Depois de tudo – Capítulo 2: Um adolescente à beira de um ataque de nervos
2. Um adolescente à beira de um ataque de nervos
– A senhora tá falando sério? – pergunto um tanto incrédulo ao mesmo tempo em que retorno para o encosto da cadeira – Como é que eu vou chegar sozinho em um lugar onde não conheço ninguém?
– Não seja dramático, Lucas – realmente minha mãe com essas pernas cruzadas, com as pontas dos pés para baixo, como pés de bailarina, as costas retas, apoiando as mãos sobre as coxas, me encarando, impassível, é a própria Meryl Streep travestida de Miranda. Só falta o cabelo curto e tingido de branco – Sua tia e sua prima vão estar lhe esperando no aeroporto…
– Então… Gente que eu não conheço.
– Porque não quer – ela responde com simpatia, mas também firmeza – Por que não aceitou o convite de amizade que a Bia te enviou pelo facebook? Seria uma boa oportunidade para quebrar o gelo, começarem a se conhecer, construir uma relação… A sua prima está ansiosa por este contato…
– Construir uma relação virtual? – devolvo pouco me importando se estou sendo sarcástico – E aquele seu discurso de que o conceito de amizade foi alterado pelas redes sociais? Que é um tanto precipitado e superficial clicar em alguém para que essa pessoa se torne seu amigo instantaneamente e a partir daí tenha acesso a tudo o que ela publica?
– A influência relativamente nociva das redes sociais na construção de amizades é inegável, e vou continuar sustentando essa tese – dona Lúcia replica. A impaciência pontua sua voz – E não devem servir como substituto das amizades e do convívio na realidade, mas você e a Bia, em breve, vão ter oportunidade para sedimentar esse contato inicialmente visual…
– A senhora esqueceu-se da parte em que as redes sociais permitem aos adolescentes projetarem características idealizadas que não correspondem necessariamente ao que são ou a como se sentem… Quem garante que essa prima na frente do computador é a mesma pessoa ao vivo e a cores?
– Lucas, podemos não desviar do assunto que me trouxe até aqui? – dona Lúcia parece decidida a garantir o seu ponto de vista e se eu insistir, as coisas podem piorar.
Deixo os meus braços penderem ao lado da cadeira e inspiro o ar com toda a força para dentro dos pulmões e depois o expiro lentamente.
– Qual o motivo para essa súbita alteração nos planos? – pergunto – As passagens estão compradas para nós dois embarcamos juntos, depois de amanhã, para aquele lugar…
– Aquele lugar se chama Laranjeiras.
Odeio quando dona Lúcia se faz de engraçadinha.
– A senhora sabe o nome então não preciso anunciá-lo… – retruco de imediato enquanto cruzo os braços.
– Lucas, querido… – por que ela insiste em usar o particípio de querer após o meu nome? – Eu pensei que conseguiria resolver todas as questões antes de seguir para Laranjeiras, mas infelizmente não foi possível…
Dona Lúcia recolhe as mãos de cima das coxas, descruza as pernas, se levanta e começa a andar pra lá e pra cá no diminuto espaço que existe entre mim e a cama, não demorando a usar as mãos livres para abrir seu jaleco e mantê-lo assim, apoiado em cada lado de sua cintura, deixando a mostra uma camiseta branca básica curta e uma bermuda índigo escura, com a barra dobrada um pouco abaixo do joelho.
Sua expressão corporal, mesmo sob tensão, não denota nada menos que a placidez de uma modelo desfilando em uma passarela… Não sei como ela conseguiu adquirir essa postura exemplar, tendo sido criada lá no Sítio do Pica-pau Amarelo.
Além de ter um corpo proporcional no alto dos seus trinta e cinco anos, ser fotogênica, ter a pele e os cabelos louros bem cuidados, dona Lúcia é linda também. E não falo isso porque sou seu filho. As observações a respeito de sua beleza física são unânimes. Não há quem não se deixe capturar por seus olhos cinzentos, claros, suas sobrancelhas finas, louras, contornando a curvatura da testa e um sorriso (quando decide distribuí-lo) harmonioso, brando…
– Você pode ver que muitos móveis do apartamento ainda não foram desmontados… – ela estaca, encarando o nosso entorno, esticando o braço esquerdo e logo em seguida o movimentando num circulo de 180 graus até recolhê-lo e fixar o olhar novamente sobre mim – O seu quarto mesmo… Sua cama precisa ser desmontada, sua escrivaninha, seu armário, a TV precisa ser retirada da parede… Tem bastante coisa que ainda precisa ser encaixotada… – ela deixa escapar um suspiro, como se estivesse recuperando o fôlego antes de continuar – E acabei de ser informada pela empresa que fará a nossa mudança sobre um contratempo que tiveram, e devido a isso só poderá vir nos atender na segunda feira, e somente na quarta ou na quinta irá levar nossa mobília para Laranjeiras…
– A senhora mesmo disse que não precisaria estar presente enquanto eles arrumam tudo. Que seria menos uma coisa para se preocupar, até porque todos os nossos objetos pessoais ou outras coisas que não gostaria que eles colocassem as mãos…
– Os móveis do nosso apartamento é o menor dos problemas a serem resolvidos e eu não quero chegar à casa da sua avó carregada de preocupações… – ela gesticula com impaciência.
