Corujas Sem Asas 2×14 – Amor Terráqueo
“Corujas Sem Asas”
uma web-série de Pedro Paulo Gondim
2ª temporada || Episódio 14
“Amor Terráqueo”
(data na série) 24 de dezembro de 2014
Nave “PETRÓLEA”. 1º andar. Cabine de Comando [Manhã].
Depois de um dia inteiro de grandes explicações, apresentações, esclarecimentos, dúvidas e muito mais, o susto dos descendentes diminui. A nave está invisível para a população de Campo Grande, a qual quase não sente os devastadores efeitos da guerra chegando.
Douglas: [sentado; com as mãos à cabeça] Isso… ainda é muito confuso para nós.
Ybanô: [em passos lentos] Sim, tem razão. São coisas demais a serem processadas, mas talvez ainda haja uma esperança para a Terra e o universo.
Sophia: [em dúvida] Mas assim… todos os planetas possuem energia universalítilica?
Ybanô: Também, mas é bastante rara de ser encontrada. Justamente por ser uma energia tão devastadora que existe pouca quantidade em cada planeta.
Melanie: [cruzando as pernas] E por acaso foi “ela” que causou e causa o “Big Bang”?
Ybanô: [coça a cabeça] Acho que isso nem eu poderei lhe responder.
Heitor: [firme] Seria melhor se todos vocês, hanisionativos, dormissem um pouco. Isso esclarecerá muitas coisas ao respeito de nossas origens.
Mariana: [apoia a cabeça sobre as mãos] Seria tão bom se minha mãe estivesse aqui!
Rodrigo: [olha-a sorridentemente] E pensar que “amava” tanto Josyane…
Mariana: [nervosa] Fica quieto, pedaço de aborto!
Isabella: [levanta-se] Bem, de minha parte, eu entendi tudo. Sei que posso ser útil em algo, por isso não irei deixá-los na mão.
Vinícius: [sorrindo] Nós que agradecemos, Isa.
Laura: [sussurra; lhe dá um belisco] Como pode ser tão “vagabo” assim, Vinícius?
Matheus: [preocupado] Tudo está bem, até agora, mas… pra onde vamos? Quando ou onde começamos à busca?
Ybanô: Temos uma pequena vantagem. [ele sorri] Amanhã é natal. Da véspera até o fim do feriado, o Futuro da Terra desce dos céus e vira humano. Iremos achá-lo. Se o encontrarmos, achamos o Futuro de Hanisined. Se o localizarmos, a caçada à Sombra e Luz de Hanisined começará.
Oceano Atlântico. Navio “Owls”. 3º andar.[Tarde]
Um lindo e luxuoso navio está levando várias pessoas de Nova York até Civitavecchia, em Roma. Em tons brancos, dourados, vermelhos, azuis e laranja. Num dos quartos da ala para pessoas de alta renda, Comansavá está deitado numa cama macia e travesseiro em pena de filhote de ganso. Ele pensa em seus sentimentos sobre o amor e o ódio.
Naklada entra e começa a gritar, revoltada por ele estar sofrendo por sentimentos humanos, reclamando por ele não ser forte o suficiente para aguentar essa interferência horrível entre os hanisinediensses e o amor terráqueo.
Comansavá: [triste] Eu só queria… alguém especial.
Naklada: [enfurecida] Você já é especial por ser de outro planeta! E tenho dito: ou você se comporta… ou sofrerá as mais severas torturas que o fogo pode lhe conceber!
Ela sai com bastante raiva do quarto do ex-feiticeiro. Ainda triste, Comansavá anda pelo convés principal do navio. Contudo, uma pessoa bem conhecida por nós, caro leitor, aparece num deck abaixo, na ala de média renda. Ela também está triste, solitária, quase depressiva. Comansavá olha-a e percebe suas expressões, criando coragem de ir até a tal pessoa, que é…
Comansavá: [sorri] Olá. Como se chama?
Alguém: [cumprimenta-lhe] Sou Gustavo Filho, prazer.
Comansavá: Igualmente! [feliz] Me chamo… [mentindo; olha para o crachá de um dos garçons do navio] “Nicolas”.
Gustavo: [surpreso] Nossa, é que… esse nome… Ah, deixa pra lá! E bem, “Nicolas”, o que faz aqui se parece ser de… [seca-o sedutoramente com o olhar] Alta renda?
