que você tinha mesmo falado sobre a morte da Lia com ela, pois a única pessoa que você teve coragem de contar tudo foi eu.

Antony: Primeiro me envolvi com a Valentina, depois acabei me apaixonando pela Gilda, e agora não quero mais fazê-las sofrer com toda essa história. Porém, quem sofre mais com isso sou eu.

Raí: Quer dizer que atravessou o mar bravio com as duas para então chegar em terra firme sozinho?

Antony: Vai ser melhor assim. Outra que a Gilda não quer me ver nem pintado de ouro, e a Valentina colocou na cabeça de que gosto mais da Gilda do que dela. Então é melhor que as coisas continuem assim, pois não precisarei dispensar nenhuma, já que elas não querem nem mais olhar na minha cara.

Raí: E você fica aí sofrendo com a ausência das duas.

A campainha toca.

Antony: Quem será? – Ele se espanta e então vai até a porta ver quem é. – Pois não? – Antony diz ao abrir a porta e dar de cara com um homem.

Policial: Antony Bastos Lobo?

Antony: Sim, sou eu. – Ele confirma desconfiado.

Policial: Vim lhe entregar uma intimação em nome do delegado Silveira. – Ele então entrega o papel a Antony. – Preciso que o senhor assine este outro papel aqui para comprovar que a intimação foi entregue.

Antony: Tudo bem. – Ele assina o papel.

Policial: O quanto antes ir à delegacia, melhor será. Tenha uma boa noite. – Ele vai embora.

Antony fecha a porta.

Raí: Foi isto mesmo que eu entendi? Você acabou de receber uma intimação da polícia?

Antony: Será que a Gilda me denunciou pela morte da Lia?

Raí: Não, acho muito improvável que a Gilda tenha feito isso.

Antony: Então por que estão me intimando a comparecer na delegacia?

Raí: Você só saberá se ir até lá.

Antony: Cê tem razão. Preciso tirar essa história à limpo. – Eles se entreolham assustados.

Cena 7 – Casa de Valentina. Jardim Ângela. Tarde.

Valentina: Não estou sabendo lidar com tanta decepção na minha vida. – Ela fala ao entrar em casa exausta. – Primeiro a minha mãe morre, depois me vem o Antony dizendo que não quer mais magoar ninguém e que por isso está pensando se devemos ou não seguir em frente. – Ela se joga no sofá, muito cansada. – E para completar, não consegui achar aquelas porcarias de câmeras. Onde será que a minha mãe as enfiou?

Luan: Acho que quanto a isso eu posso lhe ajudar. – Ele surge atrás de Valentina, que se surpreende com a presença do rapaz. – Isto é, se você quiser ser ajudada.

Valentina: O que você está fazendo aqui, Luan? – Ela fica assustada. – O que você quer comigo?

Luan: Dei sorte que ainda tenho as chaves da nossa casa, e resolvi vim aqui te fazer um comunicado. – Ele sorri, maldoso.

Valentina: Que comunicado? Está ficando louco? E esta casa não é “nossa”, mas sim “minha”.

Luan: Não sei. Talvez sim, talvez não. Só sei que fui eu quem pegou as câmeras da casa do Antony. Te segui até lá, e peguei aquelas preciosidades. Muita coisa de útil foi filmada!

Valentina: Luan para de graça, cadê as câmeras? – Ela se desespera.

Luan: Dei para a única interessada naquelas imagens: a polícia.

Valentina: O que a polícia tem a ver com isso? – Ela se levanta. – Você só pode estar de brincadeira com a minha cara.

Luan: Claro que não. Até porque não gosto de brincadeiras de mal gosto. Acontece que pelas filmagens, dá para concluir que foi o Antony quem matou a sua mãe. Já que ele saiu correndo atrás dela após ela descobrir que ele é um assassino.

Valentina: Eu não tô acreditando que você inventou toda uma história para incriminar o Antony. E ainda usou as imagens da câmera indevidamente para isso.

Luan: Não há nada de indevido, Valentina. São fatos, apenas fatos. E ele mesmo confessou com todas as letras que é um ASSASSINO.

Valentina: Você é louco, completamente louco. Você atingiu o Antony para me atingir, pois nunca, nunca vai aceitar que eu te troquei por ele. – Ela pega a bolsa dela e sai correndo.

Luan se joga no sofá.

Luan: É, pelo visto a minha missão aqui foi cumprida. – Ele sorri maleficamente. – O bostinha acabará sendo preso, a Valentina sofrerá horrores com isso, e assim acaba essa linda história de amor. Agora sim eu posso ir embora com um gostinho de vitória na boca. Enfim a Valentina está sentindo um pouquinho da dor que eu senti quando descobri que era corno.