– Então porque comprou as passagens para depois de amanhã?
– Por que eu não contava com esse imprevisto da empresa que contratei para fazer nossa mudança e também pensei que ia ter tempo para solucionar tudo, já te disse – dona Lúcia solta o lado do jaleco que ainda mantinha preso à cintura e volta a se sentar na cama e a cruzar as pernas, balançando o pé que está pendurado de maneira frenética, ao mesmo tempo em que desvia o olhar para os lados, evitando por alguns segundos o contato visual – Mas agora chega de ficar me justificando – ela se inclina para frente, voltando a me encarar, sustentando a mesma resolução de antes – Estou fazendo de um tudo para que o impacto dessa mudança sobre nossas vidas seja o menor possível e quero que você me apoie. Ficar resistente, criando obstáculos e empecilhos desnecessários não vai ajudar em nada, querido – ela retorna para a posição em que estava – Neste momento somos só você e eu. Se não pudermos contar um com o outro, essa nossa nova vida não vai começar muito bem.
– Uma nova vida que eu não pedi – devolvo entre os dentes, apertando ainda mais os meus braços já cruzados, ao mesmo tempo em que escolho um ponto qualquer do nada à minha frente para ficar encarando
– Você acha mesmo que eu estou adorando ver meu apartamento e minha vida de pernas para o ar? – minha mãe questiona num tom de voz rabugento, enquanto se levanta num salto e se prostra à minha frente, voltando a apoiar as mãos, agora vazias, em cada um dos lados de sua cintura – Não foi uma decisão fácil de ser tomada…
– Então por que estamos indo embora? – indago, mas reticente, evitando fitá-la – Por que não ficamos e continuamos com as nossas vidas? Tenho amigos que os pais se separaram e nem por isso um deles se isolou no fim do mundo… E além do mais o meu pai já saiu do nosso raio de visão…
– Esse tipo de comparação não nos leva a lugar algum, Lucas – a voz de dona Lúcia está tomando ares cada vez mais graves – Já conversarmos sobre os motivos que me levaram a decidir ir para Laranjeiras, independente de o seu pai ter ido para Curitiba, e não estou nem um pouco disposta a repeti-los, um a um, aqui e agora.
Descruzo os braços. Não vou reagir. Um bom soldado sabe quando é preciso recuar, se esconder na sua trincheira e aguardar o momento certo para investir, e minha mãe é uma oponente bastante habilidosa.
– Lucas, querido, eu entendo que você queira e tem todo o direito de expressar suas angústias, mas não acha que já está na hora de deixar de agir como uma criança e ser mais racional?
– Eu é que estou sendo irracional? – ergo o rosto e lanço minha pergunta carregada de autoridade (sqn). Dane-se essa metáfora da trincheira. Já estou no fogo mesmo, uma faísca a mais não vai fazer tanta diferença – Você e o meu pai, DOIS ADULTOS, decidem que não podem mais conviver de uma hora para outra e eu é que levo o título de irracional?
– Você está me perguntando isso? De verdade? – minha mãe revira os olhos e retira as mãos da cintura. Está mais do que tensa. Seu olhar praticamente atravessa a minha alma – Você está sendo cruel e injusto. Eu e o seu pai já não nos entendíamos há tempos…
– Há tempos? – mantenho minha postura firme – Me desculpe se não me deixaram perceber isso… – deixo escapar essa observação entre sussurros enquanto corro os olhos de um lado para o outro.
Depois dessa dona Lúcia vai ter que recuar.
– Se fosse menos egoísta, meu filho – ela enfatiza o adjetivo de maneira enérgica enquanto arqueia uma das sobrancelhas – A notícia da nossa separação não teria sido uma surpresa para você.
