Capítulo 72 – Realeza (Última semana)

SEPTUAGÉSIMO SEGUNDO CAPÍTULO

Cena 1- Mansão Corte Real- Dia.
Delicadamente Maria José recusa o pedido de Bartolomeu, que fica sem jeito.

Maria José: Eu adoraria aceitar o seu pedido, meu amor. – Ela procura palavras para rejeitar o pedido dele, sem magoá-lo. – Mas infelizmente eu não posso, pelo menos não agora.
Bartolomeu: E o que te impede de se casar comigo? Não vejo motivo algum para você rejeitar o meu pedido.
Maria José: É que eu só não estou preparada ainda, sei lá. Casamento é uma coisa séria, não é brincadeira. Para se casar é preciso que você aceite as diferenças do seu cônjuge e o aceite, mesmo que ele seja diferente de você.
Bartolomeu: Não há tantas diferenças entre nós. Pelo menos não que eu saiba. Você nunca me disse nada sobre isso.
Maria José: Não é isso, meu bem. Eu só quero que você entenda que eu ainda não estou pronta para este tipo de coisa, sabe?
Bartolomeu: Já sei. Você não sabe se eu sou o homem certo para você, não é? Ainda há uma dúvida dentro de ti, que está impedindo que você se entregue para um desconhecido.
Maria José: Tudo bem que só tem algumas semanas que nós nos conhecemos, mas… eu não tenho dúvidas de que você é o homem certo para mim.
Bartolomeu: E por que diabos você não quer aceitar o meu pedido?
Maria José: Ai, Bartolomeu, não fique assim. Não é nada com você, o problema é comigo mesmo.
Bartolomeu: Sabe, não vejo motivos para você não aceitar o meu pedido, mas… tudo bem. Acho que estou mesmo certo, e você está em dúvida se sou o par certo para ti. – Ele tira a bandeja de cima dela.
Maria José: Assim eu vou me sentir culpada. – Ela fala com expressão triste. – Já disse que não tem nada a ver com você. Eu apenas não estou preparada para me casar no momento, ponto.
Bartolomeu: Tudo bem, tudo bem. Não precisa se preocupar comigo não. – Ele fala magoado. – Desculpa se eu atrapalhei o seu sono.
Maria José: Bartolomeu, não faz assim, por favor. Vai ser até melhor se adiarmos o casamento para daqui a algum tempo, pois assim podemos nos conhecer mais.
Bartolomeu: Será que já não tivemos tempo suficiente para nos conhecermos? Chega disso, Maria José, não precisa justificar o porquê de não querer casar comigo.
Maria José: Ah, me desculpa, mas você está fazendo um drama sem necessidade. Não querer me casar com você agora, não significa que nunca irei me casar contigo.
Bartolomeu: Esse é o meu jeito, não estou sendo dramático demais. Apenas achei que o que existia entre nós era um amor puro e verdadeiro, mas acho que tudo não passa de gratidão.
Maria José: Eu sou mesmo muito grata por você ter me ajudado quando mais precisei, mas nunca teria ficado com você, caso não sentisse nada por ti.
Bartolomeu: Quem sabe você tenha confundido amizade com amor. – Ele sugere. – Mas não te darei mais motivos para se decepcionar comigo.
Maria José: E quem disse que estou decepcionada com você? Olha ai, está inventando coisas que eu não disse.
Bartolomeu: Tenha um bom dia. – Ele sai do quarto dela.
Maria José: Ai não, agora que tudo estava indo bem. – Ela fala para si mesma, preocupada.

Cena 2- Clínica de Reabilitação- Dia.
Melissa diz que agora a sua mente está completamente livre para somente amar Ivan. Eles fazem juras de amor.

