Corujas Sem Asas |Episódio 1×18
“Corujas Sem Asas”
uma web-série de Pedro Paulo Gondim
1ª Temporada || Episódio 18
“A Carta de Adeus”
Flash back: 1994. Setembro. Mansão dos Barny. Terraço/Jardim [Noite].
Mariah ri e explica ao filho sobre o feriado, que cai no dia do seu aniversário: 7 de setembro.
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NO OUTRO DIA DEPOIS DO FERIADO…
Prisão. Refeitório/Mesa 04 [Manhã].
Augusto: (sentado de frente para Gustavo) Já soube o que houve com Heitor?
Gustavo: (dando uma garfada em seu ovo mexido) Não… ninguém sabe! Uns mano loco lá da mesa de trás, que dizem que ele foi abduzido.
Augusto: (rindo) Mais que piada! Quem disse isso, poderia escrever novela!
Homem: (bem fortão) E se eu não quiser escrever novelas?
Gustavo: (sussurrando) Por favor! Não enfrente o…
Augusto: (ignorando Gustavo) Por que não escreve web-série então? Seu marmanjo de merda! Que porra de macho você é?
Gustavo: (apavorado) Oh meu Deus! Por quê? Por quê?
Homem: (pegando Augusto pelo pescoço) VOCÊ QUER MORRER? QUER?
Gustavo: (falando baixinho) Não responda! Não fale nada!
Augusto: (sendo extremamente direto) Sim.
Nem sabia se deveria escrever essa cena. Augusto falando isso apontou para algo. Quando Gustavo percebeu, era uma carta.
O homem pega Augusto pelo pescoço, e o asfixia até a morte. Os carcereiros chegam tarde demais, e a morte, é imediata.
Prisão. Cela 355/ Cama 05 [Tarde]
Gustavo: (deitado em sua cama lendo a carta) “Sei que você merece o melhor da vida. Sempre fui um estuprador, buscando “novinhos fresquinhos”. Por isso, Gustavo, tive que morrer. Uma vida de difíceis lutas. O único motivo para eu… nunca correr atrás de um namoro, foi por minha mãe. Antes de ir até o apartamento de Bernardo, a matei, enforcando-a com uma gravata. Ela era uma homofóbica de primeira! Já chegou a bater em um jovem que estava de mãos dadas com outro na rua. Ela nunca foi de apoiar a ecologia, o que sempre amei. Estudar esse mundo… Tudo! Agora, não tenho mais remédio! Vou partir com a primária iniciativa de briga que tiver. Sorte, e um beijo nessa p*ca gostosa! (Gustavo dá uma risadinha; continua a ler) Quer saber o porquê de ter procurado Bernardo? Eu me apaixonei de verdade por ele. Contei a minha mãe que sou homossexual. Sabe o que ela fez? Me jogou contra a parede, pegou uma tesoura e disse: “Você me fez muito mal, Augusto. Mais do que seu maldito pai. Mas eu cansei! E você… VAI ME PAGAR!”“E com isso, ela fincou a tesoura em meu braço direito (justo o que eu faço umas “coisinhas”). Fiquei mal durante dias, até sair do hospital. Visitei um parque ecológico muito bonito, conhecido como “Zoomy”. Acho que teve até uma festa lá, em alguns dias anteriores! Preserve o meio em que vivemos, Gustavo, pois ele é o que mais temos de precioso. Abraços, de talvez, seu amiguinho que queria ter chupado “aquilo” mais, Augusto Poggy de Leon”.
Gustavo chora totalmente comovido com a carta. Pensa em se matar, mas lembra de que quando sair da cadeia será uma pessoa mais feliz, desfrutando do “meio em que vivemos”.
Flashback: 1994. Agosto. Mansão dos Barny. Quarto do casal [Noite].
Mariah está em uma das poltronas de seu quarto. Ela tosse, tem muita febre, dor nos olhos, e todo seu corpo dói. Guilherme entra no quarto.
Guilherme: (chegando perto dela) Já está melhor?
Mariah: (com cara muito abatida) Estou melhor que uma criança!
Guilherme: (ajoelhando-se) O que está sentindo? Está assim desde hoje à tarde!
Mariah: (tosse; respira profundamente) Uma dor nas costas terrível! Acho que estou com algum problema em uma de minhas… asas!
Guilherme: (sorrindo; apertando as bochechas dela) Tu és meu anjo. Por isso as asas! Sabe por que você as tem?
