Capítulo 68 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 68.
Éssio recupera a consciência lentamente: O que a gente tá fazendo aqui? Ai…Que dor de cabeça!
Anna está pálida.
Éssio consegue perceber: Mãe, estamos no carro do Noronha! É uma fuga? Meu Deus, não acredito…RESPONDE!
Anna o repreende: Fala baixo, eu fiz o máximo pra tentar não emitir um som sequer e você não tem o direito de estragar tudo…É sim uma fuga, pro nosso bem, vamos ser felizes longe daqui…
Éssio, decepcionado: Você não tinha esse direito…Me tira daqui, eu fiz as pazes com o Noronha e nos acertamos depois de anos com uma conversa tão amigável…Me tira ou eu grito!
Anna, fria: Eu ouvi essa sua conversa filho, e ela me motivou mais a realizar essa fuga, pela milésima vez te digo que você não deve se humilhar ao Noronha- Ela aperta o acelerador e muda a marcha- Não dirijo há anos, mas vamos sair daqui!
Éssio: NÃO, EU NÃO VOU PERMITIR QUE…
De repente Noronha aparece em frente ao carro, Anna fica paralisada ao vê-lo, ele aproveita que os vidros das janelas estão abertos e aperta o botão que destrava a porta, depois a abre: Ora ora…Quer dizer que estavam tentando fugir de mim- Fala, com expressão de fúria no rosto.
Anna e Éssio ficam sem saber o que fazer.
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Noronha os olha fixamente: ESTAVAM TENTANDO FUGIR DE MIM, NÃO É MESMO? POIS SUPONHO QUE NÃO ERA UM PASSEIO NOTURNO…- Ele range os dentes.
Anna, assustada: Noronha nós…
Noronha olha para os dois: Não precisam dizer nada pro bem de vocês, apenas saiam do carro…
Éssio, desolado: Eu só queria que soubesse que eu não tenho nad…
Noronha fecha os olhos: CHEGA! Eu não acredito que fui tão ingênuo ao ponto de acreditar em todas as palavras da conversa que tivemos no inicio dessa noite…Meu Deus, eu que sempre fui tão forte me deixei abalar por palavras suas, e achei que fossem verdadeiras porque meu faro não costuma mentir- Ele olha decepcionado pro irmão- Você me implorou por perdão, e ainda teve o descaramento de dizer que tudo era PURO e que não tentaria nada contra mim…- Ele começa a chorar.
Éssio tenta explicar: Noronha, eu não sei como…
Noronha, aos prantos: E depois daquela conversa, que tanto mexeu comigo, que me fez sentir uma pessoa melhor, que MUDOU minha visão por você…Depois daquilo tudo você me trai de tamanha forma? Ah Éssio, eu não vou suportar! Você tentou fugir de mim horas depois de dizer que me amava e que tinha se tornado uma pessoa melhor. Como teve tamanha mediocridade? Você nunca mudou, e eu de burro acreditei…
Éssio tenta contar: Eu mudei, Noronha, acredita em mim, nada daquela conversa foi falsidade, falei tudo aquilo do fundo do meu coração…Eu fui engan…
Anna toma a palavra: É mentira, Noronha. O Éssinho teve a ideia da fuga e me pediu pra que fizesse tudo, a conversa foi só pra te despistar mesmo. Sinto muito, mas o Éssio não é tão “sentimental” como pensa, ele é como eu- Ela sorri.
Noronha não consegue acreditar: Não…
Anna insiste: Sim, o Éssio planejou tud…
Éssio a interrompe: PARA DE MENTIR, SUA MONSTRA, NORONHA ACREDITA EM MIM!- Ele suplica- Não tenho nada com isso, foi ideia da mamãe, ela me arrastou desacordado até aqui e só acordei agora, fala pra ele, mãe, chega de mentiras!
Anna nega: Eu não consigo mentir, filho… Você teve a ideia da fuga, me contou tudo depois que roubei a chave do porão e fui te visitar…
Éssio, furioso: É MENTIRA! EU NÃO TENHO NADA A VER COM ESSA FUGA FOI TUDO UM PLANO SEU E AGORA VOCÊ QUER ME ENVENENAR CONTRA MEU IRMÃO PORQUE NÃO SUPORTA QUE FIZEMOS AS PAZES-Ele chora.
Anna finge que não sabe de nada: Mas meu filho, quem tá mentindo aqui é você! Você orquestrou todo esse magnifico plano e ainda quer me culpar?