Melissa: Agora eu já não tenho mais nada para me preocupar. As coisas parecem estar em seus devidos lugares, e tudo está indo muito bem.
Ivan: Que bom saber disso. Ah, e por falar nisso as coisas em minha vida também parecem estar tomando os caminhos da felicidade.
Melissa: Estou com a mente completamente livre para apenas amar você. – Ela o beija. – A única preocupação que tenho no momento é fazê-lo feliz.
Ivan: Preocupação? Por que você se preocupa com isso? Eu sou muito feliz ao teu lado, não precisa se preocupar.
Melissa: Meu fofo. – Ela aperta as bochechas dele. – E você fez o que eu pedi? Tentou fazer as pazes com a sua mãe?
Ivan: Tentar eu tentei, mas… – Ele fica cabisbaixo e Melissa faz cara de preocupação. – Nós nos acertamos e estamos incrivelmente bem.
Melissa: Ai, que susto que você me deu. – Ela leva a mão ao peito. – Que bom que você tenha conseguido perdoar ela. Sabendo disso eu fico mais feliz ainda.
Ivan: Confesso que fui um otário por não ter feito isso antes, sabe? Agora parece que o meu coração está limpo, mais leve.
Melissa: É a positividade tomando conta do seu ser. – Ela comenta feliz. – E a partir de agora somente frutos bons serão colhidos, pois quem planta a felicidade…
Ivan: Colhe felicidade. – Ele completa. – Mas não há felicidade maior do que ter conhecido você, a mulher da minha vida, a mãe dos meus filhos.
Melissa: E pensar que eu te achava um trombadinha. A imagem que fiz de você depois do que fez com a Malu, foi de mal a pior. Ela nunca tinha bebido tanto na vida dela.
Ivan: É, mas agora são novos tempos, e eu renasci. Te garanto que o novo Ivan sequer colocará um pingo de álcool na boca.
Melissa: Assim espero, pois não sou obrigada de ter que andar com uma vassoura para te dar umas pauladas. – Eles sorriem.
Ivan: Será que você pretende formar uma família comigo um dia? Pois isso é tudo o que eu mais quero.
Melissa: Demorei tanto para encontrar o amor da minha vida para deixa-lo escapar? Mas é claro que eu pretendo formar uma bela família contigo, e te ajudar em tudo o que precisar. Pois além de marido e mulher, seremos grandes amigos.
Ivan: E eu procurando por uma menina que fosse atraída pelo perigo. – Ele acha graça. – Enquanto que a mulher da minha vida só pensa em ser feliz ao meu lado.
Melissa: Te amo, Ivan. Te amo com todas as minhas forças. – Ela o beija.

Cena 3- Delegacia- Dia.
Celso consegue falar com Maria Letícia, antes dela ser levada para o presídio.