Mariah: É claro! (pegando uma das mãos dele) Quer mesmo acabar com a família Barny? Justamente desta maneira?
Guilherme: (pondo a outra mão sobre a dela) Por que… (ele começa a chorar) Por que diz isto dessa maneira?
Mariah: (espirra; tosse; sente uma dor fortíssima nas costas) Não sou um anjo, Guilherme!
Guilherme, curioso, decide beber água para acalmar. Corre para chamar os meninos. Quando volta…
Heitor: (criancinha; bem fofinho) Papai, cadê a mamãe?
Antônio: (já acrescido) Isso é algo estranho! (ele aponta para o chão) Pai! O que… é aquilo? Parece que derramaram petróleo aqui!
Guilherme: (assustado; gritando ardentemente) MARIAH! MARIAH! CADÊ VOCÊ?
Atualmente: 2014. 08 de Setembro. Redação de jornalismo. 2º andar/Escritórios e gerencia [Tarde].
Luana entra em uma dos escritórios. Fecha e tranca a porta. Coloca um notebook em cima de uma mesa, e prepara para lançar o que ela chama de…
Luana: (maléfica) Essa, será a minha “super bomba”! É uma pena que Sophia tenha deixado essas evidencias aqui no computador dela. Por que essa burra foi escrever essa matéria sobre… (ela se espanta, mas fica curiosa) Arthur? Ele é que contou a Sophia sobre (lê mais sobre o assunto) o pobre coitado do Bernardo. Ele era tão gato! É uma pena que teve que partir.
Luana prepara e edita toda a matéria. Aproveita e pega sua matéria sobre Mariana, onde Heitor falava que ela merecia ser presa, mas agora, quem está preso, é justamente ele. Luana, que foi no hospital pedir uma entrevista a Mariana, antes de o apagão ocorrer, conseguiu provas o suficiente para incriminar os dois. Luana acha até um registro espantoso no computador de Sophia.
Luana: (lendo algo que Sophia tinha escrito a 2 anos atrás) “(…) A mãe, Josyane Luzzy, disse a mim que Mariana não é filha legítima dela, somente Rodrigo. O rapaz é fruto da primeira relação de Josyane. Já Mariana, é filha de seu ex-marido junto com outra mulher. Por isso, a atriz e cantora brasileiro-mexicana, resolveu adotar uma criança a alguns anos. Josyane diz que a filha é uma desonra para sua família. Teve sua primeira relação aos 10 anos, com um garoto. Depois, aos 11, conheceu um menino conhecido como Heitor. Josyane conta que eles até tiveram uma pequena briguinha por causa de Mariana ter transado com outro cara, e Heitor ter beijado outra mulher, que Mariana acusa ser uma mulher chamada Ana. Rodrigo tinha já uma idade bem alta, e sua mãe preocupava-se em relação do filho não ter tido relações até algum tempo. Nesse ano, ele conheceu minha priminha linda Camila Marcílio. Um amor de pessoa! Passei 4 dias no México fazendo essa reportagem. Deu até vontade de dançar “La Cucaracha” agora! (risos). Foi uma matéria e tanto.”
Luana lembra-se de que o chefe rejeitou a matéria na época, e propõe-se a lançar juntamente a outra grande bomba.
No outro dia… Casa de Gilda. Cozinha [Manhã].
Camila: (sentada numa cadeira lendo o jornal “Owls”) Dona Gilda! Você precisa ver isso imediatamente!
Gilda: (assustada; fazendo café) O que houve Camila?
Camila: (não acreditando) O governo cortou várias árvores da região para fazerem um novo shopping!
Gilda: (não ligando; pondo café em uma xícara) E daí? Você não é daquelas jovens que amam de toda a paixão esses shoppings?
Camila: (impressionada) Não venha com desculpas! Sei que a senhora também gosta de lugares deste tipo. E muito mais que eu! Só estou preocupada com as árvores. Precisamos plantar mais delas, para o nosso próprio bem. Aliás, também estamos acabando com a ecologia da cidade. É uma pena, vovó, que a senhora, em plena idade avançada, pense desta forma.
Elas discutem por mais um tempo. Camila pede desculpas à avó. Quando volta a ler o jornal, mais especificamente na página 5…
Camila: (deixa o jornal cair) Vovó! Olha essa outra matéria!
Gilda: (bebendo um gole do café) E agora? Tráfico animal?
Camila: (pegando o jornal novamente) Pior que isso! (mostrando a página e a matéria a sua avó) Meu nome… está no… jornal!
