Séries de Web
Detalhes Sórdidos

Capítulo 8 – Detalhes Sórdidos

TOM – Ótimo, agora temos dois suspeitos desaparecidos, e dois feridos. Marinna, você está bem?
MARINNA – Sim. Valéria ela me… quer dizer, eu não sei como ela me atacou com algum porrete. Eu não sei como ela soltou as mãos.
MARIAH – Vamos cuidar do Edson, ele está muito ferido.
TOM – Acho que vi um equipamento de primeiros socorros lá perto da cozinha.
MARIAH – Eu vou buscar.

Padre Dornas e Anita acabam de chegar.

ANITA – O que aconteceu?
TOM – O Edson foi atacado, provavelmente pelo Garibaldi.
ANITA – Ele está todo sujo de lama.
TOM – Estava em um atoleiro. Se demorássemos, talvez seria morto por afogamento, e não em virtude desse tiro.
PADRE DORNAS – mas onde está a Irmã Sofia? Ela estava com ele.
TOM – Oh, meu Deus! É verdade!

Mariah chega com o kit primeiros socorros.

ANITA – Fique tomando conta dele. O padre e eu vamos procurar a irmã…
IRMÃ SOFIA – Não precisa, estou aqui.
TOM – Irmã?! Onde esteve? Está toda suja…
IRMÃ SOFIA – Eu vi quando Garibaldi atirou nele. Ele é um homem perigoso e quer nos matar a todos.
TOM – A senhora se importaria em dar um banho nele? Quer dizer…
IRMÃ SOFIA – Não tem problema, eu dou banho nele e faço os curativos. Mas e vocês? Vão fazer o que?
TOM – vamos procurar Garibaldi. Ele tem muito o que explicar. E tenho um palpite de que vamos encontrar alguma pista no quarto dele.

Quarto de Edson, meia hora depois.

IRMÃ SOFIA(cantarolando) – Eu sou o lobo mau, lobo mau, lobo mau. Eu pego criancinhas pra fazer mingau… Nossa, como você é um homem de sorte. Mas eu não posso deixar as coisas como estão. Já pensou se souberem de tudo?

Edson ainda estava sedado, mas estava consciente.

IRMÃ SOFIA – Eu sou uma pessoa muito caridosa, e vou poupar você de todo esse sofrimento. Mas antes, vou te contar um segredinho.

Ela cochichou algo ao ouvido de Edson.

IRMÃ SOFIA – Que pena que você não vai poder contar!

Com um travesseiro, começou a sufocar Edson, mas a maçaneta da porta se mexeu.

ANITA – É minha vez de cuidar dele agora.
IRMÃ SOFIA – Ah, claro. Coitadinho, ele está “variando”. Não diz coisa com coisa.

A irmã aplicou uma injeção nele.

ANITA – O que é isso?
IRMÃ SOFIA – Apenas um sedativo pra ele dormir melhor.
ANITA – É melhor você ir fazer companhia aos outros.
IRMÃ SOFIA – É melhor mesmo.

Quarto de Garibaldi.

MARIAH – Veja esses recortes de jornais, Tom.
TOM – “Acusado de causar acidente com morte é absolvido em júri popular.” Esse jornal é de trinta anos atrás. Não deve ser nada.
PADRE DORNAS – E o que você me diz disso?
TOM – O que é?
PADRE DORNAS – O livro do Garibaldi, Brumas Azuis. É sobre uma ilha, onde todos os medos das pessoas se realizam. E dez pessoas estão presas nela, sendo uma vidente. Cada uma das suas previsões é a morte de uma pessoa, até que reste apenas o assassino e uma vítima. A história não é de todo ruim, não se sabe por que não fez sucesso. Houve apenas uma edição, e não se ouviu mais falar em Hernesto Garibaldi, até agora.
MARIAH – E aqui está o motivo.

Era uma ordem judicial para interdição e internação.