Rogério: Podem leva-la para o presídio. Já está mais do que na hora dela ir para a nova casa. – Ele fala ironicamente.
Policial: Pode deixar, seu delegado. Iremos leva-la. – Dois policiais levam Maria Letícia algemada, Celso está na porta da delegacia.
Celso: Maria Letícia. – Ele grita ao vê-la sair. Uma enxurrada de flashes começa a ser disparada. – Saiam da frente, deixem-me falar com ela. – Muitas pessoas falam ao mesmo tempo. – Maria Letícia.
Maria Letícia: Celso? – Ela o vê entre a multidão de jornalistas. – O que está fazendo aqui? Eles também querem te pegar. – Os policias se preocupam em dispersar os jornalistas e não veem os dois conversando.
Celso: Eu sei disso, mas não me importo nenhum pouco. Só estou aqui para saber se ainda me ama, se ainda me tem como seu comparsa.
Maria Letícia: Mas é claro que eu ainda te amo. – Ela mente. – De onde você tirou uma coisa dessas? Você é e sempre será o meu companheiro.
Celso: Eu não consegui te provar que tenho o sangue frio, como me pediu. O Roberto se entregou a polícia, antes de você ser presa. Talvez tenha sido por isso que te prenderam também.
Maria Letícia: Não. Quem está por traz da minha queda é a Clotilde e a Maria José, aquelas vadias acabaram comigo, só não sei como.
Celso: Tem mais, por que você me excluiu do golpe que estava pretendendo dar com aquela campanha da água? Quando fiquei sabendo, já estava no fim. E antes de você ser presa, só não te questionei porque tinha acabado de ser desmascarada pela Maria José.
Maria Letícia: Te confesso que fiquei meio receosa em te envolver nisso. Não queria sujar para o seu lado. – Ela é falsa. – Já estava cobrando muito de você ao exigir que reatasse com a Marisa.
Celso: Infelizmente ela já sabe de tudo, não tem mais como enganá-la.
Maria Letícia: Você quer mesmo me provar que tem sangue frio, Celso? Quer mesmo fazer jus por ser meu companheiro?
Celso: Quero eu não quero, mas se esta é a única forma de continuar ao seu lado… diga-me o que quer que eu faça.
Maria Letícia: A última pessoa que eu vi antes de ter sido presa foi a Melissa. Nós tivemos uma conversa… reveladora. Aquela menina sabe demais sobre o meu envolvimento na morte do Rodolfo, e nós precisamos silenciar ela.
Celso: Você quer que eu mate a Melissa, é isso?
Maria Letícia: Você tem que acabar com ela, antes que a fedelha piore a minha situação dando com a língua nos dentes. Pois se o caso do Rodolfo vem à tona… pode ser que eu não saia nunca mais do xilindró.
Celso: Pode deixar comigo. Eu serei forte, e farei o que está me pedindo.
Maria Letícia: Até qualquer dia. – Os policiais a levam, abrindo caminho entre a multidão.
Celso: Eu não vou envolver a Lilla novamente. Chegou a hora de você mostrar que também pode ser vilão desta web, e seguir os passos como manda o roteiro. – Ele fala para si mesmo, determinado.

Cena 4- Presídio- Dia.
Michele conversa com Roberto sobre Daniele. Ela diz que tentará convencê-la a ir visita-lo.

Michele: Fiquei muito feliz quando soube que você tinha cumprido com o combinado. – Ela fala segurando as mãos dele.
Roberto: Será que agora você acredita que sou capaz de um tudo para ter você de volta?
Michele: Você me ama de verdade, não é? Se tem alguma coisa que você nunca mentiu foi sobre o que sente por mim.
Roberto: Você é a mulher da minha vida, Michele. Demorei um pouco para perceber, via você apenas como um pedaço de carne… mas acabei admitindo para mim mesmo.
Michele: Antes tarde do que nunca, mas estou feliz que nós dois estejamos bem agora. – Ela dá um sorriso encantador.
Roberto: Meus advogados já estão trabalhando para me tirarem daqui. Quer dizer, para diminuir a minha pena.
Michele: Tudo bem. O importante é que você pagará pelo que fez com a Denise, não importa quanto tempo fique ai. Eu sempre estarei do seu lado, e não ousarei te abandonar nunca.
Roberto: Eu não duvido que você vai ficar me esperando até o dia que eu for liberto. Confio totalmente em você, meu amor.
Michele: E por falar nisso, Maria Letícia também está atrás das grades. Mas não pelo que você falou dela, e sim pelo que a José falou.
Roberto: Então o meu depoimento não serviu de nada? Acabei caindo sozinho? Ao menos a Maria José fez por onde. Mas como foi que ela conseguiu provas para incriminar a megera?
Michele: Conseguiu provas através da prima da desgraçada, uma tal de Clotilde. Você conhece?
Roberto: Conheço apenas de vista. – Ele respira fundo, aliviado. – Ao menos a Dani está fora de perigo, pois aquela louca está presa.
Michele: Mas confesso que ela continua bem magoada com o que você fez. E por mais que você tenha dito que foi a Maria Letícia quem matou a Denise, ela ainda enxerga você como o mandante de tudo.
Roberto: É preço que estou pagando por ter sido tão trouxa. Se eu tivesse assumido a paternidade da Daniele quando ela nasceu, talvez nada disso estaria acontecendo agora.
Michele: Não deixe que isso te abale, logo a Dani vai te perdoar, tenha fé nisso.
Roberto: E eu tenho bastante fé de que um dia ela vá me perdoar, mas… eu não aguento esperar mais, quero que isto aconteça logo.
Michele: Tentarei convencer ela a vir te visitar. Já é um começo, não é?
Roberto: É tudo o que eu mais quero, Mi. A minha filha ao meu lado neste momento, é tudo o que eu mais preciso.
Michele: Pois então conte comigo. Não falharei nesta missão.
Roberto: Pena que não depende só de você, isto também envolve o que ela quer.

