Corujas Sem Asas 2×02 – Nascimentos
“Corujas Sem Asas”
uma web-série de Pedro Paulo Gondim
2ª temporada || Episódio 02
Anteriormente em “Corujas Sem Asas”…
[…] Guikoltra: Como vai, “Comansavá”?
Juréhmia: [sorri] Tomara que tenha um belo destino.
[…] Guikoltra: [lê-o] Oh não! Essa “criatura” não pode estar vindo.
[…] Cientista 02: E pensar que o filho do rei também nasce hoje. É o destino!
[…] Comansavá: [diabólico] Então quer dizer que “ela” é uma feiticeira?
[…] Naklada: [sentando-se] Seu irmão está uma fera, Pokoh!
Pokoh: [sorri] Pois é! Guikoltra sempre foi assim, só estava demorando a mostrar à Juréhmia, tua irmã, seu devido lugar.
“Nascimentos”
*quando aparecem “macho” e “fêmea” no decorrer do texto, são falas de corujas.
De volta aos “dias atuais” em Hanisined…
Palácio Real. Grande escadaria [Manhã]
Sophia está subindo os degraus sem pressa, bastante cansada e atordoada por conhecer um planeta novo.
Heitor: [parando-a] Olá! Tudo bem com você?
Sophia: [sorri] Bem, obrigada. Quanto tempo, não é?
Heitor: Também acho. Não sou uma pessoa de guardar mágoas. [ele sorri]
Sophia: Sei do seu histórico agressivo, mas todos têm uma razão conclusiva para sermos que somos. Por isso, procuro não julgar tanto as pessoas.
Heitor: [desce um degrau] É uma bela moça, Sophia. Arthur me comentou uma vez que estaria gostando de você.
Sophia: [arrumando o cabelo] Nós chegamos a começarmos um romance, mas não sei se conseguiremos seguir. Segredos nos rondam o tempo todo!
Heitor: [aperta-lhe as mãos] Foi um prazer revê-la depois de tanto tempo.
Sophia: Igualmente [ela sorri].
Eles conversam ainda por alguns minutos. Mas, enquanto isso…
Palácio Real. Corredor do piso 02 [Manhã].
Laura: [joga o cabelo pra trás] Está me dizendo que devemos terminar?
Vinícius: [aflito] Sim, mas isso não é por sua culpa é…
Laura: [nervosa; empurra-o] A culpa é toda sua! Você acha que pode destruir o coração de uma garota? Simplesmente assim?
Vinícius: [segura os braços dela] Acalme-se. Ainda podemos ser os mesmos bests de sempre, os irmãos de coração!
Laura: Pois eu não… [respira profundamente] Não sei se temos mais estruturas para sustentar um relacionamento assim.
Vinícius: Do mesmo jeito, ainda somos jovens! [sorri] Temos uma vida inteira pela frente. Você achará alguém para compartilhar suas tristezas, suas alegrias românticas… Mas saiba que, quando quiser fugir dele, aí será “minha deixa”. Eu serei seu “ombro amigo”. Isso que você sempre sonhou.
Laura abraça Vinícius e chorando, o perdoa e eles concordam em serem grandes amigos mesmo após o término do namoro. A garota chora sentindo-se triste e alegre, quase tudo ao mesmo tempo. O garoto a pede calma e a consola, como os grandes amigos que sempre foram.
Palácio Real. Piso 01. Antessala [Manhã].
Mariana, sentada em uma poltrona encardida e rasgada, de cor avermelhada, sorri quando seu irmão senta-se numa poltrona igual à dela, ao seu lado.
Rodrigo: [preocupado] O que foi? Parece atordoada.
Mariana: Estou mesmo. Mas não vá pensar que é culpa sua, pois ela é toda minha.
Rodrigo: [deitando a cabeça] O que deu em ti para ficar com essa “barriga”?
Mariana: [animada] Ah, é que… estou grávida, Rodrigo!
Rodrigo: De qual de seus amantes?
Mariana: [levantando-se] Ora bolas! Assim até parece que sou uma vadia de esquina. Mas… [cabisbaixa] Heitor é o pai.
Rodrigo: [levanta-se apressadamente] Um dos guardiões? [leva uma mão à testa] Que vergonha de ser teu irmão.
Mariana: [sorri] Pelo menos nós sempre fomos unidos e, dessa forma, não ligo para seus deboches pra cima de mim. Soam como… [faz pose] Elogios amorosos!
Rodrigo: [preocupado] E Heitor já sabe?
Mariana: [senta-se] Ah sim, ele já sabe. Mas não se preocupe. [volta a sorrir] Logo, logo você verá que Deus é justo até quando não estamos na Terra.
Rodrigo: [entristecido] Queria mesmo era saber se nossa mãe, Josyane, está bem. Não tenho notícias dela desde que… desde que fomos “sequestrados” para a “B.O.L.A.”.
