Capítulo 70 | Mãe Perversa – No Rumo da Vida
https://www.youtube.com/watch?v=N7TNAu3-_HM&t=5s
[CENÁRIO 01 – CASA DA LUANA/ SALA/ NOITE]
(Felipe beija Luana por um tempo, até que ela interrompe o beijo)
LUANA – Não estou entendo.
FELIPE – Acho que merecemos uma segunda chance. Mas sem ninguém intrometendo em nossas vidas. Vamos ser só nós dois. Construindo o nosso próprio caminho.
LUANA – Você quer voltar? É isso?
FELIPE – Quer namorar comigo Luana?
LUANA – Calma aí? (se afasta um pouco) Isso está sendo muito rápido.
FELIPE – Bem, se você quiser posso ir embora.
LUANA – Não, eu aceito. É que não estou entendo o que te fez mudar de ideia assim, porque da ultima vez que a gente se encontrou, estávamos assinando o divórcio, você estava com raiva de mim.
FELIPE – Uma conversa que tive com um amigo, me fez mudar de ideia sobre você.
LUANA – Me lembra de agradecer esse seu amigo. (o beija) Eu aceito namorar com você. Merecemos uma segunda chance, agora com ninguém se intrometendo entre a gente. (os dois se beijam novamente)
[CENÁRIO 02 – APARTAMENTO DA CAMILA/ Q. DE BIANCA/ NOITE]
(Adriana sai do quarto em direção à sala, mas como o quarto dela é ao lado de Bianca, acaba ouvindo Bianca falando algo sozinha)
BIANCA – (em frente ao espelho, olhando as roupas que Camila comprou para ela) Nossa, devia ter exigido uma roupa melhor. Mas, preciso manter a mãe boazinha, humilde, que não pensa em dinheiro. Em breve, quando ganhar a total confiança da minha filhinha, e convencê-la em ir atrás de sua fortuna, irei comprar roupas melhores do que estas. (joga em cima da cama, nesse momento Adriana invade o quarto)
ADRIANA – Então tudo isso não passou de fingimento sua falsa?
[CENÁRIO 03 – CASA DA LUANA/ SALA/ NOITE]
VERÔNICA – (descendo as escadas. Felipe já havia ido embora) Pensei que havia ouvido a campainha tocar?
LUANA – Era o Felipe.
VERÔNICA – O Felipe? O que ele veio fazer aqui?
LUANA – Nada demais. Só veio me pedir em namoro.
VERÔNICA – Sério? Você conseguiu trazer o Felipe novamente para o nosso lado filha. Essa sua ideia de fingir ser uma garota honesta, trabalhadora, então deu certo, quem diria?!
LUANA – Primeiro, não fingi trabalhar para conquistar o Felipe. Eu vou continuar trabalhando, mesmo depois de voltarmos.
VERÔNICA – Ah, você que sabe. O que importa é que temos novamente a herança daquela família.
LUANA – Eu não terminei mamãe. Eu aceitei namorar com o Felipe, com a condição de que ninguém vai se intrometer na nossa história novamente, ou seja, a senhora não faz parte dos nossos planos.
VERÔNICA – O que você quer dizer? Você está excluindo sua própria mãe da sua vida?
LUANA – Não estou excluindo ninguém. Eu e o Felipe apenas queremos construir isso com os nossos próprios passos, sem a senhora ou a família dele no meio.
VERÔNICA – Eu já entendi filha. Agora que não sirvo mais para você, você quer me deixar de lado.
LUANA – Mamãe não é isso, é só que…
VERÔNICA – Não precisar dizer mais nada filha, já entendi.
LUANA – Ah, a senhora pense o que quiser. Também não estou afim de explicar nada. Vou para o meu quarto, dormir.
VERÔNICA – Claro filhinha querida. Durma e sonhe com sua nova família feliz. O seu maridinho que você diz que ama, sua querida filinha, que você diz ser sua filha.
LUANA – O que a senhora quer dizer com isso?
VERÔNICA – O quê? Ficou curiosa foi? Para você não achar que sou uma mãe ingrata, assim como você pensa, vou contar um segredinho que guardei de você.
LUANA – De que segredo a senhora está falando?
VERÔNICA – É bom prestar atenção e se preparar com o que você vai ouvir, querida filha.
LUANA – O que a senhora armou mamãe?
VERÔNICA – Preparada. Sabe a sua filha, pois é… ela não é sua filha!
LUANA – Que brincadeira é essa mamãe. Claro que a Alice é minha filha.
VERÔNICA – Não é, Alice não é sua filha. Sua filha não resistiu ao parto.