Cena 5- Clube Realeza- Dia.
Maria Luiza conta para Jonathan o que Antonella aprontou com eles. Leonardo surge no local com Cléber.

Maria Luiza: É isso mesmo que você escutou, a Antonella foi a culpada por minha mãe ter descoberto o nosso namoro. E também foi a mesma que enviou aquele vídeo para a internet.
Jonathan: Mas não tinha sido aquele cara que gravou? E o que é que ela tem contra você, contra nós?
Maria Luiza: O Tiago só gravou mesmo, porque quem teve a cara de pau de enviar aquela porcaria para a internet foi a perua da Antonella. E o que ela tem contra nós, nem eu sei.
Jonathan: Nossa, que loucura! Essa mulher ataca as pessoas assim do nada, sem ter um motivo específico para tal?
Maria Luiza: Ah, elas disseram lá os motivos, mas eu não engoli nada daquilo. Aquelas duas são loucas de pedra, isso sim. Nem fiquei lá para perder mais do meu precioso tempo com elas.
Jonathan: E como você está depois de sua mãe ter sido presa?
Maria Luiza: Antes ela do que eu, é assim que penso no momento. Para te falar a verdade, me considero uma órfã. Depois que perdi o meu pai, fiquei completamente sozinha.
Jonathan: Isso não é verdade, você tinha a sua tia Marisa, a Maria José, a Melissa… agora tem eu.
Maria Luiza: Não é neste sentido que estou falando. Eu quis dizer que fiquei sozinha, sem pais, entendeu?
Jonathan: Ah, sim! Agora eu tenho que concordar contigo. – Leonardo e Cléber surgem, interrompendo a conversa deles.
Maria Luiza: Leonardo? Nossa, quanto tempo que eu não te vejo. – Ela o abraça. – Por onde é que você andou durante todo esse tempo?
Leonardo: Estava à procura da felicidade. – Ele olha para Jonathan. – Está cuidando bem dela, rapazinho?
Jonathan: Estou seguindo como manda o figurino. – Ele brinca, apertando a mão dele em gesto de cumprimento.
Leonardo: Este daqui é o meu namorado, Cléber. – Cléber dá um passo à frente e aperta a mão de Maria Luiza e Jonathan.
Cléber: Prazer em conhece-los. – Ele dá um belo sorriso.
Maria Luiza: Que bom ver que você sumiu todo esse tempo à procura da sua felicidade, e acabou encontrando-a.
Leonardo: Mas confesso que antes disso eu tive que passar por muitos perrengues.
Maria Luiza: Nada na vida é fácil, não é? Mas o que importa é que tudo acabou bem.
Leonardo: Ah, e é com muito prazer que os convido de antemão para a minha festa de casamento. A data e o horário ainda serão definidos, mas pode deixar que eu os ligo avisando.
Maria Luiza: Poxa, que legal. Quer dizer então que já vão casar?
Cléber: Não aguento esperar nem mais um segundo para me ver casado com ele. – Os dois se olham apaixonados.
Maria Luiza: E você, Jonathan? Quando vai ter uma atitude nobre dessas? – Ela brinca e todos sorriem. – Também quero me casar logo.
Jonathan: Quem sabe em breve, meu amor. – Ele a beija.
Leonardo: Histórias felizes a parte, também vim saber como está você. Assisti ao noticiário, e acabei vendo que a sua mãe foi presa, não é?
Maria Luiza: Pois é, mas é como eu disse ao Jonathan: antes ela do que eu. A minha mãe não dava a mínima para mim, por que é que eu devo me importar com ela?
Leonardo: É, sobre isso não podemos discutir. Pois se eu conheço bem a sua mãe, aquela ali é o diabo em pessoa.
Maria Luiza: Fico feliz apenas por não ter herdado isso dela, esse sangue diabólico. – Ela brinca.

