Capítulo 59 – Realeza

QUINQUAGÉSIMO NONO CAPÍTULO

Cena 1- Mansão Corte Real- Tarde.
Maria Letícia bate em Maria Luiza e diz que ela não irá arruinar ainda mais a imagem do nome Corte Real que ambas carregam.

Maria Luiza: A única mulher da vida que eu conheço é você. – Maria Letícia dá um tapa na cara dela, que cai na cama.
Maria Letícia: O que significa isto? Você está ficando louca, Maria Luiza? – Ela fica vermelha de tanto gritar. – O nosso nome já está na lama com todo aquele escândalo que a travesti desgraçada motivou.
Maria Luiza: E você ainda acha que as pessoas admiram os Corte Real? – Ela rebate. – A única coisa de bom que nos restou deste nome, foi o clube, e nada mais.
Maria Letícia: Eu não vou deixar que você suje o nosso nome ainda mais. Corte Real é um nome de peso há décadas, e você não irá acabar com a imponência deste nome.
Maria Luiza: Só consigo rir da sua cara. Será que você não vê que a sua “realeza” está totalmente destruída, bombardeada? Acabou, Maria Letícia, não há mais nome nenhum para que presemos.
Maria Letícia: Isso é o que você pensa. Eu voltei para expandir este nome ainda mais, voltei para destacar novamente este nome na alta sociedade brasileira.
Maria Luiza: Só me resta desejar-lhe boa sorte, pois você irá precisar. – Ela é cínica.
Maria Letícia: Por que você fez isto? – Ela pega o tablet nas mãos. – Foi para me atingir? Pois se foi, saiba que conseguiu.
Maria Luiza: Eu caí numa cilada, mãe. Não tinha como prever que ele faria uma coisa dessas comigo.
Maria Letícia: Claro que tinha. – Ela avança em cima da filha e as duas caem na cama. – Se você não tivesse ido transar com um desconhecido, nada disso teria acontecido. – Ela dá vários tapas na moça. – O que você acha que está fazendo? Isto não foi uma atitude nobre.
Maria Luiza: Sai de cima de mim, sua louca. Só Deus e eu sabemos como tentei prevenir a minha imagem, e foi pela minha preocupação em não me auto arruinar que acabei caindo neste golpe.
Maria Letícia: Nada que você me diga irá justificar o que fez. Se eu pudesse voltar atrás, não teria filho nenhum, eles só servem para nos dar dor de cabeça. – Ela se levanta e se recompõe. – O Marcelo foi se envolver com aquela suburbana e acabou desmoronando tudo o que construí durante anos. Agora que estou começando a me recuperar… você me apronta uma dessas?
Maria Luiza: Você é uma louca, mãe, louca. Só pensa em si mesma. – Ela começa a chorar. – E talvez seja por isso que só se dá mal na vida.
Maria Letícia: Eu só me dou mal na vida por causa dos meus filhos ingratos, que nunca enxergaram que eu só fiz o que fiz para o bem deles.
Maria Luiza: Tenho nojo de você, e não consigo ficar mais nenhum um segundo dentro desta casa.
Maria Letícia: Pois fique você sabendo que a porta da rua é a serventia da casa. – Ela fala sem comoção alguma.
Maria Luiza: Então veremos se foram os seus filhos quem destruíram os seus sonhos, ou se é você quem está se auto destruindo. – Ela se levanta. – Eu vou embora, e esquecerei que tenho mãe. Assim como você esquecerá que tem uma filha.
Maria Letícia: Como posso me esquecer de algo que eu nunca considerei? – Ela é fria. – Saia daqui, desapareça da minha vida. Mas saiba que aqui se faz, aqui se paga.

Cena 2- Mansão Corte Real- Tarde.
Pierre e Regina escutam a discussão. Ela o questiona sobre a discussão dele com Maria José, e Nelson o repreende por ter envolvido o seu nome.

