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Corujas sem Asas - Temporada 2

Corujas Sem Asas 2×20 – Sombra, Luz e Magia (Final)

Cartaz 02- Corujas Sem Asas - 2ª Temporada

“CORUJAS SEM ASAS”

UMA WEB-SÉRIE DE PEDRO PAULO GONDIM

EPISÓDIO ESPECIAL!

Nos episódios anteriores da 2ª temporada de “Corujas Sem Asas”…

Cientista: Iremos fazer a primeira mutação genética da história hanisinediana!

(…) Guikoltra: E sei que, mesmo me odiando por ter dito ao meu pai que matasse Naklada, você ainda me considera digno de seu amor.

Pokoh: E sei que mesmo Naklada tentado te trucidar por você abusar de Juréhmia, e eu ter matado nosso pai por assassinar a mãe de Juréhmia, e eu ter te trancado por 04 anos no frio e profundo calabouço do palácio… Você ainda me considera digno de seu amor.

(…) Thiago: Essa é simples: Suas magias continuam presas! Enquanto a Sombra ou a Luz de Hanisined não estiverem livres, vocês continuam sem poderes. Mas vejo que suas corujas, Ximirica, ainda podem ter magia. Um pouco, mas possuem. [faz uma cara fria] Aliás, elas me dão um pouco de medo!

(…) Rodrigo: Está bem. [lhe entrega várias notas] Aqui está o dinheiro. Pague-a e venha depressa, antes que ela suma! [ele corre atrás de Mariana e é atropelado por um caminhão de gás]

(…) Thiago: É um tipo de proteção espírita. Vários demônios estão ligados à esse amuleto. Quando quiserem… Peguem esta folha e leia o feitiço de cima.

2ª temporada || Episódio 20 || ÚLTIMO

“Sombra, Luz e Magia”

Numa outra dimensão… (T=Terrestre; H=Hanisinestre)

Destino T: Há 50 milhões de anos atrás, num antigo planeta chamado “Capela”, meu irmão Destino concedeu ao planeta seus três filhos, como todos os meus outros irmãos e eu tivemos: Futuro, Luz e Sombra. Infelizmente, ao atingir certa idade, Sombra se revoltou com seu irmão Futuro, assim como houve em Hanisined. Futuro foi trancado por magia universalitílica no planeta “Kêffér”, que fica duas galáxias em seguida. Também aconteceu o mesmo: Sombra tomou o lugar de Futuro, Luz e ela brigaram e as duas foram também mandadas à Kêffér. A diferença enorme é que não havia corujas, nem guardiões, nem feiticeiros em “Capela”. Quando o tempo-limite de 20.000 anos chegou, a civilização mais avançada de todas as galáxias presenciou o inimaginável. Sombra e Luz de Capela despertaram. As primas delas, de “Kêffér”, queriam continuar com o planeta como ele estava. Infelizmente, nenhum Destino resolveu imperdir, havendo a maior guerra de todos os tempos. Como resultado, 19 galáxias foram destruídas com tamanho impacto, fazendo “Capela” e “Kêffér” virarem pó! E é exatamente isso que não queremos que aconteça.

Uma mulher já adulta, a Mãe Natureza, aparentando ainda uns 15 anos, pele albina, usando uma tiara de folhas à ouro, um vestido feito com todas as flores do mundo e um cabelo bem longo e ruivo, olha para seu marido, Destino, com seriedade. Seus olhos alaranjados refletem a imagem de um terrível e possível futuro.

Mãe Natureza: Desta vez, devemos pedir severos esforços e trabalharmos juntos. Duas Sombras juntas podem, talvez, serem pior que todos nós. Teremos que trabalhar juntos nisso. [olha para seu filho] Futuro, qual é sua opinião?

Futuro: Eu digo que você está equivocada, Mãe. [ele se aproxima] Lembra-se de quando meus tios e meu primo de Capela tentaram intervir? Havia sim, alguns salvadores, só que infelizmente eles foram derrotados.

Destino: É verdade! Agora me lembrei. Meu irmão, sua esposa e meu sobrinho se juntaram numa só energia. Isso não deu muito certo, tanto que, quando os raios negros lhes lançaram para fora do planeta, destruíram mais 04 galáxias com a explosão. Sorte que os antigos “guardiões dos pelos”, de “Kêffér”, conseguiram derrotá-las.

