Coração Paralelo – Capítulo 2
ANTÔNIO-O que aconteceu com você, minha filha?
MARINA-Eu comprei essa casa com o meu dinheiro.
ANTÔNIO-Somos a sua família.
MARINA-Eu quero que vocês morram.
ANTÔNIO DÁ UM TAPA NA CARA DE MARINA
ANTÔNIO-É assim que você trata os seus pais?
MARTA-Antônio, por favor.
ANTÔNIO-Por favor, nada! Ela tem que nos respeitar.
MARINA-Fora da minha casa agora!
MARINA PEGA UMA FACA E VAI CORRENDO PARA O QUARTO DA IRMÃ E OS PAIS TAMBÉM. SABRINA ESTAVA DORMINDO E ACORDA.
MARINA-Eu Mato essa aleijada dos infernos! – APONTA A FACA PARA SABRINA.
MARTA-Filha, não faça isso.
ANTÔNIO-Essa garota com o diabo no corpo.
MARINA-Vocês acham que eu estou brincando?
SABRINA (chorando)-Mãe, Pai.
MARINA-Cala a boca!
ANTÔNIO-Eu vou chamar a polícia.
MARTA-Eu não quero ver a minha filha presa.
ANTÔNIO-Olha o que ela está fazendo mulher, olha!
MARTA-Do mesmo jeito.
MARTA VIRA PARA MARINA E CONVERSA CALMAMENTE.
MARTA-Filha, solta essa faca.
MARINA-Você viu o que ele fez? E tudo por culpa dessa aleijada.
MARTA-Não fala assim com a sua irmã. Vocês são do mesmo sangue.
MARINA-Como eu posso ser irmã de uma aleijada, desde que ela nasceu vocês só deram amor a ela e não a mim.
MARTA-Não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar, é porque você não sabe o amor de uma mãe pelo seu filho, quando você tiver o seu, você vai ficar assim também.
MARINA-Eu nunca vou ter um filho, só servem para dá dor de cabeça.
MARTA-Solta a sua irmã.
MARINA-Ela não é a minha irmã!
MARTA-Solta a Sabrina, por favor, e nós vamos embora.
MARINA SOLTA.
MARINA (chorando)-Tire essa aleijada daqui e dê o fora.
ANTÔNIO-Filha, no que você se transformou.
MARINA-Não me chame de filha! Depois desse tapa, eu não quero olhar para a sua cara.
ANTÔNIO E MARTA LEVA SABRINA NA CADEIRA DE RODAS.
MARINA (sorrindo)-Finalmente a sós.
MARINA PEGA A FACA E ESCONDE NA COZINHA.
MARINA-Fique aí. Talvez eu precise de você de novo, nunca se sabe.
DELEGACIA DE POLÍCIA/TARDE
ADVOGADO-Senhor deixe o meu cliente ir para casa.
NUNES-Você tem noção do caso? O seu cliente agrediu fisicamente uma mulher, isso é crime.
DANIEL-Foi em legitima defesa. Ela ia me matar.
NUNES-Não foi o que as testemunhas disseram.
DANIEL-Por favor.
NUNES-Você vai ficar detido por enquanto.
DANIEL (assustado)-Detido?
NUNES-Sim, você irá para a Casa de Custódia até que se prove ao contrário. Nem fiança você tem direito.
DANIEL-Mas isso é uma calunia.
NUNES-Não foi o que me disseram. Recebemos a denúncia da delegacia de mulheres em que a vítima foi prestar uma queixa.
DANIEL-Você não pode comigo. Eu sou rico!
NUNES-Vamos ver se lá na cela onde você vai ficar os seus companheiros gostam de quem agride em mulher.
DANIEL-Fala alguma coisa advogado.
ADVOGADO-Desculpe, mas com as acusações fica meio difíc…
DANIEL-Você está demitido.
ADVOGADO-Não me importa.
OS POLICIAIS LEVAM DANIEL.
DANIEL-Vocês me pagam, principalmente esse delegado!