Noronha fecha os olhos: CHEGA! Eu fui idiota de acreditar em você, Éssio, agora sem mais discussões antes que eu exploda! Os dois, de volta pra casa, e Éssio, você vai voltar pro porão e mofar lá…
Éssio: Noronha não faça isso, nossa convers…
Noronha o interrompe: A conversa foi muito tocante, eu de burro cheguei a acreditar nas suas palavras, mas agora vejo quem você realmente é. Pra dentro os dois! JÁ!
Anna vai pegar a cadeira de rodas do filho que estava em um porta-malas.
Éssio chora: Mãe, fala a verdade pro Noronha! Não faz isso comigo…Por favor!
Noronha repete: CHEGA! QUERO OS DOIS CALADOS…
Éssio não consegue parar de chorar.
NO DIA SEGUINTE…
Noronha havia dormido no sofá, ele acorda todo dolorido, quando percebe que está sendo observado por Jasmine.
Jasmine, preocupada: Tá tudo bem, Noronha? É que você nunca dorme no sofá…
Noronha se levanta: Tá sim…Eu só tive uma noite estressante, e decepcionante também. A mais decepcionante da minha vida talvez.
Jasmine se senta do seu lado: Se você quiser me contar o que aconteceu, estou aqui pra ouvir…
Noronha hesita um pouco, mas acaba contando: Ontem tive uma conversa com o Éssio e nos reconciliamos.
Jasmine fica feliz: Eu esperava por esse dia há anos!
Noronha: MAS…Eu acordei no meio da noite com uns barulhos, fui lá embaixo ver o que era e flagrei minha mãe e o Éssio tentando fugir, ela tinha dopado todo mundo com algum remédio naquele suco, deu um jeito de conseguir a chave do escritório e roubou um dinheiro que eu tinha lá…E tudo foi ideia do Éssio, o mesmo que tinha me pedido “desculpas” umas horas antes. Eu confiei nele, Jasmine, e fui enganado. Eu, Noronha Dávila, levei um golpe, e dos fortes…
Jasmine, barbarizada: Eu sei que vai duvidar de mim mas acho que o Éssio não fez nada disso, porque enquanto estávamos no porão ele disse que iria te pedir perdão, creio que tudo foi planejado pela Anna, ela sim pode ter tido a maldade de fazer isso.
Noronha, melancólico: O Éssio tava acordado no carro, ele sabia de tudo, Jasmine, só pediu perdão pra me fazer de idiota e disfarçar mais ainda…Ele te enganou também, deve estar decepcionada com o seu grande amor…
Jasmine fica sem graça: Noronha, eu…
Noronha ri: Não tente disfarçar, eu sei que gosta dele, mas é melhor se desiludir porque o Éssio não é boa pessoa…E com uma má pessoa você já se casou.
Jasmine não responde nada.
Noronha continua: Nessa minha noite mal dormida eu pensei bem e acho que já é hora de você e do Caio irem morar com a Josélia na fazenda…Lá vocês vão estar mais seguros, terão mais amor…Sitio não é bem o lugar de tipo que você gosta, mas é provisório porque logo mando vocês de volta pro Rio.
Jasmine se surpreende.
Noronha a olha: O Rio de Janeiro, lugar de onde você nunca quis sair, lembra? Pois bem, em breve mando vocês pra lá, longe de mim você ficará mais feliz.
Jasmine: Não fala assim, eu te amei por muito tempo e você sabe disso…
Noronha: Pior que eu sei mesmo! É por isso que vou te mandar pra longe de mim, porque querendo ou não eu te faço muito mal e não sou um bom marido, nunca fui. Que tipo de homem tenta jogar a mulher do alto de um helicóptero ou de um monte? Ah, eu não sei onde estava com a cabeça quando fiz isso, mas certamente não é algo que se faça com ninguém- Ele pega em sua mão- Se ainda for tempo, acho que é hora de eu te pedir desculpas, e espero que aceitei porque apesar de eu te maltratar, gosto muito de você, Jasmine. Você é linda, sensível…Merece outra pessoa, boa de preferência.
Jasmine abaixa a cabeça.
Noronha: Você tem que começar uma nova vida e esquecer a que a gente viveu, toda a angustia e as mágoas que teve de mim, pode jogar fora! Me esquece pro seu bem, eu nunca te fiz sentir mulher o suficiente tanto que você fugiu pro meu irmão, mas ele também não é “ do bem”, então isso mostra que é hora de você ir, e outra que não quero prejudicar o Caio em nenhum aspecto.