Mãe Natureza: E quem eram  esses “guardiões dos pelos”?

Futuro: Eram pessoas tipo os atuais “guardiões das asas”, só que, ao invés de corujas, eles tinham dívidas com gatos. Era tipo… “gatos sem pelo”!

Destino: Então… esta é a nossa decisão. [olha para todos] Alguém renega nosso não intrometimento para a salvação da Terra e de outros planetas?

Todos ficam calados. Sorrindo, Destino Terrestre diz: “Que assim seja!” , e então voltamos a nossa verdadeira dimensão.

Data atual na Terra: 03 de janeiro de 2015.

Jeffrey’s Bay, África. Praia [Tarde]

Sombra T: Nunca achei que veria o mundo desse jeito. Foi bom você ter escolhido este lugar, prima. Mas gosto da tranquilidade do campo!

Sombra H: [olha-a confusamente] Não seria sua irmã Luz que gostaria disso?

Sombra T: Eu disse que “gosto”. Mas você ainda não viu o que eu posso fazer com o que eu “amo”, mas como sou das trevas, nesse caso “odeio”.

Sombra Terrestre faz um pequeno redemoinho no solo. Ao assoprá-lo e jogar um pouco de magia negra, ele vira um furacão, destruindo várias cabanas de pessoas que vivem lá, picotando-as em vários pedaços.

Sombra H: Acho que ainda existem… [expressão maliciosa] Sobreviventes!

Sombra Hanisinestre faz várias plantas carnívoras gigantes saírem do solo. Elas abrem a “boca” e, com sua “língua”, pegam e comem as pessoas, que não conseguem fugir, mesmo tendo gritado atordoadamente por tanto tempo, deixando apenas enormes buracos profundos no chão. Elas riem. Sombra Terrestre pergunta sobre o paradeiro de Naklada.

Sombra H: Ela está dentro da casa principal. Está ensinando feitiços à Comansavá. Quem eu não vi foi Ximirica.

Sombra T: Ele deve estar com os nuilloppah, como sempre!

Jeffrey’s Bay, África. Floresta [Tarde]

Ximirica está na floresta que fica antes da praia, mas sozinho. Ele pensa em sua vida e em como era difícil sua vida em Hanisined. Se lembra de quando ele e sua esposa, Düntry, tiveram seu primeiro filho. Sorrindo, derrama uma lágrima pelo olho direito ao se lembrar do nascimento de seu primeiro filho: YBANÔ.

Ele era o ajudante de Futuro, até que Sombra assumiu o lugar do irmão e quis que o filho de Ximirica, que tinha apenas 15 anos, fosse seu novo servo. Atendendo ao pedido, disfarçou-se de um grande empresário, vice-diretor geral do Graclapecha. Com suas identidades físicas e morais escondidas, Ybanô nunca achou o pai. No ano em que Ybanô foi ser ajudante de Sombra (mas sem saber), Düntry quis ter outro filho para ocupar a vaga dele. Ao nascer, o menino foi roubado dos braços da mãe. Com um feitiço secreto de magia de sangue, Naklada escondeu a verdade do menino por todo esse tempo. Com essa história, afirma-se que SAVABIAN é o filho do ex-maior feiticeiro de Hanisined.

Nessa amargura toda, Ximirica fecha os olhos e começa a chorar de um jeito ainda mais dramático. Quando menos espera, Ybanô aparece com um enorme facão e coloca-a na garganta de Ximirica.

Ximirica: Sei que está zangado comigo por tê-lo abandonado, filho.

Ybanô: [expressão de raiva] Não é só isso. Também me enoja a sua coragem de se esconder de mim por tanto tempo! Sombra me contou tudo.

Ximirica: Sei que quer me matar mas… [mantendo a calma] Fiz algumas contas com os nuilloppahs antes de ontem. A idade-limite para feiticeiros é maior. Contudo, hoje é considerado meu aniversário aqui na Terra. Farei 300 anos!

Ybanô: [coloca o facão em seu bolso] Sério? Só é uma pena que meu irmão não te conheceu por todos esses anos.

Ximirica: Sei que você não me perdoa por ter entrado para o lado dos vilões. Claro que você tem todo o direito de me desprezar! Só que… eu lhe peço perdão.

