Capítulo 8 – Samara
Roberto: Então era isso que você estava prevendo que ia acontecer?
Samara: Cê tem muito a aprender comigo. Quando é que o Augusto vai receber alta?
Roberto: Provavelmente amanhã é capaz de ele estar aqui. Mas sério mesmo, não consigo esquecer a cena dele se recusando a receber a visita da Lúcia.
Samara: Sorte a dele é que a Morgana aceitou em doar o sangue a ele.
Roberto: Outro que está muito abalado com isso tudo é o Marcelo. Descobrir que seu pai não é seu pai deve ser muito difícil.
Samara: Enfim… como eu te disse as coisas irão se agravar para o lado da Lúcia.
Roberto: Como você pode ter tanta certeza disso? Você é tão precisa nas suas palavras que eu acabo até me assustando.
Samara: Não se assuste. Só estou dizendo isso com tanta firmeza pois sei que o Augusto pensa que a Lúcia o traiu.
Roberto: Como assim, pensa? Ele e todos nós temos certeza disso.
Samara: Pobre Lúcia. Só quero ver o que o Augusto vai aprontar com ela.
Roberto: Também estou ansioso por este dia.
Cena 2 – Cajamar (Noite). Motel.
Lúcia: Para te falar a verdade nunca pensei que um dia eu iria voltar para Cajamar, nem que fosse para vir em um motel. Confesso que tenho pavor deste bairro.
Pedro: Por que? Também não sou muito fã daqui mas… é o nosso esconderijo secreto, nunca passará pela cabeça de ninguém sobre ele.
Lúcia: Foi aqui que eu passei a pior fase da minha vida. Mas vamos deixar esta conversa de lado. Não vai mesmo me dizer o porquê de você ter me expulsado daqui aquele dia?
Pedro: Estava fora de mim, tinha acabado de discutir com a minha mãe pelo telefone.
Lúcia: Tem certeza que era só isso?
Pedro: Claro que sim. Por que mentiria para você?
Lúcia: Também não sei. Mas você deve ter outra explicação para aquela mulher que saiu daqui em sua companhia naquela mesma noite. – Ela percebe que ele fica sem reação. – Cansou da experiente e resolveu adotar uma recém formada?
Pedro: Não consigo esconder nada de você mesmo né? Primeiramente não é nada disso que você está pensando. Ela e eu apenas estávamos conversando sobre os negócios do papai.
Lúcia: Creio que aqui não seja o melhor lugar para se falar sobre negócios mas…
Cena 3 – Cajamar (Noite). Jocks Bar.
Roberto: Já que o seu Augusto pediu para que eu te apresentasse alguns lugares que tenha aglomeração de pessoas… nada melhor do que o Jocks Bar.
Amora: Você vem sempre aqui?
Roberto: Eu não sou muito de frequentar estes lugares. Só conheço pois tem uma conhecida minha que dança aqui.
Amora: Dança? Que tipo de dança? Estou mesmo procurando por pessoas assim.
Roberto: Eu sei que não é da minha conta mas… por que você precisa tanto encontrar pessoas? Você não veio a trabalho?
Amora: Sim. Estou encarregada de contratar três pessoas daqui para vir trabalhar comigo em outro país.
Roberto: Nossa! O Augusto não me disse o seu nome, nem você.
Amora: Desculpe. Meu nome é… Lorena, Lorena Villar.
Roberto: Muito prazer. Eu sou o Roberto. O show vai começar. – Ele fala ao ver Samara subindo ao palco. Sentados eles olham a bela dança de Samara, os clientes começam a gritar ensandecidos, elogiando Samara.
Cena 4 – Alencar (Noite). Hospital.
Augusto: Pedro? O que faz aqui?
Pedro: Meu pai pediu para que eu te visitasse. Ele está preocupado com você.
Augusto: Ah! Arnaldo sempre amigável. Diga a ele que estou bem. E que a Amora está em mãos confiáveis, logo mais ela levará as brasileiras que ele tanto precisa.
Pedro: Não entendi. Como assim as brasileiras que ele precisa?
