Capítulo 63 – Realeza

SEXAGÉSIMO TERCEIRO CAPÍTULO

Cena 1- Cartório- Dia.

Frederico deixa Leonardo arrasado.

Frederico: Eu acho que não entendi direito, Antonella. Você está dizendo que eu vou ser pai? – Ele diz sem acreditar.
Antonella: Sim. Você vai ser pai, eu estou grávida, Fred. – Ela fala com as mãos na barriga. – Já estou de dois meses.
Frederico: Você não podia me dar notícia melhor. – Ele corre até ela e a abraça. – Você está esperando um filho meu. – Ele beija a barriga dela.
Leonardo: Que palhaçada é essa? Você vai se casar comigo, Frederico. É para isso que estamos aqui.
Frederico: Na verdade, eu não iria me casar com você. – Leonardo fica boquiaberto. – Estava prestes a dizer um não quando o seu pai chegou.
Leonardo: Como é que é? Você teria a coragem de fazer isso comigo? – Ele pergunta chocado. – E o amor que existia entre nós?
Frederico: Nunca existiu amor entre nós, Leonardo. – Ele é enfático. – Ao menos não da minha parte. Tudo que eu vivi com você, foi por puro interesse, mas agora o seu dinheiro não me interessa mais.
Leonardo: Eu não posso acreditar numa coisa dessas. – Lágrimas escorrem o seu rosto. – Então o Cléber e a minha mãe estavam certos esse tempo todo? Você não vale nada.
Frederico: Nunca te disse que valia. – Ele fala em tom de voz sério. – Mas agora é esquecer tudo que aconteceu entre nós.
Leonardo: E essa daí? Você tava comendo ela enquanto estava comigo? – Frederico faz que sim com a cabeça.
Frederico: Agora que tudo já está esclarecido, vou indo nessa. Até um dia, Léo.
Leonardo: Você matou o meu pai, você é um assassino, e eu irei te entregar para a polícia.
Frederico: Para de drama. Eu fiz um favor imenso para você, que nunca gostou do seu pai. E mais, todos aqui são testemunhas de que tudo foi feito em legitima defesa.
Leonardo: Isso não vai ficar assim, Frederico, não vai. Você acabou comigo, e eu não vou deixar isso barato. – Ele chora.
Frederico: Desculpa dizer, mas você deveria ter sido mais esperto. – Ele vai embora com Antonella.
Luciana: Calma, filho, calma. Foi melhor assim. Antes tarde do que nunca.
Leonardo: Olha só o que me aconteceu, mãe. E tudo isso porque eu fui burro, burro. – Ele chora.
Luciana: Olha pelo lado bom, pelo menos o seu pai nunca mais irá atormentar as nossas vidas. E nem precisamos mover uma palha para que isso acontecesse. Tudo foi feito pelo calhorda do Frederico.
Leonardo: Ai, que dor. Eu não acredito que isso está acontecendo, não acredito.

Cena 2- Casa de Regina- Dia.
Regina fala para Jonathan sobre a conversa que teve com Maria Letícia.

Regina: Ontem a Maria Letícia veio chamar a minha atenção sobre o seu envolvimento com Maria Luiza. Você foi demitido do clube e não me disse nada?
Jonathan: Não te disse porque a Malu garantiu que conseguiria fazer com que eu fosse readmitido. E não se preocupe pois já voltei ao batente.
Regina: Como se Maria Letícia disse com todas as letras que só iria te readmitir caso você rompesse o seu relacionamento com a filha dela? Creio que você ainda não tenha feito isso.
Jonathan: Claro que não, e nem foi preciso. A Maria Letícia se esqueceu que não é a única dona do Realeza, a Marisa também está no comando.
Regina: Então levante as suas mãos ao céu e agradeça, pois isso foi obra do Criador. Jonathan, Jonathan, você não sabe com quem está se metendo.
Jonathan: Pode ficar tranquila, mãe. A Maria Letícia não tem mais como ameaçar o meu trabalho, pois a Marisa sabe que sou muito competente.
Regina: Quando aquela mulher se invoca com alguma coisa… ninguém pode com ela. A bicha é capaz de mover céus e terra para conseguir o que quer.
Jonathan: Para te falar a verdade, nem sei porque ela está tão preocupada com o nosso namoro. A Maria Letícia expulsou a Malu de casa, ela tá morando com a tia dela agora.
Regina: Hm! Por isso que não a vi ontem. Sabia que aquela gritaria toda não seria em vão. Mas por que foi que ela a expulsou de lá?
Jonathan: A Malu acabou caindo numa cilada, que afetou a mãe dela de alguma forma. – Ele tenta falar o mínimo possível.
Regina: Entendi. Mas mesmo assim, recomendo que fique bem longe de Maria Luiza, para o seu bem.
Jonathan: Desculpa, mãe, mas não tem como eu fazer isso. Eu tanto quis que ela me perdoasse, e agora que tenho ela novamente ao meu lado… não posso dar uma mancada dessas com a garota.