Ybanô: [sorrindo] Pais querem proteger suas crias. Isso mostra que você nunca foi um vilão de verdade. Você queria vir a Terra, recuperar seus poderes e entregá-los à mim, não é isso?

Ximirica: Sim. Não vou mentir. Só quis um jeito mais fácil de chegar até aqui.

Ybanô: Isso mostra que… [aproxima-se] Você não tem um coração de trevas. Ele é repleto de amor e luz.

Eles se abraçam e os dois choram nos ombros um do outro. Um relógio de bolso, que Ximirica carrega, começa a fazer barulhos. Ximirica fica velho em um segundo, sua pele começa a amolecer, ele cai e sua magia sai de sua boca em forma de uma fumaça branca. Ybanô sorri. Seu pai lhe dá um amoroso sorriso. Fechando os olhos e virando para sua direita, Ximirica Mëndÿs morre!

Ele tira o capuz que está vestindo, revelando que uma de suas asas não existe mais. Ybanô usou muita energia para trazer ele, os guardiões, as corujas sem asas, os hanisionativos e uma pessoa especial até onde seu pai estava. Todos eles saem de trás das árvores da floresta, mostrando expressões de espanto, tristeza, felicidade e dor. O convidado especial não aparece, mas se ouve seu bruto choro.

Jeffrey’s Bay, África. Praia. Casa principal/Sala de estar [Tarde]

Com o céu negro, ele fica pior quando nuvens de chuva começam a se formar. Alguns instantes depois, um vento de força média-alta agita a areia da praia, entrando na casa. Naklada e Comansavá estão lendo alguns livros sobre feitiços terráqueos, todos cedidos por Thiago.

Comansavá: [olha para o lado] Ouviu alguma coisa?

Naklada: Acho que sim. [olha para uma janela] Veja, ela está aberta! Está entrando areia aqui dentro. Estávamos muito distraídos.

Eles ouvem um grande estrondo nos fundos da casa. Naklada pede para Comansavá ficar, mas ele insiste em ir. No fim, os dois vão até o local.

Naklada: [expressão tensa] De certo foi um raio que caiu aqui. Olhe… [ergue a mão] Já está começando a chover.

Comansavá: Espere! [olha para a floresta] Acho que vi um dos guardiões por ali!

Naklada: Não vamos nos preocupar muito. [ela sorri com felicidade] Não sei o porquê, mas fiquei um pouco mais feliz. Acho que é a sua presença. Mesmo não sendo meu filho, você sabe que eu lhe amo. Mas a meu ver, minha história foi sempre muito triste, com um passado pobre. Quando fui morar com seu pai, vi que o bem não estava me dando muitos presentes em troca. Foi quando minha mãe morreu por culpa de Guikoltra que eu soube que, como Juréhmia sempre foi uma sonsa, eu estava praticamente sozinha. Se não fosse Pokoh… Não sei o que seria do meu futuro. Vim até aqui para recuperar a magia e sermos felizes!

Comansavá: Mas… eu não quero magia. Eu só quero… uma mãe! Você conhece e sabe que sempre tentei fazer o mal para lhe agradar. Contudo, fica um profundo sentimento de culpa quando eu machuco alguém. Acho que nunca cheguei a matar nenhuma pessoa, pra dizer a verdade. Aceite e acredite, Naklada, sou um ser de Luz.

Naklada: [expressão séria] Está dizendo que quer abandonar tudo o que eu fiz pra você? Tudo por você?!

Comansavá: Eu mesmo reconheci esses dias. [expressão triste] Tive um passado muito triste com meu pai. Sei que isso foi culpa sua e eu te odeio por isso. Tentar te amar não é só um sacrifício. [ele grita] É o maior erro que eu pude cometer! Sei que você fez tudo isso por ganância, por poder! Amor não existe no seu dicionário!

Naklada: É por isso que os Mercyi são famosos. Mostram suas garras no momento mais inoportuno que você poderia imaginar. [ela fica nervosa] Sabia que mexer com fogo é algo perigoso, filho?

Comansavá: [ele a empurra] Não me chame mais assim!

Naklada: Agora chega! Eu já me cansei de você de tudo isso!