Engulo em seco e olho para baixo. Por que os pais, principalmente nossas mães, sempre têm cartas escondidas nas mangas?
Permanecemos em silêncio por um tempo. Logo dona Lúcia se abaixa à minha frente e apoia as mãos sobre o meu joelho, um gesto que me surpreende, já que a aproximação física nunca foi o seu forte.
– Não é só você que estará fazendo sacrifícios, Lucas…
Continuo cabisbaixo.
– Estou deixando um consultório pra trás, pacientes que confiam na minha competência profissional…
Esqueci-me de comentar que minha mãe é psicóloga, o que me faz repensar aquele velho ditado: casa de ferreiro o espeto é mesmo de pau.
Dona Lúcia coloca a ponta dos dedos da mão direita sob o meu queixo; sem pressa, me força a levantar o rosto para encará-la. Encontro condescendência em seu olhar.
– Vamos viver, por favor, da melhor maneira possível esses dois dias antes da sua partida? – seu tom de voz, agora, está mais brando. Como ela consegue mudar da água para o vinho tão rápido assim?
– Eu não posso ficar aqui com a senhora e então embarcamos juntos, como estava previsto?
Ela se levanta e eu a acompanho com a cabeça, com o olhar.
– Infelizmente não, querido – minha mãe me encara do alto – Você já está fora da sua escola há uma semana, e lá em Laranjeiras sua matrícula está feita. Não podemos nos dar ao luxo de tê-lo tanto tempo afastado assim dos estudos. É seu último ano do ensino médio…
– Mas se a senhora não for demorar pra acabar de resolver as tais questões…
– Chega Lucas – dona Lúcia me intima. Sua rigidez me faz retroceder imediatamente. Sinto-me como se estivesse prestes a ser jogado em uma arena abarrotada de leões – Eu compreendo essa sua reação imatura, o seu atordoamento como o de uma criança mimada que sempre teve satisfeitos os menores caprichos e agora, pela primeira vez, diante das contrariedades da vida, está gastando energia nutrindo uma resistência sem fundamento…
Projeto o meu olhar para o chão mais uma vez; sinto-me estúpido, irritado.
– A escolha é somente sua de como chegaremos até depois de amanhã – ela reinicia seu trajeto entre mim e a cama até fazer uma pausa dramática, de costas para onde estou sentado e de frente para a porta do quarto – Se quiser ser tratado como criança, vamos lá. Que tal começar pelo tradicional castigo?
– Oi? – levanto o olhar, de pronto, e deixo escapar a interjeição, longe de parecer um mero cumprimento.
Dona Lúcia se vira rápido e me fuzila com os olhos semicerrados. Faço cara de paisagem.
– Posso não deixá-lo ir à festa de despedida que os seus amigos organizaram, que tal?
Ela não espera nenhuma resposta, se volta prontamente na direção da porta e com três passadas largas a alcança, mas assim que termina de abri-la, prestes a sair para o corredor, eu a detenho.
– A senhora não seria capaz disso – a desafio sem pensar nas consequências enquanto num gesto instintivo me inclino mais uma vez para frente da cadeira, e dessa vez por pouco não dou com a cara no chão.
– Não me provoque.
Ela atravessa o batente menos de um minuto depois, pisando firme e fechando a porta com um baque surdo às suas costas.
Definitivamente as leis do universo são injustas quando mãe e filho divergem de um ponto de vista. Elas sempre saem ganhando, não importa nossos argumentos… Mas dessa vez isso não vai ficar assim.
Dou um salto da escrivaninha até minha cama, onde caio deitado, e apanho o celular que está jogado em um canto. Meu gesto é tão alvoroçado que quase deixo o aparelho cair no chão.
Enquanto houver vida há esperança.
Repito esse mantra ao mesmo tempo em que disco o número do telefone do meu pai, sem esquecer o DDD de Curitiba.
Ele demora um pouco a atender. Tudo bem. Deve estar ocupado…
– Oi, pai?
– Lucas? O que houve?
– Nada. Quer dizer, tudo…
– Não entendi…
– Me deixa ficar com você, por favor? – peço quase em prantos.
Um instante de silêncio se faz. Ouço a respiração de meu pai do outro lado da linha como se estivesse ao meu lado. Ele não pode me negar isso, por mais confusa que esteja sua vida. Aliás, não deve estar mais desordenada quanto à nossa aqui no RJ.
– Escuta Lucas…
Ele começa com um tom de voz reticente. Já sei que a resposta vai ser um categórico NÃO.