Cena 3- Casa de Maria José- Dia.
Maria José lê no jornal que a SDP irá voltar. Ela fala para Bartolomeu sobre Maria Letícia.

Maria José: Mas esse povo é mesmo muito otário. – Ela fala indignada, lendo o jornal. – Não posso acreditar que aderiram a volta de Maria Letícia ao clube Realeza. E aceitaram isso numa boa, mesmo sabendo que ela é uma fingida e mentirosa.
Bartolomeu: Nossa, nunca pensei que você fosse capaz de guardar tanto ódio dentro desse seu coração.
Maria José: É que essa mulher se encaixa na exceção. – Ela joga o jornal longe. – Só ela consegue me tirar do sério.
Bartolomeu: Cuidado, porque ódio em excesso não faz bem. – Ele alerta. – Agora, quem é essa tal Maria Letícia? Por que a odeia tanto?
Maria José: Porque ela é falsa, mentirosa, uma vadia. – Visivelmente irritada. – Tenho nojo dela. – Ela respira fundo. – Maria Letícia é o nome da mulher que me mandou para bem longe de São Paulo dentro daquela caixa.
Bartolomeu: Sério? E como é que você sabe disso? Você foi desacordada, e não tem como afirmar nada.
Maria José: Não preciso de prova alguma, Bartolomeu. Se tem alguém que me odeia neste mundo, é ela. E olha que ninguém tem mais motivo do que ela para ter feito isso comigo.
Bartolomeu: E o que é que ela queria em ter você longe?
Maria José: Ela queria me tirar da jogada maléfica dela. Pega o jornal e veja você mesmo. – Ele a obedece. – Comigo fora do caminho, ela conseguiu enganar a todos novamente. E se apoderou de vez do clube, que foi herdado por mim.
Bartolomeu: Maria Letícia mostra que voltou cheia de gás. – Ele lê no jornal. – A “rainha” da sociedade paulistana anunciou ontem a volta do tão aclamado grupo SDP (Sociedade de Damas Paulistas), e ainda fez questão de deixar bem claro que ainda hoje realizará a primeira reunião depois de algum tempo afastada, por escândalos que mudaram a sua vida.
Maria José: Viu só? Ela voltou com tudo, e já está ganhando espaço na mídia novamente. As pessoas não têm mesmo vergonha na cara.
Bartolomeu: E o que é que esse grupo faz?
Maria José: Parece que ele arrecada doações para causas sociais. Mas vindo de Maria Letícia, é de se desconfiar tamanha generosidade.
Bartolomeu: Você acha que ela deve estar enganando os doadores?
Maria José: Certamente. Ela não é boa, nunca foi, nem nunca vai ser. Eu conheço bem aquela cascavel.
Bartolomeu: É, não sei nem o que te dizer. Até porque eu nem conheço essa tal Maria Letícia. Mas pelo que você disse, ela não deve valer o que come.
Maria José: E não vale mesmo. Mas deixa estar, ela que se prepare. Estou na área, e não demorará muito para que ela apronte algo e eu a pegue com a boca na botija. Aquela vadia não perde por esperar.

