Capítulo 62 – Realeza

SEXAGÉSIMO SEGUNDO CAPÍTULO

Cena 1- Rua- Tarde.

A ambulância chega, e Ivan é levado para o hospital às pressas. Melissa liga para a mãe e pede para que ela avise Severino sobre o ocorrido.

Melissa: Graças a Deus a emergência chegou. – Ela fala ao avistar a ambulância. Há uma roda de pessoas envolta dela. – Ai meu Senhor, que coisa! – Os paramédicos abrem caminho entre a multidão. Melissa se levanta. – Preciso avisar o pai dele. – Ela disca o número da mãe no celular. – Alô, mãe?
Marisa (Ao celular): Ah, pensei que não daria o braço a torcer tão cedo. Aonde é que você tá?
Melissa (Ao celular): Mãe, eu só estou te ligando porque não sei o número do Severino. Tem como a senhora ligar para ele?
Marisa: (Ao celular): Ligar para ele? Por quê? – Ela estranha.
Melissa (Ao celular): É que eu encontrei o Ivan, e ele teve uma overdose. Liga para ele, e depois você envia o número dele por mensagem… estou indo com ele para o hospital, e quando souber aonde estamos eu falo com ele.
Marisa (Ao celular): Tudo bem. Vou deligar para ligar logo para ele. Tá, fica com Deus.
Melissa: Calma, eu irei acompanha-lo. – Ela diz, entrando na ambulância. – Espero que tudo fique bem. – Ela aperta a mão do rapaz.

Cena 2- Cobertura de Severino- Tarde.
Marillu relembra a discussão que teve com Frederico.