Comansavá: [disfarçando] Oh, sim. Eu estava lá em cima. Te vi triste, mas… Vejo que fiz bem visitá-lo.
Gustavo: [tira a camisa; passa a mão na barriga] Tá fazendo um calor por aqui. E isso porque estamos no mar!
Comansavá: [nervoso; coça a barba] Tem um belo corpo, Gustavo. Só acho que não deveria andar assim aqui, deste lado do navio. Do outro, tem aquela piscina esquisita. Não sei pra que colocarem uma piscina no navio se estamos no mar. [ele sorri, mas ainda sem graça] O que espera?
Gustavo: Sinto que está meio nervoso, “Nicolas”. [morde o lábio; olha-o calorosamente] Parece que está meio… “no cio”!
Comansavá: [passa a mão pelo cabelo] Ah, eu… Eu não. [bufa] Imagina, “Nicolas” querendo sexo com uma pessoa tão… Tão “legal” assim.
Gustavo: [levanta-se] Sabe… eu saí da cadeia a um tempo atrás. Consegui mentir para a justiça. Um amigo de lá (se referindo a Augusto) escreveu uma carta. Eu disse que ele “havia tentado se suicidar, mas, como não tinha dado certo, quis que o mais forte dentre os detentos acabasse com sua vida”. Claro que tive que trabalhar muito para dar uns “toques” à mais na carta, pois só assim poderia sair ileso.
Comansavá: [sorri perversamente] E o que fez depois que saiu?
Gustavo: Fui curtir a vida! [acaricia o rosto de Comansavá] Sabe, “Nicolas”, foram ótimos momentos que passei lá, mas aproveitar o que o mundo tem a me oferecer… Isso é melhor ainda. Dei um jeito de apostar um ingresso nesse navio. Com meus truques de persuasão, consegui facilmente manipular a todos para vencer.
Comansavá: [puxa o cabelo de Gustavo] Também acho que vou querer “curtir a vida”. [sorri maliciosamente] Quer me ajudar?
Gustavo: [com uma expressão perigosa] Só se for agora!
Sorveteria “Gelatto”. Mesas exteriores [Tarde].
Sophia: [séria] Acho melhor pensar direito em seus sentimentos, Laura.
Laura: [entristecida] Mas é verdade, Sophia. Ainda sinto um amor forte por Vinícius. Até em Hanisined eu estava sentindo.
Sophia: [segura as mãos dela] Olhe… Talvez não seja a melhor pessoa para contar sobre os “segredos de um relacionamento”, mas mesmo assim… Vocês são praticamente da mesma família. Quase como irmãos!
Laura: [começa a chorar] E isso é o pior. [olha-a profundamente] E se nós tentássemos?
Sophia: [apoia a cabeça em sua mão] Tentar o quê?
Laura: [ainda chora, mas sorri] Quem sabe se nós fizermos a mesma coisa que nossos avós e pais fizeram. Custa muito caro por sermos geneticamente tão parecidos, mas seria algo grandioso, bem como o amor que eu sinto por ele!
Sophia: Sei que seguirá seus extintos e tomará a decisão certa. [ela ri] E como vai o relacionamento com seu “novo” irmão?
Douglas: [sorrindo] Falando de mim?
Laura: [assustada] Nossa, você me assustou! O que faz aqui?
Douglas: [senta-se numa das cadeiras] Estava pensando em passar o tempo com minha irmã. Gosto de conhecer gente nova!
Sophia: [confusa] Ainda não consigo entender o porquê de Fernanda ter guardado esse segredo por tanto tempo.
Douglas: [olha-a calmamente] Isso talvez não possa entender, mas sei que, de agora em diante, serei um pouco mais feliz do que era com meu pai.
Laura: [espantada] Nosso pai está vivo?
Douglas: Hã… não. [entristece] Ele morreu há alguns anos, mas logo fui levado a um orfanato. Estava lá até o começo de maio, quando chegou um homem querendo me adotar. No início eu aceitei a ideia, mas, quando veio aquela mulher dele… Tão arrogante e cínica! O trai todas as noites sem que ele saiba.
Sophia recebe uma mensagem no celular. Ela olha, sorri levemente, coloca-o em seu bolso e avisa aos jovens que irá deixá-los sozinhos um tempo.