Cena 8 – Apartamento de Gilda. Morumbi. Tarde.

Gilda: Fiquei surpresa ao saber que você era a visita. Pensei que já tinha sumido do mapa. – Ela é fria.

Bismarque: Posso até cair no mundo, mas somente se você quiser ir comigo.

Gilda: Seja menos cafajeste, Bismarque. Eu infelizmente não irei lhe oferecer nada porque tenho certeza que o que tem para falar comigo vai ser bem rápido, não é?

Bismarque: Gilda. – Ele se aproxima dela e pega nas mãos da moça, que recua. – Você interpretou tudo de uma forma muito errada. Eu jamais quis magoar você, meu amor.

Gilda: Conta outra, Bismarque, conta outra porque essa daí não cola mais.

Bismarque: Por favor, me deixe te explicar tudo. Se você quiser, pode até perguntar para o Raí, ele vai te confirmar o que eu lhe disser.

Gilda: Não estou conseguindo acompanhar o seu papo fiado. O que você quer com essa falácia toda?

Bismarque: Quero te mostrar que tudo que eu fiz foi uma prova de amor.

Gilda: Uma prova de amor ao me largar? Me deixar completamente desestruturada? Me dizer aquelas palavras rudes? Nossa! Realmente é uma bela prova de amor, estou até emocionada. – Ela fala com ironia.

Bismarque: Calma, me deixe te explicar o que aconteceu. Já te disse que o Raí pode confirmar a minha explicação se você quiser, pois foi ele a primeira pessoa que conversei após perceber que me afastar de você não tinha sido a melhor saída. Ele viu o quão eu estava arrependido, porém, confiante que você iria me perdoar.

Gilda: Tá bom, tá bom. Eu vou deixar que você tente se explicar. Sou toda ouvidos. – Ela cruza os braços. – Pode falar.

Cena 9 – Cadeia. Morumbi. Tarde.

Silveira: Através dessas imagens é possível concluir que o senhor matou a sua esposa, e se livrou da senhora que havia lhe dado um flagra.

Antony: Desculpe delegado, mas está havendo um enorme mal-entendido aqui. Eu assumo sim ter matado a minha esposa, a mãe do meu filho. Mas tenho lá os meus motivos para ter feito isto, não foi bem assim como está pensando.

Silveira: O senhor está querendo me dizer que tem um bom motivo para ter matado a sua esposa? – Ele fala com ironia.

Antony: Por incrível que pareça sim, eu tenho. – Ele está bastante nervoso. – Acontece que a minha mulher era usuária de drogas, eu sempre estive do lado dela, sempre tentei ajudá-la. Mas como ajudamos uma pessoa que não quer ser ajudada? Conversei com a Lia inúmeras vezes para que procurássemos uma clínica para internarmos ela, porém, nem ouvidos ela me dava.

Silveira: Então a sua mulher era usuária de drogas?

Antony: Sim, usuária de drogas. E foi por isso que resolvemos contratar uma babá, já que ela não estava dando conta de cuidar nem mesmo do próprio filho enquanto eu trabalhava feito um louco no hospital.

Silveira: A babá sabia sobre os problemas da patroa?

Antony: Não chegamos a falar sobre isso com ela.

Silveira: Você está me dizendo que a sua mulher e o senhor colocaram a vida da babá do filho de vocês em risco? Porque a sua esposa podia chegar completamente surtada, sob efeito das drogas, e atacar a moça.

Antony: Não pensei nessa possibilidade. Até porque a Lia saía mais na parte da noite, quando eu estava perto de chegar do trabalho. Ela dispensava a babá pouco antes da minha chegada, e saía totalmente sem rumo. Quando voltava de madrugada já estava completamente louca.

Silveira: Por que não a internou mesmo contra a vontade dela?

Antony: Desculpe delegado, mas foi ela quem escolheu viver assim. Que direito tenho eu de fazer uma coisa dessas com ela? Por mais que a amasse muito, não podia interná-la contra a vontade dela. Não sei se o senhor me entende, mas gosto de ajudar quem quer ser ajudado, e a Lia não queria ajuda.

Silveira: E mais uma vez você preferiu colocar a vida de uma pessoa em risco? Porque o seu filho estava correndo um sério risco de vida, caso a mãe dele chegasse drogada em casa e tentasse matá-lo.

