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Filho Amado

Capítulo 72 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 72.

 


 

Anna vai saindo, mas é segurada por Alminha.

 

Alminha, furiosa: Nós temos muitas coisas pra acertar, não pense que vai conseguir fugir da gente!- Grita.

 

Delegacia Municipal/ Tarde.

 

Mafalda analisa alguns jornais da época em que Chico havia sido morto: Adams, podemos chamar a próxima testemunha pra investigação desse caso, eu disse que ia resolver ele rápido e estou quase chegando em uma conclusão, mas pra isso preciso que chame o Coronel Bravejo, depois os outros da lista…

 

Wagner lembra: O Coronel foi preso hoje mesmo, parece que ele desviava o dinheiro público pra própria conta. Safado.

 

Mafalda, determinada: Então vamos fazer o interrogatório na cadeia, e já!- Ela se levanta e pega suas coisas- Os dois venham comigo!

 

Adams e Wagner obedecem.

 

Hospital São Cristovão/ Tarde.

 

Uma enfermeira chama Noronha: Você já pode visitar a Aurora, ela será liberada hoje mesmo!-Avisa.

 

Noronha, animado: Ótimo, vou ir ve-la agora mesmo!- Ele vai caminhando quando o celular toca- Alô? Oi, delegado!

 

Godofredo: Senhor Noronha Dávila, queria te informar que o Coronel foi preso, nós recebemos documentos que revelavam os seus podres e não tivemos outra alternativa…E você sabe que, na falta dele, quem assume a prefeitura é o senhor!

 

Noronha, fingindo estar surpreso: Meu Deus, jamais imaginaria isso do Bravejo! Com quem eu fui me meter? Não se preocupe, amanhã mesmo eu assumirei o posto. Obrigado, Godofredo- Ele desliga- Agora que eu resolvi desistir dos meus planos, tenho que achar outra pessoa pra assumir a prefeitura da cidade e…Já sei, tenho o substituto ideal!

 

Casa de Noronha/ Tarde.

 

Leopoldo é direto: Soubemos que você assassinou o meu irmão!- Ele se aproxima de Anna.

 

Anna, apavorada: Vocês estão loucos? Não fiz nada disso, eu já falei! De uma hora pra outra resolveram me incriminar e me fazer de bandida, a Alminha me bateu como que se eu fosse um bicho, o que tá acontecendo? Eu sou inocente!

 

Alminha, incrédula: Inocente? Você é uma FALSA, e merecia ter apanhado muito mais, Anna Maria, aliás, merece apodrecer na cadeia por ter se intrometido na nossa família pra semear o mal e a discórdia!

 

Anna: Ah, quer dizer que vocês acreditam nos espíritos que a Alminha vê? Preferem seguir adiante com essa tresloucada do que me ouvir? Eu sempre fui a mais sensata dessa família nojenta, e me arrependo de ter entrado nela, afinal vocês estão mostrando ingratidão com a minha pessoa…De uma hora pra outra, todos resolveram ser ingratos comigo, e esquecer o que eu fiz de bom!

 

Jasmine desce as escadas: Rodrigo? É você mesmo?

 

Anna se aproveita da distração e dá um pontapé em Alminha, ela sai correndo.

 

Lara vai atrás: ESPERA, TIA! VOCÊ NÃO VAI SE LIVRAR DA GENTE TÃO FÁCIL ASSIM!

 

Leopoldo e Alminha correm atrás.

 

Jasmine: É a Anna ali?

 

Rodrigo fecha a porta do porão: Acho que sim…Mal entrei aqui e já percebi que as disputas famíliares predominam o ambiente.

 

Jasmine o impede de fechar a porta: Espere, antes de eu entender o que você está fazendo aqui, preciso que me ajude a tirar uma pessoa do porão…

 

Anna consegue se trancar no escritório antes que seja alcançada.

 

Lara bate na porta com toda a furia que tem: SAI DAÍ! PARA DE SER COVARDE, UMA HORA OU OUTRA VOCÊ VAI TER QUE SAIR!

 

Alminha faz o mesmo: É verdade, sai logo daí Anna, vamos acertar as nossas contas!

 

Anna empurra a mesa do escritório até a porta, depois carrega as duas cadeiras e as coloca como barreiras, junto com a mesa, afim de que ninguém entre.

 

Anna anda de um lado para o outro, ao mesmo tempo em que as batidas na porta começam a ficar cada vez mais intensas: O que eu faço? Tô presa aqui, preciso fugir desses infelizes…Pensa, Anna, pensa!