Oceano Atlântico. Navio “Owls”. 3º andar. Quarto 126 [Tarde]
Ximirica está lendo o jornal do dia. Ele sorri quando lê a notícia sobre um massacre na Índia e gargalha ao ler uma matéria da fome e sede pela África. Ele se levanta e relembra de quando criou as “anti-asas”. Se lembra de quando conseguiu um pouco de magia para trazê-las à Terra e quando elas chegaram à Campo Grande.
Ximirica: É uma pena que somente uma delas fala. [ele ri] Eu iria me divertir tanto vindo junto à elas aqui! Pelo que minha coruja negra disse, todas as “sem asas” estavam presas num zoológico na Austrália. Isso deu-as muito tempo para juntar casais errados, fazê-los ter filhos à mais… uma loucura! Elas até tentaram achar Sombra e Luz, mas sem qualquer pista ou a inferior sabedoria que elas possuem, nada de mais poderia ser esperado. Pena que não conseguiram matar os netos dos guardiões. Nessa hora elas foram muito inteligentes, mudando de cor, abrindo buracos no asfalto, causando congelamentos… É uma pena que tiveram que voltar à Hanisined para reabastecer a magia, pois elas vieram de lá! Tive sorte em guardar um pouco mais de magia e essência das corujas sem asas, mortas nos meus experimentos. Demora muito tempo para fazer efeito, mas quando faz… Vish! Elas até me contaram que houve uma pequena batalha entre “anti-asas” e “sem asas”, logo após que estas últimas saíram do zoológico. Claro que nenhuma venceu, pois são praticamente os clones de cada uma. Acho que todos já sabiam que nada pode matar outro dele mesmo sem ter uma magia maior. E a única magia maior que a universalitílica deste universo, é a junção entre ela e as outras quatro maiores energias deste universo: amor, ódio, luz e trevas. [ele sorri] Sinto que teremos uma guerra pela frente. E será uma das piores!
Naklada escuta altas gargalhadas vindo do quarto de Ximirica. Decide bater na porta, mas acha estranho demais, balança a cabeça e vai embora.
Praça pública. Lado Norte [Tarde].
Heitor está sentado num dos bancos de concreto, sem encosto, de uma praça. Isabella anda distraída e passa por Heitor, o qual a chama. Ela olha para trás.
Isabella: [sorri] Oi! Tudo bem com você?
Heitor: [ele ri] Sim, comigo… quase tudo bem, mas você parece estar mal. Alguém lhe fez algo ruim?
Isabella: Só penso em como eu sou, ou era, com meu pai. Ele me prejudicava indiretamente. Só pensava em si mesmo, na própria segurança. A filha aqui, que vá pra puta que pariu! [ela senta ao lado de Heitor e o abraça] Sinto-me bem ao lado de vocês, guardiões. São…
Heitor: [complementando] Como uma família? [ele sorri] Sim, penso nisso.
Sophia chega à praça, onde marcou com Heitor. Ela o vê conversando com Isabella e se esconde numa árvore próxima.
Heitor: [nervoso] Mas sabe, Isa… gosto de algumas pessoas daqui… como se fossem mais que só uma conexão genética.
Isabella: [olha-o severamente] Por acaso é aquela mulher de cabelo meio loiro?
Heitor: [espantado] Como você sabe que é Sophia?
Sophia engasga com a própria saliva, impactada com a descoberta. Ao se acalmar, ela volta a escutar a conversa.
Isabella: [sorri, mas ainda está abatida] Vi a forma como olhava para ela quando Ybanô nos explicou tudo. Sua história pode não ser nada fácil, sendo você o vilão dela mesma, mas isso tudo tem uma explicação lógica.
Heitor: [intrigado] Explicação? Não sei de nenhuma, a não ser…
Isabella: Você nunca encontrou seu verdadeiro amor! [ela levanta-se] Pelo que você mesmo disse, sente algo a mais por ela. Sinto que por aquela tal de Mariana, você só sente um carinho de irmão. Exatamente por isso que vocês brigam o tempo todo!
Heitor: [envergonhado] Credo, uma “quase” estranha sabe mais da minha vida do que eu mesmo! [ele ri] Obrigado, Isabella. [eles se abraçam] Só não deixe Sophia saber de nada, pois não sei se ela me corresponderia.
Isabella: [feliz] Claro! Viu? Vocês me deixam alegres!
