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Vovó Macumba

Décimo Capítulo – Vovó Macumba!!!

Capítulo DEZ

Web de: Igor Cesar Nascimento

 

(…) “… TRÊS … DOIS … UM … FELIZ ANO NOVOOOOO!!!” – todos gritam automaticamente com os rojões e fogos de artifícios que voam em disparada pelo céu.

  O ano de 1996 (ano que ocorreu a primeira fase da novela) estava prestes a começar. No quintal da casa de Castidade estavam reunidos todos os familiares e conhecidos da vizinhança para essa celebração. Castidade também se aproxima da filha para lhe desejar:

-Feliz ano novo, filha! – e abraça-a, Val disse as mesmas palavras para ela – Que esse ano seja cheio de alegrias, felicidades e conquistas! – Val assente com um sorriso. Castidade vendo a filha se afastar, enxuga uma lágrima que caia de tristeza.

Será que deis do começo, Castidade previa todos esses acontecimentos ruins? (…)

 

-Eu… Eu … – gagueja indecisa.

Querendo ou não, com o tempo ela acabou criando um laço de afetividade com aquele ser que habitava dentro de seu ventre:

-Se escolher o seu bebê, não terá uma segunda chance com nossa companhia… – ameaça ele, tentador.

Valerie se desespera, fazendo instantes depois um movimento brusco e rápido para pegar o contrato em cima de sua mesa. O Diretor sorri satisfeito, se sentando em sua mesa para retornar ao seu trabalho.

 

“Tchim! Tchim! Tchim!” com algumas batidas com o garfo em sua taça, Kauan atrai a atenção de todos presentes na longa mesa da sala de jantar da mansão, que se silenciaram para escutar suas palavras:

-Primeiramente, boa noite a todos – Kauan sente seu coração quase sair pela garganta, mas se acalmou ao encontrar os claros olhos de sua namorada, sentada em um dos lugares próximos ao seu, do outro lado da mesa – Queria agradecer a presença de cada um aqui nessa noite. Não sabem como é importante a presença de cada um de vocês.

-Amor, quando você enrola muito no papo é porque está escondendo alguma coisa – brinca Clara – Vá direto ao ponto, por favor?

Kauan se engasga, virando a taça de champanhe na sua frente de uma vez:

-Bem … – se recupera – Eu reuni todos vocês aqui não para um jantar, mas sim, para serem testemunhas.

-Como assim? Alguém morreu? – brinca o sogro.

-Não! – responde, rindo juntamente com os outros convidados – Não que eu saiba. Mas – coloca as mãos no bolso – Preciso da sua humilde e preciosa permissão.

-Para quê posso saber? – pergunta o sogro, se levantando – Restou alguma autorização para assinar da minha filha?

-Pai! Eu já completei dezoito anos, viu! – resmunga Clara.

-Não se trata de uma autorização escolar – sai de seu lugar, indo para mais perto de Clara – Quer saber, vou falar diretamente para essa “adulta” aqui – Clara ri de nervosismo observando Kauan se ajoelhar em sua frente – Clara, como seu nome próprio diz, você transformou toda a escuridão que sondava a minha vida em luz. Por isso que não consigo mais ficar longe de você – retira do bolso uma pequena caixinha aveludada – Não trago aqui uma coleira, mas sim, uma aliança – abre a caixa, revelando a esfera dourada guardada ali dentro – Uma aliança de compromisso. – respira fundo – Clara, você aceita se casar comigo? – Silêncio.

 

Barbara com uma lanterna averiguava todos os cantos escuros daquele porão. Ela estava decidida e focada a encontrar a sua mala, a mesma que justificou guardar memórias daquele casamento.

Normalmente a família guardava no porão os objetos que não seriam mais utilizados ou usados para a decoração da casa. Por mais que, devido a crise, tiveram que vender uma boa parte da casa para reparar as despesas, aquele espaço estava mais ocupado do que de costume.

Sorriu após retirar pó da superfície visualizar a cor arroxeada da estampa da mala:

-Finalmente! – ligeiramente, abriu a mala como se sua vida dependesse disso.

Aquele maldito do Will além de levar a sua filha, levar a vida de seu pai, toda a fortuna da família, também levou a sua paz.