Mariana dá de ombros e fala que talvez eles nunca saibam. Assim…
Palácio Real. Piso 01. Cozinha [Manhã]
Ana entra no local e faz uma expressão repugnante, como se fosse vomitar. Nas paredes, veem-se restos de comidas, uma espécie de lodo avermelhado ao chão, as mesas cheias de bichos mortos, incluindo alguns grandes, como um cachorro. Diante disso, ela virando-se rapidamente, topando-se com Arthur. Eles caem.
Arthur: [meio tonto] Ai, ai, ai… Você está bem… [levanta] Ana?!
Ana: [sorri] Que prazer em revê-lo!
Arthur: [levanta-a] Me desculpe mesmo, Ana. Estava “bisbilhotando” o palácio.
De repente, Ana dá um pequeno espirro. Ela ri de si mesma. Mas…
Arthur: [olha preocupado] Ana?!
Ana: [assustada] O que houve?
Arthur: Você não está sentindo? [aflito] Você está… “molhando as calças”.
Ana: [contrai-se] Não é xixi, Arthur! É que… que… Meu bebê vai nascer!
Além dos de Ana, ouvem-se gritos e berros do grande salão do palácio real. Mariana é acudida por Savabian. Eles as colocam em um carrinho improvisado e levam-nas para o hospital leste-central, lugar muito precário de saneamento básico e destruído em sua maior parte.
Hospital Leste-Central. Ala 01/Maternidade. Quarto 02 [Tarde].
Savabian: [espantado] Novamente?
Macho: É verdade! Hoje está nascendo meu 1.000.000º filho.
Mariana: [contraindo; na maca do quarto] Sava… Savabian, isso é normal? Eu estava com apenas 02 semanas de gravidez!
Savabian: Calma, vou explicar rapidamente. [segura uma mão dela] O tempo aqui em Hanisined é muito diferente do da Terra. Não somente isso, mas também influencias exteriores da atmosfera de meu planeta.
Macho: [faz cara meiga] Será uma linda menina!
Mariana: Como você sabe? Agora eu estou assustada!
Macho: [aproximando-se] Não precisa ter medo. Olhe… Nós não temos tanta certeza sobre este assunto, mas quase não nos preocupamos, somente sabemos que temos esse “dom”. E como será o nome dela?
Mariana: [pensando] Que tal… “Patrícia”?
Savabian: Lindo nome!
Mariana: [sorri] Obrigada! E agora, o que vem?
Ela grita de dor e vários médicos chegam. No quarto à frente, Arthur tenta se soltar de Ana, que está apertando sua mão com bastante força, assustada com os gritos estrondosos de sua colega guardiã.
Arthur: [se solta] Quer força hein Ana!
Ana: [aflita] Me desculpa, mas estou com medo.
Arthur: Se Pedro estivesse aqui, te faria uma incrível companhia.
Fêmea: [chegando] Olá! Como vai o menino?
Ana: [estranhando] Como sabe que estou grávida de um menino?
Fêmea: Não sei… Nós só temos isso. E como se chamará?
Ana: “Daniel” é um nome fabuloso, mas “Pedro Daniel” é melhor!
Arthur: Chega até ser engraçado. [ele ri] O nome do seu marido serviu direitinho!
Bem longe dali, um “macho” nasce na encosta de um lindo lago de água cristalina. Ana e Mariana dão “à luz” no mesmo momento.
Algumas horas depois…
Palácio Real. Jardim traseiro [Tarde].
Nem o sol mais luminoso, deixaria aquele tanto de destroços fazer uma bela vista. Sophia caminha lentamente, querendo procurar “algo”. Um macho jovem vem ao seu encontro, esbarrando-se nela, chegando a cair. Balançando sua incrível e brilhante penugem castanho-dourada, ele faz uma “carinha” meiga.
Sophia: Uau! Precisava de todo esse “esplendor” somente por que eu esbarrei em você? Aliás, me perdoe por minha falta de atenção.
Macho: Sem problemas! Estava pensando em alguns probleminhas que estou tendo com minha mãe.
Sophia: [sorri] Bem, entendo o seu lado, mas… Poderia te abraçar? Você é tão fofinho!
Ele permite e eles se abraçam. O macho diz que seu maior sonho seria ter asas, como outros animais hanisinedianos tiveram. Sophia o consola com algumas breves palavras motivadoras e o animal se encanta por ela.
Macho: Vocês terráqueos são tão legais! Por que não visitam nossa “porção”?
Sophia: [sem entender] “Porção”? Como a de uma batata frita?
Macho: [pia, como se risse] Não, é a nossa porção do planeta, o lugar onde moramos aqui em Hanisined. Mais exatamente na porção sul.
Sophia: Bem e… você caminhou quase o planeta inteiro até chegar aqui?
Macho: Ah, não. Estou junto com as outras corujas tentando consertar nossa “navezinha” para irmos até lá.