 

Hospital São Cristovão/ Tarde.

 

O médico dá um papel pra o Noronha: Aqui estão os alimentos que ela pode comer, quero que siga essa dieta a risca, dona Aurora, ou o seu bebê pode ter problemas…Pode trocar de roupa que já está liberada, mas lembre-se de tudo o que eu te falei.

 

Aurora, mais conformada: Tudo bem, doutor.

 

No carro de Noronha.

 

Noronha ajeita um dos retrovisores: Você falou pouca coisa no trajeto do quarto pra cá, creio que seja por conta do que a minha mãe andou falando de mim.

 

Aurora, fria: Foi por isso mesmo, eu fiquei muito abalada. Até achei que minha mãe estivesse me esperando no corredor, preferia que fosse ela, eu resolvi que vou me mudar da sua casa, de novo, e…

 

Noronha a interrompe: Calma, deixa eu falar, deixa eu me explicar!

 

Aurora ri: E trancar o irmão em um porão tem explicação? Fora as outras coisas que vocês fez e…

 

Noronha grita: VINGANÇA! Foi tudo por vingança, Aurora, eu nunca aceitei a minha rejeição, e queria mostrar pra minha mãe e pro Éssio que eu podia dominar, que eu poderia ser o filho favorito dela, me candidatei a prefeitura e venci, voltei mais rico do que nunca, poderoso, humilhei eles o quanto pude e pretendia humilhar ainda mais porque eu estava cego por esse sentimento de prazer ao ver os outros sofrerem, eu ria, assim como o Éssio ria de mim, eu devolvi tudo, foi um plano estrategicamente traçado nos mínimos detalhes…E mesmo assim eu consegui ser enganado e descobri que o Éssio tinha um caso com a Jasmine…Eu não sei se foi tudo pra me provocar, eu só sei que me senti muito traído naquele dia, quem sou eu pra cobrar fidelidade dela mas…Com o Éssio? Com aquele que eu considerava praticamente inimigo? Eu não suportei aquilo e acabei indo além dos limites e tranquei os dois no porão…Só que eu cansei, cansei de vingança, eu estava me desgastando, já cansei de ser rejeitado pela minha mãe, eu aceitei que ela não me ama e pronto! Resolvi acabar com tudo isso, portanto  quando eu chegar em casa irei entregar os dois pra polícia, e tentar viver, viver com você…Se é que você ainda me quer…Mas acredita em mim, eu cansei de tudo. Quero recomeçar.

 

Aurora escorre algumas lágrimas: Será que eu devo? Você agiu como um monstro, é difícil tentar acreditar em perdão repentino…

 

Noronha:…Foi depois que eu flagrei minha mãe e o Éssio tentando fugir…Depois desse episódio eu comecei a refletir…Na mesma noite eu pensei que tinha feito as pazes com o Éssio, só que eu peguei ele e minha mãe tentando fugir de mim…É complicado de entender, mas depois disso eu resolvi que era hora de acabar com tudo. Depois eu pedi perdão pra Jasmine. Mas eu também não sou bobo, eu não vou deixar a minha mãe sair impune disso tudo, nem o Éssio, eles são criminosos, eu também sou, mas se for pra recomeçar minha vida…Eu me entrego pra polícia- Conta.

 

Aurora: Tudo bem, vamos pra sua casa, vamos começar melhor lá…Você sabe que eu sempre te escutei, era eu quem te acolhia quando você vinha contar seus problemas, pois bem, vamos fazer o mesmo…Embora os problemas tenham tomado outras proporções…Eu vou tentar te entender…Mas se você tá arrependido mesmo, é ótimo. É o mínimo.

 

Noronha liga o carro.

 

Casa de Noronha/ Tarde.

 

Rodrigo coloca Éssio no sofá com a ajuda de Jasmine.

 

Jasmine: Quando o Noronha chegar, eu explico porque te tirei do porão…

 

Éssio está todo sujo: Quando ele chegar, provavelmente vai ser com a polícia.

 

Rodrigo: Mas eu não tô entendendo nada, porque o Noronha colocou esse rapaz no porão? Tá tudo bem movimentado nessa casa…

 

Jasmine suspira: Aconteceu muita coisa desde a última vez que nos vimos, preciso te contar, mas antes quero checar de perto o que está acontecendo ali no escritório…Se importa de ficar esperando?

 

Rodrigo se senta no sofá: Claro que não, eu já esperei tanto pra encontrar vocês, posso esperar mais um pouquinho e ainda puxo conversa com o…Éssio né?