Jasmine: Noronha eu sabia que você se importava comigo, eu também gosto muito de você, mas não vou esquecer nada do que vivemos, nem os momentos ruins e nem os bons! Porque apesar de tudo que já tentou contra mim…Eu não consigo deixar de te amar. Só que agora outro tipo de amor, já que não somos mais casal…Mas te amo muito, tanto que nunca te abandonei e nunca vou te abandonar, eu volto pro Rio sim…E qualquer coisa que precisar, pode contar comigo…Amigos?
Noronha estende a mão: Amigos sim. E eu sou muito grato por nunca ter desistido de mim…Você é uma mulher de ouro, Jasmine- Eles se abraçam.
Na hora do café da manhã…
Anna prepara algo com Ema, quando Noronha chega, já revigorado, provavelmente havia tomado banho.
Anna gela ao vê-lo: Eu preciso falar com você…Sobre ontem a noite…
Noronha: O que aconteceu ontem?
Anna: Você sabe, a fug…
Noronha, irritado: Não sei de nada. Apagou tudo da minha memória, continue o serviço sem se dirigir a mim, por favor.
Bruno aparece: Noronha, queria saber se posso ir visitar uma pessoa hoje.
Noronha: Claro que pode, mas antes você vai fazer um favor pra mim! Vamos até o escritório…
Anna, pra si mesma: Preciso arrumar um jeito de fugir com o Éssinho, ou pedir socorro.
No escritório…
Bruno: Essa noite eu dormi como um urso! E acordei do mesmo jeito que dormi…
Noronha abre uma gaveta e pega alguns papéis: Eu posso imaginar o porque…Bom, aqui está o que eu quero que leve pra delegacia, nem pergunte o que é, apenas leve pro delegado, não precisa se identificar e nem falar meu nome. Se quiser dar pra outra pessoa levar, o importante é que chegue na mão das autoridades…
Bruno os analisa: Certo, são do Coronel Bravejo?
Noronha confirma: São sim, agora leve eles e vá com o carro mais leve porque irei buscar a Aurora e a mãe dela com o outro, elas vem morar aqui…
Bruno, alegre: Finalmente! Mas e a Jasmine?
Noronha se senta em sua poltrona: Apenas leve esse papel, Bruno, depois conversamos um pouco mais.
Bruno acata e sai.
Noronha fica refletindo um pouco: Éssio Dávila e Anna Maria Dávila…
Em frente a delegacia/ Um pouco depois…
Bruno avista um menino: Ei, garoto, quer ganhar uma paçoca- Ele tira o doce do bolso- Tá meia amassada mas o gosto é o mesmo…
O menino de rua vira-se pra ir embora, mas ele impede.
Bruno aumenta a oferta: Duas paçocas e um milk-shake naquela lanchonete da esquina, e nada mais que isso!
O menino aceita: Tudo bem, mas o que eu devo fazer?
Bruno mostra os papéis: Apenas entregue isso pra o delegado, não mencione qualquer nome, entregue e saia correndo que estarei na lanchonete com o seu prêmio…
O menino fica desconfiado: E se eu chegar e você tiver sumido?
Bruno lhe dá uma paçoca: Aqui está uma parte adiantada, te dou minha palavra de escoteiro que estarei na lanchonete. E palavra de escoteiro vale muito!
Ele pega o doce e entra na delegacia.
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Sala do Delegado/ Manhã.
Ele discute com outros policiais.
Delegado Godofredo: O menino veio correndo e me entregou isso, depois saiu sem se identificar, mas posso concluir que são documentos oficiais da prefeitura, e mostram claramente que o Coronel Bravejo roubava uma parte do dinheiro publico e desviava para sua conta no exterior! Aposto que um dos rivais do Coronel achou esses papéis e mandou o garoto trazer!
Policial: E agora, o que faremos?
Godofredo: Já analisei os papéis e finalmente posso dizer que é a maior prova que temos contra o Coronel, vamos até a prefeitura com um mandato, pra tentar achar mais papéis como esse- Ele pensa um pouco- Aliás, acho que já podemos dar voz de prisão ao Coronel Bravejo com esses três que temos em mãos.
Os policias se animam.
Godofredo, determinado: É isso, com essas provas de roubo podemos prender o Coronel Bravejo, e faremos isso agora!
Casa de Jurema/ Exterior/ Manhã.
