Séries de Web
Contratempo de Amar

Contratempo de amar – Capítulo XII

– Transações não são brincadeira, Santiago! – Diego exclama.

– Eu sei, eu sei, Diego. – Santiago tenta justificar – Foi um lapso, não vai mais acontecer.

– Eu acho melhor mesmo! – continua, visivelmente irado – Eu não vou admitir outro erro assim! Me traga esse contrato até o fim da tarde ou então nem precisa voltar aqui. – diz, seco.

 

Já havia visto Diego sobrecarregado com os assuntos da empresa, mas não tão estressado como hoje. O erro de Santiago foi realmente muito grave, mas mesmo assim ele nunca levantava a voz pra um dos membros da equipe. Talvez esteja com algum problema… Eu deveria perguntar? Seria muita intromissão?

 

– Você não acha que foi um pouco duro com ele? – pergunto, sem fazer contato visual, ainda estudando os relatórios.

– Duro? – pergunta, me encarando e eu levanto meu olhar – Ele não pode pisar na bola e achar que tudo vai ficar bem. Foi um erro de principiante.

– Ele é um principiante. – argumento – Só está aqui a poucas semanas.

– Isabel… – suspira – Eu não estou em um bom dia hoje. Por favor, não faça piorar.

 

Ok, ele realmente está chateado com alguma coisa.

 

– Aconteceu algo? – pergunto, tentando não parecer tão interessada. Isso é possível? – Eu posso ajudar?

 

Diego me olha, visivelmente abatido. Eu ainda consigo perceber quando ele não está bem.

 

– É a minha mãe… – passa a mão pelo rosto – Ela passou mal ontem a noite e precisou ser internada.

– A tia Cláudia?! – ele sorri de leve, provavelmente achando graça por ainda chamar a sua mãe de “tia” – Faz tanto tempo que não tenho notícias dela… O que aconteceu? – pergunto, preocupada.

– Um infarto. – coloco as mãos sobre a boca – Por sorte chegamos no hospital a tempo.

– Mas como ela está agora?

– Estável… – suspira – Os médicos disseram que está fora de perigo…

– Graças a Deus. – respiro aliviada.

– Eu só queria que ela tivesse alta. Aquele hospital me dá arrepios. – seu olhar me alcança, carregado de tristeza.

 

Eu entendo perfeitamente a sensação de impotência numa situação como essa. Diego sempre foi o mais sensível de nós dois, e mesmo agora com toda a pompa de executivo poderoso, eu posso ver o quanto ele está com medo. Nunca gostei de vê-lo desse jeito.

 

– Você devia voltar pra lá. – afirmo.

– Temos muitas coisas pra resolver aqui. – ele diz, juntando os relatórios sobre a mesa – Não tem como deixar tudo à toa.

– Não precisa. – garanto – Eu posso resolver isso pra você hoje.

– Isabel, não precisa…

– Eu não sou a sua coordenadora? – pergunto, sorrindo – Então me deixe coordenar, homem.

– Você tem certeza? – pergunta, receoso.

– Diego, vai. – seguro em sua mão – Você está preocupado e precisa ficar com a sua mãe. Eu me viro com o pessoal por hoje.

– Obrigada. – ele põe a outra mão sobre a minha – Obrigada mesmo.

– Vai! – desenlaço nossas mãos, tentando me livrar da sensação, e sorrio pra ele que sai apressado – Onde você tá se metendo, Isabel? – sussurro pra mim mesma.

 

Era manhã do dia seguinte e eu ainda não tinha notícias de Diego e Cláudia. Passei o dia anterior lutando contra a vontade de ligar pra ele e perguntar como as coisas estavam e consegui, mas agora a curiosidade e preocupação estão me consumindo. Talvez não seja nada demais ligar. Não, ligar não, melhor enviar uma mensagem de texto, ainda é muito cedo…

 

Bom dia, Di.

Como você está?

Beijos.

 

Não, não! Um pouco mais formal… Não posso dar tanta bandeira.

 

Bom dia, Diego.

Tudo ocorreu bem?

Abraços.

 

Ok, formal demais… Mais uma tentativa.

 

Bom dia, Diego.

Como a Cláudia está?

Me mande notícias.

Bel.

 

Pronto. Assim está melhor. Pressiono o botão de enviar e me levanto para ir até a cozinha. Antes mesmo que eu saísse do quarto, ouço o celular tocar. Olho no visor e vejo “Diego”.

 

– Alô? – atendo, tentando manter um tom imparcial.

Bom dia, Bel. Perdão ligar a essa hora, mas como você enviou a mensagem, deduzi que já estava de pé. – justificou.