Com algumas palavras, um gigante dragão de fogo nasce quando ela esfrega suas mãos. Comansavá tropeça e cai, jogando raios brancos e feitiços de magia branca, tentando domar o dragão. Sem sucesso, Naklada consegue acertá-lo com uma pedra de tamanho médio em sua cabeça. Ele cai. Sua testa sangra ardentemente. Olhando com os olhos semiabertos, sua expressão de medo deixa Naklada ainda mais aflita e ela faz uns movimentos com as mãos.

O dragão voa para cima e para baixo, dando alguns zigue-zagues. Comansavá fecha os olhos quando o animal vem em sua direção. De repente, uma espada atravessa o pescoço de Naklada, fazendo sua cabeça rolar e deixar um rastro de sangue pela areia. Comansavá abre os olhos e se levanta. A “pessoa especial” matou Naklada.

Comansavá: [assustado] Vo-Você?

Savabian: [sorrindo] Como vai, Comansavá?

Jeffrey’s Bay, África. Floresta [Entardecer]

Comansavá: (…) E essa é minha história. É um prazer poder-lhe conhecer pessoalmente.

Heitor: [expressão carinhosa] Está tudo bem agora. Você tem cara de um homem perdido, quase como um jovem inexperiente.

Savabian: [ele ri] Meu irmão só parece jovem, mas já tem quase 130 anos.

Ybanô: E… [aproxima-se] Sobre a notícia que lhe dei? Está bem?

Savabian: Sempre quis conhecê-lo, desde que meu pai me falou. [expressão triste] Mas é realmente algo muito… drástico. Viemos aqui em busca das Sombras e acabamos com quase todos os vilões.

Comansavá: Eu entro nessa categoria também? [aponta para si]

Sophia: Claro que não. [ela se aproxima e lhe dá um beijo no rosto] Sou louca de ter feito isso? Um pouco, mas gosto de oferecer uma boa imagem à todos.

O ciúme de Heitor fica quase evidente, pois ele fecha os punhos e olha ferozmente para Sophia, a qual se vira e fica calada, rindo internamente.

Douglas: [feliz] Bem… Agora só falta derrotarmos as Sombras. [levanta-se] Será que é tão difícil assim? [expressão de dúvida]

Um raio o atinge. Ele começa a se contorcer e todos ficam apavorados. Ele olha para Comansavá de um jeito estranho.

Douglas: (com uma voz mais grossa) Eu fiquei com preguiça de descer aqui na Terra, então esse foi um modo prático de conseguir contato. Sou eu, Destino. Estou reparando aqui e… Quem é esse rapaz?

Isabella: Ele é o verdadeiro príncipe de Hanisined, Comansavá.

Douglas: [olha-a com ternura] Cabelos de Alice!

Isabella: [expressão de curiosidade] De Alice? O que tem a pobre menina?

Douglas: Isso quer dizer que suas lindas madeixas são sedosas e bem cuidadas. Mas fora disso, vim informar que isso ainda não acabou. Ybanô já sabe o porquê. [olha-o] Depois, se quiser, lhe conte a história de “Capela” e “Kêffér”. E mais uma coisa!

Ele pega Mariana e Heitor e lhes coloca mais ao centro. Assustados, eles pedem uma urgente explicação. Matheus diz que ele deve estar louco, especifica Destino, mas controversa dizendo ser Douglas.

Douglas: Mesmo com tudo o que vocês já têm passado, se esqueceram de uma das regras dos guardiões e hanisionativos: a reprodução. Ana e Pedro tiveram Pedro Daniel, o qual ficou em Hanisined. Como a mãe morreu, não teve a necessidade de mais uma. Só que vocês, Mariana e Heitor, tiveram Patrícia. Pelas normas mais rígidas, um dos dois deve morrer. Ninguém de vocês pode me impedir de finalizar o “destino” da pessoa.

Mariana: [tensa] Temos quanto tempo para decidir?

Douglas: No máximo… Cinco minutos! Se não fizerem, eu mesmo escolherei. Mesmo que considerem um erro, as corujas já estavam por perto.

Um raio azul sai de Douglas, o qual acaba desmaiando. Todos ficam tensos e com uma expressão de pavor no rosto. Mariana e Heitor começam a chorar. Sophia abraça Heitor e pede para que fique. Depois de mais quatro minutos de muito silêncio, Douglas acorda novamente como Destino. Ele pega uma pequena bola de cristal em seu bolso. Com a outra mão, segura um apito estranho.