TOM – Uma ordem de interação vinda de um juiz. “Ordena-se que Saulo Costa seja internado na publicação desse mecanismo, e que seja acompanhado por psiquiatras e psicólogos…” blá-blá-blá. Mas quem é Saulo Costa.
PADRE DORNAS – O verdadeiro nome de Garibaldi.
TOM – Está me dizendo que Garibaldi é um louco? Isso explica muita coisa, mas não explica tudo. Por exemplo: Será que ele e a Valéria estão juntos nisso? E como conseguiram dinheiro? Essa propriedade deve valer milhões.
MARIAH – Você acha que Valéria pode estar trabalhando com o Garibaldi?
TOM – A Valéria está escondendo algo, mas trabalhar com um maluco, eu acho que não.
PADRE DORNAS – Parece que Garibaldi gosta um bocado de jornais. Veja essa manchete: “Empresário mata a família pra ficar com prostituta.”
TOM – É, essas coisas acontecem aos montes.
PADRE DORNAS – Mas a prostituta dessa matéria é a filha de Paulo Mendonça Costa. Um homem importante da década de 80. E adivinhem quem ela é?
TODOS – Anita!
TOM – É muito estranho. Meu pai conheceu esse Paulo Mendonça. Era um bancário. Se matou a uns quinze anos. Anita já deveria ser uma adolescente nessa época. Parece que ele deixou muitas dívidas e a família veio à bancarrota. Aconteceu com muitos bancários no fim da década de oitenta.
PADRE DORNAS – Mas por que Garibaldi quer saber de tudo isso?
TOM – Vamos ter que perguntar. Acho que aqui não encontraremos nada. Vamos ter que enfrentar os perigos da casa e tentar encontrar esse louco. Ele é capaz de qualquer coisa.

Sala de Convivência .

ANFITRIÃO – Anita, parece que já sabem do seu segredinho.

Anita ficou em silêncio

ANFITRIÃO – Não lhe pesa na consciência a morte de quatro pessoas? O pai que mata a esposa, os filhos e depois se mata. E tudo por que? Por causa de uma transa. Vocês prostitutas são sujas…

Anita tapou os ouvidos e começou a chorar.

ANFITRIÃO – isso não é tudo, não é Anita. Parece que a perversão vem de família. Onde foi mesmo que seu pai encontrou a sua mãe?
ANITA (Gritando)– Não fale do meu pai!!!
ANFITRIÃO – Ora, por que não? Ele não te respeitava. Chegava bêbado em casa e te batia. Te bolinava. Que espécie de pai é esse?
ANITA (chorando) – Eu o amava.(Com a mão no rosto)
ANFITRIÃO – O amava, mas também o odiava, porque você poderia ter evitado a sua morte, lembra-se disso?
ANITA – (chorando aos berros)Não!
ANFITRIÃO – (gritando também)Você viu o seu pai se matar, e não fez nada! Ficou assistindo a cena. Não foi isso?
TOM – Como ele sabe dessas coisas?
ANFITRIÃO (gritos) – Não foi isso, Anita, diga!
ANITA – (gritando) – Foi! Eu vi aquele desgraçado morrer e poderia ter feito alguma coisa, mas ele batia em mim, na minha mãe. E eu não fiz nada porque não quis… eu não quis… eu não quis…(chorando)

Tom a abraçou.

TOM – Acalme-se. Está tudo bem.
ANFITRIÃO – A sua vez irá chegar, Thomas.
ANITA – Eu quero ir embora daqui! Eu não aguento mais isso! Eu não aguento!
TOM – Nós vamos sair, eu prometo.
PADRE DORNAS – O que vamos fazer? Toda essa casa está sendo vigiada por câmeras de segurança. Quando tentamos algo, uma coisa maluca acontece.
TOM – Por falar nisso, eu vou ver o Edson.

Quarto do Edson.

TOM – Edson, pode nos ouvir?

Ele abriu os olhos, que demonstravam pavor ao ver a freira.

TOM – Eu quero que me diga se foi o Garibaldi que atirou em você.
IRMÃ SOFIA – Como assim? Não acredita em mim? Eu disse que foi.
TOM – Poderia ter sido a senhora.
IRMÃ SOFIA – O que?! Você deve estar louco! Eu sou incapaz de matar…
TOM – Eu já ouvi isso muitas vezes aqui. Me poupe por favor.
IRMÃ SOFIA – Eu já disse: ele não está falando coisa com coisa…
TOM – Do que é que está com medo, irmã?
IRMÃ SOFIA – N…nada.
TOM – Então quer me deixar conversar, pelo amor de Deus?
IRMÃ SOFIA – Claro.
TOM – E então? Tem algo a dizer, Edson?
EDSON – Garibaldi… a irmã… vai me matar
TOM – Você pode explicar isso, irmã? Do que ele está falando… Irmã? Onde ela está?
PADRE DORNAS – Estava aqui agora! Eu não a vi sair.

De repente a porta se abre de uma vez.

GARIBALDI – Talvez eu possa ajudar.
TOM – Garibaldi?! Mas como você…?

Padre Dornas avançou sobre Garibaldi, mas ele nem se abalou.

PADRE DORNAS (aos gritos)– Eu vou te matar.
GARIBALDI – Não vai não. Pois eu sou o único passaporte para fora daqui. O único que pode mantê-los vivos, porque eu sei quem é o Anfitrião.

Fim do Capítulo 8

Deixe um comentário

Séries de Web