Cena 6- Cobertura de Severino- Dia.
Marillu tenta convencer Frederico a ir morar com eles no interior.

Marillu: Ah, filho. Você bem que podia pensar melhor, o interior não é um lugar tão ruim quanto você pensa.
Frederico: Eu nunca estive lá, nem nuca quero estar. O que pode ter de bom no meio do nada?
Marillu: Ai, não fala assim, Fred. Ourinhos é um lugar incrível, tenho certeza que você vai adorar.
Frederico: Prefiro a agitação da cidade mesmo. Tenho certeza que lá não deve ter nada de legal, tudo deve ser muito entediante por lá.
Marillu: Já ouviu falar que não devemos julgar um livro pela capa? Pois então, é isso o que você está fazendo.
Frederico: Mãe, nem perca o seu tempo tentando me convencer do contrário. O interior não é lugar para mim e ponto, fim da história.
Marillu: Tá, não vou te obrigar a fazer algo que não queira. Se quer ficar por aqui, por mim tudo bem. Queria apenas te ter sempre ao meu lado, mas pelo visto vou ter que gastar dinheiro vindo te visitar todo final de semana.
Frederico: Gastar dinheiro por quê? O papai não tem um carro? Você não vai demorar nadinha para chegar aqui.
Marillu: E o carro não dá despesa não, queridinho? A começar pela gasolina.
Frederico: Deixa de ser dramática, dona Marillu. Eu sempre estarei aqui de braços abertos esperando por ti.
Marillu: Tudo bem, seu chato. Eu só quero que seja feliz, independente do que julga ser melhor para si.
Frederico: E pode ter certeza de que quando você não vier me visitar, eu irei até você.
Marillu: Assim espero. – Ela faz uma pausa. – O que me conforta é saber que estarei indo sem nenhum peso na consciência. Tudo que eu podia e queria reparar, foi reparado.
Frederico: E o escritório do papai? O que vocês farão com ele?
Marillu: O alugaremos para garantir uma renda. Lá em Ourinhos ele pode abrir outro, dinheiro é o que não vai faltar.
Frederico: É engraçado ouvir você falando isto. Antes só sabia me alertar para que eu economizasse, mas parece que agora economia não é mais o seu ponto forte. – Ele sorri.
Marillu: Nunca fui econômica, apenas estava preservando a nossa vida.
Frederico: É, agora eu já sei disso.

Cena 7- Apartamento de Clotilde- Dia.
Clotilde e Pierre conversam sobre a queda de Maria Letícia, e relembram o passado.