LUANA – É mentira. Não acredito. A senhora está mentindo.
VERÔNICA – A Alice não é sua filha. Naquela noite, no momento que você me pediu para busca-la, a enfermeira tinha me dito que a menina havia nascido muito prematura e não conseguiu resistir. Então, com medo de que o Felipe separasse de você, paguei a enfermeira para trocar a criança com uma outra que havia tido gêmeos.
LUANA – Isso não é verdade, a senhora está mentido … (começa a chorar)
VERÔNICA – Se não acredita, porque não realiza um teste com ela. Aproveita, conta para o Felipe também e veremos se ele vai continuar essa história de namorico com você.
LUANA – (chorando) A senhora não devia ter feito isso. A senhora devia ter me contado.
VERÔNICA – Eu fiz isso pensando em você. Essa menina era a única coisa que ligava você com o Felipe. (Luana não diz nada, apenas parece chocada com o que a mãe fez) Você devia me agradecer que esse menina garantiu seu casamento por um tempo.
LUANA – (limpando as lagrimas) Realmente não sei como ainda fico chocada com o que a senhora é capaz de fazer para conseguir aquilo que quer.
VERÔNICA – Sou disso e muita mais, querida. Espero que você reflita, que você precisa muito da minha ajuda. E não será fácil se livrar de mim. (Verônica vai para cozinha. Luana corre para seu quarto, chegando nele, pula sobre a cama, se abraça com seu travesseiro e começa a chorar)
[CENÁRIO 04 – APARTAMENTO DA CAMILA/ Q. DA BIANCA/ NOITE]
ADRIANA – Então, tudo isso passou de fingimento? Você estava mentindo esse tempo todo para à Camila?
BIANCA – Do que você está falando?
ADRIANA – Não me venha com a desentendida, você não me engana. E não é surpresa alguma saber que você estava fingindo esse tempo todo. Eu no fundo sabia que alguma coisa não estava bem, só não contei nada pela Camila, que tinha esperança de viver uma vida “normal” com uma mãe que ela imaginava que teria.
BIANCA – Eu realmente não sei do que está falando, agora se você me dar licença…
ADRIANA -Vamos parar de fingimento? Ouvi muito bem o que você disse. E você vai repetir tudo novamente, na frente da Camila. (caminha em direção a ela, segura pelo braço e tenta levá-la para fora do quarto)
BIANCA – (se soltando do braço de Adriana) Me solta, garota. Quem você pensa que é para me tratar assim?
ADRIANA – Sou a garota que vai revelar à cobra que a Camila estava tentando criar. (volta a segurar novamente, agora puxando pelo os cabelos até fora do quarto. Bianca grita, tentar sair e Adriana puxa mais forte. Chegam na sala, e ao ver Camila, Bianca finge chorar)
BIANCA – (chorando) Você está me machucando garota. Me solta…
CAMILA – O que está acontecendo? Solta ela Adriana!
ADRIANA – Com todo prazer. (a solta com força, que Bianca cai no chão. Bianca, finge que se machucou, Camila vai ajudá-la)
CAMILA – A senhora está bem? Machucou alguma coisa?
BIANCA – (massageando à perna, fingindo estar machucada) Acho que machuquei a perna.
CAMILA – O que deu em você Adriana?
ADRIANA – Ela está fingindo Camila. Cobra não se machuca assim tão fácil. Você vai contar ou quer que eu conte?
CAMILA – Contar o que?
ADRIANA – Que essa mulher estava o tempo te enganando, Camila. Ela nunca perdeu à memória, estava apenas fingindo, para ganhar sua confiança, e depois fazer você ir atrás da sua herança.
CAMILA – Isso é verdade? (se afastando um pouco de Bianca)
BIANCA – Não, claro não. Essa sua amiga que é maluca, foi entrando no meu quarto e começou a me agredir. Ela é louca, Camila.
ADRIANA – Louca é você, que por dinheiro prostituía a própria filha.
BIANCA – Eu não fazia isso por mal… (percebe que falou demais)
CAMILA – (se afastando dela, ficando em pé) Então é verdade? Você estava esse tempo todo mentindo para mim?
BIANCA – Não, filha.
CAMILA – (furiosa) Não chama de filha!!!
BIANCA – (levantando, com cabeça baixa) Eu realmente perdi a memória. Porém, dias atrás eu recordei de tudo. Não queria contar nada, porque, vi essa oportunidade de nos reaproximarmos como mãe e filha.
ADRIANA – Depois convencê-la de ir atrás da herança.
BIANCA – Não. Claro que não. Queria apenas me aproximar de você. Para que possamos ser mãe e filha de verdade.