Douglas: E aí? Quem morre?

Mariana: [ergue a mão] Eu me escolho!

Heitor: [agarra seu braço; olha-a com preocupação] Por favor, Mariana. Você é muito melhor que isso, não deve se…

Mariana: [olha-o com segurança] Sei o que estou fazendo. Você e Sophia ainda terão uma história. Aprendi muitas coisas nessa vida, mas, nesses últimos meses, finalmente a palavra amor quis entrar em meu dicionário.

Heitor: [abraça-a] Vou sentir sua falta!

Mariana: Cuide de Patrícia por mim. Lhe peço por favor! [sorri]

Com uma simples e rápida trocada de olhares tristes com todos os guardiões, Douglas abre a bola de cristal ao meio, sugando a magia de Mariana. Por trás das árvores, Chapeuzinho Preto aparece. Em menos de alguns instantes, Mariana tem suas asas cortadas. Todos choram. Sophia e Heitor se abraçam.

Douglas: Desculpem-me, mas tenho que ir. Cuidem-se!

Chapeuzinho Negro pega a bola e segura as asas de Mariana com uma mão. Com a outra, agarra num raio e sobe para rumo ao Destino.

Comansavá: Se até os “bonzinhos” fazem o mal, imagina se ele fosse um vilão!

Jeffrey’s Bay, África. Floresta [Noite/Chuva]

Os hanisionativos estão dormindo. Ybanô lhes preparou uma grande barraca com um enorme colchão. Numa outra barraca, menor, estão Ybanô, Savabian e Comansavá, os quais conversam sobre suas vidas.

Savabian: Só espero que eles consigam derrotar as Sombras. [triste] Mas ainda sinto uma dor pela perda de mais um guardião.

Ybanô: [lhe dá um abraça; se afasta; sorri] Sei como se sente. Lido com isso há quase uns 100 anos terrestres!

Comansavá: Lembrar que Naklada já está morta é até um alívio… [cabisbaixo] Porém não consigo esquecer de todo o mal que ela já fez.

Numa barraca vermelha, um pouco maior, Sophia e Heitor estão agarradinhos debaixo do cobertor. Ybanô colocou uma bola de luz flutuante para haver claridade dentro do local.

Sophia: Já está um pouco melhor sobre… o fato? [olhar preocupado]

Heitor: Eu vou ficar bem, juro! [sorri] Só estou feliz que tenha alguém ao meu lado.

Sophia: Não sei quando comecei a gostar de você. De qualquer forma, deveríamos pelo menos respeitar Mariana um pouco. Ela acabou de morrer!

Heitor: Mas ainda assim, quero continuar ao seu lado. Sempre!

Eles se beijam. A luz da bola de cristal das barracas começa a enfraquecer. Ybanô acha aquilo estranho e sai. Savabian, Sophia e Heitor também vão para o lado de fora para verem o que há. Uma ventania fria e com um cheiro medonho vem em direção a eles. Savabian acorda os jovens apressadamente. Todos olham em volta de si. Eles têm medo.

Ybanô: Acha que são os nuilloppahs? [olha-o com preocupação]

Comansavá: Não, eu tenho certeza. [olha em volta] Ximirica os mudou para seguir suas ordens. Com a morte dele, todos os nuilloppahs também morreram!

Melanie: [olha para cima] Isso é horrível! Não vejo quase nenhuma estrela.

Matheus: Sorte a nossa que achamos Luz para nos dar um feitiço para enxergarmos melhor, assim…

Isabella: Espere! [olha para Ybanô] Nós resgatamos Luz e chegamos juntos com ela. Mas… Alguém vê Luz por aqui? [fica tensa]

Ybanô: Como pudemos nos esquecer dela? [coloca as mãos na testa]

Savabian: Acho que todos nós já sabemos quem foram as culpadas.

Matheus: [amedrontado] As Sombras!

As barracas voam para longe. Uma ventania maior chega a arrastar alguns guardiões e derrubar alguns hanisionativos. Tudo se acalma instantaneamente. As Sombras aparecem e sorriem.

Sombra T: [perversa] Boa noite, terráqueos!

Sombra H: Boa noite, hanisinestres!

