Capítulo Especial 2 – Saber Viver
Hospital das Américas/Cafeteria…
Valentina, Sandro e Carla conversam.
SANDRO Estou farto desse hospital. Não aguento mais o Júlio falando no meu ouvido o tempo todo.
CARLA Sempre foi assim e sempre será, você sabe disso. O Júlio não tem piedade de ninguém, até nas piores horas ele zomba da nossa cara.
VALENTINA Acho que o Júlio sempre quis comandar a equipe dele, mas sabe que o Sandro não dá mole.
SANDRO Inclusive estou para receber uns documentos que vai comprometer alguém da equipe. O anônimo afirmou que esses documentos tem provas necessárias que eu preciso para entregar essa pessoa para a polícia e expulsa-la do hospital.
VALENTINA Mas é anônimo para todo mundo ou você sabe quem é?
SANDRO Nem sei, eu recebi em forma de cartão. Pelo o que ele disse parece ser uma MÉDICA.
Valentina toma o último gole de café, tensa.
Empresa Dan Quadros/Corredores…
Alice vem em direção a Aline e ela a provoca.
ALINE Mamãe querida, o te faz vir aqui?
ALICE Essa empresa TAMBÉM é minha. E um dia será muito mais, quando eu assumir toda essa presidência.
ALINE Você?! – ela gargalha maleficamente – Qual a parte de que você não vai ter nada, você não entendeu? Aliás, nem pisar nessa empresa você devia, não gosta do marido. – ela dá uma pausa. – Ops… EX MARIDO! E muito menos do filho.
ALICE Com que direito você acha que tem para falar assim dos meus sentimentos? Você ainda tem tempo de levar a surra que não levou na infância.
ALINE Claro! A mamãe feliz vai bater nos filhos? Engraçado, será que você seria capaz de fazer o mesmo com o seu filho roubado? O bastardo?
ALICE Como você sabe dessa história? – pergunta, sem entender nada.
Aline fica em silêncio durante um tempo.
ALICE Me responde, Aline, como você ficou sabendo dessa história.
ALINE Descobrindo. Se eu tivesse todos esses podres que você tem, eu teria nojo de continuar vivendo. Teria nojo da pessoa que me tornei. – fala, debochada.
Alice dá um tapa na cara de Aline, que coloca a mão no rosto.
ALICE Limpa essa boca para falar de mim. Ou te faço novamente sentir o peso da minha mão! Dá licença. – fala, saindo.
Aline fica indignada com a reação da mãe.
Shopping da Barra/Praça de Alimentação…
Madalena e Carolina conversam, no balcão da lanchonete.
CAROLINA E você e a Dora nem pensam em contar isso para o Lukas?
MADALENA Claro que não, Carol. Se o Lukas fica sabendo disso, ele jamais nos perdoaria.
CAROLINA Talvez não! É o direito desse menino saber que não é filho da Dora. Você já pensou que quanto mais vocês atardarem essa conversa com ele, com mais raiva ele vai ficar?
MADALENA Já pensamos nessa hipótese. Mas não é fácil para minha mãe, poxa, com uma doença terminal, contar pro próprio filho, a quem ela se dedicou tanto, que não é mãe biológica dele.
CAROLINA Ela tem medo dele esquecer ela como mãe e ir atrás da verdadeira. Cuja vocês não fazem a mínima ideia de quem seja.
MADALENA Exato! Não quero que meu irmão sofra e nem que faça minha mãe sofrer. Nesse momento ela precisa – ela dá uma pausa, recebe o lanche e agradece a atendente. – ela precisa de total apoio, não só meu como o do Lukas.
Elas caminham e sentam em uma mesa.
CAROLINA Eu sei que vai ser duro para todos vocês. Mas quanto mais rápido ele ficar sabendo dessa história, com menos raiva ele fica de vocês!
Hotel Mirante/Quarto 502…
Cristina chega ao encontro de Rodolfo.
RODOLFO Que bom que você chegou! Não aguenta mais de tamanha ansiedade.
CRISTINA Agora você – ela bate nas coxas – pode aproveitar de tudo isso. – fala, sorrindo.
Eles entram e sentam-se na cama.
RODOLFO Essa é a nossa despedida, em breve estarei voltando para Salvador.
CRISTINA Que pena. Uma pena mesmo! Já que a sua despedida, eu quero me esbaldar até o último gole. – ela sorri, mordendo os lábios.
RODOLFO Eu vou ali pegar uma bebida, enquanto isso vai deitando na cama. Não quero perder um segundo.
Cristina “faz que sim” com a cabeça.
CRISTINA Vai voltar para Salvador direto no caixão. Idiota! – sussurra, revirando sua bolsa.
Cristina tira uma faca da bolsa e coloca por debaixo do travesseiro. Rodolfo chega.
RODOLFO Trouxe essa bebida para nós. – ele para e coloca a garrafa em cima da cômoda – Pelo visto já tirou toda a roupinha. Queria tanto te ajudar quanto a isso.
CRISTINA Se joga aqui! Vai garanhão, mostra suas garras.
Rodolfo sorri tirando a blusa.