Capítulo 6 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 06.
Anna insiste: Vamos, respondam! Quem tentou matar o Éssio novamente?
Bento, sem jeito: Matar? Você anda precisando fazer uma limpeza nesse ouvido, Anna Maria, o Éssio estava me contando aqui que uma menina está tentando NAMORAR ele novamente.
Anna, duvidando: Namorar?
Bento pisca para Éssio.
Éssio entende o recado: É verdade mãe…É a Nina da escola, nós namoramos faz uns anos mas eu terminei porque ela era muito ciumenta, agora ela estava querendo voltar e eu estava pedindo uns conselhos pro papai.
Bento complementa: Isso mesmo.
Éssio se levanta apressado: Obrigado pelos conselhos pai, tenho que me arrumar pra não chegar atrasado na escola de novo- Éssio sai correndo.
Anna, desconfiada: Estranho, muito estranho…O Éssio costuma pedir conselhos pra mim, e não pra você.
Bento inventa: Mas isso era uma conversa de homem pra homem, e ele achou que precisava ouvir umas palavras do pai. Tá com ciumes porque eu troquei uma prosa com o meu filho?
Anna: Não, só achei estranho mesmo.
Bento trata de voltar para o trabalho.
Anna, falando sozinha: Esses dois são tão parecidos um com o outro que não sabem mentir, eles estavam falando sobre alguém que tentou matar o Éssinho…Tenho certeza…
Campina…
Aurora, desanimada: Mas você acha que tudo o que está escrito nesse papel é verdade? E se essas propostas de emprego forem falsas?
Noronha discorda: Duvido muito, eu já ouvi falar nesse tal JOVEM DE OURO, parece que é uma bela oportunidade pra pessoas da nossa idade, tudo o que eu preciso agora é arrumar esses mil reais pra gente poder se inscrever, aí eles nos selecionam um emprego na capital e podemos começar a trabalhar lá, e nos casar lá, entendeu minha proposta?
Aurora, feliz: Entendi sim, mas porque você disse mil reais? A taxa não é de quinhentos reais?
Noronha sorri: E você acha que eu vou te deixar pagar a taxa? Nada disso, vou pagar por nós dois, e vamos ter uma vida nova lá. Eu tenho um parente na capital, ele poderia nos acolher enquanto não conseguissemos um lugar para morar…
Aurora, paciente: Ainda tem muitas questões que envolvem a nossa ida, meu pai por exemplo nem sabe que estamos juntos, e como você vai conseguir mil reais se o prazo final de inscrição é até o mês que vem?
Noronha: Bingo! É aí que entra a festa do Pequi, é com ela que eu vou conseguir o nosso dinheiro!
Aurora, preocupada: É arriscado demais, Noronha, é melhor esquecer essa história!
Noronha a abraça: Nós temos que nos arriscar se quisermos chegar a algum lugar nessa vida, Aurora. Faça assim, semana que vem você me dá uma resposta.
Aurora, mais aliviada: Combinado.
Noronha a beija: Nós iriamos nos casar lá na capital, poderiamos escolher uma igreja muito bonita, você sabe que lá tem tantas que até fica difícil selecionar uma…
Aurora imagina: É verdade, seria perfeito.
Mais tarde/ Casa dos Dávila…
Bruno e Noronha estão na cozinha, procurando um livro de receitas.
Bruno, cansado: Noronha, nós procuramos esse tal livro por todo canto e não achamos…Não vai ser no armário de panelas que ele vai estar.
Noronha revira as panelas: Nunca se sabe…
Bruno toma um copo de água: Tem certeza que esse livro existe? Pode ser só imaginação sua…
Noronha: Eu tenho certeza que ele existe Bruno, tinha capa vermelha, era de família, minha mãe só usava ele pra fazer as receitas…ACHEI! SABIA QUE ELE EXISTIA!
Bruno observa o livro: Estranho sua mãe guardar o livro justo no armário de panelas…
Noronha começa a passar as páginas: Agora arruma todas as panelas antes que minha mãe chegue, preciso procurar a receita que eu quero.
Bruno, exausto: Me explica de novo: Qual o seu plano pra ganhar dinheiro na festa do Pequi?
Noronha procura a receita página por página: Bruno você é uma anta mesmo, eu já disse que eu vou montar uma barraquinha só minha pra lucrar na festa, tem várias pessoas que fazem isso, as barracas ficam lá fora do estádio e a festa acontece lá dentro, dizem que os ambulantes ganham bastante…
Bruno guarda as panelas: É mesmo, minha tia Isoulda vendia pastel e conseguiu comprar um fogão com o que ela ganhou na festa ano passado, pena que ela morreu em uma explosão dias depois…
Noronha: Eu não tenho tempo para suas tragédias familiares, preciso da receita, minha mãe não pode desconfiar que estou com esse livro, pra ela é sagrado!
De repente uma foto cai do livro.
Bruno a pega: Olha, é uma daquelas fotos antigas-Há um casal abraçado na foto- Essa moça aqui parece sua mãe.
Noronha pega a foto: Não parece minha mãe, é ela, e está abraçada com um homem, mas não é o papai…
Bruno termina de guardar tudo: E então? Achou a receita?
Noronha logo esquece a foto: É mesmo, não posso me distrair, tenho que achar essa receita!
Bruno: E qual receita é mesmo?
Noronha: Uma que minha mãe sempre fazia no Natal, eram os bolinhos mágicos, me lembro que eram saborosos e fofinhos.
Bruno: Fiquei até com água na boca.
Prefeitura/ Interior.