Cena 4- Cobertura de Marisa- Dia.
Marisa e Melissa discutem por causa de Celso. Maria Luiza fala que ele não mudou nada.

Marisa: Enfim acordou a margarida. – Ela fala ao ver Melissa. – Como é que o Ivan está?
Melissa: Quando sai do hospital, ele estava bem. – Ela se senta no sofá, com cara de sono. – E mesmo depois de um susto que ele me deu, não consegui superar o pesadelo que vivi horas antes.
Marisa: Por acaso você está falando sobre o meu relacionamento com o Celso? Pois saiba você que para falar mal dele, terá que provar o que está dizendo.
Melissa: Eu não preciso provar nada. Até um cego consegue saber o canalha que ele é, só de escutar a respiração dele.
Marisa: O que você está dizendo? Ah, Melissa, vá catar coquinho. – Ela fala com raiva. – Todos nós mudamos com o tempo, por que o Celso é o único que não pode?
Melissa: Tudo bem que todos nós mudamos com o tempo. Mas há aqueles que mudam para o bem e aqueles que mudam para o mal. No caso do seu namoradinho, ele mudou para extremamente mal. O desgraçado consegue te enganar com um simples sorriso.
Marisa: Olha, eu não admito que fale assim comigo. Não sou nenhuma criança, e sei muito bem me cuidar.
Melissa: Infelizmente não é o que parece. Você está aparentando ser mais indefesa e inocente do que uma criança de quatro anos.
Marisa: Chega desse assunto, chega. – Visivelmente irritada. Maria Luiza surge no local.
Maria Luiza: Nossa, dá para escutar vocês duas discutindo lá do quarto. O que é que está acontecendo aqui?
Melissa: É a minha mãe, que continua a pensar que o Celso realmente tenha mudado. Fale para ela o quanto está errada, quem sabe ela te escuta.
Marisa: Não dê ouvidos para a Melissa, Maria Luiza. O único namorado meu que ela aprovou foi o Rodolfo. Depois dele, parece que a minha filha começou a passar por um bloqueio que não aceita os meus novos relacionamentos. Ninguém presta para ela.
Melissa: Mentira a sua. Nunca lhe disse um a sobre o seu relacionamento com o Rogério.
Marisa: E justamente foi o que me decepcionou. Para você vê o porquê que eu não devo seguir os seus instintos.
Maria Luiza: Desculpa tia, mas permaneço do lado da Mel: O Celso não mudou nada.
Marisa: Gente, que implicância toda é essa? Não consigo entender vocês?
Maria Luiza: Não seja por isso. Tira você mesmo as suas próprias conclusões. Comece a analisar o Celso melhor, o encurrale e verá como ele fica tenso, com a respiração mais ofegante… características de um falso e mentiroso.
Marisa: Vocês querem saber de uma coisa? Eu vou mesmo fazer isso. Mas tenho certeza que estão erradas, pois que interesse o Celso tem em mim?
Melissa: O mesmo de sempre: o nosso dinheiro.

Cena 5- Clube Realeza- Tarde.
Maria Letícia fica feliz em fazer a reunião da SDP, e fala sobre a campanha.