Regina: Menino do céu, o que será que aconteceu? – Ela comenta assustada. – Pelo visto teve o maior quebra pau lá em cima.
Pierre: Desde quando voltou, Maria Letícia anda se bicando com a filha. Agora é esperar para ver o que aconteceu.
Regina: Nesta mansão só está sendo discussão atrás de discussão. Por falar nisso, antes da José ser colocada para fora daqui… teve o maior quebra pau dela com você e a Lilla.
(FLASHBACK)
Maria José: Me expliquem o que aconteceu. – Regina os vê conversando, e acha melhor esperar eles saírem. Ela os escuta. – Digam.
Lilla: Eu só tive que distrair aquelas mongas lá na sala. Pois nenhuma delas podia ver você assinando os papéis, porque poderiam prejudicar em algo, é sempre bom evitar.
Pierre: E eu inventei aquela história toda. O Nelson não havia me dado papelada nenhuma… você que foi trouxa em acreditar. E se isto tivesse mesmo acontecido, ele mesmo te daria os papéis para você assinar, larga a mão de ser burra. – Maria José dá um tapa na cara dele.
Maria José: Você ainda continua sendo o meu empregado, a Maria Letícia não tomou posse disto daqui ainda.
Lilla: Contente-se, José. Você perdeu para a rainha, e agora não há nada que possa fazer.
Maria José: Cala essa sua boca, sua cachorra. – Maria José avança nela, tapando a sua boca. – Vocês dois cometeram o pior erro ao se bandearem para o lado dela, o lado sujo e obscuro desta história.
(FIM DO FLASHBACK)
Regina: Verdade, me lembrei que você está envolvido até o pescoço com a saída da Maria José desta casa.
Pierre: Vai cuidar das suas coisas, Regina. Deixa que da minha vida cuido eu. – Ele é grosso.
Regina: Ei, ei, não precisa ser grosso. Só fiquei curiosa para saber o que fez com a minha amiga. Escutei a conversa, mas não entendi muita coisa.
Nelson: E até onde eu sei, você me envolveu nesta sua historinha. – Ele surge no local. – Então acho melhor você me explicar direitinho qual foi o “meu papel” nesta história. – Pierre engole seco.
Pierre: A Maria Letícia queria se livrar da Maria José, queria voltar para casa, para o seu clube. Ela armou um plano contra a travesti, e pediu para que eu desse um jeito de fazer ela assinar uma papelada. E foi o que eu fiz, inventei toda uma história dizendo que o Severino havia dado os papéis para o Nelson, que por sua vez foram entregues a mim.
Nelson: Ah, então fiquei como culpado nisto tudo? – Ele diz se aproximando de Pierre, cheio de fúria. – Quanta consideração, hein Pierre!
Pierre: Não fiz isso por mal, Nelson. É que eu quase nunca fico lá fora, você é o que mais fica lá, e o mais provável seria que você tivesse recebido e dado para mim, não é?
Nelson: Sim, você pensou muito bem pensado. Mas por que não colocou o nome de um dos seguranças? – Ele dá um soco no braço de Pierre. – Foi logo me colocando na berlinda?
Regina: Só sei de uma coisa, tudo isso é muito estranho. Uma hora você diz que odeia a rainha e agora revela que realizou um plano diabólico para ela. Afinal, de que lado você tá?
Pierre: Estou do meu lado, lutando pela minha vida. Eu só fiz tudo o que ela me pediu, porque ela me tem em suas mãos.
Regina E assim voltamos para a velha história de sempre.
Nelson: E por que ela o tem nas mãos dela?
Regina: Nem insista porque ele não irá te dizer.
Pierre: Assim como você também não diz o que estava conversando no escritório com a patroa. E qual o envolvimento que ela tem contigo.
Regina: Então ficamos quites: nenhum fica sabendo sobre os segredos do outro.
Nelson: Vocês dois estão muito estranhos para o meu gosto. São tão íntimos assim da patroa? Até mais do que eu que sou o motorista dela.
Pierre: Acontece que chegamos aqui primeiro que você. Se bem que a Regina veio um pouquinho antes de mim, não é Rê?
Regina: Um pouco antes do meu marido morrer. – Ela faz careta para ele e volta a lavar a louça.
Pierre: O marido dela era motorista. Até cheguei a conhece-lo, mas pouco tempo depois ele morreu de enfarte. – Ele comenta com Nelson.
Nelson: Então eu substituí o seu marido, minha flor? Nossa que coincidência. Não só o substitui no trabalho, como também em seu coração.
Regina: Calem essas bocas. – Ela fala visivelmente irritada. – Parem de falar sobre a minha vida, e voltem a fazer o serviço de vocês, que coisa. E você Nelson, saiba que ninguém substituirá o meu Dalton, ninguém.