MORRO DOS MACACOS/CASA DE RODRIGO/TARDE
VANESSA ESTÁ PENSANDO NA ÚLTIMA CONVERSA QUE TEVE
FLASHBACK
VALEUSCA-Você reconhece isso?
VANESSA-O que é?
VALEUSCA-Como você é burra mesmo, é você e o seu amante transando, eu tirei algumas fotos. Lembra que a gente é vizinha? Você deixou a janela aberta eu tirei as fotos.
VANESSA-Não sou eu.
VALEUSCA-Não importa se é você ou não, mas é. O que importa é que eu vou mostrar para o Rodrigo e ele vai saber a vadia que você é.
FIM DO FLASHBACK
VANESSA-O que eu vou fazer com essa mulher.
RAFAEL CHEGA.
RAFAEL-E aí gostosa?
VANESSA-Não tô afim.
RAFAEL-O que aconteceu?
VANESSA-Aquela barraqueira da Valeusca que descobriu tudo entre nós.
RAFAEL-Mas não é possível. A gente tem que arrumar um jeito de fazer ela sumir do mapa.
VANESSA-Você quer dizer… Matar?
RAFAEL-É.
VANESSA-Sabe, eu até que gostei dessa solução, mas nós temos que fazer isso hoje. Se o Rodrigo chegar e ela ver… Tamo ferrado.
MORRO DOS MACACOS/BAR DO DONIZETI/TARDE
DONIZETI-Rodrigo, eu preciso que você leve essas bebidas a tempo no centro.
RODRIGO-Pode deixar.
RODRIGO PEGA AS BEBIDAS E COLOCA NO CARRO.
ROMERO COSMÉTICOS/TARDE
SALA DE CRISTINA.
CRISTINA-Até que em fim você chegou. O que aconteceu?
MARINA-Tive um probleminha com o meu pai, mas tudo resolvido.
CRISTINA-Quer alguma ajuda?
MARINA-Não precisa se preocupar.
CRISTINA-É sério amiga. Pode contar comigo pra tudo.
MARINA-Você sim é uma amigona. – ABRAÇA CRISTINA – Já que o Daniel saiu da administração, você me deixa administrar a empresa?
CRISTINA-Claro, eu já tinha pensado nisso. Como eu disse anteriormente, pode contar comigo.
MARINA-Obrigada.
CRISTINA-Eu vou deixar você tomando conta da empresa enquanto eu vou ao centro. Preciso ir à delegacia pra ver se o Daniel foi ou não foi preso.
MARINA-Sério que você vai me deixar tomar conta da empresa?
CRISTINA-Claro que sim, eu confio em você. Agora tchau.
MARINA-Tchau.
CRISTINA SAI
MARINA (sorrindo falsamente)-Então quer dizer que ela confia em mim. Que bom saber disso.
CENTRO DO RIO DE JANEIRO/TARDE
CRISTINA PEGA A MESMA RODOVIA DE RODRIGO. O FAROL FICA NO VERMELHO. RODRIGO CHEGA EM ALTA VELOCIDADE E BATE NA TRASEIRA DO CARRO DE CRISTINA.
CRISTINA-O que é isso?
CRISTINA SAI DO CARRO E RODRIGO TAMBÉM.
RODRIGO-Moça, mil perdões.
CRISTINA-Você não enxerga não seu idiota?
RODRIGO-Desculpa.
CRISTINA-Você sabe quanto vai ficar pra eu consertar esse estrago?
RODRIGO-Deixa que eu pago. Mesmo que seja a prestação.
CRISTINA-Tudo bem, pode deixar.
RODRIGO-Seu joelho tá sangrando.
RODRIGO TIRA A CAMISA.
RODRIGO-Me deixa cuidar de você.
CRISTINA-Sai daqui seu safado.
CRISTINA TENTA ANDAR, MAS CAI NOS BRAÇOS DE RODRIGO E OS DOIS FICAM OLHANDO FIXAMENTE.
(Ao som de Paradise – Coldplay)
MORRO DOS MACACOS/TARDE
ZÉ MARIA-E aí, gostou da casa.
LUCICLEIDE-Sim.
ZÉ MARIA-Sério?