Maria Letícia: Ai como é bom vê-las todas reunidas novamente, meninas. – Ela é falsa. – Estou muito contente em estar de volta.
Simone: Quando fiquei sabendo que estava de volta, não pensei duas vezes em comparecer a este evento. Mesmo não tendo votado, gostei que os sócios ficaram a favor da volta da SDP.
Maria Letícia: Muito obrigado pelo apoio, querida. Depois conversamos melhor. – Ela é fingida. – Meninas, nada mais justo que nesta volta comecemos com uma nova campanha.
Célia: Apesar do nosso último encontro não ter sido nada agradável, saiba que estou do seu lado nesta nova campanha, seja ela qual for. – Ela se faz de amiga.
Maria Letícia: Agradeço por estar do meu lado. – Ela dá um sorriso falso, e volta a discursar. – Como todas nós sabemos, a água é um bem precioso, mas que está em risco de escassez. E saibam que já me encontrei com o presidente da SABESP, que é a empresa responsável por abastecer a nossa cidade, e que tivemos uma conversa muito agradável. – As moças começam a cochichar. – Um minutinho de silêncio, por favor. Obrigada. Retomando de onde parei, creio que em uma semana consigamos levantar bastante dinheiro, para ajudar nas construções que irão nos proporcionar um volume maior de água nos reservatórios que estão secando.
Célia: Pode contar com a minha contribuição, Maria Letícia. Estamos mesmo passando por um momento muito difícil com as secas dos reservatórios. E isso não é bom para nós, já que somos ricas e economia não faz parte do nosso vocabulário.
Simone: Mas devia. Pois se economizarmos a água, ela não acabará tão rápido. – Ela fala baixinho.
Célia: Você não sabe o que diz, Simone. Nós ricos não economizamos em absolutamente nada, pois temos dinheiro para tudo. – Ela também fala em voz baixa.
Maria Letícia: Conversas paralelas à parte, irei precisar muito da contribuição de vocês. Vamos começar dois mil e quinze com chave de ouro, mostrando o porquê do nosso grupo ser tão aclamado por toda a sociedade.
Lilla: Sou nova aqui no grupo, mas já o admiro bastante. – Ela fala gritando. – E pode contar com o meu cheque, Maria Letícia. Irei doar cinquenta mil reais.
Célia: Que deselegante. – Ela passa a mão no cabelo. – Logo se vê que essa daí não tem classe. Aonde já se viu sair gritando a quantia que irá doar? Isso é coisa de pobre que quer se mostrar. – Ela cochicha com Simone.
Simone: Eu me lembro daquela moça. Não foi ela quem esteve na ceia de Maria Letícia e desmascarou a Daniele?
Célia: Hm! É a própria, a tal prostituta. Francamente, isso daqui já foi frequentado por gente melhor.

Cena 6- Mansão Sales Couto de Sá- Tarde.
Roberto reflete sobre a conversa que teve com o delegado Rogério.

Roberto: Pensa, Roberto, pensa. O que pode ter acontecido com a Dani? Quem seria capaz de fazer uma crueldade com ela?
(FLASHBACK)
Roberto: Ah, esqueci de dizer que ela saiu em busca da tia, que também se encontra desaparecida.
Rogério: Mesmo que ela a tivesse encontrado, teria ligado, ou dado algum sinal de vida. – Ele analisa o que Roberto disse. – Se bem que ela pode estar no mesmo lugar que a tia. Elas têm inimizade em comum?
Roberto: Não que eu me recorde. – Ele fala sem pensar muito. – Muito obrigado, seu delegado. – Ele se levanta. – E por favor, se qualquer notícia surgir, me ligue.
(FIM DO FLASHBACK)
Roberto: Será mesmo que estou dando o máximo de mim? Maria José e Daniele não tinham nenhuma inimizade em comum? – Ele coloca a mão no queixo. – Pera ai.
(FLASHBACK)
Maria Letícia: Eu tenho uma surpresa para Daniele. – Ela chama atenção de todos para si. – A família dela não veio, mas eu trouxe alguém especial que a conhece muito bem. – Lilla surge no salão da mansão, com trajes justíssimos e decotados.
Marcelo: Que brincadeira sem graça é esta, mãe?
Maria Letícia: Não é nenhuma brincadeira. Esta daqui é a Lilla, que mora junto com Daniele e mais duas garotas de programa. Além da tia da Dani, que segundo Lilla, é uma travesti.
Marcelo: Do que ela está falando Daniele?
Lilla: Fale a verdade Dani. – Lilla a instiga.
Marcelo: Você não disse que um parente estava muito doente, e por isso sua família não veio? – Ele grita irritado.
Maria Letícia: Parece que alguém mentiu. – Maldosa.
(FIM DO FLASHBACK)
Roberto: Mas é claro que elas têm uma inimizade em comum: Maria Letícia. Só pode ter sido ela quem sequestrou a Daniele, foi ela quem se livrou da Maria José depois de ter conseguido que ela passasse tudo para o seu nome. – Ele conclui. – Eu não posso ficar aqui parado, não sabendo que a minha filha está nas mãos de alguém que eu posso deter. – Ele sai correndo.