Marillu: Por que você foi tão cruel comigo? Eu só fiz tudo aquilo para o seu bem. – Ela fala para si mesma, triste.
(FLASHBACK)
Marillu: Com que direito você vem aqui e fala neste tom comigo? Eu sou sua mãe, Frederico, e não admito que fale assim.
Frederico: Você não tem que admitir nada, não tem moral para cobrar nada de mim. E saiba que eu não deixarei que você fique com todo o dinheiro que abocanhou do Carlos Henrique.
Marillu: Você vai se casar com um veado rico, e ainda vem até aqui para me cobrar dinheiro? Eu preciso mais dele do que você.
Frederico: Nada disso. Agora eu tenho a minha fonte de dinheiro, não preciso golpear ninguém. Estou disposto a deixar o meu casamento com o Leonardo de lado para pegar parte da herança.
Marillu: Eu criei um monstro. Você só vai fazer isso para arruinar a minha vida, não é?
Frederico: Estou apenas estragando os seus planos, pois entendi o que você sempre quis. Queria que eu me casasse o quanto antes, para poder deixar o caminho livre… assim você poderia fugir para qualquer lugar com todo o dinheiro do Carlos Henrique, e sumiria para sempre.
(FIM DO FLASHBACK)
Marillu: E pensar que eu achava que toda essa tormenta iria acabar com a prisão do Carlos Henrique, mas tudo está se repetindo novamente. Ao menos espero que desta vez ele mofe no xilindró.
(FLASHBACK)
Rogério: Larga a moça, seu canalha. – Ele grita e Carlos Henrique se assusta. – Quietinho se não eu atiro.
Carlos Henrique: Você não foi capaz de fazer isso comigo novamente, Marillu. – Ele fala sem acreditar, com as mãos para o alto. – Pois saiba que quando eu sair, não terei dó em matar você.
Marillu: Isto é, se você sair de lá algum dia. – Ela caçoa da cara dele. – Agora a polícia vai ficar esperta com você, queridinho. Por mais que você morra de verdade, será enterrado lá mesmo.
Rogério: Vira de costas. – Ele ordena, algemando Carlos. – Fim do jogo, Carlos Henrique Garcia de Albuquerque.
Carlos Henrique: Isso não vai ficar assim, Marillu, não vai. – Ela acena feliz. – Sorria enquanto pode.
(FIM DO FLASHBACK)
Marillu: Ele disse as mesmas coisas quando foi preso pela primeira vez. – Ela fica nervosa. – Será que ele conseguirá escapulir novamente?
(FLASHBACK)
Carlos Henrique: Pois fique sabendo que você não vai ficar com a minha empresa. – Ele grita ao ser levado por um policial. – Eu consegui vender ela, antes que você me passasse a perna.
Frederico: Do que é que ele está falando mãe? – Ele pergunta em tom de voz baixo.
Marillu: Ele está completamente surtado, meu filho, completamente surtado.
Carlos Henrique: Isso não vai ficar assim, Marillu, não vai. – Ela fica com medo. – Sorria enquanto pode.
(FIM DO FLASHBACK)
(FLASHBACK)
Policial: O seu marido morreu, minha senhora. Ele foi internado ontem à noite com suspeita de envenenamento, e hoje foi confirmado tudo. Meus pêsames.
Marillu: Como é que é? O Carlos Henrique está morto?
Frederico: O que foi que você disse, mamãe? – Ele desce a escada. – O meu pai morreu?
(FIM DO FLASHBACK)
Marillu: O desgraçado me enganou direitinho.
(FLASHBACK)
Carlos Henrique (Ao celular): Então quer dizer que você acreditou mesmo que eu estava morto. – Ele dá uma gargalhada.
Marillu (Ao telefone): Quem é que está falando? – Ela pergunta com a mão trêmula.
Carlos Henrique (Ao celular): Não acredito que tenha esquecido minha voz. Faz apenas cinco meses que eu morri.
Marillu (Ao telefone): Carlos Henrique? – Ela fala sem ar. – É você?
Carlos Henrique (Ao celular): Imagina, bobinha. Quem está falando é o Papa. – Ele dá um sorriso maléfico. – Só estou te ligando porque eu quero o que é meu de volta. Aquele moleque não é meu filho, você nunca me amou, então não tem motivo para ficarem com a minha herança.
Marillu (Ao telefone): Aonde é que você tá?
Carlos Henrique (Ao celular): Bem longe dessa terrinha medíocre. Estou aqui na Europa com alguns amigos.
Marillu (Ao telefone): Como foi que você… como está vivo?
Carlos Henrique (Ao celular): Eu forjei a minha morte para fugir da cadeia… quem tem amigo, tem tudo, não é?
(FIM DO FLASHBACK)
(FLASHBACK)
Marillu: Se eu devolver toda a herança dele, ficarei na ruína. Pensa, Marillu, pensa. – Ela fala seriamente. – O que eu faço? Não posso ir morar debaixo de uma ponte com o meu filho. Preciso pensar em al… claro, claro. – Ela tem uma ideia. – Irei vender todos os imóveis dele, e mandar o dinheiro dizendo que é a herança. Assim eu não preciso me desfazer da minha casa, da minha vida de luxo… é isso que eu vou fazer.
(FIM DO FLASHBACK)
Marillu: Aquela foi a pior ideia que eu tive em toda minha vida. Mas quando o desespero passou, e voltei a raciocinar… já era tarde demais.
(FLASHBACK)
Marillu: O que foi que eu fiz? Acabei de desgraçar a minha vida de uma vez por todas. – Ela chora. – O Carlos Henrique não é nenhum tolo. Ele com certeza ficará sabendo que aquela quantia é bem inferior ao da herança dele. Aquele desgraçado vai voltar para acabar comigo… e eu preciso de uma boa desculpa para que ele não me mate. – Ela chora desesperadamente, andando de um lado para o outro. – Não. Se eu fugir com toda aquela grana, ele nunca irá me achar, mas e o Fred? Como vou contar tudo isso para ele? Primeiro eu tenho que garanti o futuro do meu filho. – Ela começa a raciocinar. – Ele precisa se casar o quanto antes. Depois dele se casar, eu sumo no mundo com toda aquela dinheirama. – Ela arremessa um vaso contra a parede. – Até o Frederico se casar, eu não vou poder mexer em um centavo sequer daquela maldita herança… pois pode ser que o Carlos volte antes que o meu filho tenha se casado, e ele vai querer o dinheiro dele. – Ela fica desesperada. – E como eu irei sobreviver sem poder mexer naquela grana amaldiçoada? Ai, que merda! Me manda uma luz meu Deus, por favor. – Ela se ajoelha. – O que eu faço? Ai, porque foi que eu fui inventar aquela mentira ao Severino? Eu estaria tão bem agora se… Pera ai, o Severino. Ele pensa que é tio do Frederico, e mesmo sabendo que eu o “traí” com o irmão dele… ele tem um coração enorme, e não me deixará na mão.
(FIM DO FLASHBACK)
Marillu: É, eu não devia mesmo ter inventado tudo aquilo para o Severino. Talvez se eu tivesse ficado quieta no meu canto… nada disso teria acontecido. Oh, vida cruel. – Ela lamenta.

Cena 3- Clube Realeza- Tarde.
Marisa conversa com Jonathan e diz que ele pode voltar a trabalhar. Maria Luiza fica contente.

