Contratempo de amar – Capítulo XVI – ÚLTIMOS CAPÍTULOS
Por Diego
– Você quer o que? – Valentina parece sem chão.
– Val, seriam só algumas semanas… Eu não acho que posso dar conta dos preparativos agora.
– Não seriam só algumas semanas, Diego. – ela se senta, ainda atordoada – Eu estou indo pra Paris daqui a dois meses, você lembra?
– Poderíamos fazer isso quando você voltasse de viagem… – me sento de frente pra ela e não consigo desvendar sua expressão.
– Fazer isso? – ela sorri, mas posso ver que não é de alegria – Isso é o meu maior sonho, Diego. Você sabe o quanto eu sonhei em me casar. Você sabe o quanto eu queria que fosse com você.
– Val, eu só te peço alguns meses a mais. Eu não estou acabando o nosso noivado… – tento argumentar, mas ela se levanta.
– Não, você não está. Eu estou. – me levanto, surpreso.
– Valentina, espera… – pego em suas mãos e tento procurar as palavras certas. Não vai. Não vamos terminar. Eu te amo. Mas nada disso sai da minha boca.
– Esperar pelo que, Diego? – ela me encara com lágrima nos olhos – Eu não sei o que está acontecendo com você. Não sei… Quer dizer, eu acho que sei sim. A Isabel aconteceu, não foi? Eu tentei ignorar algumas coisas, mas é óbvio.
– A Isabel não tem nada a ver com isso. – respondo, mas meu tom denuncia a insegurança.
– Eu não culpo você. Não culpo a Isabel também. Mas você não pode me pedir pra continuar com esse teatro. Eu não sou uma pessoa maravilhosa, não sou imaculada, mas eu também não mereço ficar com as migalhas, Diego.
O que eu posso dizer? Valentina definitivamente não merece migalhas, e eu não tenho sido o mesmo homem que ela conheceu a anos atrás. Talvez eu nunca tenha sido aquele homem, mas foi assim que ela me conheceu. Vê-la sofrer é muito difícil pra mim, mas levar isso adiante é saber que ela irá sofrer muito mais.
– Você está certa sobre quase tudo, Val. – suspiro enquanto tento juntar forças – Você é sim uma pessoa maravilhosa. E por isso mesmo merece mais do que o que eu posso te oferecer.
– Você merece mais também, Diego. – ela suspira, e posso ver a tristeza em seu olhar – Se você realmente ama a Isabel, não a afaste como você fez comigo. Ela não vai esperar por muito tempo.
Valentina sai da sala e eu posso sentir o peso das suas palavras. A Isabel não irá esperar por muito tempo, isso é um fato. Quanto eu já magoei os seus sentimentos? Quantas vezes já neguei tudo o que sentia? Eu preciso mostrar que estou do seu lado. Preciso agir antes que não tenha mais nenhuma chance. Mas como fazer isso diante de tanta confusão? Como fazer isso antes que ela saiba a verdade sobre o Samuel?
– Diego? – Joana coloca a cabeça pra dentro da sala – Posso entrar?
– Pode sim. – suspiro – Algum problema?
– Bem, depende do que você considera problema. – ela se aproxima e posso ver que está tensa.
– O que houve?
– Eu sei que você e a Isabel não estão muito bem, mas… Eu não sei mais com quem falar.
– Aconteceu alguma coisa com a Isabel? – pergunto, sentindo a preocupação tomar conta de mim.
– Não, ainda não. – a olho, confuso, e ela continua – Ouvi uma conversa da Isabel com o Frederico na noite passada. A Isabel pediu ajuda para encontrar o pai.
– Mas como assim? No que esse cara pode ajudar? – pergunto, sem entender.
– Ela comentou comigo que a família dele é muito influente na Alemanha, ele também tem certa influência, não seria difícil localizar o pai da Isabel.
– Mas ela não sabe nada sobre ele, como isso é possível?!
– Há uns anos atrás ela começou uma investigação com um detetive particular.- arregalo os olhos, é difícil imaginar que a Isabel queria saber algo sobre seu pai – Ela conseguiu coletar alguns dados, nome completo, um possível endereço antigo… Mas não levou a investigação a frente. Desistiu antes de conseguir algo sólido. Mas agora eu acho que ela está determinada, ela não conversou comigo à respeito, então não sei em que pé eles estão.
– Isso é loucura… – é só o que consigo balbuciar.
– Eu não sei porque você a afastou agora, Diego, mas te conheço suficientemente pra saber que você não faria isso se não tivesse um bom motivo, ainda mais com tantos encontros com o Samuel. – a encaro, Joana não é ingênua – Eu não falei nada com ela, mas eu te peço que você não deixe a Bel sozinha agora. Seja lá o que está por trás dessa história, ela precisa de alguém pra apoiá-la. Alguém que não seja o ex-noivo que está tentando reconquistá-la.
A conversa com Joana me deixa apenas mais apreensivo e determinado. Não sei como resolver essa situação com a Isabel, mas preciso fazer isso depressa.
To viajando, mas lendo todos os dias