Cena 7- Cobertura Queiroz Galvão- Tarde.
Cléber consola Leonardo pelo seu casamento ter sido um fiasco.

Cléber: Será que eu posso conversar com você? – Ele entra no quarto de Leonardo. – Só quero falar contigo se você quiser.
Leonardo: Já que veio até aqui… – Ele enxuga as lágrimas. – Entra ai.
Cléber: Não vou te dizer que eu te avisei, pois você sabe que eu tentei abrir os seus olhos durante todo esse tempo.
Leonardo: Desculpa, Cléber. Eu estava totalmente cego de amor pelo Frederico. – Ele o abraça. – Eu fui um otário, um trouxa.
Cléber: Se xingar não vai adiantar nada, Léo. Veja pelo lado bom, você agora ficará esperto na hora de escolher um companheiro.
Leonardo: É, depois do que passei com o Frederico, ficarei desconfiado de todo rostinho bonito que vier com uma cantada irresistível para cima de mim.
Cléber: É sempre bom ficar de olhos bem abertos. – Ele aconselha. – Não estive no seu casamento, mas fiquei sabendo que foi bafônico.
Leonardo: Pois é. – Ele sorri. – Parece que quando as coisas não são para acontecer, até Deus age contra. Teve de um tudo naquele casamento… morte, briga, e até uma revelação de gravidez.
Cléber: Para você ver como são as coisas. – Ele pega na mão de Leonardo. – Eu só espero que você ainda seja muito feliz, pois você merece.
Leonardo: Desculpa por ter sido tão… idiota com você. – Ele o olha nos olhos. – Eu sei que não devia ter feito nada do que fiz contigo.
Cléber: É claro que eu te perdoo. Mas só se você me prometer que nunca mais será tão cego de amor por alguém, quer dizer, por alguém que não mereça o seu amor.
Leonardo: Eu prometo. – Ele sorri e fica bem próximo de Cléber, mas não rola nada.

Cena 8- Cobertura de Severino- Tarde.
Severino descobre que os papéis assinados por Maria José não valiam de nada. Frederico e Antonella surgem no local, e ordena que Marillu dê dinheiro para eles.