Elas mostram o receptáculo onde Luz T está, pois Ximirica o deu a elas antes de ir à floresta. Todos ficam em posição de ataque. Isabella lança raios amarelos contra Sombra H. Comansavá, contra a Sombra T. Nenhuma delas fica contente.

Sombra H: São muito tolos!

Sombra T: [para Comansavá] Perdeu sua última chance, traidor!

Elas lançam uma gosma negra no solo. Ela se separa em vários pedaços, indo para debaixo dos pés de cada um, mas isso acontecendo rapidamente. Em questão de milissegundos, o solo começa a se corroer, mas eles ficam presos na gosma. Assim, cada um cai num buraco abaixo de si. Cada um escorrega para um lugar cheio de ossos e sangue, com apenas uma luminosidade estranha. Sozinhos, eles gritam pelos outros, mas ninguém escuta nada.

Sombra T: Falta pouco para o Sol atingir a linha que precisamos. [sorri]

Sombra H: [faz pose; sorri maleficamente] Que os jogos comecem!

Jeffrey’s Bay, África. Praia [Noite/Chuva mais fraca]

Todas as corujas sem asas de Hanisined estão ali. Até Jerlo e Djuly, os quais foram resgatados com a morte dos nuilloppah. Todas estão felizes, em volta de uma grande fogueira, festejando por estarem livres de seus principais.

Jerlo: [feliz] Tenho muito orgulho de todas vocês, minhas corujas. Passo tão “pouco” tempo fora e já tenho netos e bisnetos. [sorri]

Djuly: Sei que perdemos várias corujas em nossas batalhas para nos proteger, mas assim é nossa vida! [sorri; olha para cima] Mesmo com essa chuva, lembrem-se que um dia voltaremos a ver o Sol.

Jerlo: [anda em direção ao mar] O estranho é que Ybanô nos convidou pra essa “festa”, mas até agora não chegou. Será que houve algo?

Do céu, algo cai na fogueira. Todas ficam curiosas ao verem um coco em cima da pilha de madeira. Elas se aproximam. O coco explode como uma bomba de força violenta, fazendo várias corujas rolarem na areia. Algumas ficam machucadas. Outras, mortas. Jerlo se levanta e ajuda Djuly.

Djuly: [assustada] Isso não pode ser arma de Ybanô!

Anti-asas: [gargalha] Claro que não. É hora das “sem asas” e “anti-asas” terem seu confronto novamente!

Jerlo: [dá alguns passos] E nós veremos quem serão as ganhadoras!

Muitíssimas “anti-asas” surgem por detrás das árvores da floresta. À beira dor mar, as “sem asas” avançam em direção ao meio da praia, sendo que os dois grupos estão bem decididos em vencer. Mordidas, arranhões, raios de todas as cores pelos olhos e pelo bico. Gritos e muito ódio marcam a cena entre a luta de “negras” e “brancas”, ou seja, “anti-asas” e “sem asas”. Muito sangue começa a ser notado na praia e a ascensão da vingança quer ser finalizada. A luta entre os seres de luz e das trevas demora ainda mais uns 40 minutos. Centenas de milhares de “sem asas” e “anti-asas” mortas. Ossos, sangue, olhos, bicos, patas, garras, penas… Todos espalhados por algum lado da praia. Delas, somente 200 “sem asas”, incluído Jerlo e Djuly, e apenas 150 “anti-asas” sobreviveram. Elas se entreolham.

Anti-asas: [aflito] É melhor você nos deixar em paz!

Fêmea: [aproxima-se] Então vocês devem partir deste planeta! Já basta de nossas diferenças, pois muitos “guerreiros” foram feridos.

Anti-asas: Sei que não deveríamos nunca aceitar este acordo… [aproxima-se] Porém, vou deixar um pouco do meu ódio natural, pois fomos criadas para lhes matar.

Macho: Sabemos disso, mas vocês são como nossas irmãs. Sei que vocês não gostam de paz, mas seria bom se finalmente, depois de mais de 150 anos, nossa briga se finalizasse. Não somos como os Montéquio ou os Capuleto. Somos animais especiais, mágicos e racionais. Deve haver algum modo.