Gilda lê a matéria que Luana escreveu, com base em todos os dados de Sophia, e fica totalmente horrorizada. Acha até um pouco engraçado o nome da neta aparecer para toda a cidade, mas nem tanto assim.
Gilda: (tentando acalmar a ansiedade da neta) Camila, você acha que devemos ir na redação? Talvez, eles até cancelem esse jornal, que só traz problemas, desde o lançamento a alguns dias atrás.
Camila: (cabisbaixa) Isso não resolverá nada! (começando a chorar) Quero meu irmãozinho de volta comigo! Será que ele morreu?
Gilda: (andando pela cozinha) Cale-se! Vinícius e sua prima Sophia, vão voltar a qualquer instante. Paciência é o que devemos ter.
O telefone toca. Gilda vai à sala e atente. Entristecida, volta para cozinha. Tenta ser direta, mas não ao ponto.
Gilda: (sorrindo) Minha queridíssimo netinha! Eu…
Camila: (levantando a cabeça) Era a polícia! Acertei?
Gilda: (chegando perto da neta) Bem… Sim! Eram eles.
Camila: (levantando-se rapidamente) E onde está meu irmão?
Gilda: (séria) Só me deram… um pequeno aviso. Não encontraram nenhum dois oito. O mundo é tão grande. Onde será que eles estão?
Camila: (brincando) Se foram levados por alienígenas, tomara que façam uma lavagem cerebral no meu maninho.
Gilda: E ainda diz que o ama!
Padaria. 2º andar/Escritórios. Sala da gerencia principal [Tarde].
Antônio está sentado em frente à sua mesa, revisando alguns papéis. Pedro aparece de repente em sua sala.
Pedro: (fechando a porta) Me chamou?
Antônio: (sorridente) Você já viu… o novo jornal?
Pedro: (pegando o jornal em cima da mesa de Antônio) Claro! É o jornal mais comentado do Brasil na última semana! Estão pensando em distribuir por mais partes do país. Mas, por que a pergunta?
Antônio: (apontando para o jornal) Já leu a página 5?
Pedro: (abrindo na página) Ainda não. Cheguei aqui e… (espantado) ANA?
Antônio: (levantando-se) Também achei estranho. Ah! (pegando uns papéis debaixo da mesa) Depois… de você ler o jornal, assine esses papéis!
Pedro: (intrigado) Mas quem assinaria depois de você, seria… Heitor.
Antônio: (sentando-se na cadeira de sua mesa) Exatamente! Acho que você sabe o que quero dizer. Tem me mostrado um verdadeiro homem. Acho que… (estendendo a mão) Você realmente merece!
Pedro o cumprimenta e começa a chorar de felicidade. Ele fica agradecendo com “obrigado” por várias vezes, até Antônio se cansar e mandá-lo para mudar de escritório. Mais tarde, Pedro volta à sala de Antônio.
Antônio: (levantando-se) Veio me agradecer mais?
Pedro: (tentando enrolá-lo) O seu irmão, Heitor, é uma pessoa inteligente… Mas, pelo que sei…
Antônio: (ficando nervoso) Tente ser o mais direto possível!
Pedro: (isso sim é ser direto demais) Seu irmão faliu a empresa.
Antônio revisa a papelada, e vê que Heitor nunca nasceu para mexer com finanças. A padaria que recebe o nome de “Pães Barny” tem uma grande rede. Uma filial em cada um dos outros 25 estados mais o Distrito Federal. Heitor mexeu com números impróprios e acabou afetando toda essa rede.
Antônio: (gritando o mais alto possível) NÃO! NÃO! NÃO!
Pedro: (curioso) O que faremos?
Antônio: (aflito) Fecharemos todas as filiais e a principal. Desculpe-me, Pedro, mas você acaba de perder seu cargo, junto com outras 1.500 pessoas! A padaria “Pães Barny”, depois de mais de 70 anos, fechará as portas definitivamente.
EPISÓDIO BOMBÁSTICO, MINHA GENTE! O episódio 1×19 os aguarda para esta Segunda (09/02/2015), às 16h!
Eu tó de volta aqui para comentar esse lacre, que episódio bombastico amei hehe.
Essa carta que o Augusto deixou para o Gustavo, sei não haha sorri bastante aqui 🙂
E essa história da família Barny é nem instigante 😮
A série ótima a cada episódio, parabéns Pedro!!! 😀
Que bom que está de volta a comentar! Foi um episódio bem delicado, cheio de dramas e lágrimas. Obrigado por comentar!