Severino: Então quer dizer que estes papéis não têm valor algum? – Ele diz com a papelada na mão. – A Mara José assinou isso tudo mas… isto não vale de nada. São apenas algumas coisas mal escritas, e sem nenhum peso legal. – Ele joga os papéis sobre a mesa. – Foi até bom analisar esses papéis, pois agora eu sei que Maria Letícia não conseguiu tomar tudo da José. E quem é que tenha feito isso daqui, apenas fez para enganar, pois essa merda não vale de nada, absolutamente nada.
Marillu: Tá ai tão concentrado, falando sozinho, que nem escutou a campainha tocando. – Ela dá um beijo na bochecha dele e vai atender a porta. – Vocês?
Frederico: Sim, somos nós. – Ele entra puxando Antonella atrás de si. – Se antes eu já queria aquele dinheiro, agora o que ainda mais.
Marillu: Você ainda não esqueceu aquela herança? Se conforme que ela será só minha, você estando casado com o Leonardo ou não. – Ela é enfática. – Aliás, não era hoje o casamento?
Frederico: Eu disse para você que não iria casar, e foi isso o que aconteceu: não me casei. E olha que nem foi preciso eu dizer não, foram os próprios acontecimentos que levaram aquele casório ao fim.
Marillu: O que foi que aconteceu?
Frederico: Não interessa. A única coisa que precisa saber é que a Antonella está grávida, esperando um filho meu, e preciso de dinheiro para sustentar esta criança. – Ele fala pegando na barriga da moça.
Marillu: Como é que é? – Ela se senta surpresa. – Você está dizendo que eu serei avó?
Severino: É isso mesmo que eu escutei ai? Meu netinho está a caminho? – Ele se junta a eles.
Antonella: Como assim seu netinho? Então… o Severino é que é o seu pai? Por essa eu não esperava.
Frederico: Eu também não esperava quando fiquei sabendo. Mãe, por favor, aja com a razão pelo menos uma vez na vida. Deixe os sentimentos de lado. Eu preciso desse dinheiro.
Marillu: O engraçado é que você dizia que não amava ninguém. Não queria saber de Daniele, Leonardo, e até deu um pé na bunda da Antonella. Agora está todo mexido com a notícia de que será papai.
Frederico: As coisas mudam, mãe. Principalmente quando há uma criança em jogo. Não há coisa melhor do que saber que você será pai, é uma coisa totalmente inexplicável.
Marillu: Para cima de mim, Frederico? Conta outra. Você não iria se sensibilizar por causa de uma criança.
Severino: Eu tenho que concordar com ele, Marillu. Quando sabemos que vamos ser pais, as coisas mudam completamente. O seu jeito de enxergar o mundo é modificado.
Frederico: Eu nunca falei tão sério em toda minha vida. Sei que é difícil acreditar em mim, mas estou sendo sincero contigo. Posso ser a pior pessoa deste mundo, mas não sou capaz de não assumir um filho. O bebê não tem nada a ver com o erro que os pais cometem, por isso o cara tem que ser muito homem para arcar com as consequências.
Antonella: Nossa, Frederico. Nunca pensei que um dia eu fosse ouvir você dizendo estas palavras.
Frederico: Só eu entendo como é difícil ser filho de um e pensar que é filho de outro. E tenho certeza que se eu não assumir esta criança, você vai encontrar alguém que assuma, e eu não posso deixar que o meu filho seja criado por outro cara. Não quero magoa-lo futuramente, assim como aconteceu comigo.
Severino: Filho, você sabe que…
Frederico: Não, você não teve culpa nenhuma. Nem sabia que tinha outro filho. – Ele abraça Severino. – Mas eu não vim para falar sobre isto.
Marillu: Como tem tanta certeza de que o filho que ela está esperando é mesmo seu? Ela pode estar fazendo contigo, o mesmo que fiz com o Carlos Henrique: te dando o golpe do baú. – Frederico fica sem reação.
Frederico: Verdade, Antonella. Como eu posso ter certeza de que esse filho que você está esperando é mesmo meu? – Antonella engole seco.
Marillu: E tem mais. Antes do seu casamento com o Leonardo, ela descobriu que vocês estavam juntos. Ela pode muito bem ter inventado esta história de gravidez para separar vocês dois. – Frederico cruza os braços, esperando que Antonella diga algo.

Cena 9- Restaurante- Tarde.
Celso e Marisa conversam. Ela procura saber se o rapaz mudou realmente.

Celso: Adorei o seu convite para almoçarmos juntos. Estava sentindo falta desse romantismo todo. – Ele é fingido.
Marisa: É que eu preciso ter uma conversa definitiva com você, e não queria que a Maria Luiza e a Melissa interferissem o nosso papo.
Celso: Sou todo ouvidos, pode falar que eu te escuto com todo prazer.
Marisa: Você me disse que havia se afastado de Maria Letícia, que ela passou a perna em você e tudo o mais.
Celso: Nem me fale sobre aquela desgraçada. Quero mais que ela morra dolorosamente, da pior maneira possível. – Ele fala cheio de ódio.
Marisa: E é ai que está o problema. Você fala dela com tanto ódio, que quer vê-la morta e o diabo a quatro, mas não fez nada para revidar o que a miserável te fez. Você a conhece melhor do que ninguém, Celso, e é o único que pode entrega-la a polícia, porém, não o faz. – Ele começa a respirar ofegantemente, e ela percebe. – Será mesmo que o que você sentia por ela acabou?
Celso: Não tenha dúvida disso. Para mim a Maria Letícia está morta e enterrada. Não quero saber dela nunca mais.
Marisa: E por que você não a entrega? Por que não acaba com isso de uma vez por todas?
Celso: Porque, porque… eu não sou igual a ela. – Ele mente. – Quero mostrar que mudei realmente, e para isso não posso me igualar àquele ser horrível.
Marisa: Desculpa, mas esta não era a resposta que eu queria ouvir, e tenho certeza que não é isso o que quer. Pois se sente tanto ódio dela, não pensaria duas vezes na hora de entrega-la a polícia.
Celso: Talvez eu tenha me tornado um fraco depois que mudei radicalmente. Mas essa é a mais pura verdade, Marisa, acredite em mim. Estou sendo sincero contigo.
Marisa: Estou de dando um voto de confiança, Celso, mas se eu descobrir… você pode ter certeza que não acabarei somente com você, como também com a Maria Letícia.
Celso: Fica despreocupada, eu não tenho nada com aquela mulher. O que estamos vivendo não faz parte de nenhum golpe, eu te amo de verdade.
Marisa: Assim espero, assim espero.