Antony: E foi justamente isso o que aconteceu. – Ele fala cabisbaixo. – Meu filho e eu já estávamos dormindo quando a mãe dele chegou, completamente alucinada. Ela fez tanto barulho na cozinha que eu acabei acordando e fui ver o que estava acontecendo, foi quando a vi com uma faca na mão.

[FLASHBACK]

Antony: O que você está pensando em fazer com essa faca, Lia? – Ele surge por trás dela. – Guarde isso daí imediatamente.

Lia: Eu vou matar você, eu vou matar o Thales. – Ela avança em Antony com o intuito de lhe dar uma facada, mas não consegue.

Antony então a pega pelos braços.

Lia: Me solta, Antony. ME SOLTA. Vocês não vão escapar de mim, eu vou matar os dois.

Antony: Pare com isso pelo amor de Deus, Lia. Você vai acabar acordando o Thales, e quero ver qual será a tua explicação para tudo isto aqui.

Lia: Eu não tenho nada o que explicar! Nada. – Ela acaba cortando o braço de Antony, que com um pouco de dor larga os braços dela. – Agora eu vou matar você. – Ela avança em Antony novamente, mas desta vez ele consegue pegar a faca da mão dela e enfia no peito da mulher sem pensar duas vezes.

[FIM DO FLASHBACK]

Antony: E foi isso. Matei a Lia por legítima defesa. – Os olhos dele estão cheios de lágrimas.

Silveira: Pelo que me contou, parece mesmo ter sido em legítima defesa. Mas não pense que se safou ainda, pois quero uma explicação plausível para que aquela mulher tenha morrido dentro de sua residência logo após descobrir que cê tinha matado sua esposa. Não seria isto uma queima de arquivo?

Antony: Queima de arquivo? – Ele se espanta. – Mas é claro que não.

Silveira: Aliás, por que o senhor mesmo não veio prestar esclarecimentos sobre a morte de sua mulher antes, quando tudo aconteceu? Se foi mesmo em legítima defesa, não tinha porquê esconder isso. – Ele fica desconfiado.

Antony: Eu tive muito medo, muito medo mesmo. Porque eu não tinha ninguém para que testemunhasse ao meu favor, para que provasse que fiz tudo aquilo para me defender, tive medo de ser preso e meu filho ficar sozinho no mundo. – Ele chora. – Este foi o meu maior medo: perder o meu filho. Pois ele ia ficar sem ninguém caso eu fosse preso. Foi somente nele que pensei quando matei a Lia e quando não me entreguei à polícia após o crime que cometi.

Silveira: Tá, então agora me explique o que aconteceu com aquela senhora que morreu em sua casa.

Valentina: Não foi ele, fui eu. – Ela entra ofegante na sala do delegado.

Policial: Nós tentamos segurá-la, delegado. Mas ela foi mais esperta e conseguiu escapulir. – Ele vem logo atrás de Valentina.

Valentina: Seu delegado, o senhor precisa me escutar. – Ela se aproxima de Silveira, pegando em seus braços.

Antony: Valentina, o que você está fazendo aqui? – Ele se surpreende.

Valentina: Fui eu, seu delegado, fui eu. Eu matei a mulher que foi encontrada morta na casa dele, ela era a minha mãe. E eu assumo total culpa na morte dela. Fui eu, fui eu. – Ela chora. – Eu matei a minha mãe, eu sou a assassina.

Silveira a olha sem reação alguma, e Antony fica espantado com a atitude da mulher.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

2 comentários sobre “Dia Especial – Capítulo 10

  • Luan não pensou duas vezes em entregar Antony para a policia, agora o homem está encrecancado com a justiça pela morte da mulher (E que história por trás disso tudo). Agora Valentina entra com tudo se culpando pela morre da mãe para defender o amado, é isso mesmo?
    Bismarque tentando se acertar com a Gilda, será que vai dar certo? Não sei mas acho que ele a magoou de verdade com aquelas palavras.
    Outros que se acertaram foram Raí e Marcos, mas qual será a proposta que eles querem fazer ao Denis ja posso imaginar mas estou aqui curioso, deixa eu ir pro próximo capítulo!

    • O Luan sem dúvida desgraçou com a vida do nosso mocinho, mas Valentina deu logo um jeito de livrar a cara do amado. No que esse rolo todo vai dar?
      Sim, as palavras dele a machucaram de uma forma imperdoável. Porém, quem ama perdoa… ou será que não?
      Corra logo para o próximo capítulo! Creio que lá terás a resposta disso. Também quero saber muito o que Marcos quer propor ao Dênis.
      Obrigado pelo comentário, My Friend!!

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