Marisa (Ao celular): Imagina. Qualquer coisa você me avisa. Beijo, tchau. – Ela desliga.
Maria Luiza: Nossa, que história mais triste, né? O Severino deve estar totalmente abalado com isso tudo. Bem que a Gaby falou que ele havia tentado fazê-la usar drogas.
Marisa: Ainda bem que você se afastou dele antes que fosse pelo mesmo caminho.
Maria Luiza: Eu não sou mais nenhuma criança, tia. Sem muito bem o que eu posso ou não fazer.
Marisa: Menos mal. Agora, cadê o seu namorado que não chega? Não tenho todo tempo do mundo.
Maria Luiza: Calma, daqui a pouco ele deve estar por ai.
Marisa: Se bem que você não merecia toda essa gratidão minha, já que assim como a Melissa, é contra a minha reconciliação com o Celso.
Maria Luiza: Prometo nunca mais opinar na sua vida amoroaa com aquele cana… com o Celso.
Marisa: A opinião de vocês é sempre bem-vinda, contato que vejam as coisas antes de saírem falando.
Maria Luiza: É, faz tempo que eu não vejo o Celso mesmo. Mas para mim, acho que pau que nasce torto nunca se endireita.
Marisa: Cada um com o seu conceito, não é? – Jonathan entra na sala. – Olá. Confesso que cheguei a cogitar que não viesse mais.
Jonathan: Nunca. Não posso perder este emprego por nada, é tudo o que tenho. – Ele se senta.
Maria Luiza: A minha mãe o demitiu injustamente, tia. Ele não fez nada de errado. Quer dizer, para ela, o maior erro que ele cometeu foi namorar comigo.
Marisa: Sei bem como é a sua querida mamãezinha. Ontem mesmo disse que não queria envolver assunto profissional com familiar, mas é sempre isto o que ela faz.
Maria Luiza: E então? A senhora vai readmitir o Jonathan?
Marisa: Claro que sim. – Ela aperta a mão de Jonathan em cumprimento. – Considere-se readmitido. Só não me faça se arrepender depois.
Jonathan: pode ter certeza que eu farei por onde, dona Marisa. Muito obrigado por ter me dado esta chance.
Marisa: Agradeça a Maria Luiza, que praticamente não saiu do meu pé para que eu te readmitisse.
Maria Luiza: Estou tão feliz por você, amor. – Ela fica contente.
Jonathan: Mais feliz estou eu em ter você como minha namorada. – Eles se beijam.

Cena 4- Mansão Corte Real- Tarde.
Maria Letícia conversa com Regina sobre o caso de Jonathan e Maria Luiza.

Maria Letícia: O que você tem na cabeça? – Ela pergunta ao ver Regina entrando no escritório. – Eu te pedi para que viesse rápido, não que demorasse uma eternidade.
Regina: Desculpe-me, dona Maria Letícia. É que eu estava muito ocupada fazendo o feijão. – Ela senta frente a frente com a patroa. – O que a senhora tem de tão urgente para falar comigo?
Maria Letícia: Como você sabe, eu induzi para que o Alberto contratasse os seus filhos para trabalharem no nosso clube. Pois eu estava muito grata pelo que você e seu marido haviam feito por mim e tudo o mais.
Regina: Claro que me lembro. Nunca irei me esquecer de tamanha boa ação. – Ela fala, grata.
Maria Letícia: Pois saiba que do mesmo modo que os contratei, eu posso os demitir. E adianto que o seu primogênito ainda está se envolvendo com a minha filha, e por isso fui obrigada a demiti-lo.
Regina: Por isso que ele estava estranho ontem. – Ela conclui. – Mas não me contou nada disso.
Maria Letícia: Por mais que Maria Luiza não mereça a minha preocupação, eu luto por um futuro triunfal para a minha filha. – Ela é falsa. – E já que eles não escutam ninguém, foi a única saída que achei para separá-los.
Regina: Ah, mas aquele garoto vai se ver comigo. Eu bem que avisei para ele se afastar de Maria Luiza, mas ele é teimoso como o cão.
Maria Letícia: E você, assim como eu, sabe o risco que é esta aproximação entre os dois. Eles podem acabar descobrindo tudo sobre o Kevin.
Regina: É, eu sei, e temo que isto aconteça. Por isso tentei falar com o Jonathan, mas ele não me escuta, patroa.
Maria Letícia: Você é mãe dele, seja firme. Nada do que o imponha deve ser desobedecido.
Regina: A senhora sabe como é, eles nunca nos escutam.
Maria Letícia: Eu só quero que você dê um jeito no seu filho, pois caso ele se comporte… pode até ser que eu o readmita.
Regina: Pode deixar comigo, dona Maria Letícia. – Ela se levanta. – Farei com que o Jonathan fique longe de sua filha. Com licença. – Ela sai.
Maria Letícia: Me importar com o futuro da Maria Luiza, esta foi boa. – Ela dá uma gargalhada. – Só não quero que eles fiquem juntos, pois a minha cabeça está em jogo. Para eles ficarem sabendo da existência do Kevin é rapidinho, e se ligarem os pontos… podem até chegar ao Rodolfo. Não quero nem pensar numa coisa dessas.