Augusto: Para serem traficadas para a boate.
Pedro: Então. É isso o que o meu pai faz? Trafica pessoas para aquela boate?
Augusto: Vai me dizer que você não sabia? O Arnaldo vai me matar. – Ele se senta com dificuldade para não tirar acidentalmente os tubos. – Não conte nada disso do que lhe disse para o seu pai.
Pedro: Como ele pode ser tão sujo? Imundo. Ele engana pessoas, acaba com os sonhos delas. Se a minha mãe souber disso… não sei nem do que ela será capaz de fazer.
Augusto: Ela irá ajudar o seu pai, pois com este trabalho eles sustentam uma grande dinheirama.
Pedro: A minha mãe sabe disso? É isso que você está me dizendo?
Augusto: Eu posso te contar tudo que você quiser saber, tudo mesmo. Mas você vai ter que me prometer que não contará para os seus pais que eu te disse isso. Absolutamente nada.
Cena 5 – Estrelar (Noite). Mansão Lamburgo.
Samara (Ao celular): Saiu como o planejado? Você não pode achar, tem que ter certeza. Tudo bem. – Ela desliga o celular e escuta vozes alteradas vindo da sala, ela resolve ver o que está acontecendo.
Marcelo: Você não tem um pingo de caráter. Todos nós já sabemos que não sou o filho do Augusto. E você melhor do que ninguém sabe quem é o meu verdadeiro pai.
Lúcia: Não vou ficar aqui batendo boca com você. – Ela caminha em direção a escada, mas Marcelo a pega pelo braço e a puxa.
Marcelo: Cê não vai mais fugir de mim. Como seu filho eu exijo a verdade. Quem é o meu pai? – Visivelmente irritado.
Lúcia: Entenda uma coisa, eu não sei que diabos aconteceu naquele hospital, mas tenha certeza que você é sim filho do Augusto.
Marcelo: Troca o disco pois este não roda mais. A semana inteira foi a mesma desculpa. – Ele grita.
Lúcia: Eu vou te ensinar que com mãe não se grita. – Ela dá um tapa na cara dele. – Papo encerrado. – Ela sobe alguns degraus da escada. – Mas se preferir arrume suas malas e vá você e sua noivinha para longe daqui.
Cena 6 – Estrelar (Dia). Mansão Lamburgo.
Augusto: Pode deixar. Já consigo andar sozinho. – Ele dispensa o motorista e entra na mansão. – Cadê as pessoas deste lugar? – Diz ele consigo mesmo. Samara desce a escada ainda de camisola.
Samara: Ora, ora. Uma alma penada está na minha frente. – Ela brinca.
Augusto: Você gosta de me provocar. Se eu fosse você não ficava com muita brincadeira comigo não. Posso contar algo sobre você para o meu filho.
Samara: Teria a coragem de se queimar com o filho só para me entregar? Acho que você não é tão corajoso assim não. – Lúcia desce a escada interrompendo a conversa dos dois.
Lúcia: Bom dia! Como você está? – Ela pergunta a Augusto.
Augusto: Que tamanha cara de pau a sua. Ainda tem coragem de falar comigo. Aliás… o que é que você está fazendo aqui?
Lúcia: Até onde eu sei está é a minha casa. Foi eu quem a escolheu.
Augusto: Mas o dinheiro veio do meu bolso, o que me permite a te colocar para fora daqui.
Lúcia: Você não seria capaz de fazer uma coisa dessas comigo.
Augusto: Pois bem. – Ele pega ela pelo braço e começa a puxar até a porta da mansão. – Ponha-se daqui pra fora, vadia. – Ele joga Lúcia para fora da mansão e ela cai de quatro no chão.
Lúcia: Cê vai se arrepender de estar me humilhando dessa maneira. – Diz ela com raiva, ainda no chão. Ele sobe a escada. Lúcia se levanta e Samara aparece na porta.
Samara: É Lúcia… parece que quem estalou os dedos fui eu e olha que teve o mesmo efeito que você disse que teria se você estalasse os seus.