Cena 10- Hospital- Tarde.
Melissa conversa com Ivan, que não cansa de lhe agradecer. Rola um beijo entre eles.

Ivan: Olha só como são as coisas: ontem o meu pai estava aqui ao meu lado, hoje ele nem ligou para saber como eu estava.
Melissa: Não seja precipitado, Ivan. Fui eu quem ligou para o seu pai e o informou que passaria aqui para te visitar. Por isso foi que ele não veio, e como você sabe ele é advogado.
Ivan: É, eu sei que uma profissão muito exaustiva, mas não estou reclamando. Se ele não quisesse saber de mim, eu o entenderia, pois não fui um bom filho.
Melissa: Mas nunca é tarde para recomeçar. Não acha que já está na hora de fazer uma mudança radical nessa sua vida?
Ivan: Acho sim. E estou disposto a me transformar. Quero me internar em uma clínica de reabilitação, e tentar ser uma pessoa melhor.
Melissa: Que legal, Ivan. É muito importante ter força de vontade para se internar em uma clínica de reabilitação. Isto já é um grande passo.
Ivan: Depois de ter sentido a morte passar por debaixo do meu nariz, isso é o mínimo que eu devia fazer. Será que posso contar com você mais uma vez?
Melissa: Claro que pode. – Ela está super contente. – Conte comigo para o que der e vier, a partir de agora estarei sempre ao seu lado, ok?
Ivan: Muito obrigado pelo apoio. – Eles se abraçam, e ficam bem perto um do outro. Os dois se olham intensamente ao se afastarem, eles se beijam.
Melissa: O que foi isso? – Ela pergunta ao se afastar.
Ivan: Um beijo apaixonante e encantador. – Ele segura as mãos dela. – Acho que estou fissurado por você, Melissa.
Melissa: Nem sei o que te dizer. – Ela fala emocionada.
Ivan: Não diga nada, apenas me beije. – Ela o beija novamente.

Cena 11- Apartamento de Lilla- Noite.
Rafael pergunta qual foi o envolvimento de Lilla com o caso de Maria José.