Cena 5- Casa de Maria José- Tarde.
Bartolomeu fala sobre o seu relacionamento com Maria José, a deixando sem jeito.

Bartolomeu: Ah, a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi conhecer a amiga de vocês. Confesso que não foi amor à primeira vista, mas depois que senti essa boca carnuda dela encostando na minha… não resisti.
Maria José: Assim você me deixa sem graça. – Ela fala sem jeito. – Devo estar toda vermelha.
Bartolomeu: Está parecendo um pimentãozinho. – Ele sorri. – Mas, o que eu posso fazer? É a verdade.
Michele: Quem diria, hein José! Logo você que se diz uma leoa, está mais parecendo uma gatinha indefesa agora. – Eles sorriem.
Gaby: Que nada. Por baixo da leoa é que há uma gatinha indefesa, mas estava dormindo durante todo esse tempo.
Maria José: Vocês duas, podem parar com isso. – Ela ordena. – Continuo a mesma guerreira de sempre e com muita garra. Não pensem que estou vulnerável só porque tô namorando.
Gaby: Se você está dizendo. Mas, brincadeiras à parte, o que você pretende fazer agora que voltou?
Bartolomeu: Verdade. Quando estávamos no Mato Grosso, você queria tanto voltar para cá… por quê? O que estava pretendendo fazer por aqui?
Maria José: É uma história longa e complexa, mas pode ter certeza que um dia eu irei lhe explicar tudo.
Michele: Muita gente está preocupada com o seu sumiço, inclusive a Daniele. Por incrível que pareça, ela até sumiu por causa e você.
Maria José: Como é que é? Ela sumiu por causa de mim? Como isso?
Michele: A Gaby que sabe direito. Foi ela quem a viu pela última vez.
Gaby: Eu também não sei de muita coisa, José. Mas a Daniele estava falando com alguém no telefone… e parece que a pessoa falou que sabia aonde você estava. Não demorou nada para a sua sobrinha ingrata sair correndo atrás de ti.
Maria José: Alguém disse que sabia aonde eu estava? Impossível. Tenho certeza que ninguém conhecido, fora vocês, me viu ainda. Aliás, quero que o meu retorno permaneça em segredo… por enquanto.
Gaby: Você não respondeu a minha pergunta: o que pretende fazer agora?
Maria José: Pretendo dar um jeito de voltar para o comando do clube, para a mansão. O Alberto deixou aquilo tudo em meu nome, e não posso desonra-lo desta forma, deixando que Maria Letícia assuma o controle de tudo.
Bartolomeu: Então eu estou namorando uma ricaça e não sabia? – Ele brinca. – Pelo jeito, você é cheia de mistérios.
Maria José: Como eu te disse, esta história toda é muito complexa. – Ela fica séria, olhando para um objeto de enfeite. – Fiquei encafifada com o que me disseram sobre a Dani. O que será que aconteceu com ela?
Michele: Isso eu não sei. Para te falar a verdade, nem sei se ela já apareceu, pois como te expliquei, não tenho mais nada com o Roberto.
Maria José: Tem algo que eu ainda não te contei, Michele. Sabe aquela história sobre possivelmente o Roberto ter matado a Denise?
Michele: Ah, sim. Nunca esquecerei daquele dia em que você me contou tudo
(FLASHBACK)
Maria José: Ah, tem outra coisa que eu preciso falar com você sobre o Roberto, Michele.
Gaby: Eu vou te esperar lá embaixo amiga, estou morrendo de sede. – Ela sai.
Maria José: Sei que eu não deveria te falar, até porque nem tenho provas para sair falando sobre isso. Mas mesmo assim, preciso compartilhar as minhas desconfianças com você.
Michele: O que foi que o Roberto aprontou, hein José? É algo grave?
Maria José: É sobre uma coisa que fiquei sabendo há algum tempo atrás. Algo bastante suspeito, e que inclusive comentei com a Daniele, antes dela se rebelar contra mim. – Michele a olha atentamente. – O Roberto pode ter matado a Denise.
(FIM DO FLASHBACK)
Michele: Me lembro até que fiquei bastante receosa ao encontrar o Roberto depois daquela nossa conversa.
Maria José: Também não era pra menos. Enfim, como eu te disse… também contei isto a Dani. E foi por isso que ela mudou comigo, ela não queria me envolver no plano de vingança dela.
(FLASHBACK)
Daniele: Espero que um dia você me entenda, e me perdoe pelo que eu fiz. – Lágrimas escorrem o seu rosto. – Pois tudo o que fiz foi por vingança, foi para vingar o nome da minha mãe. Mesmo que por uma hipótese.
Maria José: Eu não acredito que… – Ela perde as palavras. – Você fez tudo isso por causa daquilo que eu te disse.
Daniele: Pois pode acreditar. Minha mãe não merecia… ele sim. – Maria José reluta para abraça-la. – Mas ainda não acabou, é preciso que eu o faça sofrer… e confessar o que fez.
Maria José: Preciso trabalhar, tenho muita coisa para fazer ainda. Se você quiser nós podemos conversar depois. – Ela seca as lágrimas que encharcavam o seu rosto.
Daniele: Adorei te ver novamente, depois de tanto tempo. – Ela vai embora.
(FIM DO FLASHBACK)
Michele: Gente, agora tudo está fazendo sentido. Ela deve ter induzido o Roberto a expulsar a Antonella, a Célia e a Simone de casa, para que assim o seu plano de vingança fosse colocado em prática. – Ela coloca a mão no queixo. – E quando ela resolveu agir, a Gaby e eu aprecemos para estragar o plano dela. Pois no mesmo dia em que nós aparecemos lá, um pau havia caído misteriosamente na cabeça do Roberto. José, por isso ela tava tão preocupada com o seu desaparecimento… ela ainda te ama.