Ruper dá o casaco para o Coronel Bravejo: Tem certeza que o senhor vai querer sair em público? O dia nem está tão bonito assim, melhor ficar aqui onde temos conforto e paz do que lá fora, onde estamos sujeitos a algum ataque de um cidadão frustrado por não ter saneamento básico!
Bravejo se ajeita: Eu não tenho medo de ataque nenhum, tenho que encarar os fatos Ruper, e nem adianta reclamar porque você vem comigo, ou então te demito!
Ruper pega seu chapéu: Sendo assim irei com muita satisfação, só te aviso antes que eu gostaria de uma lápide de mármore e rosas brancas caso algo aconteça, só pra deixar registrado mesmo!
Um pouco depois, os dois estão caminhando pela praça…
Bravejo respira e inspira: Viu como é bom sair para respirar o ar puro de vez em quando? Faz bem pra alma! Quando fico trancado naquela prefeitura até me esqueço o quanto essa cidade é bonita!
Ruper, como se estivesse sendo vigiado: Enquanto ninguém nos atacar tudo é lindo.
O Coronel então vê Éssio na praça.
Bravejo o chama: ÉSSIO! ÉSSIO!
Éssio se aproxima na sua bicicleta: Olá Coronel, que surpresa te ver aqui, você não tem medo de um ataque?
Ruper: Viu, eu avis…
Bravejo, desconfortável: Cala a boca, Ruper- Ele se dirige a Éssio- Eu queria mesmo falar com você e com o Noronha, eu soube que demitiram ele da dedetizadora!
Éssio inventa: Parece que ele atacou uma cliente, Coronel, não sei ao certo porque ele não quis falar sobre o assunto.
Bravejo estranha: A cliente deve ter provocado muito ele, o Noronha não costuma ficar bravo com facilidade.
Éssio ri: É como diz o ditado, Coronel, a gente só conhece uma pessoa quando come sal com ela!
Ruper: Não entendi.
Bravejo: De qualquer forma, você e ele passem na prefeitura amanhã, tenho uma proposta de emprego para os dois, garanto que será algo incrível.
Éssio: Tudo bem.
Noite/ Casa dos Dávila/Hora do jantar.
Anna coloca a comida sobre a mesa: E então Éssio, falou com a tal Nina?
Éssio quase se engasga: A Nina? Ah, ela faltou hoje, mas amanhã eu vou conversar com ela e te conto no que deu esse rolo todo.
Bento grita para tentar mudar de assunto: BOM E AS NOVIDADES?
Anna, incomodada: Bento fala baixo!
Bento, aliviado: Desculpe.
Éssio, orgulhoso: Hoje eu encontrei o Coronel Bravejo na praça, ele disse pra eu passar lá amanhã que ele vai fazer uma proposta de emprego pra mim.
Bento, feliz: Que bom filho, já estava na hora mesmo de trabalhar. Seria legal se ele oferecesse um emprego para o Noronha também.
Éssio mente: É, ele não deve saber que o Noronha está desempregado.
Anna, animada: Esquece o Noronha, quero saber mais sobre essa proposta, ele falou o que era?
Éssio, todo contente: Ainda não, mas espero que seja algo que ganhe muito dinheiro!
Bento, paciente: Calma, provavelmente ele te dará um cargo menor, mas com o passar do tempo você vai crescendo até atingir uma posição melhor no emprego.
Éssio: Pois se eu pudesse começaria ganhando muito, não tenho paciência pra ganhar pouco!
Anna, orgulhosa: Ele é igual a mim, Bento, não quer ficar abaixo de ninguém.
Bento os repreende: Acontece que a vida não funciona dessa maneira, se o sistema fosse assim todos estariam muito contentes com seus empregos- Ele come um pouco- Vocês sabem onde está o Noronha? Não vi ele o dia todo!
Anna, estressada: Deve estar vagabundeando por aí, agora que não trabalha acha que voltou a ser criança, já estou me cansando disso.
Praça da cidade…
Noronha, ansioso: E então, Bruno? Ficou bom?
Bruno lambe os dedos: Noronha esse é o melhor bolinho que eu já comi! Tá sensacional!
Noronha pula de alegria: Que ótimo, vou vender cada um por dois reais, espero ganhar algo razoável pelo menos…Confio no seu paladar, se você disse que está bom então certamente está!
Bruno, curioso: Só uma pergunta amigo: O que você vai fazer com o dinheiro que ganhar na festa?
Noronha, confiante: Eu e a Aurora vamos começar uma nova vida.
Casa dos Dávila/ Cozinha.
Éssio seca a louça enquanto seu pai a lava.
Bento, cochichando: Éssio, o que você queria me dizer hoje de manhã antes da sua mãe chegar? O que o Noronha tentou fazer?
Éssio resolve aumentar os fatos: Pai…Ontem a noite eu fiz uma brincadeira com ele, uma piada normal, mas ele ficou furioso, daí hoje de manhã veio me ameaçar, falou pra eu parar com isso ou então ele poderia me matar…Pai, o Noronha me ameaçou com uma faca e quase me atingiu, só não fez isso porque eu desviei, depois eu me tranquei no quarto, esperei ele sair e só então pude respirar um pouco mais aliviado…Mesmo assim estou com muito medo, nós dormimos no mesmo quarto, ele pode tentar me matar de novo…
O que eles não sabem é que Anna está escutando tudo.
Anna, revoltada: Então eles estavam mesmo me escondendo alguma coisa, eu sabia que o Noronha não era normal, eu devia ter dado um jeito nele há muito tempo….Mas se ele acha que pode tentar matar o Éssinho está muito enganado, ou eu mesmo posso cometer uma loucura.
Foca nos olhos de Anna.
Termina o capítulo 06.