Cena 3- Clube Realeza- Tarde.
Marisa conversa com Severino sobre as cópias da papelada que Maria José assinou. E ela o fala sobre a dose que está sendo aturar Maria Letícia.

Severino: Sério que ela ainda não apareceu? Isto tudo está muito estranho, Marisa. – Ele fala preocupado.
Marisa: Também acho, mas não posso sair por ai dizendo o que penso, não é? Posso até ser presa por isso.
Severino: Faz bem em manter-se em silêncio. – Ele repara numa papelada jogada na mesa da moça. – O que são estes papéis aqui?
Marisa: Ah, são as cópias dos papéis que a Maria José assinou… passando tudo para a Maria Letícia.
Severino: Como foi que você conseguiu isto? A Maria Letícia teve o descaramento de dar uma coisa dessas?
Marisa: Na verdade, não. Consegui de outra forma, mas não vem ao caso. – Ela se senta. – Mas admito que nunca tive tanta dor de cabeça quanto estou tendo agora.
Severino: Pelo que você me disse, nunca se deu bem com a sua ex cunhada, não é? A relação entre vocês deve estar sendo muito conturbadora.
Marisa: Está sendo uma dose aturar aquela mulher. Ela está promovendo uma votação, que já deve estar acontecendo. Não sei se viu urnas espalhadas pelo clube, mas ela as implantou para que os sócios votassem contra ou a favor da volta da SDP.
Severino: Hm! Que legal. Este grupo é interessante, Marisa. Ajudar as pessoas é sempre bom. Sem dizer que este grupo é a marca registrada do clube, que existe desde quando o Realeza foi fundado.
Marisa: Ai é que você se engana. Maria Letícia tem objetivos completamente diferentes dos meus avós. Eles sim queriam ajudar as pessoas, já a megera… quer mais é rechear a sua conta bancária.
Severino: Sério isso? Ela dá golpe nas pessoas através das campanhas sociais promovidas pelo grupo?
Marisa: Ao menos é o que penso. Se você conhecesse bem aquela mulherzinha, pensaria da mesma forma que eu.
Severino: Então você não tem certeza que ela faz mesmo isso. Por isso que se eu fosse você, deixaria ela voltar com o grupo.
Marisa: Você está louco, Severino? Não posso deixar que aquela louca acabe com a reputação do clube da minha família.
Severino: Mas com a volta da SDP, você saberá se ela golpeia ou não os sócios. E com isso, você pode até denunciá-la. – Ele faz uma pausa. – Esta é a sua chance de tira-la daqui, caso ela seja mesmo uma mau caráter como você pensa.
Marisa: Tá ai. Boa ideia, Severino. – Ela fala com a mão no queixo.

Cena 4- Asilo- Noite.
Célia e Amélia conversam sobre como a primeira poderia fugir do local. A outra garante que irá ajuda-la, mas que não pretende fugir do local.