Cena 6- Cobertura Queiroz Galvão- Tarde.
Leonardo questiona o porquê de Frederico ter ficado tão perturbado.

Leonardo: Agora que você já está melhor, de cabeça fria… será que pode me explicar o que foi aquele ataque de nervosismo?
Frederico: Desculpa, meu amor. – Ele o beija. – Não queria magoar você. Mas é que tem tanta coisa na minha cabeça que… eu não aguentei.
Leonardo: Então você não ficou perturbado por causa daquela matéria na tevê? Pois foi isso que deu a entender.
Frederico: Não, imagina, não tem nada a ver. Quer dizer, acabei lembrando do meu pai, mas não vale a pena falarmos sobre ele.
Leonardo: Ah, não. Agora que começou, termina. – Ele implora. – Você nunca me falou sobre ele.
Frederico: Talvez porque eu não me orgulhe muito de ser filho dele. – Ele finge estar triste. – O meu pai, assim como aquele homem, também foi preso. Ele também era um grande empresário.
Leonardo Nossa, que chocante. Parece até que está falando do cara da tevê. – Ele sorri, mas Frederico permanece sério. – Continua.
Frederico: Ao contrário daquele homem, o meu pai não foi tão esperto… e acabou morrendo na cadeia. – Ele mente. – E foi por isso que fiquei revoltado, pois meu pai deveria ter sido inteligente igual aquele cara.
Leonardo: Então você queria que o seu pai tivesse conseguido escapar da prisão. Isto significa que você gostava do seu pai, e ao contrário do que disse, sentia orgulho em ser filho dele.
Frederico: Não. Estou só dizendo o que eu queria que ele tivesse feito, mas não o fez por ser fraco demais. Não me orgulho de ser filho dele por ele ter ido parar na cadeia, o que prova que ele não era um homem digno… como eu.
Leonardo: Ai, meu amor. Não fica assim. Amanhã será um dia lindo e inesquecível para nós, ok? Iremos nos casar, e não podemos levar tristeza para aquele cartório.
Frederico: Está vendo por que sou louco por você? É o único eu consegue me acalmar, quando o que eu mais quero é me suicidar. – Ele o beija.

Cena 7- Hospital- Noite.
Ivan conversa com Severino e Melissa. Marillu vai visita-lo também, mas ele não aprova a presença dela.