Clotilde: A desgraçada finalmente foi pagar pelos seus pecados. Espero que aquela imunda fique por lá até o último dia da vida dela.
Pierre: E agora eu finalmente posso viver a minha vida. Não como Pierre, mas sim como Antônio.
Clotilde: Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer por você ter aceitado o meu convite de vim até aqui em casa. É que eu quero saber como anda a sua vida, agora que não há mais Maria Letícia para atormentá-lo.
Pierre: Estou na casa de alguns antigos amigos meus. Mas adianto que em breve voltarei a trabalhar na minha padaria.
Clotilde: Você vai reconstruir a sua vida novamente? Pretende apagar tudo aquilo que viveu na mansão Corte Real, para então dar início a uma nova jornada?
Pierre: É tudo o que eu mais quero. E para que eu possa reconstruir a minha vida, terei que esquecer tudo aquilo de ruim que vivi naquela mansão.
Clotilde: Se você tivesse escolha, tenho certeza que nunca ia querer ter visto Maria Letícia matando o meu tio, não é?
Pierre: Se eu pudesse voltar no tempo, não teria presenciado nada daquilo, não teria saído da minha padaria na hora errada. Pois foi a partir dali que a minha vida se tornou um verdadeiro inferno.
Clotilde: Ela o ameaçou, e o forçou a ser mordomo dela. Depois de algum tempo, apareci para piorar ainda mais a sua vida. – Ela conclui.
Pierre: Quando resolvi dar com a língua nos dentes, a minha vida só piorou. Você apareceu atrás de respostas sobre o seu tio Rodolfo, e eu as tinha, mas me faltava coragem para lhe contar tudo.
Clotilde: Se você não tinha coragem, por que foi que me falou tudo então?
Pierre: Porque eu tinha uma esperança de que você seria a minha salvação, mas trair a Maria Letícia só me fez perceber o quanto ela era cruel.
Clotilde: Estava tudo devidamente pronto para que desse um depoimento contra ela, e se livraria da megera de uma vez por todas, mas não foi o que fez.
Pierre: Eu nunca dei para traz, Clotilde. Foi a Maria Letícia quem descobriu tudo e colocou ferros quentes nas minhas costas, me torturou tanto… eu pensei que não sairia com vida, mas Deus estava ao meu lado.
Clotilde: Mesmo assim, você deveria ter me procurado, contado o porquê de não ter ido dar o depoimento. Quem sabe nós não conseguiríamos desmascarar ela naquela época?
Pierre: O medo tomou conta de mim. Depois que ela me torturou, nunca mais ousei desafiá-la.
Clotilde: E foi assim que ficou tão submisso àquela mulher.
Pierre: Pois é. Mas isto acabou, e agora serei um homem livre para viver. – Ele fala feliz, com um sorriso no rosto.

Cena 8- Apartamento de Celso- Tarde.
Celso conversa com Melissa pelo telefone. Marisa planeja uma emboscada para o rapaz.

Celso: Eu vou acabar com aquela fedelha, e vai ser hoje. – Ele pega o celular. – Só preciso deixar tudo esquematizado. – Ele disca um número. – Atende sua galinha, vai.
Melissa (Ao celular): Alô? Quem fala? – Celso reponde do outro lado da linha. – O que é que você quer comigo seu crápula?
Celso (Ao celular): Eu preciso falar urgentemente contigo, Melissa, é algo de vida ou morte.
Melissa (Ao celular): E o que é que eu tenho a ver com isso. – Marisa percebe ela falando no celular, e fica curiosa. – Eu não tenho nada para falar com você, cara, vê se me erra.
Marisa: Com quem é que você está falando?
Melissa: Com o Celso. – Ela fala tapando o celular. – Não sei o que aquele desgraçado quer comigo, mas coisa boa não deve ser.
Marisa: Tenta marcar um encontro com ele. Assim nós armamos uma emboscada para que a polícia possa prendê-lo.
Melissa: Ah, claro. Como não pensei nisso antes? – Ela volta a falar no telefone. – Celso? Celso? Ah, é que a ligação estava meio ruim.
Celso (Ao celular): Assim está melhor? – Ele fala se aproximando da janela. – Então, me escuta Melissa, por favor. É que eu fiquei sabendo da conversa que você teve com a Maria Letícia e…
Melissa (Ao celular): Sim, nós tivemos um papo legal antes dela ser presa, e ai?
Celso (Ao celular): E ai que eu posso terminar de falar tudo que você queira saber, contanto que me dê uma quantia alta por minhas informações.
Melissa (Ao celular): Ué, pensei que a Maria Letícia já tinha finalizado toda aquela história. Mas se ainda tem algo que me interessa, e você sabe o que é, por mim tudo bem. Aonde podemos nos encontrar?
Celso (Ao celular): Anotou o endereço direitinho? Ah, e eu quero cinquenta mil em troca das minhas informações.
Melissa (Ao celular): Tudo bem, eu estarei lá. – Eles deligam.
Celso: Além de matar a idiota, ainda ganharei uma graninha alta.