 

Éssio faz que sim com a cabeça.

 

Jasmine sai correndo: Eu já volto.

 

Na porta do escritório, Alminha e os outros ainda tentam pegar Anna, que havia conseguido se trancar.

 

Jasmine bate palmas forte: Gente, afinal o que está acontecendo aqui? Cadê a Anna?

 

Alminha explica: Ela se escondeu porque nós descobrimos os crimes que a megera cometeu e viemos tirar tudo a limpo…Ela matou o Bentinho, é uma assassina e está tentando se livrar.

 

Lara: Cadê o seu amigo abridor de portas? Chama ele pra nos ajudar!

 

Jasmine entende: Tudo bem, eu também tenho umas contas pra acertar com a Anna, vou pedir a ajuda do Rodrigo.

 

Anna escuta tudo do outro lado, apavorada: E agora? O que eu faço?

 

Jasmine chama Rodrigo e ele chega: Precisamos que você abra a porta do escritório pra gente, por favor, é um caso urgente!

 

Rodrigo pega seu chaveiro: Abram espaço que farei isso…

 

Leopoldo pega seu celular: E eu ligarei pra polícia, agora, antes que anoiteça…

 

Bruno vê a cena e corre pro jardim, a fim de ligar para Noronha.

 

Em seu carro, Noronha pede que Aurora atenda e coloque no viva-voz.

 

Noronha: Bruno, pode falar!

 

Bruno, desesperado: Noronha, onde você tá? Tá um verdadeiro vendaval aqui na sua casa, a sua mãe tá trancada no escritório e os seus parentes tão loucos pra acabar com ela, seu tio Leopoldo falou até em chamar a polícia, parece que descobriram um crime dela…

 

Noronha, sem entender nada: Como minha mãe tá no escritório se eu tinha deixado ela no porão? E o tio Leopoldo tá no Brasil? Meu Deus…

 

Bruno, aflito: Pois é, eles tão acusando a Anna de ter matado o Bento, ela se trancou no escritório mas agora o tal do Rodrigo tá tentando abrir a porta e tá perto de consegu…

 

Noronha o corta: Rodrigo? VOCÊ FALOU RODRIGO? Não é possível…Calma, Bruno, eu já estou chegando aí, é bom que o tio Leopoldo tenha chamado a polícia, ou eu mesmo faria isso…Vá até o quarto do detetive Américo e fale pra ele entregar todas as provas que tem contra a minha mãe pra o delegado, tem algumas inclusive que estão em uma pasta escondida no escritório, ele sabe onde estão, chame o detetive e tudo será resolvido!

 

Bruno: Tudo bem…- Ele desliga.

 

Noronha dá seta: Eu vou te deixar na casa do seu pai porque você tem que evitar o stress e lá em casa pelo visto tá um inferno! Mas hoje mesmo eu acabo com isso, com a ajuda dos policiais!

 

Aurora nega: Não posso, eu estou brigada com o meu pai, lembra? Lá não é um bom lugar pra ficar…

 

Noronha não pensa novamente: Com certeza é um lugar melhor do que na minha casa, acho que ele irá compreender Aurora, é pro seu bem e o da criança, fora que a mansão do José é bem ali…

 

Aurora implora: Me deixa no centro, na sorveteria, em qualquer lugar menos lá!

 

Noronha estaciona: Tarde demais. Chegamos. Pede abrigo pra Conceição, e as vezes o seu pai nem está em casa…Sinto muito, mas é o que eu posso fazer, tenho que ir pra casa logo.

 

Aurora desce: Tudo bem, eu vou pra casa de um vizinho se ele não me aceitar.

 

Noronha: Eu venho te buscar depois que a polícia prender minha mãe e o Éssio, ainda hoje, obviamente- Ele acelera.

 

Aurora fica com receio de tocar a campainha quando sente alguém se aproximar.

 

Conceição está voltando da padaria: Aurora, o que faz por aqui?

 

Aurora sorri.

 

Casa de Noronha/ Tarde.

 

Rodrigo não consegue abrir a porta do escritório: Eu sinto que já destranquei mas…Algo me impede de abrir…

 

Leopoldo está no telefone: Alô? É da polícia?

 

Lara: Calma pai, não temos provas!

 

Bruno chega: Mas o detetive Américo tem, e ele tá lá em cima, provavelmente estudando…Vou busca-lo, ele tem provas contra a Anna- Ele e Ema sobem.