Célia: Estou pensando seriamente em fugir daqui. Como você já sabe, eu fui forçada a vim para este lugar, e não aguento ficar neste tédio todo nem mais um segundo.
Amélia: Eu gosto bastante daqui. Pois neste lugar tenho com quem conversar, e não me sinto só.
Célia: Diz isso porque deve não conhecer o clube Realeza. Lá sim é o melhor lugar para você perder o seu tempo. – Amélia balança a cabeça negativamente. – Mas tudo bem, só quero que me ajude a pensar em algo… não precisa vim comigo.
Amélia: Sou ótima em dar ideias. – Ela fala entusiasmada. – E pode contar comigo para ajudá-la. Já pensou em algo?
Célia: Sim, pensei. Mas acho que você não vai querer. – Ela abaixa a cabeça. – Então é melhor pensarmos em outra coisa.
Amélia: Depende, diga-me o que pensou em fazer. Quem sabe eu até goste da sua ideia.
Célia: Então, é que para isso… eu precisaria da ajuda do seu neto. E acho que você não vai querer envolve-lo nisso.
Amélia: Contanto que ele não morra nesta loucura toda, por mim tudo bem.
Célia: Ai, Amélia. – Ela a beija na testa. – Você é mesmo uma amiga de ouro, hein!
Amélia: Só não sei quando ele irá voltar. Pois você sabe como é o Tiago, vem um dia e volta depois de um mês.
Célia: Ah, pode ter certeza que amanhã cedo ele estará por aqui.
Amélia: Como pode ter tanta certeza disso?
Célia: Eu sinto, e quando o meu instinto começa a gritar… ninguém pode com ele.
(FLASHBACK)
Célia: Uma mão lava a outra, minha neta. Ele transou comigo, e aceitou levar minha carta à Maria Luiza, em troca eu passei o endereço dela.
Antonella: Nada mais justo. Mas se ele tiver muito envolvido com a patricinha, lamento em informa-lo que não durará por muito tempo.
Célia: Parece que ele só queria transar com ela, nada mais. Mas, do que é que você está falando?
Antonella: Enviei para a internet o vídeo deles transando, mas foi sem querer. – Ela é cínica. – Sei que a Malu me ajudou a encontrar você, porém, o mundo não pode ser privado de um vídeo picante daqueles.
(FIM DO FLASHBACK)
Célia: Escute o que estou te dizendo Amelinha. – Ela fala com um sorriso no rosto.

Cena 5- Delegacia- Noite.
Roberto dá queixa sobre o desaparecimento de Daniele. Rogério fica intrigado com o caso.

Roberto: E é isso seu delegado. Para mim, ela foi sequestrada ou algo do tipo. – Ele fala com os olhos vermelhos de tanto chorar.
Rogério: Isto tudo que me disse é mesmo muito estranho e suspeito. Você tem ideia de quem possa ter feito isso com a sua filha?
Roberto: Ela não se dava muito bem com a irmã, mas não creio que ela tenha feito isso. Até porque eu sou pai delas, e conheço muito bem os limites de cada uma.
Rogério: Não há mais ninguém que pudesse ter feito isso com a moça? Pense um pouco, talvez o senhor não esteja pensando direito.
Roberto: Não seu delegado, não. A única inimizade da Dani era mesmo a irmã. Mas boto minha mão no fogo pela Antonella, ela nunca faria uma coisa dessas.
Rogério: Antonella é o nome da sua outra filha? – Ele faz que sim com a cabeça. – Uma coisa é certa: ninguém some do nada sem que algo tenha acontecido. – Ele leva a mão ao queixo. – Tem alguma coisa acontecendo e nós vamos descobrir o que é.
Roberto: Ah, esqueci de dizer que ela saiu em busca da tia, que também se encontra desaparecida.
Rogério: Mesmo que ela a tivesse encontrado, teria ligado, ou dado algum sinal de vida. – Ele analisa o que Roberto disse. – Se bem que ela pode estar no mesmo lugar que a tia. Elas têm inimizade em comum?
Roberto: Não que eu me recorde. – Ele fala sem pensar muito. – Muito obrigado, seu delegado. – Ele se levanta. – E por favor, se qualquer notícia surgir, me ligue.
Rogério: Pode deixar, ligo sim. E se algo acontecer por lá, não esqueça de me contatar sobre o ocorrido, ok? Todo detalhe deve ser muito bem analisado para se resolver um caso como este.
Roberto: Tudo bem. – Eles se despedem com um aperto de mãos.

Cena 6- Mansão Corte Real- Noite.
Sem que ninguém perceba, Maria Letícia vai ver Daniele. A megera tortura a garota e elas têm uma conversa reveladora. Celso a liga, justo neste momento.