CAMILA – Você nunca foi uma mãe para mim. A única coisa que você ama é o dinheiro. Só é isso que importa a você. (começa a chorar) Me fazer ter esperança que de poderíamos viver como uma família, que de agora em diante eu poderia contar com uma mãe, que me desse conselhos, que me ouvisse, que me desse amor. Me fazer acreditar que poderia ter uma vida normal, sem um passado me assombrando cotidianamente… (pausa, começa limpar às lagrimas) Você novamente destruiu meus sonhos. E não vou mais derramar nenhuma lágrima por você.
BIANCA – Filha, vamos conversar… lembra da promessa que te fiz dias atrás, de que esquecêssemos do passado…
CAMILA – Então, desde aquele momento, você lembrava de tudo! Da dor que me causou, e achou melhor continuar o teatrinho, para agora me causar novamente outra dor!
BIANCA – Eu não quero causar dor nenhuma a você. Meu plano daria certo, se não fosse por essa…
CAMILA – Cuidado com o que for falar dela. Adriana é minha amiga! Ela sempre esteve comigo nos bons e maus momentos. Ela sim me mostrou o que é ter uma família. O que é ter alguém que se preocupa com você, que cuida de você.
BIANCA – Você pode contar de agora em diante comigo sempre, filha…
CAMILA – (grita) Não me chama de filha. Eu não tenho mãe. Minha mãe morreu, assim que nasci. Saí daqui! Vai embora daqui! (em fúria, joga as almofadas do sofá em cima dela) Some da minha vida. Vai embora daqui.
BIANCA – (tentando desviar) Para onde eu vou? Está tarde já…
CAMILA – Vai para o inferno! É lá onde pessoas como você devem ficar… (com fim das almofada, Camila mesmo coloca Bianca para fora do apartamento. A segura pelo braço, com força, a puxa até a porta, abre e à joga para fora que caí no chão) Se você voltar a me procurar, da próxima vez, não vou pensar duas vezes antes de jogar você pela janela.
BIANCA – Você não pode se livrar de mim, garota. Eu tenho direito em alguma parte da sua herança.
CAMILA – Eu não tenho herança! Eu abri mão do dinheiro, porque assim como não tenho mãe, também nunca tive pai. (fecha à porta. Bianca, do lado de fora, fica batendo na porta)
BIANCA – Como assim você abriu mão da herança? O que você fez sua burra?
ADRIANA – Vou ligar para o sindico, chamar à segurança.
CAMILA – Deixa. Eu mesma faço isso. (Camila liga para o sindico, e minutos depois, ouve os seguranças levando Bianca para fora)
Amanhecendo…
[CENÁRIO 05 – CASA DA CARLA/ COZINHA/ DIA]
CARLA – Bom dia. (entrando na cozinha)
PAULA – Bom dia.
CARLA – O Junior já foi para o trabalho?
PAULA – Saiu agorinha.
CARLA – Então vou lá no quarto, ver se a Ana estar dormindo mesmo.
PAULA – Eu vou indo. Última semana de curso, não posso perder nada.
CARLA – Isso mesmo. Quero ver você saindo bem nesses vestibulares.
PAULA – Tenho que sair. Preciso focar em algo agora. Chega de ficar pairando de um lugar para o outro. (Paula pega sua mochila e vai para o curso. Carla vai até o quarto da Ana, e a encontra dormindo. Ela senta na cama, perto da menina, mas não a toca. Carla olha para o lado, e pensa em Miguel se despedindo dela ontem)
[CENÁRIO 06 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
VIVIANE – Tem certeza que não quer que o motorista leve você filho.
MIGUEL – Não precisa tia. Deixa ele a disposição de vocês. Eu pego um taxi.
VIVIANE – Está bem então. (o abraça) Tenha uma boa viagem filho, e liga quando chegar.
MIGUEL – Pode deixar.
FELIPE – Miguel espera. (descendo as escadas) Não acredito que você ia embora sem se despedir de mim.
MIGUEL – Não cara, é que não sei que horas você chegou ontem, então não decidi te incomodar.
FELIPE – Ontem não cheguei muito tarde. Lamento que você não tenha conseguido nada com aquela garota.
MIGUEL – Eu também pensei que iria rolar alguma coisa, mas infelizmente não aconteceu. Boa sorte para você também, encontrar uma outra garota.
FELIPE – Não preciso, eu e a Luana conseguimos nos acertar.
MIGUEL – Sério? Poxa, parabéns cara. Que dessa vez, dê tudo certo entre vocês.