Sophia: [intrigada] E como vocês nasceram? Assim… sem asas?
Coruja-macho: Pelo que minha mãe me disse, fizeram um experimento nela à base de mutações genéticas, mas isso não deu muito certo. Nasceu-se uma coruja morta, sem olhos e bico. E aí tiveram que partir para outro tipo de ajuda.
Sophia: [olha para o céu] “Outro tipo de ajuda”? Seria uma financeira?
Coruja-macho: Aqui as coisas são muito diferentes, incluindo algo que nem a ciência consegue explicar. [ele fala o que é no ouvido dela].
Sophia, atordoada, desperta em si uma enorme aflição.
De volta há vários anos atrás…
Porção Leste. Praça Abandonada [Manha].
Pokoh: [incrédulo] Mesmo ela sendo sua irmã, você fará isso com Juréhmia?
Naklada: É preciso! A profecia é clara e objetiva, mas eu até já me esqueci de qual é.
Pokoh: É uma pena você não poder ter filhos. Queria ter dar um, se é que me entende!
Naklada: [aperta as bochechas dele] Você é uma gracinha!
Pokoh: [sorri] Os vilões terão seu momento feliz finalmente.
Naklada: E Hanisined é só o começo. Estou estudando sobre os planetas recém-descobertos. Um deles é um tal de “Jyum-0154”, ou como os habitantes de lá o chamam, planeta Terra.
Pokoh: [levanta-se] Guikoltra, meu irmão, verá do que eu sou capaz por me rejeitar.
Naklada: Eu ouvi dizer que ele disse que você “desapareceu” há muitos anos, e que, talvez, tenha fugido deste planeta.
Pokoh: [ri maleficamente] É um idiota mesmo. Mas… [aproximando-se] Sabe com que eu estou com vontade?
Naklada: De pegar sua cunhada e acabar com ela, nesse caso, eu?
Pokoh: [sorri maliciosamente] Você acertou em cheio!
Eles se beijam profundamente como se tivessem salvando um ao outro de um afogamento em alto mar. Mas assim, o “barraco” ainda “rola solto”!
Palácio Real. Piso 04. Quarto 05/Varanda [Manhã].
Guikoltra: [aflito] Eu já lhe disse: NÃO IREI ACEITAR MAGIA!
Juréhmia: [ajoelha-se] Não, por favor… se acalme. Você sabe bem, Gui, que em Hanisined, magia não é tão difícil de ser encontrada.
Guikoltra: [nervoso] Nesse exemplo você está contando aquela puta da sua irmã?
Juréhmia: [levantando-se] NÃO FALE ASSIM DE NAKLADA SEU IDIOTA!
Na praça abandonada…
Naklada: [respiração ofegante] Estou sentindo. A hora chegou!
De volta ao palácio real…
Guikoltra: [quase explodindo] Já chega sua vadia!
Guikoltra empurra Juréhmia da varanda. Caindo, ela proclama: “eu te perdoo”. Seus braços se estendem tentando agarrarem em algo. O traje real da rainha, balança cada vez mais com o poder do vento. Em um instante que as melhores lembranças de sua vida passam por sua cabeça, ela fecha os olhos e chora.
Num profundo e letal impacto, sangue começa a jorrar pela cabeça de Juréhmia, a qual além de fraturar o crânio, fraturou os ossos das pernas e várias costelas. Os guardas se assustam e correm para chamar o rei.
NESTA QUINTA…
Guikoltra: [não ouvindo] O que eu fiz? Não… Eu não!
[…] Comansavá: O que está acontecendo?
SE ARREPENDIMENTO MATASSE…
Comansavá: [sorrindo] Ei, papai! Onde está mamãe?
O REI JÁ ESTARIA MORTO!
Guikoltra: [entristecido] Eu sinto muito.
MAS, COMO NÃO ESTÁ…
Guikoltra: [abraça-o] Desculpa filho, mas não vou poder lhe explicar agora. Tenho que fazer algumas coisas importantes.
QUE VENHAM À TONA REVELAÇÕES!
Guikoltra: [levantando o objeto] Isso… Essa corrente era de meu irmão Pokoh!
Ouvem-se gritos no corredor do hospital. A agitação atiça a curiosidade de Savabian. A cena mostra uma mulher morta numa cama do hospital. Mariana chora.
Corujas Sem Asas – 2×03 “Aceite e Acredite” – Quinta – 20h – no SdW!
Ótimo capítulo, arrepiei aqui. A série tá ótima Pedro!!!
Já vi que essa estadia nesse mundo estranho vai mudar e muito a vida dos terraquios.
Meu Deus!!! quer dizer que o Guikoltra empurrou a Juréhmia da janela. a coisa está se complicando 😮
Obrigado, Wagner! Hanisined vai mexer muito mesmo com o emocional dos guardiões. Espero que goste ainda mais dos próximos episódios, em que o passado ajudará a todos nós entendermos essa estranha história.