Bruno desce do carro e acaba batendo a cabeça ao sair: Que raiva…Aquele menino explorador pediu o milk-shake mais caro, nem consegui comprar flores decentes pra Betânia.
Na cozinha…
Betânia toma café: Desisti de decifrar esses enigmas do Porco Man, prefiro trabalhar no seu mercado que eu ganho mais, literalmente…
Jurema lê novamente o bilhete: Bom, o animal que ele mais gostava era o porco, e o que ele mais gostava de fazer era cuidar dos porcos, ou seria ler?
A campainha toca.
Betânia vai atender. É Bruno, que está todo perfumado e com um buquê nas mãos.
Betânia debocha: Mas que perfume é esse? Jesus, tá na hora de você conhecer as fragrâncias importadas porque as nacionais não combinam com seu tipo de pele!
Jurema vai até a porta: Quem é qu…Bruninho, quanto tempo” Vamos entrando, acabei de fazer um bolo ligado e sei que você adora!
Bruno esquece Betânia e entra: Nossa, você sempre adivinha quando venho te visitar e faz esse magnifico bolo, estava com saudades das suas receitas!- Ele se senta na mesa.
Jurema tira o bolo do forno: E posso saber o motivo de tamanha visita?
Bruno conta: Eu vim fazer um convite pra minha amada Betânia…- Ele sorri.
Jurema se surpreende: Nossa, alguém ama a Betânia, que milagre…
Bruno: E queria saber se a Betty não quer namorar comigo?- Revela.
Betânia fica sem resposta, Jurema cai na gargalhada.
Casa de Noronha/ Dia.
Noronha conversa com Ema, Anna escuta tudo.
Noronha instrui: Faça um almoço bem gostoso e completo, a Aurora e a Marinez vão vir morar conosco e merecem ser bem recebidas, tá ouvindo?
Ema anota: Já sei qual será o cardápio, pode deixar!
Noronha pega a chave do carro: Irei buscar elas agora, e se o Caio vier pedir lanche pode dar porque ele não tem aula hoje e não quis fazer o desjejum- Ele vai saindo quando Ema resolve falar algo.
Ema, receosa: E o Éssio? Digo, ele não irá tomar café da manhã hoje? Você não mandou eu preparar nada…
Noronha, frio: Ele não vai comer hoje- E pega as chaves do porão- A Anna conseguiu pegar essa e fazer uma cópia bem debaixo dos nossos olhos, temos que ficar mais atentos com ela…Mas logo tanto minha mãe quanto o Éssio vão sair daqui, pra sempre- Ele sai.
Anna fica preocupada com o que escuta, e sai pro jardim.
Logo, o detetive Américo aparece, apressado.
Américo olha no relógio: Meu Deus, eu nunca dormi tanto assim, que falta de responsabilidade a minha, não sei de onde surgiu tanto sono!
Ema ri: Acho que isso aconteceu com todos aqui…
Américo, nervoso: Cadê o senhor Noronha? Fiquei de contar uma coisa importante pra ele…
Ema avisa: Acabou de sair, foi buscar as novas moradoras dessa casa! Quer comer alguma coisa, detetive? Eu tô preocupada com seu rosto, tá apático demais…
Américo: Só um suco, e vou ficar esperando no meu quarto, onde estou protegido do mal e de certas pessoas…- Ele sai correndo.
Minutos depois…
Ema termina de preparar o suco de laranja do detetive: Pronto, agora é só levar e…- O telefone toca.
Anna aparece no mesmo instante.
Ema, apressada: Tava aonde? Você também trabalha aqui e não pode ficar devaneando como que se não tivesse nada pra fazer!
Anna está aérea: A minha vida anda muito complicada, eu já não me importo mais com nada…- Fala, distante.
Ema, irritada: Trate de se importar e pare de tentar ir visitar o seu filho, o Noronha me contou do caso da chave! Você anda muito arisca e se finge de desligada…Entendo o seu jogo- Anna não responde nada- Mas leva logo o suco pro detetive, ele não gosta muito de você mas é o único jeito porque tenho de atender o telefone e depois começar a preparar o almoço- Ela entrega a bandeja com o copo de suco e sai, limpando as mãos no guardanapo.
Anna olha para o suco: Hora de eliminar esse maldito detetive, ele anda me atazanando demais e tá mexendo onde não deve…Entrou no meu caminho, pediu pra morrer- Ela tira o remédio do bolso e o coloca todo no copo- Dose grande, pra ele dormir e nunca mais acordar!- Ela ri maldosamente.
Termina o capítulo 68.