Cena 9- Apartamento de César- Tarde.
Célia conta a Simone que Roberto se entregou à polícia. Antonella escuta, e fica curiosa para saber o porquê do pai ter feito isso.

Célia: Minha filha, você não sabe da maior que eu acabei de ficar sabendo lá no clube. – Ela chega eufórica. – É uma verdadeira bomba.
Simone: Qual é a fofoca da vez, mamãe? Tenho certeza que deve ser algo bafônico para você ter chegado neste estado.
Célia: É que eu descobri que o Roberto foi preso. – Antonella que estava prestes a aparecer na sala, volta para o corredor e fica escutando a conversa delas de lá.
Simone: O Roberto, preso? – Ela arregala os olhos. – Mas como? Por quê?
Célia: Não sei muito bem no que ele está envolvido, mas parece que foi ele quem se entregou para a polícia.
Simone: Nossa, agora eu fiquei boba. O que será que aquele canalha aprontou desta vez?
Célia: Deve ter sido algo bem cabeludo, para se tornar caso de polícia assim… não sei não, mas não me surpreenderia se ele tivesse matado alguém.
Simone: Cruz, credo, mamãe. A Antonella não merece isso.
Célia: A Antonella está merecendo é umas surras, isto sim. – Ela fala com raiva.
Antonella: Velha gagá. – Ela sussurra para si mesma. – Mas o que será que o meu pai aprontou para ir parar atrás das grades? É o que eu preciso saber o quanto antes.

Cena 10- Mansão Corte Real- Tarde.
Bartolomeu diz a Maria José que não há mais clima algum para continuar na casa dela.

Maria José: Ainda bem que você chegou, já estava começando a ficar preocupada com o seu sumiço. Aonde é que você estava esse tempo todo, Bartolomeu?
Bartolomeu: Eu estava por ai, pensando na vida. – Ele fala sério. – E acabei chegando a uma conclusão.
Maria José: Uma conclusão? Sobre o que?
Bartolomeu: Sobre nós. Cheguei à conclusão de que não há mais clima algum para eu continuar na sua casa, muito menos para continuarmos namorando.
Maria José: O que você está falando? Você não deve estar muito bem não. É claro que fomos feitos um para o outro, e que entre nós há muito clima.
Bartolomeu: Maria José, eu decidi que irei voltar para o Mato Grosso, lugar de onde nunca deveria ter saído.
Maria José: Como é que é? Você não pode fazer uma coisa dessas comigo, pelo amor de Deus, eu te amo Bartolomeu.
Bartolomeu: Chega, Maria José, nada do que você diga me fará voltar atrás. Este o momento para colocarmos um ponto final nesta história, antes que ela fique mais complicada do que já está.
Maria José: Eu não estou vendo complicação nenhuma. Quer dizer, é você quem está complicando tudo. Para mim está tudo dentro dos conformes.
Bartolomeu: Eu vou voltar para a minha cidade, e ninguém irá me impedir. – Ele é firme. Bartolomeu sobe a escada e Maria José fica arrasada.
Maria José: Acabou. Ai meu Deus, isso não pode estar acontecendo, não pode. Eu estava tão feliz com ele. – Lágrimas escorrem o seu rosto. – Por favor, meu Pai, faça algo ai de cima. – Ela sobe a escada.

Cena 11- Mansão Sales Couto de Sá- Tarde.
Michele conversa com Daniele para que ela vá visitar Roberto na prisão. Ela pensa um pouco, mas acaba aderindo a ideia.

