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Contratempo de Amar

Contratempo de amar – Capítulo XXII

Já se passaram dois dias e Diego ainda não me procurou. O ciúme pelo Frederico realmente passou todos os limites. Mas eu não vou me rastejar pedindo atenção, se ele quiser falar comigo, sabe onde me encontrar.

 

– Vocês parecem duas crianças. – Joana diz, revirando os olhos.

– Eu não fiz nada. – continuo me arrumando – Não posso ficar abanando o rabo toda vez que o Diego decidir dar um piti, Joana.

– Nisso você tem razão. – ela concorda e se aproxima – Mas também não esqueça que você precisa da ajuda dele pra desvendar essa história do Samuel.

 

Eu não havia esquecido. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria que falar com ele. Mas que seja mais tarde.

 

– Não esqueci. – termino de me arrumar e pego minha bolsa.

– Você está muito bonita, senhorita Ávila. Acho que o Frederico não vai aguentar e vai casar com você hoje mesmo. – ela zomba e eu mostro a língua.

– É um jantar entre amigos. – argumento, sem acreditar muito.

– E se não for? O que tem de mais? – ela arqueia uma sobrancelha e eu penso por um instante.

– Não tem nada de mais. – ela sorri, vitoriosa – Mas não é. Então, tchau.

 

Frederico me espera na portaria do prédio e quando desço seguimos para o restaurante onde ele tinha feito nossas reservas. Ainda não me sinto totalmente à vontade saindo com ele, mas não existe nenhum motivo pra estar desconcertada. Somos solteiros, desimpedidos… Então porque ainda me sinto como se estivesse traindo o Diego?

 

– Bel, você mal tocou na comida… – ele sinaliza – Da última vez que isso aconteceu, você me deu um pé na bunda. – brinca, e eu faço uma careta.

– Estou em uma semana um pouco atribulada. É só isso. – minto.

– Você parece ser muito importante na R.B., deve ser cansativo.

– Um pouco, mas gosto muito de trabalhar lá. – dou de ombros.

– Fico muito feliz em ver até onde você chegou… Você merece. – me dá um sorriso que me faz sorrir de volta automaticamente.

– Eu estava sentindo a sua falta. – digo, sinceramente.

– E eu a sua. – ele olha por cima do meus ombros por um instante – Aquele não é o seu chefe? O que estava contigo no dia que eu te visitei na empresa?

 

Olho pra trás e vejo Diego entrando no restaurante com Valentina. Tento desviar o olhar depressa, na esperança de que ambos não me notassem, mas é em vão. Valentina já estava caminhando em nossa direção e arrastando Diego com ela.

 

– Que coincidência! – ela diz, sorridente, enquanto se prepara para me abraçar – Isabel, nunca mais conversamos! Você sumiu!

– Correria no trabalho, sabe como é… – a abraço sem vontade, enquanto olho pra Diego por cima dos seus ombros. Ele parece sobrecarregado. Ainda por conta do Frederico? Que imbecil.

– Boa noite. – Fred cumprimenta, se levantando.

– Esse é Frederico, um amigo da Alemanha que está me visitando. – apresento à Valentina, ainda examinando a expressão de Diego, que pouco me olha.

– É um prazer, Frederico! – Valentina estende sua mão – Esse é meu noivo Diego, mas acho que você já deve ter ouvido falar dele.

– Sim, chefe da Bel. Nos vimos na R.B., certo? – ele se dirige a Diego e eu me sinto no meio do fogo cruzado.

– Sim, nós nos vimos. – ele responde, educadamente, pra minha surpresa – Tudo bem?

– Por que não sentamos todos juntos? – Valentina sugere.

– Já estamos de saída, é melhor deixarmos pra uma próxima vez. – argumento, tentando sair da situação embaraçosa.

– Sim, já estamos de saída. – Frederico percebe meu incômodo e tenta contornar a situação.

– Oh, que pena! – ela lamenta – Mas tudo bem, nos vemos depois então, certo Isabel? Temos muito pra conversar! – ela fala, empolgada, e percebo que se trata do casamento.

 

Saio do restaurante com Frederico sem falar muito e ele nota minha mudança de humor.

 

– Bel, posso te fazer uma pergunta? – ele pergunta, sem me encarar.

– Claro. – respondo, fechando a porta do carro.

– Você sente alguma coisa por esse Diego?

 

O encaro sem acreditar que ele teve coragem de perguntar isso de forma tão direta. Se eu sinto algo pelo Diego? É claro que sinto. Mas isso não importa.

 

– Eu… – tento organizar meus pensamentos – Porque você está me perguntando isso?

– A forma como vocês se comportaram hoje, toda aquela tensão… É muito claro que vocês sentem algo muito forte um pelo outro.

– Ele vai se casar em três meses. – é a única coisa que consigo responder.

– Oh… Então esse é o motivo da tensão. – ele continua falando sem me encarar.

– Eu não… Isso não funciona assim, Fred. É muito mais complicado. – eu afundo no banco do carro, desejando sair dali o mais rápido possível.

– É exatamente assim que funciona, Bel. Por isso é tão complicado. – ele me olha rapidamente e não consigo decifrar o seu olhar.

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