Maria Letícia: Olá, querida. – Ela entra no local. – Como você está? Sentiu muita fome? Espero que seja forte para aguentar o que ainda está por vir. – Ela tira a mordaça da boca de Daniele.
Daniele: Pelo amor de Deus, Maria Letícia, eu prometo que nunca mais irei me meter com você. Por favor, me tire daqui. – Ela implora.
Maria Letícia: Não, não e não. Tudo isto ficaria sem sentindo: eu matar o meu próprio filho e deixar você viva. Foi por causa dos dois que eu voltei para lama, e se a sua tia não fosse muito burra… eu não estaria aqui agora.
Daniele: É isso mesmo que eu escutei? Você matou o Marcelo, é isso? Foi você, ele não se matou. – Ela fica perplexa.
Maria Letícia: E agora chegou a hora de eu fazer o mesmo contigo. – Os olhos dela brilham, maliciosos. – Não sei se sabe, mas eu adoro inovar na hora de matar alguém. – Ela sorri. – Nunca mato uma pessoa da mesma forma que matei outra.
Daniele: Maria Letícia, eu te suplico, não faça nada comigo. – Ela começa a chorar. – Eu prometo que nunca mais apareço na sua vida.
Maria Letícia: Você devia ter feito isto antes da sua tia dar com a língua nos dentes e deixar o Alberto ciente de tudo. – Ela se levanta. – Mas eu precisarei que você resista por mais alguns dias, e por isso te trouxe uma comidinha bem gostosa. – Ela entrega um saco para Daniele.
Daniele: Como é que eu vou comer com as minhas mãos atadas? – Maria Letícia se aproxima dela.
Maria Leticia: Eu não sou otária, garota. Deixa que eu mesma dou na sua boca. – Ela se agacha. – Mas não se acostume, pois não é todo dia que eu sou boazinha.
Daniele: O que mais você fez, hein? Tenho certeza que uma mulher que foi capaz de matar o próprio filho, é capaz de fazer outras várias coisas.
Maria Letícia: Não faça um mal juízo de mim, querida. Eu não sou a única que tenho um passado podre nesta história, o seu papaizinho também não fica atrás. – Daniele arregala os olhos.
Daniele: Do que você está falando? Não vai me dizer que…
Maria Letícia: Que o seu pai matou a sua mãe. – Ela completa. – Ele fez isso para que ela não fosse atrás dele, depois de ter dado à luz.
Daniele: Então é mesmo verdade? – Ela fica atônita. O celular de Maria Letícia começa a tocar.
Maria Letícia (Ao celular): Celso? O que é que você quer? Estou num assunto importantíssimo.
Celso (Ao celular): Estou apenas te ligando para dizer que a Clotilde está mesmo de volta. E pelo visto, está com muita sede de vingança.
Maria Letícia (Ao celular): Então quer dizer que a priminha voltou mesmo? Você não podia me dar notícia melhor.

Cena 7- Cobertura de Marisa- Noite.
Melissa fala para mãe que acha muito estranho o sumiço de Maria José, e que elas devem fazer queixa na polícia. Marisa diz que é melhor procurar por alguém, pois pode ser que alguém saiba aonde ela está. Maria Luiza vai pedir abrigo.