Severino: O que é que você tem nessa sua cabeça, hein Ivan? Parece até que gosta do perigo.
Ivan: E você foi perceber isto só agora? – Ele dá um sorriso encantador, mas com dificuldade. – O senhor sabe muito bem porque eu saí de casa.
Severino: Por besteira. E olha só o que lhe aconteceu, viu? Gostou da experiência de quase ter encontra o Todo Poderoso?
Ivan: Eu já tô bem, isso é o que importa. – Ele é birrento.
Severino: Sim, mas você deve isso a esta mocinha aqui. – Ele aponta para Melissa. – É por causa dela que você está vivo, foi ela quem te socorreu.
Ivan: Eu sei disso, pai, eu sei disso. – Ele olha para Melissa. – Não liga para o que meu pai fala não. Sou muito grato por você ter me ajudado, tá?
Melissa: Imagina, Ivan. Só fiz o que estava ao meu alcance. – Ele aperta a mão dele, em gesto de companheirismo. – Espero que você fique bem logo, e pare de usar essas porcarias.
Severino: Sou do mesmo pensamento, Mel. Você não vê que está se matando, garoto?
Ivan: Pai, por favor, sermão agora não. Quero só festejar por estar vivo.
Melissa: Não é querendo te agourar não, mas se você continuar nessa vida… a sua festa não durará por muito tempo. – Ela o aconselha.
Ivan: Deixem comigo, a partir de agora saberei me cuidar. – Ele garante.
Severino: Olha só o seu estado. Tá tão magro, sujo. Nem consigo acreditar que é mesmo o meu Ivan, parece mais um mendigo.
Ivan: Está é a consequência de vários dias sem tomar banho, e dormir na rua imunda de São Paulo. – Ele brinca. – Sem falar que eu tive que revirar alguns lixos para poder me alimentar.
Severino: Nem me fale uma coisa dessas, que já me dá um embrulho no estômago. – Ele faz cara de nojo.
Melissa: Agora eu preciso ir, gente. – Ela fala sorrindo. – Estou muito cansada, e tem alguém ai fora ansiosa para vim te ver.
Ivan: Alguém querendo me ver? Quem? – Ele estranha. – Sério que você tem mesmo que ir? Poderia ficar mais um pouco. Gostei tanto de falar contigo.
Melissa: Prometo que amanhã eu volto. – Ela dá um beijo na testa dele. – Se cuida. – Ela vai embora.
Ivan: Ela é mesmo incrível, né? Nunca imaginei que ela fosse esse amor de pessoa, quando a vi pela primeira vez.
Severino: Ela é mesmo encantadora, e surreal, já que teve a coragem de beijar esse teu rosto imundo. – Ele brinca e Ivan ri.
Marillu: Como é bom te ver sorrindo. – Ela entra no quarto. – Desde quando te conheci, você não dá uma risada tão sincera.
Ivan: O que essa mulher está fazendo aqui? Por favor, pai, tire ela daqui. Ou serei obrigado a dar um surto.
Marillu: Não faz assim comigo, Ivan. Eu te amo tanto, que você nem imagina. – Ela fala com a voz triste.
Ivan: Se você gosta mesmo de mim vá embora, é só isto o que eu te peço. Não estraga a minha recuperação, por favor.
Marillu: Tá bom, se você quer assim. – Uma lágrima escorre o seu rosto. – Melhore logo. – Ela vai embora.
Severino: Não era preciso ser tão grosseiro, não acha?
Ivan: Pai, estou numa boa com você. Não estraga essa raridade não. – Ele é grosso.

Cena 8- Praça- Noite.
Tiago fala para Célia sobre a surra que levou de Jonathan, e pede para que ela o ajude.

Tiago: Isso mesmo. O namoradinho da Maria Luiza foi até a minha boate e meu encheu de socos. Olha só como está o meu olho. – Ele fala revoltado.
Célia: Estou vendo. Nossa, coitado de você. – Ela passa a mão no rosto dele. – Aquele brutamontes não podia ter feito isso contigo.
Tiago: E não teria se você tivesse falado para a Maria Luiza que foi a sua neta quem enviou aquele vídeo para a internet.
Célia: Quer saber de uma coisa? Ela fez isso para me ajudar, você tem que considerar a atitude dela.
Tiago: Te ajudar? Como assim? Tá ficando surtada? – Ele estranha.
Célia: A Antonella só fez quilo porque sabia que te atrairia até ao asilo no dia seguinte, o dia perfeito para me tirar de lá.
Tiago: Ah, então foi assim que você ficou sabendo do fornecedor. – Ele conclui. – A sua neta ficou sabendo que iria ocorrer a entrega e armou aquilo tudo. Mas isso não justifica o que ela me fez. Agora eu posso ser processado, e você sabe disso.
Célia: Não te prometi que vou conversar com a Maria Luiza? Então, eu farei isso em breve.
Tiago: Você tem que me ajudar, uma mão lava outra. Como eu já fiz o que queria, agora chegou a sua vez de retribuir.
Célia: Pode deixar comigo. Mas se bem que… – Ela o olha de cima a baixo. – Você poderia me dar um agradozinho, não acha?
Tiago: Quer agrado maior do que ter te ajudado a fugir do asilo?
Célia: Sim, eu quero um agrado bem maior do que esse. – Ela fala passando a mão na barriga dele.