LUCICLEIDE-Só que não. Zé aqui é cheio de baratas.
ZÉ MARIA-Não tem problema. O importante é que nós vamos viver debaixo de um teto.
LUCICLEIDE-Preferia ter morado debaixo da ponte.
ZÉ MARIA-Eu gostei. Achei bem barato.
LUCICLEIDE-Sobrou grana.
ZÉ MARIA-É claro que sim, mas eu vou depositar tudo. Vou fazer uma conta no banco.
LUCICLEIDE-Por quê?
ZÉ MARIA-Já estou pensando no nosso futuro.
LUCICLEIDE-Não acredito que você desistiu de passar calote nos outros.
ZÉ MARIA-É claro que sim. Não quero ser expulso daqui.
CASA DE RODRIGO.
VANESSA-Pronto?
RAFAEL-Pronto. Vamos mostrar para aquela Valeusca que manda aqui.
VANESSA-Eu nunca matei ninguém.
RAFAEL-Calma amor, você vai tá pensando no nosso futuro.
CENTRO DO RIO DE JANEIRO/CALÇADA/TARDE
RODRIGO DÁ UM NÓ COM A SUA CAMISA NO JOELHO DE CRISTINA.
CRISTINA-Obrigado mesmo.
RODRIGO-Obrigado digo eu. Eu não teria como pagar o conserto desse carrão.
CRISTINA-Não se preocupe.
RODRIGO-Desculpa, mas eu tenho que dizer: você é muito bonita.
CRISTINA OLHA FIXAMENTE PARA RODRIGO.
CRISTINA-Você que é. O que acha depois que o reboque levar nosso carro, eu e você tomar um sorvete?
RODRIGO-Eu acho um máximo, mas eu que pago.
CRISTINA-Não se preocupe com isso, pode ter certeza. Se você quiser eu posso pagar o conserto do seu carro também.
RODRIGO-Não, isso já seria um abuso.
CRISTINA-Aceite, por favor.
RODRIGO-Desculpa, mas eu não posso aceitar.
CRISTINA-Eu faço questão.
RODRIGO-Obrigado mesmo.
ROMERO COSMÉTICOS/TARDE
SALA DE CRISTINA.
SECRETÁRIA-Eu posso te ajudar?
MARINA (sentada na cadeira de Cristina)-Me trás um vinho super chique.
SECRETÁRIA-Tem certeza?
MARINA-É claro sua anta, eu tô mandando agora, a Cristina deixou o controle da empresa em minhas mãos.
SECRETÁRIA-Com licença Mari.
MARINA-Mari não! Pra você é: madame.
SECRETÁRIA-Com licença madame.
MARINA-Agora sim. Vai, anda!
A SECRETÁRIA SAI.
MARINA-Mas quanta incompetência. Eu mereço.
MORRO DOS MACACOS/RUA/TARDE
VANESSA-Faz você, por favor.
RAFAEL-Tá bom, já que insiste.
VANESSA-Eu vou distrair ela.
RAFAEL PEGA O SEU CARRO. VANESSA VAI ATÉ VALEUSCA.
VALEUSCA-E aí filé? Tudo na paz?
VANESSA-Não conte nada para o Rodrigo, eu imploro.
VALEUSCA-Então pra isso você tem que pagar.
VANESSA-Eu tenho uma maleta cheia de dinheiro em casa.
VALEUSCA-Ô mentira, só acredito vendo.
VANESSA-Espera, eu vou lá em casa pegar.
VANESSA ATRAVESSA A RUA, VAI ATÉ A SUA CASA E PEGA A MALETA.
VANESSA-Aqui está! Vem pegar!
VALEUSCA (admirada)-Não é que a vadia tem mesmo?
VALEUSCA ATRAVESSA A RUA E UM CARRO SAI EM ALTA VELOCIDADE. VALEUSCA É ATROPELADA E CAI NO CHÃO INCONSCIENTE. O CARRO VAI EMBORA EM ALTA VELOCIDADE. TODOS OLHAM.
(Foca no rosto de Valeusca desmaiada)
Encerramento com a música “Paradise – Coldplay”