Heitor: [levanta-se] Sei disso. Você iria gostar tanto de conhecer seu irmão Arthur. Fico triste por não tê-lo visto, mas, de qualquer maneira, você parece com ele em vários aspectos. E não falo só nos emocionais! [eles riem]
Isabella: Obrigado, Heitor. Nos vemos em breve! [ela sai correndo]
Heitor: [gritando] Vai pela sombra! Ou melhor, pela luz!
Sophia, ainda chocada com o que escutou, caminha em direção à Heitor. Chegando de frente para ele, o guardião sorri e abraça-a.
Heitor: [sorrindo, mas preocupado] O que está havendo?
Sophia: [séria] É verdade que gosta de mim?
Lanchonete “Salgados e Cia”. Mesas interiores [Tarde]
Rodrigo: [com uma expressão carinhosa] Então… Você é minha meia-irmã!
Melanie: E estou muito feliz em estar contigo. Me dá uma sensação de segurança, como não tinha há vários anos.
Mariana: Ah, eu nem ligo se você é minha meia-irmã, prima ou sobrinha, só quero que essa tal missão acabe logo!
Rodrigo: [olha-a nervoso] Por que não pergunta pro balconista se ele quer seu rabo?
Mariana: [levanta-se apressada] Ah, chega! Adeus! [ela sai do local]
Rodrigo: [levanta-se] Ai, desculpa Melanie, eu falo muitas coisas que não deveria. Se importa de ficar aqui uns minutos?
Melanie: Sim. [sorri] Mas, se quiser, posso te acompanhar.
Rodrigo: Está bem. [lhe entrega várias notas] Aqui está o dinheiro. Pague-a e venha depressa, antes que ela suma!
À frente do local, está uma rua extremamente movimentada de veículos. Mariana já estava na ilha de transição entre as ruas de trafego oposto, quando Rodrigo lhe chama. Ela, estourando de raiva, pensa em matá-lo.
Melanie paga o balconista e deixa-o ficar com o troco. Ela sai correndo da lanchonete, mas percebe algo estranho no céu. Olhando mais atentamente, ela vê que é só uma nuvem cinza, parecendo anunciar chuva.
Mariana joga raios eletrizantes no céu, fazendo com que a chuva caísse mais cedo do que a hora prevista. Assim, ela corre e passa da outra rua, chegando até o meio de uma mata.
Rodrigo olha para trás, chama Melanie, e ela corre para atravessar a rua, em que vários carros buzinam para ela, na situação de quase um atropelamento. A garota ri de si mesma.
Rodrigo tenta usar as asas, mas elas não funcionam molhadas abundantemente. Ele deveria tê-las encolhido ainda em tempo, mas se lembrou tarde demais.
Melanie tenta usar suas asas, mas, como não tem costume de usá-las, na primeira tentativa, acaba acertando em seu próprio rosto. Melanie desmaia. Mariana continua correndo na mata, mas lança ainda mais raios para sua própria segurança.
A chuva triplica sua força enquanto Rodrigo estava atravessando uma das ruas. Sendo assim, nem havia percebido que Melanie havia desmaiado.Com a visão totalmente embaçada, enxergando vários tons de cinza, com as gotas de chuva ferindo suas asas pela velocidade com que caem, ele vê poucos outros tons, como o verde da mata à frente.
Mariana o olha com bastante fúria, com muito ódio. Rodrigo consegue avistá-la rapidamente e chama por Melanie.
Sem resposta, ele tenta voltar, mas a chuva atrapalha muito sua visão. Mas, ao se virar por ouvir um grande som, ele vê os faróis de um grande caminhão de gás.
O impacto forte arrasta Rodrigo pelo asfalto, retirando suas asas. As rodas do veículo passam por ele, quebrando vários ossos, deixando uma grande poça de sangue no chão. A chuva cessa. O caminhão tomba na pista e uma grande explosão toma conta da região.
Na Terça 08…
UM ELETRIZANTE EPISÓDIO…
Macho: Estávamos aguardando sua chegada!
ONDE FAÍSCAS VÃO QUEIMAR!
Ybanô: Está ligada a um pouco de eletricidade.
É A VÉSPERA…
Matheus: Onde está seu irmão?
DE UM TERRÍVEL…
Macho: Parece até um “Chapeuzinho Negro”.
E “FELIZ” NATAL!
Comansavá: Dominaremos toda a raça humana.
Corujas Sem Asas – 2×15 “Infeliz Natal (Parte 1)” – Terça – 18h – no SdW!