Contratempo de amar – Capítulo XIV
POR DIEGO
Alguns dias já se passaram desde que eu e Isabel decidimos deixar as coisas fluírem naturalmente em nossa amizade. Estamos tentando agir com maturidade, eu entendo, mas também admito que tenho medo. Medo de que ela decida ir embora outra vez. Eu amo a Isabel. Eu a amo desde que ela nasceu. Me acostumei a viver sem tê-la por perto, mas agora que a tenho de volta, não sei como poderia me acostumar outra vez.
– Diego, você está bem? – Valentina pergunta.
– Estou sim. – respondo, acordando dos meus devaneios – Você estava falando…?
– Meu contrato. Talvez eu precise voltar pra Paris daqui a alguns meses, mas por enquanto eu posso me estabelecer por aqui. – sorri.
– Isso é maravilhoso, meu amor. – sorrio de volta, segurando em sua mão.
– Eu estava pensando… – ela larga os talheres e me encara – Não conversamos sobre uma data pro casamento. Talvez devêssemos começar a resolver as coisas, não acha?
Valentina é uma mulher incrível. A conheci pouco tempo depois que terminei a faculdade, em uma das primeiras empresas onde trabalhei como advogado. Me lembro de tê-la visto entrar na agência de forma tão firme e independente, que jamais pensaria que se tratava de uma modelo iniciante. Não era afetada pelo glamour, não era iludida com um mundo cor-de-rosa. Era uma garota trabalhadora que fez de tudo pra conseguir viver seu sonho. Eu dava muito valor a isso. Estar com ela é refrescante, ela me faz ver o mundo por uma ótica diferente. Após 2 anos de namoro, me pareceu mais do que normal pedir sua mão em casamento. Mas agora eu sinto que algo está diferente. Não sei ao certo o que, talvez seja apenas receio de passar por uma mudança tão grande. Ou talvez… Não. Isso não seria possível.
– Você não acha que seria melhor esperarmos você voltar de Paris de uma vez? – pergunto, sem muita certeza.
– Na verdade… – ela parece reflexiva – Eu pensei que poderíamos nos casar antes que eu precisasse voltar pra lá.
– Você quer dizer… Daqui a três meses? – não consigo esconder minha surpresa.
– Você acha cedo demais? – Valentina pergunta e posso perceber uma ponta de decepção em sua voz.
– Não é isso… – tento desconversar – Mas organizar um casamento não é fácil.
– Eu sei disso… – revira os olhos – Eu vou ter ajuda da sua mãe, e eu posso contratar alguém pra me ajudar também! E tem a Isabel… Sua amiga de infância com certeza vai querer participar desse momento.
– A Isabel não. – respondo, ligeiramente.
– Por que não? – Valentina pergunta, sem entender minha reação.
– Ainda estamos nos aproximando… – argumento – Não somos mais os melhores amigos de tempos atrás.
– Isso é uma bobagem sem tamanho, meu amor. – Valentina me encara – É só uma questão de tempo pra vocês acertarem os ponteiros. Esse tipo de relação nunca morre.
Será? Eu gostaria muito que isso fosse verdade.
– É complicado. – é a única coisa que consigo responder.
– Eu tenho certeza que a Isabel iria adorar se envolver nos preparativos! E isso pode ser uma motivação pra vocês se reaproximarem! – a olho, sério – Mas se você não quer, tudo bem! Eu não digo nada.
– Eu prefiro desse jeito. – afirmo.
– Então nós vamos marcar a data ou não? – ela me pergunta, esperançosa.
Por que de repente eu não tenho mais tanta certeza sobre esse casamento? Por que me sinto tão confuso? Valentina é a mulher certa pra mim. A mulher que esteve do meu lado nos últimos anos. Isso só pode ser ansiedade por formalizar o nosso compromisso… Não faz sentido recuar agora. Faz?
– Sim. – respondo, finalmente – Vamos marcar a data.
– Ai, amor que alegria! – Valentina se lança em meus braços e eu a recebo de bom grado com um sorriso.
No caminho pra casa eu não consigo evitar a enxurrada de pensamentos em minha mente. Sempre vi o casamento como uma instituição sagrada, algo verdadeiro e forte, que não pudesse ser corrompido por nenhum sentimento. Acreditei por muito tempo que quando eu visse a minha esposa, mesmo na primeira vez, eu saberia que seria ela. Mas não é bem assim que as coisas funcionam. Eu cresci, e percebi que se trata mais de um planejamento do que de destino. Planejei minha vida com Valentina e isso foi o que fez com que nosso relacionamento evoluísse. Era sensato, responsável, e saudável. É disso que se trata o amor, não é?
– Meu filho? É você? – ouço minha mãe gritando do quarto.
– Sou eu sim. – respondo e me jogo no sofá.
– Como foi o almoço com a Val? – ouço os passos se aproximando. Minha mãe não me engana com essa falsa discrição.
– Definimos a data, mãe. – respondo, rapidamente, sabendo que é o que ela queria saber.
– Oh. – não consigo decifrar sua resposta monossilábica, então abro meus olhos e me sento no sofá a encarando.
– Só isso? – pergunto, arqueando a sobrancelha.
– Ai, meu filho… – ela suspira e se senta ao meu lado – Você é um homem. Um homem adulto, responsável, que sabe o que quer. Não tem mais idade pra precisar do direcionamento da sua mãe.
– Eu acho que estou precisando de um pouco de direcionamento hoje. – confesso, me deitando no seu colo.
– É a Isabel? – ela pergunta e sinto meu coração parar por um segundo.
– Eu não sei. – respondo, sem ânimo.
– Ela vem aqui amanhã. – levanto minha cabeça tornando a encará-la – Ela ligou mais cedo, perguntando se poderia me fazer uma visita.
– E o que a senhora disse? – pergunto, sem conseguir conter a surpresa.
– Que sim, é claro! – revira os olhos – Aquela menina é como uma filha pra mim, Diego. Não vou compactuar com essa confusão que vocês dois estão criando.
– A senhora não entende. – me levanto.
– Não entendo mesmo. – ela também se levanta – Ou melhor, entendo sim. Vocês dois são dois covardes.
– Do que a senhora está falando, mãe? – pergunto, passando a mão nos cabelos, sem paciência.
– Vocês estão lutando com tanta força contra o que estão sentindo, que não percebem o quanto estão se machucando. – o tom de sua voz é suave, porém firme.
– Eu amo a Valentina. – é a única coisa que consigo responder.
– E ama a Isabel. – suspiro – A questão é, meu filho, qual das duas você ama mais?
TeamIsabelEDiego kkkkkkk. Aguardando o próximo capítulo, acho que li mil vezes alguns capítulos kkkkkk e fiquei muito feliz quando vi que a audiência dessa web aumentou. Beijos.
Fico muito feliz em saber que você está empolgada com a história, Emi! Muito obrigada! *-*