FELIPE – Também espero. (táxi buzina lá fora)
MIGUEL – Oh, meu táxi chegou. Adeus cara.
FELIPE – Adeus. (os dois se abraçam) Quem sabe um dia desses eu não vou lá, ver como anda a empresa.
MIGUEL – Não, da última vez que você foi lá por negócios, não tivemos nem tempo para bater um papo.
FELIPE – (rir) Está bem, mais um dia vou visita vocês.
MIGUEL – E leva a Alice.
FELIPE – Pode deixar. (Felipe observa Miguel entrando no táxi)
[CENÁRIO 07 – APARTAMENTO DA CAMILA/ COZINHA/ DIA]
(Adriana entra na cozinha com uma mochila nas costa, e encontra Camila sozinha, tomando café, com a mesma expressão séria de ontem)
ADRIANA – Bom dia.
CAMILA – Bom dia.
ADRIANA – Não sei se consigo ir embora e deixar você assim nesse estado.
CAMILA – Não se preocupa comigo, Adriana. Estou bem. Só estou com raiva de mim mesma, por ter acreditando nela.
ADRIANA – Mas você não tem culpa. Você achava que finalmente teria uma mãe novamente. Ela sabendo disso, usou em você.
CAMILA – Mesmo assim. Fui muito inocente em acreditar nela. As pessoas não mudam do dia para à noite. Devia ter desconfiado, e não ter deixado ela se aproximar. Mas, não quero mais falar dela. Para mim, ela não existe mais. Você realmente não quer avisar para o Junior, que está indo embora?
ADRIANA – Não! Não conte nada para ele. Qualquer coisa, diga que fugi igual da outra vez.
CAMILA – Sentirei saudades sua. (levanta e a abraça)
ADRIANA – Eu também.
CAMILA – Não quer que acompanhe você até a rodoviária?
ADRIANA – Não. Não quero que chegue atrasada na faculdade por minha causa.
CAMILA – Está bem. Vou com você até lá em baixo então. (Camila coloca a xícara que estava tomando café sobre à pia, pega sua mochila e vai com Adriana até à porta)
ADRIANA – E se ela vier atrás de você de novo?
CAMILA – Eu já avisei para ela o que farei se ela pisar aqui novamente. E mesmo assim, avisei lá em baixo para proibirem a entrada dela. (Camila abre à porta e dar de cara com Junior) Junior?
JUNIOR – Oi, bom dia!
[CENÁRIO 08 – CASA DA LUANA/ Q. DA LUANA/ DIA]
VERÔNICA – Filha, posso entrar? Vai sair filha?
LUANA – Vou na casa do Felipe.
VERÔNICA – Vocês vão tomar café da manha juntos?
LUANA – Eu não vou lá para tomar café, vou contar a verdade para ele.
VERÔNICA – Você não está falando sério?
LUANA – Claro que estou, mamãe. Eu quero saber onde minha filha está.
VERÔNICA – Sua filha está morta.
LUANA – Não importa! Eu quero a minha filha.
VERÔNICA – Se você fizer isso, você está perdendo todas as oportunidades com o Felipe. Ou você acha que depois que ele descobrir que a Alice não é filha dele, ele vai querer alguma coisa com você?
LUANA – Querendo ou não, o Felipe tem que saber da verdade. Mesmo que depois, eu o perca novamente, vou contar para ele.
VERÔNICA – Você não pode. Eu não permito isso.
LUANA – Você não manda mais em mim.
VERÔNICA – Escuta filha, você está muito agitada, ouça o que vou te dizer. Você não está enxergando as consequências dessa sua atitude. Repara no Felipe, como ele está feliz, cuidado da filha dele.
LUANA – Não é filha dele.
VERÔNICA – Me escuta. Imagina a decepção depois que ele souber que a menina que ele cuidou até hoje, não é a filha dele. Imagina o choque que a Viviane vai passar, por homenagear a mãe dela, com uma menina que nem é da família.
LUANA – Eles vão ter que superar, assim como eu.
VERÔNICA – Você superou as coisas bem rápido!
LUANA – Com uma mãe que nem a senhora, tive que aprender.
VERÔNICA – Quer saber. Faz o que você quiser. Se você realmente quer jogar tudo para o alto, todo os nossos esforços no ralo. Você quem sabe. Eu não vou impedir mais nada.
LUANA – A senhora não iria me impedir mesmo, vou até o Felipe e eu vou contar a verdade para ele. Quero saber onde a minha verdadeira filha está enterrada. (Luana pega sua bolsa, deixa a mãe sozinha no quarto e vai para rua, atrás do Felipe)
Continua no Capítulo 71…