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Contratempo de Amar

Contratempo de amar – Capítulo XXIV

Por Diego

 

– Se não é isso… o que eu te fiz então? Por que você está me evitando? – Isabel pergunta, e eu posso sentir a tristeza em sua voz.

 

Eu não posso parar agora. Maldito Samuel! Maldito por ter me feito ouvir essa história.

 

– Nem tudo é sobre você, Isabel. – digo, friamente, desviando o olhar do seu rosto, eu não posso ver esses olhos me encarando – Eu tenho os meus problemas. E eu acho que seria melhor ficar sozinho por agora.

– Eu sei que você tem seus problemas, eu não acho que você tem nenhuma obrigação comigo. Mas ficar sozinho? Você prometeu me ajudar. Me ajudar a descobrir o que o Samuel está escondendo. –  sua fala me acerta em cheio e por um momento tenho vontade de contar toda a verdade. Não é da sua conta, Diego. É a vida dela.

– Eu não devia ter prometido isso. – a encaro, tirando forças de não sei onde dentro de mim – Isso não me diz respeito, Isabel. E você deveria esquecer essa história também, provavelmente não deve ser nada importante.

 

Não posso acreditar que disse isso pra ela. A decepção no seu rosto me faz querer voltar atrás, mas não posso. Não posso interferir em algo tão importante. Samuel deve ter coragem e falar com ela sobre tudo o que aconteceu. Não tenho o direito de tirar isso dele.

 

– Eu não queria incomodar. Me desculpe. – a voz engasgada denuncia o choro que ela provavelmente está segurando.

– Nós nos precipitamos, Isabel. Não devíamos ter colocado tanta expectativa nessa história. O melhor que você faz é deixar isso pra lá. – tento falar calmamente, mas sei que não tem solução.

– Sim, você está certo. Eu preciso esquecer essa história. Se você puder me dar licença, eu tenho trabalho a fazer. – ela sai apressadamente e eu sei que ela está chorando. Por minha culpa.

– JOANA! – grito, sem paciência e Joana aparece assustada na porta da sala – Me desculpe. – respiro fundo – Ligue pro Samuel agora. Diga que preciso encontra-lo.

 

Vou em direção ao café onde me encontrei com Samuel a alguns dias atrás. Essa história está indo longe demais.

 

– O que você quer que eu faça, Diego? Não posso simplesmente jogar isso na cabeça dela do nada! – ele argumenta – Ela nunca me perdoaria.

– Eu fiz com que ela chorasse hoje. – digo, lembrando da cena – Eu a magoei de propósito, Samuel. Por sua culpa!

– Eu sinto muito. Sei que isso não deve ser fácil pra você.

– Não. É impossível. – respondo, seco – Você precisa falar com ela.

– Eu irei. – ele tenta me acalmar – Mas não posso fazer isso de qualquer jeito, Diego.

– Você tem uma semana. – determino, sem deixar que ele argumente – Você conta, ou conto eu. Você escolhe.

 

Me levanto da mesa de forma abrupta, e posso sentir o olhar de Samuel me acompanhando. Entendo que ele não queira se indispor com a Isabel agora, mas não posso continuar nesse jogo. Não posso esconder mais nada, isso está me matando. O que eu mais queria era estar com ela agora, poder dizer que eu descobri o que ela tanto queria saber. Que eu sei onde o seu pai está. Que eu sei o motivo pelo qual ele foi embora. Eu queria estar ali pra ela e não posso. Eu preciso me afastar agora, não vou aguentar guardar esse segredo por mais tempo.

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