Cena 9- Mansão Sales Couto de Sá- Noite.
Antonella tripudia de Roberto, que está muito triste com tudo que lhe aconteceu.

Antonella: Não me pergunte por que eu estou aqui, pois nem eu sei o que me deu. – Ela diz ao entrar. – Talvez eu tenha vindo ver a sua decadência. Pois fiquei sabendo que aqui virou um prostíbulo, é verdade?
Roberto: Vá a merda, Antonella. Não está vendo que estou sozinho? – Ele dá uma golada em seu drinque. – Completamente sozinho.
Antonella: Não vai me dizer descobriu quem realmente é a sua filhinha. Cadê ela?
Roberto: O que acontece ou deixa de acontecer nesta casa, não é problema seu. – Ele arremessa o copo contra a parede. – Me deixe em paz, me deixe sentir a dor de se estar sozinho.
Antonella: Que papo mais dramático. É mesmo muito deprimente ver no que você se tornou, papai.
Roberto: Deprimente vai ficar a sua cara se você não sair daqui imediatamente.
Antonella: Tudo bem, eu saio. – Ela caminha até ele. – Mas admito que só vim para rir da sua cara mesmo. Não sei se você sabe, mas a mamãe e a vovó conseguiram escapar daqueles lugares horríveis que você as colocou. Agora estamos no topo, e você voltou para o chão. – Ela vai embora elegantemente.
Roberto: Que desgraça. Eu nunca pensei que diria isso, mas… confesso que aquelas três falsas estão me fazendo falta. Por mais que a Antonella, a Célia e a Simone não valessem nada… elas movimentavam este mausoléu.

Cena 10- Cobertura de Marisa- Noite.
Celso e Maria Luiza se enfrentam.

Marisa: Vou passar um cafezinho pra gente, aceitam? – Maria Luiza e Celso dizem que sim. – Ok, já volto.
Maria Luiza: E ai, Celso? Como é que você tá? – Ela o encara.
Celso: Muito bem, Maria Luiza, e você?
Maria Luiza: Acho que eu poderia estar melhor. Se a vida não fosse algo tão difícil de lidar.
Celso: Por que está dizendo isso? Por acaso está passando por algum mal estar?
Maria Luiza: Na verdade, estou dizendo isso porque tenho uma mãe que não vale o que come. – Ele engole seco. – E creio que você a conheça melhor do que eu, não é?
Celso: Eu achei que conhecia a sua mãe. Mas a verdade é que nunca a conheci realmente.
Maria Luiza: Você tanto a conheceu, que age como ela… e tudo o que fazem ou falam é na base da mentira.
Celso: O que é que você tem para tá falando assim comigo? Eu não tenho mais nada com a sua mãe, e aquele Celso que você conheceu está morto.
Maria Luiza: Será mesmo? Eu estou vendo o mesmo Celso de sempre. Aquele que engana as pessoas para conseguir o que quer. Ou vai ter a cara de pau de dizer que não está tentando enganar a tia Marisa?
Celso: Eu vou relevar o que me disse. Até porque faz um juízo errado de mim, pois ainda me vê como o antigo Celso… que era amante da sua mãe, e dizia ser irmão dela para o seu pai.
Maria Luiza: Espero que Deus tenha dó de você no juízo final, pois admito que não sei mentir tão bem como você. A sua falsidade e o seu cinismo me impressionam. – Marisa chega com três xícaras na bandeja.
Marisa: Aqui está. – Ela coloca a bandeja na mesa central. – Do que é que vocês estavam falando?
Maria Luiza: Estávamos falando sobre a atualidade, sobre como as pessoas conseguem ser tão falsas e mentirosas. Não conseguimos identifica-los mais, pois estão fazendo isso tão bem.
Marisa: Tenho que concordar, as pessoas conseguem ser mentirosas e falsas olhando dentro dos seus olhos. É impressionante uma coisa dessas. – Celso lança um olhar cheio de raiva para Maria Luiza.

Cena 11- Mansão Corte Real- Noite.
Maria Letícia conversa com Pierre.