Rafael: Eu sou mesmo muito otário, viu? – Ele está suado. – Não consigo resistir a você nunca.
Lilla: O que você pode fazer se eu sou gostosa? Tem mais é que comer mesmo, sem dó. – Ela o beija.
Rafael: Sai, Lilla, sai. – Ele é grosseiro. – Eu estou com nojo de mim mesmo. Quando chegar em casa, vou passar álcool anticéptico no meu corpo.
Lilla: Larga a mão de ser turrão e fresco. Admita que eu ainda mexo com os seus sentimentos, confessa.
Rafael: Não. Eu não sinto amor por você, Lilla. Toda aquela paixão se foi quando você partiu daquela vez. Agora eu só tenho desejo.
Lilla: Você sabe que eu faço sexo como ninguém. – Ela se gaba. – Por isso é que não consegue resistir a esse corpão aqui.
Rafael: Eu estou te dizendo tudo isso e você ainda se orgulha? Cai na real, Lilla. Não estou apaixonado por você, meu lance contigo é só sexo.
Lilla: Fico feliz em saber que te satisfaço em alguma coisa. Com o tempo isso vai se expandindo.
Rafael: Nunca vai se expandir, pois agora eu sei o tipo de mulher que você é. – Ele se levanta. – Você é interesseira, fingida. E saiba que eu já estou por dentro do que aprontou com a José.
Lilla: Que mentira inventaram desta vez? Oh povinho recalcado, não pode ver ninguém feliz.
Rafael: Não é mentira nenhuma, Lilla. Eu só quero saber qual foi o seu papel nessa sujeira toda, pois sei que ajudou a Maria Letícia… quero saber apenas em que.
Lilla: Se eu te contar, você promete que vai vim me ver todas as noites?
Rafael: Não vou te prometer o que não posso cumprir. Agora anda, desembucha.
Lilla: Eu distraí aquele povo tolo da mansão, enquanto o Pierre fazia a travesti assinar os papéis passando tudo para a Maria Letícia.
Rafael: Dá até dó da José. Abriu a porta da casa dela para você pela segunda vez, e novamente você aprontou com ela.
Lilla: E das duas vezes eu fui muito bem paga, e é o que importa.
Rafael: Esse é o seu problema, Lilla. Enquanto o dinheiro for mais importante do que a amizade e o amor, você nunca será feliz ao lado de alguém. – Ele pega sua roupa e começa a se vestir.
Lilla: Pra onde é que você está indo? Rafael, você não vai me abandonar, vai?
Rafael: Como posso te abandonar se eu nunca estive contigo? – Ele calça o tênis e vai embora.

Cena 12- Mansão Corte Real- Noite.
Roberto ameaça Maria Letícia.

Maria Letícia: Leve esses cachorros para longe daqui, Pierre. Deixa eu me divertir um pouco agora. – Daniele está pelada, amarrada em uma madeira, como os escravos quando apanhavam de seus senhores.
Pierre: Tudo bem, madame. – Ele sai com os cachorros, que estão encoleirados.
Maria Letícia: Vamos nos divertir um pouco? – Ela dá uma chicotada nas costas de Daniele, que geme de dor. – Doeu? Engraçado, não senti nada. – Ela dá várias chicotadas nela. – Grita infeliz, grita.
Daniele: Maria Letícia… – Ela sua muito. – Para com isso, por favor.
Maria Letícia: Implora mais. – Ela continua a chicotear a moça. – Eu só paro se você me pedir direito, vai.
Daniele: Eu não… consigo. – Ela está aparentemente fraca, sem força alguma para falar. – Eu te suplico, para.
Maria Letícia: Não estou te escutando. – Ela grita. – Fala mais alto.
Pierre: Madame, a senhora vai ter que deixar esta cessão tortura para depois. – Ele segura as coleiras dos cachorros com dificuldade.
Maria Letícia: O que foi desta vez, Pierre? Espero que você tenha uma desculpa muito boa para ter interrompido a morte dessa garota.
Pierre: O seu Roberto está lá fora, completamente ensandecido. Ele quer muito falar com a rainha.
Maria Letícia: Salva pelo gongo. – Ela diz para Daniele. – Amarra esses cachorros em um canto, e veste essa vagabunda. – Ela sai em direção ao jardim. Maria Letícia avista Roberto no portão. – O que é que você quer comigo? – Ela pergunta se aproximando. – Diga logo, pois não irei abrir o portão… estou muito ocupada.
Roberto: Até imagino o que esteja tomando o seu tempo. – Maria Letícia o encara. – Eu tenho certeza que foi você quem sequestrou a minha filha.
Maria Letícia: Faça-me o favor, eu tenho mais o eu fazer. Tenha uma boa noite. – Ela dá de costas.
Roberto: Se você não disser a verdade, saiba que irei imediatamente à polícia. – Maria Letícia para de andar. – Você sabe que eu posso muito bem te queimar, não somente com o sequestro da Daniele, mas também com a morte da Denise. – Maria Letícia caminha até ele novamente.
Maria Letícia: Você não terá coragem de abrir a sua boca suja para falar sobre a morte da Denise, pois está envolvido nisso até o pescoço.
Roberto: Admito que mandei fazer o trabalho sujo. Mas quem matou ela, foi você. – Maria Letícia engole seco.

CONTINUA…

Rodrigo Gomes