Michele: Dani, eu visitei o seu pai na prisão hoje. Ele está muito mudado, completamente diferente, você precisa ver.
Daniele: Não, recuso a ideia. Será que nós podíamos ir falar com tia Maria José agora?
Michele: Acho melhor você deixar para amanhã. Quando eu saí de lá hoje, ela estava furiosa pelo Bartolomeu estar agindo como uma criança birrenta.
Daniele: Bartolomeu? Quem é esse? – Ela estranha.
Michele: É o atual namorado da sua tia. Parece que ele quer se casar, mas ela ainda não está pronta para um passo desse tamanho.
Daniele: Certa ela, casamento não é brincadeira.
Michele: Sim, ela está corretíssima. Já você… vai Dani, você bem que podia ir lá visitar o seu pai. O Roberto vai adorar ver você lá, eu garanto.
Daniele: Não sei se é uma boa ideia. – Ela pensa. – Não sei se estou pronta para perdoá-lo.
Michele: E quem falou em perdão? Primeiro vocês podem ficar somente na conversa. Depois você pode averiguar melhor, e tomar uma decisão sensata.
Daniele: Tá bom, tá bom. Eu te conheço bem, e sei que você vai encher o meu saco até me convencer. Então é melhor eu acabar com isso de uma vez só.
Michele: Então você vai ir visita-lo?
Daniele: Sim, eu irei ver o meu Roberto na prisão. – Michele fica feliz.

Cena 12- Rua- Noite.
Celso tenta matar Melissa. Há um disparo. Marisa e Celso se entreolham, Melissa fica desesperada.

Melissa: Aqui estou, como havíamos combinado. – Ela surge por traz dele. – E ai? Vamos colocar tudo em pratos limpos ou está difícil?
Celso: Fiquei sabendo que você estava no meu apartamento quando Maria Letícia foi presa. – Ele permanece de costas para ela. – E que houve uma conversa reveladora entre vocês duas.
Melissa: Sim, Maria Letícia me contou bastante coisa da vida dela. Inclusive, que matou o Rodolfo.
Celso: Não fui eu como você imaginava. Mas admito que era eu naquele vídeo.
Melissa: Você usou a morte da sua mãe como um álibi. Isto já tinha e ocorrido antes, só não tinha certeza.
Celso: Naquela época eu tinha dito que estava indo ver a minha mãe, mas a verdade é que Maria Letícia e eu já tínhamos tudo planejado em nossas cabeças.
Melissa: Arquitetaram a morte do Rodolfo nos mínimos detalhes, não é?
Celso: Sim. Primeiro eu iria persegui-lo, e depois que o pegasse… levaria o desgraçado para que a Maria Letícia finalizasse o serviço.
Melissa: Agora eu entendi o porquê daqueles tiros que disparou contra o carro dele.
Celso: Depois de tê-lo capturado, levei ele para a Maria Letícia, que o matou sem dó nem piedade.
Melissa: Você não vai olhar nos meus olhos enquanto fala comigo? Sabia que isso me incomoda?
Celso: Não seja por isso. – Ela se vira, sacando a arma em direção a ela. – Assim está melhor?
Melissa: O que é isso? – Ela fica assustada e ofegante. – Que palhaçada é esta, Celso?
Celso: Você sabe demais, Melissa. Chegou a hora de resolvermos isso, e tem que ser logo. – Melissa vê Marisa se aproximando por detrás de Celso. Ele dispara, mas Marisa pula nas costas dele, o que o faz errar o tiro. Melissa corre, enquanto Marisa e Celso disputam pela arma.
Marisa: Chegou a sua hora seu desgraçado. A sua companheira já foi, agora só falta você. – Eles continuam a brigar pela posse da arma. Melissa os observa de longe.
Celso: Isso é o que você pensa, sua monga. – Há um disparo, e os dois se entreolham.
Melissa: Mãe. – Ela grita com os olhos cheios de lágrimas, desesperada.

CONTINUA…

Rodrigo Gomes