A “anti-asas” pensa e olha de um jeito perverso para Jerlo, que fica amedrontado. Ele afirma com a cabeça. Diz que quer deixar pelo menos sua avó morar aqui, pois já está velha e cansada. As “sem asas” permitem. Então, sérias, as “anti-asas” usam magia e fazem aparecer uma nave preta, aonde elas vão embora do planeta.

Jeffrey’s Bay, África. Subsolo 01 [Noite/Chuva Forte]

Douglas se levanta e olha para uma parede de tijolos à sua frente. Ela tem tochas fixadas em si por um vasto corredor. Ele pega uma delas e segue para um lugar escuro. A tocha se apaga e ele fecha os olhos, apavorado. Em alguns instantes, ele abre os olhos ao sentir algo subindo lentamente em sua perna. Ao olharmos, vemos um quarto de luz acesa. Douglas se lembra de algo.

Douglas: [com as mãos no rosto] Meu pior pesadelo se tornou real!

Ao olhar para baixo, vê-se sentado numa cama. Está em volta de várias, muitas, grandes aranhas. Elas começam a apressar o passo e sobem nele, o qual tenta retirá-las de seu corpo, mas se muito sucesso. Elas comem suas asas em questão de segundos. A maior de todas, desce de uma teia do teto.

Douglas: [chorando] Por favor!

Sem dó, a aranha agarra o pescoço de Douglas com suas presas. Sua cabeça rola pela cama, com os olhos abertos. Por fim, as aranhas cobrem todo o lugar.

Jeffrey’s Bay, África. Subsolo 02 [Noite/Chuva Forte]

Após fazer os mesmos passos iniciais de Douglas, Melanie vê uma porta. Ao abri-la, uma matilha de lobos aparece e lhe avançam. Seus braços, suas asas, e sua cabeça são arrancados pelas fortes dentições dos lobos!

Jeffrey’s Bay, África. Subsolo 03 [Noite/Chuva Forte]

Isabella, mesmo se mostrando uma menina corajosa, ao entrar pelo escuro local, aonde acabam as tochas na parede, se vê num banheiro.

Isabella: [curiosa] Será que eu estou com vontade de fazer xixi?

Ao dar uma olhada melhor no local, nota a presença de sangue no local. Ela vê vários corpos mortos em um boxe. Ao se virar, tentando fugir de medo, esbarra com um homem careca, o qual leva um machado na mão. Nem pensando em usar magia, ela apenas lhe olha com pavor. Sem convencer o tal homem, Isabella é empurrada e ele lhe corta as asas. Depois, atinge seu coração com o machado.

Jeffrey’s Bay, África. Subsolo 04 [Noite/Chuva Forte]

Matheus sempre teve medo de nadar. Assim que ele entrou naquele local escuro, ele se viu dentro de uma cúpula de vidro, que começou a encher de água até ele morrer afogado.

Jeffrey’s Bay, África. Subsolo 05 [Noite/Chuva Forte]

Ybanô tenta lançar um feitiço em cobras, pois é seu único medo. Infelizmente, as cobras sendo grandes, de um imenso comprimento, não deu a energia suficiente que teria para matá-las. Assim, as cobras começam a passar em sua volta e quebram todos os seus ossos.

Jeffrey’s Bay, África. Subsolo 06 [Noite/Chuva Fraca]

Comansavá entra num cemitério. Seu maior medo é então revelado. As pessoas mortas criam vida e começam a sair de suas tumbas. Usando a lógica, ele faz com uma mão um feitiço de magia negra. Com a outra, magia de luz.

Comansavá: [nervoso] Ninguém mais vai me impedir de ser feliz!

Ele rapidamente junta suas mãos e joga uma bola cinza no meio do campo. Uma grande explosão atinge toda a Terra, a qual treme totalmente por 2 segundos, tempo suficiente para o caos se tornar ainda pior.

Jeffrey’s Bay, África. Floresta [Noite]

No momento em que Sophia iria encarar um horrível palhaço do mal, e Heitor, uma terrível besta sem olhos, eles são jogados para cima e caem na floresta junto à Comansavá e Savabian, sendo este tendo um horrível pesadelo com os nuilloppahs, juntos também às Sombras.