 

Anna escuta tudo: O maldito detetive a essa hora já deve estar no inferno…Já sei como vou sair daqui antes que a polícia chegue…

 

Leopoldo fala: Temos uma mulher aqui que cometeu um assassinato, temos provas! Eu vou te dar o endereço e venham depressa…

 

Anna vai até uma das gavetas do escritório de Noronha e encontra o que queria: uma arma, Noronha não ficava sem uma dessas, e, para a sorte da megera, ele a guardava no escritório.

 

Anna a pega: Era o que eu queria- Ela vai até onde colocou a mesa e cadeiras como barreira e resolve empurra-las.

 

Rodrigo força o trinco: Acho que finalmente vai, não há nenhuma porta na minha vida que eu não tenha conseguido abrir- Ele força tanto que de repente a porta se rompe e a mesa junto com as cadeiras caem em cima do moço.

 

Jasmine grita: RODRIGO!!- Só se vê a mão dele embaixo dos escombros.

 

Todos ficam aterrorizados com a cena, o estrondo havia sido grande.

 

Em frente a porta do quarto de Américo…

 

Bruno bate insistentemente: Mas será que a Nossa Senhora Das Portas resolveu trancar todas pra gente? NÃO É POSSÍVEL! 

 

Ema, preocupada: E eu não sei mais o que fazer, não tenho a cópia da chave desse quarto, e o Américo está trancado aí faz horas, sem dar nenhum sinal…

 

Bruno respira fundo: Só há uma solução!- Ele caminha até o fim do corredor e se prepara- Sai da frente, mãe, eu vou arrombar essa porta nem que seja a última coisa que eu faça na minha preciosa e gulosa vida!

 

Ema roga: Pensa bem, filho, isso pode acabar com a sua coluna pra sempre, vai querer ficar igual o Éssio?

 

Bruno: Essa casa está precisando de mim para que seus problemas sejam resolvidos, pois assim eu farei- Diz, em tom heróico- Saia da frente, irei arrombar essa porta pra podermos checar o que aconteceu com o detetive!

 

Ema, apesar de triste, libera o corredor.

 

Mansão de José do Gado/ Inicio de noite.

 

Conceição e Aurora estão na cozinha, Guido desenha.

 

Aurora bebe café: Hoje o dia foi difícil, ainda bem que papai não está em casa, ele não me aceitaria aqui…

 

Conceição: Quer dizer que a casa do Noronha tá em pé de guerra? Nossa…

 

Aurora suspira: É complicado…- Ela repara em Guido- Seu filho tá desenhando uma…ENXADA?

 

Conceição, irritada; Já falei pra ele não desenhar isso, mas parece que ficou obcecado! Eu hein…Preciso levar o Guido pro psicólogo!

 

De repente, José do Gado chega: AURORA? O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?

 

Cadeia Municipal/ Noite.

 

Clécio conta pra Batista: Daqui a pouco vamos realizar o plano de fuga, vai ser durante o passeio noturno dos presidiários, mas são só dez minutos, temos que ficar atentos…

 

Batista: Tô com medo que esse plano não dê certo…

 

Clécio ri: Vai dar, temos tudo planejado e combinado com os outros presidiários, agora vê se não devora ninguém- Ele debocha.

 

Batista: Para com isso, tô nervoso de verdade, mexer com a minha “ lobisomiçe” vai acabar acarretando problemas…

 

Clécio, seguro: Para de ser besta, se dedique a isso e o plano vai dar certo! Agora, mudando de assunto, sabe quem foi preso hoje?

 

Batista: Nem faço ideia…

 

Clécio conta: O Coronel Bravejo Amendoa!

 

Batista, boquiaberto: COMO É?

 

Casa de Noronha/ Noite.

 

Bruno toma folego: Vamos lá…- Ele estrala os dedos e torce o pescoço, com cara de bravo- EM 3…2…1…E…JÁ!- Bruno vira de lado e corre em posição de ataque com o ombro na direção da porta, em toda a velocidade, consegue arrombar a porta, que era velha, da época em que a casa era de Benê.

 

Bruno está todo suado, mas havia conseguido entrar no quarto, porém fica aterrorizado com o que vê.

 

Ema entra no quarto e solta um grito ao ver o detetive caído: MEU DEUS!

 

Bruno tenta acordar o detetive, que não se mexe, ele checa a respiração e não obtém resposta: Mãe…Acho que o detetive Américo morreu…ELE MORREU!

 


 

Termina o capítulo 72.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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