– Já te disse como está tudo por aqui. O trabalho novo… Estou hospedado em um apart hotel… A cidade é completamente desconhecida para mim… Além do mais sua mãe já cuidou de tudo para a sua mudança, te matriculou na nova escola…
– Pai, por favor, eu prometo que não vou dar trabalho. Mudança por mudança, vou aí pra Curitiba ao invés do fim do mundo aonde minha mãe quer me enfiar.
– A sua mãe sabe o que está fazendo, Lucas.
– Não, ela não sabe – insisto desesperadamente – A minha vida lá naquele lugar vai ser um tédio sem tamanho…
– Lucas…
– Pai, eu tô sentindo a sua falta…
– Lucas, nós temos mesmo que ficar tão sentimentais assim? Nesse momento não há o que possa ser feito em relação a essa distância. Também sinto sua falta, mas do que adianta se lamentar e chorar?
– Pai…
– Lucas, preciso ir – ouço sua voz meio distante, como se estivesse falando com outra pessoa – Vou participar de uma reunião. Depois te ligo, pode ser? Vamos conversar com calma… – ele enfatiza a ultima frase com uma tristeza de apertar o coração, o que me desarma.
A ligação é finalizada sem grandes despedidas.
Um embargo na minha garganta.
Jogo o celular para o lado.
Sinto meus lábios trêmulos.
Não vou chorar.
Não posso.
Não vou dar esse gostinho a eles.
Cerro os punhos no ar e aperto os olhos com força, respirando fundo e mordiscando minhas bochechas por dentro e depois os lábios até sentir dor, de verdade, para logo em seguida apertar a ponta do nariz, próxima aos olhos, com o indicador e o polegar da minha mão esquerda…
Uma onda de emoção toma conta de cada parte do meu corpo e queima como um milhão de chamas.
Encolho as pernas junto ao peito, me enroscando como uma bola, e então abro os olhos e logo os fecho, dessa vez apertando-os o máximo que eu posso, acreditando que com isso minha mente vai desacelerar, mas não adianta, sou invadido por uma sucessão avassaladora de pesar, amargura, impotência: a notícia da separação dos meus pais, o fora do David, o anúncio da minha saída do colégio, a despedida dos meus amigos, a ideia de não ter mais a Gabriela ao meu lado, a ida para aquele fim de mundo onde mora minha avó… Tudo me atinge de uma só vez e eu não consigo resistir: começo a chorar, liberando tudo, o corpo trêmulo, enterrando a cabeça entre os braços enquanto uma escuridão profunda consome minha mente…
Merda.
Respiro fundo e conto até dez.
Preciso me acalmar.
Abro os olhos e fixo o teto…
Rolo para o lado da cama e em seguida retorno à posição anterior. Repito esses gestos uma dúzia de vezes e até parar e apoiar os cotovelos sobre o colchão, me inclinando…
Permaneço indeciso por alguns segundos sobre o que devo fazer; o coração dilatando em agonia, parecendo grande demais para caber no meu peito…
Me sento, encaixando os pés sob as pernas cruzadas e então sinto meu corpo dormente, exceto por um formigamento desagradável nas pontas dos dedos dos pés e das mãos.
– Irracional? Infantil? Uma criança mimada? – me pergunto enquanto uso as costas das mãos para enxugar o resquício de lagrimas no meu rosto…
Definitivamente eu devo ter sido um daqueles juízes carrascos da época da Inquisição e meus pais foram as vítimas que mais sofreram em minhas mãos e agora estou resgatando todo o mal que lhes fiz.
Olho para o emaranhado formado pelos meus lençóis e o edredom e meio que dou de ombros, balançando a cabeça…
A dormência repentina que me assolou há instante desaparece da mesma forma que chegou.
DAVID!
O visualizo.
Culpa e raiva se misturam numa forma de fúria potente… Alguém precisa pagar essa conta.
Corro até a escrivaninha, tomado por uma onda de excitação crescente, e tiro o meu note da tomada, seguindo com ele de volta para a cama, onde me sento, apoiando-o sobre minhas pernas entrelaçadas, acessando sem demora o Whisper, o app perfeito para o que eu quero fazer: ESPALHAR UM BOATO DE FORMA ANÔNIMA.
Uma vergonha imediata invade o meu peito.
Não. Não vou me sentir culpado em ofender, denegrir, causar constrangimento ou comprometer a reputação do David; ele é um canalha e merece isso. Não estarei sendo tão leviano assim…
Quero vê-lo arrotando masculinidade depois do que vou postar.
CONVITE DE DAVID CAMPOS A TODOS, TODOS OS GAROTOS E RAPAZES.