-A partir de agora, vida nova! – sussurrou, após retirar de baixo do seu vestido de noiva algumas barras de ouro na qual havia guardado no passado.

 

Castidade começava a se preocupar devido a demora da filha, até se aliviar ao escutar batidas na porta. Porém eram batidas desesperadas:

-Já vai! – gritou Castidade pelo caminhou. Abriu a porta, ficando surpresa ao se deparar com a figura desespera de Zé do outro lado – Zé? O quê está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa?

-Aconteceu! Eu preciso da sua ajuda! Das suas visões!

-Mas … – ela fica sem entender nada – O que está querendo dizer? Aconteceu alguma coisa com a Branca?

-Sim! Ela fugiu num dos seus surtos depressivos! – relata, desnorteado – Não tenho noção nenhuma de onde ela poderia ter ido.

-Meu deus, isso é um perigo! Não ficou sabendo que ouve fuga no presídio? A polícia recomendou ficarmos dentro de casa até capturarem todos, é muito perigoso ela andar pela cidade sozinha essas horas da noite.

-Eu sei. Por isso que estou te pedindo, por favor, me ajuda?

 

As portas do elevador se abrem, e Valerie sai caminhando pelos corredores do décimo primeiro andar do prédio. Dobrou e guardou o contrato para a sua carreira dentro da bolsa. Assim, respirou profundamente ao olhar para baixo e se deparar com aquela quantidade imensa de degraus:

-Eu escolho o teatro! – pronunciou essas palavras decidida, prestes a se jogar.

Flexionou a perna para dar o primeiro passo rumo ao seu sonho, mesmo que isso custasse perder o filho e colocar em risco a sua vida. Não havia outra solução. não havia outro caminho.

Até que, seu pé já vago pelo ar prestes a declinar todo o seu corpo escada abaixo, começa a sentir fortes e profundas dores em seu ventre:

-O bebê irá nascer!… – murmurou, sem ar por causa das contrações seguidas. Lembrou-se do recado do médico “O bebê poderá nascer a qualquer momento”.

Nisso percebe a pequena poça que se formou do resultado da bolsa estourada. Porém, aquele líquido que escorria-se pelo seu corpo e pelo chão, chegou até os seus sapatos, fazendo-a escorrer e rolar escada abaixo.

 

 

-1°Intervalo Comercial-

 

 

Mesmo quebrando as recomendações policiais, muitas pessoas estavam nas ruas para a festa, que não cancelou suas atrações. Uma delas era Branca, que retornava de uma das partes escuras da cidade, que perambulava na tentativa de recuperar-se.

Precisava conversar com alguém, desabafar. Cansou-se da figura repetitiva de seu marido ao dormir e acordar. Por isso retornou o trajeto para ir até a casa de Castidade.

No meio do caminho, percebeu que ainda não estava bem. O som do choro de uma criança ecoava em sua mente, ficando mais próximo a cada passo. “Esse trauma não passou ainda … “ refletiu.

Demorou para compreender que não era imaginação, mas sim realidade. Vinha de dentro dos fundos de um prédio. O bebê não parava de chorar. Ela correu para abrir a porta dos fundos, e encontrando caído no chão, próximo as escadas da saída de emergência um bebê recém-nascido ensanguentado:

-Essa … é a nova chance que deus me deu! – falou, pegando o bebê, derramando lágrimas e lágrimas. Iria sair com ele, até tropeçar em algo. Era o corpo de Valerie desacordado no chão. – Meu deus, é a Val! – iria ajudá-la, até perceber que era o bebê dela – Não! Esse é o meu presente! Meu! – e sai com o bebê para fora, sujando-se toda com o sangue que envolvia-o.

 

-Então? – pergunta Kauan, ansioso. Clara lhe olha nos olhos e responde:

-Mas é claro que eu aceito, meu am- .. – sem nem conseguir completar a sua frase, Kauan avança nela para lhe dar uma caloroso beijo. Todos aplaudem para comemorar:

-Parabéns, pombinhos! – vibra Barbara, entrando na cozinha. Kauan muda sua feição ficando confuso ao olhá-la, e visualizar duas malas em suas mãos:

-Vai para algum lugar, maninha?

