Contratempo de amar – Capítulo XXVIII (PARTE 2) – ÚLTIMOS CAPÍTULOS
– Sua mãe foi até a minha casa alguns dias depois dessa briga. – ele parece escolher as palavras certas para dizer – Ela me pediu perdão por nossas discussões, e me contou que estava esperando um bêbê.
– E o que você fez? – sussurro, começando a entender.
– Eu a acusei. – ele abaixa o olhar – Disse que queria um exame de DNA, pois provavelmente o filho seria do Samuel, que ele já tinha me dito que os dois estavam juntos… Ela negou, mas eu não acreditei.
– Mas por que? Você não a amava? – pergunto, sem entender.
– Eu estava cego de ódio, Isabel. – ele torna a me encarar – Eu acreditei que ela estava com o Samuel, acreditei que ele tinha se cansado dela e então ela voltou pra mim como uma última alternativa… Eu…
– Você não a conhecia nem um pouco? – eu me levanto e ele me segue – Ela te amava! E você preferiu acreditar no que quis!
– Eu era jovem, Isabel! Eu não sabia o que estava fazendo!
– ELA TAMBÉM ERA! A DIFERENÇA ERA QUE ELA TEVE QUE CRIAR UMA FILHA SOZINHA!
– Isabel! – vejo Diego entrando no prédio com Samuel – O que está acontecendo? Quem é esse homem?
– Fernando? – Samuel pergunta, surpreso.
– Poupe ela das suas mentiras, Samuel. Ela já sabe a verdade. – ele me olha – Isabel, eu sei que você está nervosa e que é muito para processar. Mas eu vou ficar na cidade e se…
– Eu não quero ver você. – o interrompo – Você nunca me procurou… Nunca quis saber onde eu estava… Quando você ficou sabendo da morte dela? – as lágrimas já descem involuntariamente pelo meu rosto – Você nem se preocupou em saber se eu estava bem… Eu poderia ir para um orfanato, pra qualquer lugar… – paro um momento ao me dar conta de algo – Você arcou com os meus estudos? Você deixou todo aquele dinheiro pra que eu fosse embora?
– Não. – ele afirma, envergonhado – Eu soube da morte da sua mãe anos depois do ocorrido. Eu tentei procurar você… Mas soube que você havia se mudado pra Alemanha, então desisti.
– Eu paguei pelos seus estudos, Isabel. – Samuel confessa e eu o encaro.
– Você? – riu, sarcasticamente – Então é a você que eu devo a minha formação? A minha carreira? Ao cara que bagunçou com a vida da minha mãe e foi embora?
– Eu não sabia da gravidez, Isabel. A sua mãe me mandou ir embora e disse que não queria mais me ver. Quando soube que ela estava grávida, fiz de tudo para ajudar vocês, mas ela se recusava a aceitar.
– Você criou toda essa confusão e esperava o que? Que ela te amasse por isso? – pergunto, revoltada.
– Bel, escuta o que ele tem a dizer… – Diego começa falando.
– Espera, você sabia disso? – pergunto, incrédula – Você sabia de tudo isso e não me contou nada?!
– Eu não podia me meter nesse assunto, Isabel! Você precisava ouvir o que aconteceu diretamente do Samuel!
– É inacreditável! – eu grito – Vocês jogaram com a minha vida! Me fizeram de idiota enquanto pensavam num jeito melhor de me enrolar… Por quanto tempo?! Até eu esquecer o assunto?!
– Bel, se acalma… – Diego se aproxima mas eu o empurro bruscamente.
– VÃO PRO INFERNO! Eu não quero olhar pra cara de nenhum de vocês! Eu quero que vocês me deixem em paz! – saio do prédio com o restante de força que ainda resta em mim. Eu preciso ir pra longe de toda essa loucura.
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