Melissa: Sou do mesmo pensamento que o Severino. Dê carta branca para que a Maria Letícia volte com a Sociedade de Damas Paulista, ela própria irá se enforcar sozinha.
Marisa: Se bem que a votação já será encerrada. Só darei carta branca, caso os sócios não estejam a favor.
Melissa: Falando na megera, a Maria José ainda não apareceu. Será que a Maria Letícia não tem algo a ver com isso? Esta história de sumiço está muito estranha.
Marisa: Foi justamente o que o Severino disse. Também estou começando a ficar desconfiada desse desaparecimento.
Melissa: Se eu fosse você, se preocupava mais ainda com a sua pele, que também deve estar em risco.
Marisa: Pois ela que venha, quero mesmo estraçalhar com a cara daquela víbora.
Melissa: Não estou falando da Maria Letícia, mas sim do Celso. Ou você pensa que ele passou da água pro vinho por nada? É óbvio que ele quer algo.
Marisa: Ele está mostrando ser um grande aliado, Melissa. Você acha que ele ia fazer a caveira de Maria Letícia para nós, caso eles ainda estivessem juntos?
Melissa: Ai como a senhora é ingênua. – Ela se joga no sofá. – Mais uma coisa é certa: precisamos da queixa do desaparecimento da Maria José, pois acho que ninguém fez isto ainda.
Marisa: Acho que antes de nós fazermos isso, devemos procurar por aquelas garotas que moravam com ela… talvez elas saibam do paradeiro da José.
Melissa: Verdade, pois elas se conhecem bem. E elas com certeza devem saber aonde a Maria está. – A campainha toca.
Marisa: Pode deixar que eu atendo. – Ela se levanta e atende a porta. – Maria Luiza?
Maria Luiza: Tia. – Ela abraça Marisa, chorando. – Estou completamente desmoronada, nem sei o que fazer.
Melissa: O que é que tá pegando prima? Não vai dizer que o Jonathan pisou na bola outra vez.
Maria Luiza: Não, não é nada com o Jonathan, nós estamos muito bem. É a minha mãe. – Ela chora muito. – Nós acabamos brigando, e ela me expulsou de casa.
Marisa: Como é que é? Aquela cachorra não tem direito de fazer isso contigo. Você é mais dona daquela casa do que ela.
Maria Luiza: Eu não quero ficar sozinha em um dos apartamentos da família, tia. Por favor, deixa eu ficar aqui com vocês.
Marisa: Mas é claro que sim, minha querida. – Ela a abraça. – Você é muito bem vinda nesta casa.
Maria Luiza: E tudo isso é por culpa daquele desgraçado. – Ela fala olhando para Melissa. – O Tiago me desmoronou mais uma vez, Mel.
Melissa: O que foi que aquele canalha aprontou desta vez?

Cena 8- Cobertura de Severino- Noite.
Antonella e Marillu discutem mais uma vez. Severino intervém e diz que combinou de se encontrar com Frederico no dia seguinte.

Antonella: Ah, Marillu, faça-me o favor. Mais dia, menos dia, o Severino ia ficar sabendo que o filho dele é gay. Triste fiquei eu com tamanho desperdício.
Marillu: Você é uma cínica, garota, isso sim. Só falou aquilo para me ver às turras com o Severino. Será que o que estamos passando não te sensibiliza?
Antonella: Eu sei que vocês estão passando por um perrengue com a volta do Carlos Henrique, com o sumiço do outro filho de vocês, com o seu desentendimento com o Fred, mas… eu não tive culpa.
Marillu: Ah, você não teve culpa? Pois eu serei a culpada por ter partido a sua cara ao meio. – Ela avança em Antonella.
Severino: Para com isso vocês duas. – Ele intervém, separando ambas. – Você não é nenhuma santa, Marillu, sabe muito bem que o que fez foi muito errado. E saiba que eu falei hoje com o Frederico, quer dizer, liguei para ele.
Marillu: E o que foi que vocês conversaram? Ele falou algo sobre mim? Continua magoado com tudo aquilo?
Severino: Ele deixou bem claro que não quer te ver pintada nem de ouro, mas amanhã irei conversar com ele, e tentarei fazer com que o nosso filho dê uma trégua.
Antonella: Do jeito que ele é turrão, acho bem difícil.
Marillu: Não abra a sua boca para falar do meu filho, sua piriguete. Por que você não vai logo embora daqui, Antonella? Não vê que não é bem-vinda?
Antonella: Eu já te disse que o Severino me deu um tempo para que eu achasse outro local, então fique quieta ai, e se conforme com a minha presença.
Marillu: Tempo este que está demorando demais. Não acha que já está na hora desta garota sair de nossas vidas? Já bastou ela ter me ameaçado com a história do Carlos Henrique, agora chega.
Severino: Até aonde eu sei, sou eu o dono desta casa. E parem de tagarelar sobre coisas sem importância. Por que não se preocupam em encontrar o Ivan?
Antonella: Nem conheço ele direito, somente por fotos. Por isso não saio nas ruas atrás dele, pode ser que eu não o reconheça.
Marillu: Ainda mais essa. Aonde será que aquele garoto se meteu?