– Sim, eu acabei de me levantar. Então, como está sua mãe? – me sento na cama.

Está se sentindo melhor… Mas os médicos pediram mais 24h em observação. – a voz de Diego parece arrastada, provavelmente ele não dormiu à noite.

– Entendo… Você vai continuar com ela então? – pergunto.

Está tudo em ordem na empresa?

– Sim, sim… Nada fora do comum. – o acalmo.

Então eu vou ficar por aqui sim. No fim da tarde eu vou até lá. Você dá conta de tudo?

Pode ficar tranquilo. Eu espero que tudo fique bem logo.

Eu também espero. – suspira – Obrigada por essa força, Bel.

Não precisa me agradecer por nada. Até mais tarde.

Até. – desliga.

 

A manhã passou de forma tranquila na R.B., e eu não consegui parar de pensar na Cláudia e no Diego. A voz dele parecia muito cansada na ligação… Talvez eu devesse visitá-los, ver se precisam de alguma coisa… Ou será que pode ser demais?

 

– Eu acho que você poderia dar uma passadinha lá. – Joana sugere.

– Você acha mesmo? – pergunto, insegura – Será que ele vai gostar? Será que a Cláudia quer me ver?

– Você não disse que ela era muito próxima a você? – pergunta.

– Como uma segunda mãe. – completo.

– Então ela vai adorar ver você. – Joana me anima – Aproveita seu horário de almoço e faz uma visita rápida.

– Você tem razão. – me levanto, pegando minha bolsa – Eu vou. Não vai fazer mal visitar a Cláudia e saber se o Diego precisa de ajuda. Eu volto daqui a uma hora. – saio.

 

Diego havia me dito o nome do hospital ontem, então não foi difícil chegar de táxi. Entro pela porta de vidro e um frio percorre a minha espinha quando sinto aquele cheiro. Como eu odeio esse cheiro de hospital. Me lembro das vezes em que precisava ficar esperando minha mãe na quimioterapia e a sensação de ânsia toma conta de mim. Me dirijo rapidamente à recepção, tentando dissipar as lembranças desagradáveis.

 

– Boa tarde. – cumprimento a moça simpática da recepção – Eu vim visitar a senhora Cláudia Fernandes.

– Boa tarde, senhora. – a moça responde – Quarto 309, terceiro andar.

– Obrigada. – agradeço, me dirigindo até o elevador.

 

Percorro o longo corredor e avisto o número do quarto ao final. Bato na porta, mas não consigo ouvir nenhum som vindo lá de dentro. De repente a porta se abre e eu vejo uma mulher incrivelmente linda me encarando, aparentemente confusa. Droga, eu bati no quarto errado.

 

– Perdão, eu devo ter batido no quarto errado. – justifico, olhando o número na porta e constatando que de fato estava no número certo – Este é o quarto de Cláudia Fernandes? – pergunto, confusa.

– Você está no quarto certo, é aqui sim. – a moça sorri pra mim me dando passagem – Entre. Fique à vontade.

– Eu deveria ter ligado antes de vir, mas só queria dar uma passada por aqui… – começo a explicar, sem entender pra quem estou me explicando – Onde ela está?

– Os médicos levaram ela pra fazer um exame, devem voltar a qualquer momento… – a moça responde, me apontando uma cadeira pra sentar, mas permaneço de pé – Você é amiga da Cláudia?

 

Sou mais que amiga da Cláudia. Eu quero saber quem é você, querida.

 

– Conheço ela há muito tempo… Eu trabalho com o filho dela. – respondo, sem muita vontade.

– Oh, você trabalha com o Diego? – pergunta, e eu percebo um tom de intimidade que não me agrada – Faz tempo? Não me lembro de ver você na empresa. – pergunta, arqueando a sobrancelha.

– Faz pouco mais de três meses. – respondo, tentando conter meu incomodo.

– Ah, está explicado! Eu passei alguns meses fora do país… – aparentemente ela quer realmente ter um diálogo.

– Você também trabalha na R.B.? Não me lembro de você por lá também. – tento dar continuidade a conversa.

– Não. – a moça ri – Sou a noiva do Diego.

3 comentários sobre “Contratempo de amar – Capítulo XII

  • E eu aqui ansiosa pra saber quem foi o cliente que a indicou e pediu segredo. Ansiosa pra ver o que vai dar a descoberta desse noivado… Ok, terça eu volto aqui. 🙁

    • Que bom que você está gostando da novela, Emi!
      Terça-feira já está chegando e você poderá acompanhar as próximas emoções da trama 😀

Deixe um comentário

Séries de Web