-Por que dessas malas, filha? – Sílvia também se preocupa.

-Não se preocupem. Pensei muito antes de fazer o que estou fazendo. – responde ela, calmamente – só quero pedir uma coisa: não fiquem preocupados comigo e não me impeçam. Eu vou viajar por alguns tempos.

-O quê?! Para onde? – essas palavras soaram como uma facada no peito de Sílvia.

-Para onde o destino me levar. Só peço uma coisa: por favor, me deixem ir. Eu preciso, entendem?

-Mas … – Kauan se aproxima da irmã, dando-lhe um abraço – … só promete uma coisa para mim: que você será feliz. Muito feliz, promete? – sussurrou, olhando em seus olhos. Os dois sorriem harmonicamente juntos:

-Claro que prometo. – Kauan enxuga algumas lágrimas que rolavam sobre a face da irmã – Agora vamos logo para a melhor parte? O RANGO ESTÁ LIBERADO!!! – grita, retornando para o seu lugar. Todos riem. Principalmente Barbara “Eu sentirei saudades dessas palhaçadas” refletiu, enquanto pegava um prato para se servir.

 

    Efeito sonoro: Adrenalina.

  A ambulância corria aceleradamente pelas ruas e avenidas rumo ao hospital municipal. Outras pessoas também flagraram o corpo de Val caído nos fundos do prédio, e discaram o número da emergência na hora.

Enfermeiros haviam pegado a identificação dela, e entraram em contato com os responsáveis:

-Ninguém está em casa, doutor. – anuncia, após não receber retorno de suas ligações.

-Precisamos entrar em conta com eles com urgência. A queda pela escadaria colocou-a em risco de vida. Ela perdeu muito sangue! – o corpo de Val balançava pela maca conforme as deformidades do asfalto.

 

  Branca corria com o bebê aos prantos pela rua. Percebia os olhares estranhos e repreendedores que recebia das pessoas pelas ruas devido ao ensanguamento em seu corpo, mas não se importava.

Ao se aproximar do bar, sua “residência”, pegou as chaves rapidamente, batalhando para encaixá-la na fechadura. Levantou e abaixo os portões de ferro o mais rápido que conseguiu. Escorregou-se até se sentar no chão, abraçando o bebê que tremia e chorava em seus braços:

-Bem-vindo para a família …. filhinho … – falou, abrindo o mesmo sorriso psicopata de Will.

 

-CONTINUA-

5 comentários sobre “Décimo Capítulo – Vovó Macumba!!!

  • Olha, não vou mais me rasgar em elogios por essa primeira fase da novela… está realmente tudo muito bem amarrado, essas tramas estão bem gostosas de acompanhar!!
    Barbara dará outra virada radical em sua vida, eu sinceramente espero tudo de bom e do melhor pra ela.
    Outro que está passando por uma mudança tremenda é o Kauan, desejo toda felicidade para Clara e ele!!
    Valerie preferiu o contrato ao filho… foi algo muito triste e desprezível o que ela fez, agora a criança pagará pelas escolhas erradas da mãe.
    Que cena de vilânia maravilhoooosa essa da Branca!! Ela surtou real oficial… qual será o destino desse bebê nas mãos dessa louca?
    E que venha a segunda fase, que seja tão empolgante quanto a primeira.

    • Ehh, ainda hoje sai o encerramento da primeira fase,
      Não sabe o quanto é importante o comentário de vocês, estimula muito a criatividade do autor.
      Te encontro hoje a noite, pra despedida desses personagens da primeira fase!

  • Eu sei, eu sei rsrs
    Era para esse ser o capítulo de encerramento da primeira fase da web, mas eu pensei: “amanhã é sexta, por que não terminar sexta e a segunda fse começar na segunda” Decidi fazer então srsr Espero que tenham gostado, eu senti muita emoção escrevendo ele hoje.
    Comentem! rsrs até amanhã..

    • Queria que essa fase não acabasse! As histórias são ótimas!
      A Branca pegando o Bernardo foi de arrepiar. Me lembrou Amor à Vida.
      Ansioso para saber como vai acabar esse rolo da criança.
      Pensei realmente que Valerie fosse se jogar da escada!

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