Cena 9- Casa de Regina- Noite.
Regina repreende Rafael por ele ter reatado com Lilla. Jonathan questiona a mãe sobre o clima na mansão Corte Real.

Regina: Já fiquei sabendo da sua reconciliação com aquela piranha. Você não tem vergonha na cara mesmo, não é?
Rafael: Mãe, eu não voltei com a Lilla. Tanto que ontem ela foi me buscar mais uma vez no serviço, mas bati o pé e não fui.
Regina: Me engana que eu gosto, menino. Você que traga aquela vadia para dentro da nossa casa de novo que você vai ver.
Rafael: Eu não tenho mais nada com ela e ponto. Não quero sofrer novamente, mãe. Deixe ela no canto dela, que eu tô aqui quietinho no meu.
Regina: Assim espero, assim espero. Pois se você não sabe, aquela galinha é uma golpista. Ela ajudou a Maria Letícia tirar a José lá da mansão.
Rafael: A Lilla? E como é que ela fez isso?
Regina: Escutei a discussão por cima, por isso não sei lhe dizer ao certo o que aconteceu, mas que ela está envolvida, ela está.
Jonathan: E a volta de Maria Letícia a mansão, mamãe? Ela voltou causando?
Regina: Aquela mulher é o demônio em pessoa. Acreditam que ontem ela saiu no tapa com a filha? Pois é, sobrou até para Maria Luiza.
Jonathan: Ela fez o que? – Ele se levanta. – Você sabe me dizer o porquê dela ter feito isso?
Regina: Eu não sei não. – Ela fala com tom de desconfiança. – Mas você deve saber, não é? Por acaso você também se reconciliou com a Maria Luiza?
Jonathan: Nós estamos conversando. – Ele fala sem graça. – Mas não sei se foi por isso que elas discutiram.
Regina: Pois pode ter certeza que foi. Ai meu Deus, não sei o que faço mais com vocês dois. Por que insistem em fazer burrada?

Cena 10- Cobertura Queiroz Galvão- Dia.
Luciana tem uma conversa séria com o filho, e pergunta se ele quer mesmo se casar com Frederico. Leonardo reflete, e diz que não pode desistir do casamento faltando dois dias para que ele aconteça.

Luciana: Você viu o que aconteceu ontem, não é? Se não estivéssemos aqui, era capaz do seu futuro marido ter matado o Cléber.
Leonardo: Mãe, não é para tanto. O Fred não é nenhum criminoso.
Luciana: O Riginaldo também não era, antes de nos casarmos. – Leonardo fica sem graça. – As pessoas mudam, meu filho. E enquanto uns mudam para o bem, outros mudam para o mal.
Leonardo: O Frederico não é igual ao meu pai, pode ter certeza disso.
Luciana: Eu vou te fazer uma pergunta, e quero que você me responda com toda a sinceridade que há dentro de você. Depois do que aconteceu ontem, você ainda tem certeza de que quer se casar com o Frederico?
Leonardo: Eu… eu… – Ele reflete. – Não posso desistir deste casamento agora. Só faltam dois dias para que ele aconteça, e eu não posso fazer isso com o Frederico.
Luciana: Então você vai se casar com ele para não deixa-lo triste, e não por amor? Não estou te reconhecendo, Leonardo.
Leonardo: Pois o que importa, é que eu ainda me reconheço. E mesmo você não querendo, eu irei sim me casar com Frederico. – Ele vai para o quarto.
Luciana: Meu Deus, meu Deus, ilumina a mente desse meu filho.

Cena 11- Clube Realeza- Dia.
Severino conta para Frederico que já está por dentro de toda sua história, e pede para que o filho faça o que achar melhor. Nelson, que acabara de chegar com Maria Letícia, conta sobre a mentira de Pierre envolvendo o nome dele e do advogado.