Eles se levantam e as encaram. Elas, fracas, lhes olham com ódio. Os guardiões riem e Savabian diz que finalmente chegou o momento de “pagar a conta”. Todos dão as mãos. Comansavá, que está numa ponta, e Sophia, que está na outra, colocam uma mão para frente e, com toda a energia universalitílica reunida, junto a tantas energias de luz, raios eletrizantes e brancos atingem as Sombras, fazendo-as virarem pó. Destino desce à Terra e aplaude-os.

Destino T: [sorrindo] Sinto muito pelos hanisionativos e por Ybanô.

Heitor: Como assim? [olha em volta] Onde eles estão?

Destino T: Morreram no subsolo em seus mais medonhos pesadelos.

Savabian: Pelo menos agora… [sorri forçadamente] Temos só o bem para comandar o planeta Terra, Hanisined…

Comansavá: Não é bem assim, irmão. [olha-o com tristeza]

Destino: Ele está certo! Ter uma filha como Sombra foi um pacto que fiz. Existem meus superiores: Bem e Mal. Uma forma de achar o equilíbrio foi a condição de que eu tivesse Sombra como filha. Sinto muito, mas ninguém está a salvo aqui. Minha prima distante, Dona Morte, trabalha para Mal. Só devemos esperar que não tenham mais revoltas! Sei que é difícil pensar nisso, pois é tudo complicado nesse universo. Mas antes de ir embora, lhes darei um presente.

Tempo, irmão de Destino, desce à Terra e se apresenta a eles. Sua forma cômica nos mostra que algo de positivo irá acontecer.

Tempo: [bate palmas; aparecem quatro pergaminhos à sua frente] Darei uma pena com tinta para cada um. Nelas, vocês devem “reformular” suas vidas. Suas magias serão retiradas, desculpa Comansavá, mas é o certo. Escrevam como queriam suas vidas, sendo que podem pedir a volta de uma pessoa à vida.

Sophia: Mas… Por que ganhamos isso? [expressão curiosa]

Tempo: Por salvarem o universo! [sorri]

Sophia decide que seu pai havia lhe criado junto à sua mãe até os 20 anos. Para amenizar sua dor, quis ressuscitar Vanessa Ruiz e, com o consentimento de Heitor, escreve que eles se conheceram numa praça, quando ela tropeçou e caiu em seu colo. Decidiu que Vanessa teria 04 anos a mais. Mudou também sua vida escolar, escolhendo o trabalho de direito para ser uma das melhores advogadas do país.

Heitor escreve sua história como a de Sophia no momento em que se conheceram. Muda seu terrível passado e deseja que seu irmão esqueça seu desaparecimento. Quer ser dono da maior rede de padarias do Brasil. Escolhe ressuscitar seu pai, Guilherme Barny.

Comansavá e Savabian decidem continuar como, desta vez, legítimos irmãos, ressuscitando Juréhmia Nunniut. Desejam que Hanisined prospere e que as pessoas voltem aos seus eixos. Também concordam em dividir o planeta em continentes, mas, diferente da Terra, repartem em 12 continentes, porém criando somente uns 120 países, com presidentes, mas sem religiões.

Numa última visita as corujas, Sophia e Heitor se despedem delas, as quais partirão à Hanisined junto a Savabian e Comansavá. Sophia chora de emoção e Heitor a abraça. Eles se beijam com paixão. Sentindo dor, eles se curvam para frente e suas asas saem de suas costas. Comansavá, Sophia e Heitor perdem a magia. As duas asas se juntam em uma e explodem em vários pedaços, caindo em direção às corujas. Em alguns minutos, uma surpresa!

Sophia: [rindo] Do que devemos chamá-las agora?

Heitor: [sorri] Ah… Corujas! São normais. Mas prefiro chamar de “Corujas Com Asas”.

As Luz de Hanisined é tirada do receptáculo e sorri, indo junto com as corujas, que começam a voar e pousam dentro da “BOLA Original”. Savabian e Comansavá acenam para Sophia e Heitor, os quais se beijam novamente e acenam de volta. Luz Terrestre também é retirada e abraça os guardiões. O Tempo bate seu grande cajado. Hanisined fica como os príncipes queriam. Destino e seus “parentes” concertam a Terra. Em última cena, vemos nosso planeta de volta à 01 de janeiro de 2015 e Hanisined na mesma divisão de tela.

FIM!

OBRIGADO A TODOS OS LEITORES DE “CORUJAS SEM ASAS”!

Pedro Paulo Gondim

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