Gostaria de declarar, aos quatro cantos do mundo, que sou completa e indiscutivelmente gay e estou interessado em conhecer jovens de todas as idades para futuros negócios. Não estou buscando namoro, relacionamentos, blá, blá, blá. Quero um macho ativo que me faça ir às nuvens com o que mais gosto no sexo: tomar no
cu.Também adoro fazer um boquete. Tenho uma garganta profunda e estou pronto para o abate.
Por favor, representantes do sexo feminino, não tentem se candidatar porque serão descartadas imediatamente.
Segue abaixo o meu endereço do facebook. Aguardo todos, sem exceção.
Leio e releio a mensagem e me surpreendo com o tom viperino da minha escrita.
Dou de ombros e em seguida aperto o enter sem titubear.
Pronto. Postada.
Agora só aguardar as visualizações, os compartilhamentos…
Desligo o note e o coloco ao meu lado e então descruzo as pernas e começo a deslizar todo o meu corpo até estendê-lo completamente sobre a cama. Não consigo conter um sorriso de satisfação surgindo no meu rosto, primeiro no canto dos lábios até crescer e alcançar a sonoridade de uma gargalhada bastante forte.
– Estou sendo justo, com certeza – dou de ombros ao mesmo tempo em que busco me convencer, descartando um último resquício de dúvidas que ainda possa existir sobre o meu ato nem um pouco exemplar.
Viro-me de lado e apanho o celular e ligo para Gabriela.
– Amiga você não vai acreditar no que eu acabei de fazer…
Dominus, eu não sei nem por onde começar a agradecer todas as palavras escritas por você nesse comentário.
Motivacionais, observadoras, muito bem colocadas e redigidas (um deleite …rsrsr) , além de pontuais. Nossa, acredita que fui reler as passagens citadas? A influência das redes sociais, o embate…
“Em uma única cena, nossas emoções oscilam entre a raiva, o desespero, a vingança e a até a malícia”.
Que autor não se sente lisonjeado em despertar isso no leitor que se dispõe a ler o que colocou no papel (ou na tela do computador)? Eu, pelo menos, fico muito, muito feliz por conseguir “atingir” a pessoa “do lado de lá”, e com esse retorno então, honesto, cheio de empatia por um protagonista que não é nenhum super herói e tampouco perfeito só me faz querer escrever, escrever e escrever mais e mais.
Saiba que me sinto lisonjeado por tê-lo como leitor dessa web e espero que o nosso (sim, acho que posso usar esse pronome agora, não? rsrsrs) Lucas possa conquistá-lo ainda mais a cada capítulo postado.
Muito obrigado por esse apoio!
Um grande abraço!
Não poderia deixar de ler este capítulo e continuar acompanhando sua web, Francisco.
É surpreendente como você consegue abrir a “caixa” de emoções do Lucas e transmiti-la com tanta veracidade e em vários tons de emoção. Em uma única cena, nossas emoções oscilam entre a raiva, o desespero, a vingança e a até a malícia. Além de um texto impecável, sem vícios. Destaco a conversa com a mãe sobre influência das redes sociais, aquilo foi tão filosófico, tão diferente do que costumamos ver e ler neste tipo de diálogo, mas que surgiu com tanta naturalidade. Isso aconteceu porque você foi genial em fazer o Lucas com muitos tons de sarcasmo e acabou por tirar toda a artificialidade que poderia surgir no texto.
Dona Lúcia também é outra que consegue ir ao fundo nas emoções e mexer com o Lucas de tal maneira que até nos momentos em que podemos considerar que ele tem razão, ela faz uma virada de jogo indiscutível (reconhecida por ele mesmo).
“– Se fosse menos egoísta, meu filho – ela enfatiza o adjetivo de maneira enérgica enquanto arqueia uma das sobrancelhas – A notícia da nossa separação não teria sido uma surpresa para você.” Isto acabou com o Lucas e acabou comigo que imaginávamos que ele tinha vencido o embate.
Ok. Ela é psicóloga, mas a dona Lúcia psicóloga só consegue agir com maestria graças a quem é responsável por suas ações, no caso, o autor. Você! O que me demonstra seu domínio num roteiro que vai além de falas e ações esperadas.
Há certo tempo estava responsável por realizar a avaliação de todas as webs cadastradas no site antes de serem publicadas. Tinha muitos textos ali disponíveis, no entanto, foram poucos os que me encantaram a ponto de me fazer acompanhar a história até o final. E estou disposto a continuar acompanhando Depois de Tudo, @nandocouto.