Severino: Eu já estou por dentro de tudo que acontecera entre você e a sua mãe. Estou a pá de toda história de vocês.
Frederico: Desculpa pai. Você não merece esse desgosto que eu estou te dando. Sei também, que você já está cheio de problemas com o seu outro filho.
Severino: Não sei se você sabe, mas o Ivan sumiu. Enfim, só quero que você saiba, que independentemente do que você queria fazer da sua vida, estarei do seu lado hoje e sempre. – Ele dá um beijo na testa do filho.
Frederico: Eu vou mesmo me casar com o Leonardo. Comecei com isso e agora irei até ao fim.
Severino: Mas se você não o ama, por que irá levar isso até ao fim? Isto só pode magoar você e ele também.
Frederico: Agora que eu já iniciei o plano, só irei parar quando conseguir o que eu quero.
Severino: Não faça o mesmo que sua mãe, Fred. Não enfie os pés pelas mãos, isto só irá te prejudicar.
Frederico: Não tem conversa, pai. Já está mais do que decidido, eu vou fazer isso.
Nelson: Seu Severino? – Ele surge esbaforindo por traz do homem. – Que bom que te encontrei por aqui.
Severino: Você não é o motorista do falecido Alberto? – Ele se recorda.
Nelson: Sim, sou eu mesmo. Nós nos vemos quando o senhor foi até a mansão, pouco antes do patrão morrer.
Severino: Sim, eu me lembro. No que eu poderia te ajudar?
Nelson: Eu só queria te falar que, envolveram os nossos nomes em um golpe diabólico. Não sei se isso trará problemas para nós, por isso vim falar com o senhor logo.
Severino: Só uma coisa, como foi que você me achou aqui?
Nelson: Vim trazer a dona Maria Letícia, e acabei lhe avistando.
Severino: Ah, sim. Agora prossiga. Em que foi que envolveram os nossos nomes?
Nelson: O mordomo lá da mansão, o senhor deve ter visto ele uma vez ou outra. Ele inventou uma história para a Maria José, antiga dona da mansão Corte Real, para fazer com que ela assinasse uns papéis. Nessa papelada que ela assinou, a dona Maria Letícia acabou conseguindo abocanhar tudo que era da outra.
Severino: E aonde é que nós nos encaixamos nesta história?
Nelson: A Maria José, assinou os papéis apenas porque o mordomo disse que o senhor havia os entregado a mim. E que eu havia dado a ele. Acho que se ele não tivesse mentido com o nosso nome, a travesti… digo, a José não teria assinado papel nenhum.
Severino: Será que colocaram meu nome naquela papelada? – Ele fica intrigado. – Por isso que a Maria José assinou tudo, e acabou passando sem querer a herança para Maria Letícia? Pode ficar tranquilo, eu irei averiguar o caso.

Cena 12- Mansão Sales Couto de Sá- Dia.
Simone volta repaginada, e dá de cara com Michele em sua casa.

Roberto: O delegado foi muito prestativo, e pediu para eu o manter informado de tudo.
Michele: Espero que você consiga encontrar a sua filha logo. Você anda tão triste com o desaparecimento dela. – Ela comenta triste.
Gaby: Também estou rezando para que nada de mal tenha acontecido com ela, nem com a José.
Roberto: Obrigado, meninas. Só tenho a agradecer vocês por tudo. – A empregada surge na sala.
Empregada: Seu Roberto, os seguranças ligaram dizendo tentaram barrar alguém, mas… a pessoa acabou entrando a força.
Roberto: E como é que eles deixaram um estranho entrar assim? Não pago eles para agirem como pamonhas, e sim como verdadeiros machões.
Empregada: Pelo que eles disseram, a pessoa não é estranha. O senhor a conhece, mas eles não sabiam se era de bom grado deixa-la entrar.
Roberto: Quem é essa pessoa? – Simone entra no local, acompanhada de um homem.
Simone: Sou eu, Roberto. – Ela o encara. – Eu voltei. – Ela repara em Gaby e Michele. – E pelo visto você já transformou isto daqui em um prostíbulo.

CONTINUA…

Rodrigo Gomes