Maria Letícia: Procure saber para onde Carlos Henrique fora levado. Preciso fazer uma visitinha a ele.
Pierre: Qual interesse a madame tem no rapaz?
Maria Letícia: Nada demais, apenas me atrai com a história de vida dele. – Ela fala cinicamente. – Percebi que ele é igual a mim, e não quero vê-lo preso sendo que ele é da mesma laia que eu.
Pierre: E aquela moça? O que a rainha fará com ela?
Maria Letícia: De amanhã ela não passa. Eu vou acabar com aquela vagabunda, ou eu não me chamo Maria Letícia.
Pierre: A madame deseja algo a mais de mim?
Maria Letícia: Fiquei sabendo que Clotilde deu o ar de sua graça novamente. Ela quer muito me entregar para a polícia, e só precisa de uma confissão minha para conseguir o que tanto almeja.
Pierre: Mas a madame nunca irá confessar o que fez, não é?
Maria Letícia: Claro que não, mas mesmo assim ela é bastante persistente, e não desistirá tão fácil. Por isso eu preciso que você fale com ela.
Pierre: Eu? Mas por quê? E como eu farei isso?
Maria Letícia: Porque foi você quem a envolveu em toda essa história. E como fará isso… somente você sabe. Dê os seus pulinhos, mordomo de araque. Só sei que eu quero ver essa mulher quietinha no canto dela.
Pierre: Tudo bem. Eu irei fazer o que a senhora está me pedindo, só preciso encontrá-la.

Cena 12- Cartório- Dia.
Frederico é interrompido com a chegada de Riginaldo, que os ameaça.

Juiz: Leonardo Queiroz Galvão, você aceita se casar com Frederico Garcia de Albuquerque?
Leonardo: Aceito. – Luciana revira os olhos, em desaprovação. Leonardo assina o seu nome no papel.
Juiz: Frederico Garcia de Albuquerque, você aceita se casar com Leonardo Queiroz Galvão?
Frederico: Eu… – Há um estrondo, a porta foi arrombada. Todos se viram para ver o que aconteceu.
Leonardo: Você? – Ele fala, boquiaberto.
Luciana: Riginaldo? – Ela fala, surpresa.
Riginaldo: Eu não disse que voltava? – Ele está tomado por um misto de ódio e mágoa. – pois aqui estou.
Luciana: O que é que você quer aqui? Como foi que você saiu da cadeia?
Riginaldo: Eu fugi. E o que eu quero? Hm! Vamos ver… que tal a alma de vocês? – Ele saca uma arma. – Não falei também que vocês me pagariam com a vida medíocre de vocês? O que eu falo, costumo cumprir. – Leonardo e Luciana engolem seco. – Que viadagem é esta? Você está se casando, e nem me convidou, boiolinha?
Frederico: Calma, cara. Não vá ferrar com a sua vida ainda mais. – Ele diz se aproximando de Riginaldo.
Riginaldo: Nem mais um passo senão eu atiro. – Os olhos dele transmitem toda a raiva que existe dentro do seu ser. – Eu vou acabar com essa palhaçada de uma vez por todas.
Frederico: Me escuta, por favor. – Ele dá mais um passo e Riginaldo atira, porém, Frederico é ágil e se abaixa. – Para com isso, seu louco. – Ele avança em cima do homem, tirando a arma de sua e jogando-a bem longe. Os dois começam a se esmurrar e tudo o mais. Riginaldo e Frederico se atracam e rodopiam por todo o local.
Riginaldo: Você não sabe com quem está se metendo, seu veadinho. – Ele começa a sufocar Frederico, que dá um chute na barriga dele e tenta pegar a arma. – Você não vai conseguir me vencer. – Ele pula em cima das costas do rapaz, e eles voltam a rodar por todo o ambiente. – Me solta… – Frederico consegue se livrar de Riginaldo, que se desequilibra e cai para fora do prédio pela janela.
Leonardo: Pai. – Ele grita, preocupado, e corre até a janela. – Pai.
Frederico: Ele morreu? – Ele se junta a Leonardo e olha lá para baixo. – Eu matei… eu matei… eu matei uma pessoa. – Ele fala, assustado. Leonardo e ele se entreolham horrorizados.
Antonella: Parem o casamento. – Ela surge no local esbaforida. – Cheguei a tempo ou vocês já se casaram?
Frederico: Antonella? O que está fazendo aqui?
Antonella: Eu vim te dar a melhor notícia da sua vida. – Ela olha para a cara de todos, que ainda estão muito assustados com o que ocorrera. – Estou esperando um filho seu.
Frederico e Leonardo: O que?

CONTINUA…

Rodrigo Gomes