Capitulo 5 – Sagrada Família
http://www.youtube.com/watch?v=RKX2bo2GwSE
Favela do Vidigal, Rio de Janeiro.
MARTA – (entrando em casa puxando Amanda pelo braço) Qual é o seu problema em garota? quantas vezes te pedir para não ir na casa daquele vagabundo, viu a vergonha que me fez passar?
AMANDA – Eu disse para você ir lá?
MARTA – (puxando e batendo na filha) Larga de ser mal criada garota, eu sou sua mãe, procura me respeitar.
AMANDA – Me larga! Me larga! deixa eu ir para o meu quarto estou cansada.
MARTA – Cansada de que em? De ficar se abrindo para qualquer um por aí?
AMANDA – E se eu estiver? O corpo é meu e eu faço o que quiser.
MARTA – (fala pegando a chinela do pé) O corpo é seu? O corpo é seu? agora você vai ver o que eu vou fazer com o seu corpo.
Marta começa a dar chineladas em Amanda, que começa a correr pela casa até chegar ao seu quarto e fechar a porta
ANTÔNIO – Para Marta, parece que enlouqueceu.
Neste momento Amanda abre um pouco a porta do quarto e grita para Marta.
AMANDA – (tom de deboche) Ihhhhhhh nem doeu sua favelada (rir).
MARTA – Você vai ver quem é favelada
Marta joga a chinela na direção de Amanda, mas ela entra rapidamente e fecha a porta. Amanda deita em sua cama resolve ligar para Gabriel.
AMANDA – Oi, amor, já cheguei e estou bem.
GABRIEL – E sua mãe fez algo com você?
AMANDA – Não, ela só começou a falar, tentou me bater com a chinela, mas nada grave.
GABRIEL – E quando vamos nos encontrar novamente?
AMANDA – Eu não sei, com tudo isso que aconteceu minha mãe vai praticamente morar aqui na porta do meu quarto, para saber cada passo meu.
GABRIEL – Complicado mesmo, mas você não pode fugir?
AMANDA – Quem sabe? (sorrir) Estou afim de tentar tudo para te encontrar.
GABRIEL – Que bom porque quero te ver muitas vezes mais, gostei de estar com você hoje e quero ficar com você assim várias vezes.
AMANDA – Eu também, vou desligar antes que minha mãe comece a bater aqui na porta do quarto
GABRIEL – Ta bom boa noite.
AMANDA – Boa Noite, te amo
Gabriel fica pensativo do outro lado da linha e passa alguns segundos e responde:
GABRIEL – Okay (desliga o telefone)
Amanda vai até a porta, coloca a cabeça para fora e como não ver ninguém vai até a cozinha beber um copo com água, enquanto bebe não deixa de pensar na noite maravilhosa que teve junto ao seu namorado.
Após isso, ela retorna ao seu quarto, chegando lá entra e de repente a porta fecha a sua costa, quando vira dar de encontro com Marta fechando a porta e retirando a chave.
MARTA – Agora vamos conversar só nós duas.
***
Leblon, Rio de Janeiro
Cristiana e Helena descem do carro de Susana que está em frente à casa dos Albuquerque.
SUSANA – Você tem certeza que não quer que eu fique aqui com você?
HELENA – Não precisa, vá pra casa, a Cristiana está comigo e se acontecer algo eu chamo a polícia, já estou preparada.
SUSANA – Se precisar só me ligar estou à sua disposição.
HELENA – Obrigada amiga, sei que posso contar com você.
SUSANA – Boa Noite! Vamos Rafael.
RAFAEL – Mãe posso dormir aqui na casa da Cris? A Joyce está vindo para cá e não queira deixar a Cristiana sozinha.
SUSANA – Tudo bem, mas amanhã tem que voltar cedo para casa, pois, você tem aula às 7:00 e sei que vocês vão ficar acordados a noite toda conversando.
RAFAEL – Pode deixar mãe.
Susana se afasta com o carro e os outros entram em casa.
Helena sobe para tomar um banho.
Cristiana e Rafael continuam na sala, sentam no sofá.
RAFAEL – Como você está com tudo isso?
CRISTIANA – Como você acha? É difícil ter um caso desse em casa.
RAFAEL – Mas, você parece tão segura e forte.
CRISTIANA – Você sabe que não sou muito de demonstrar os meus sentimentos, posso até estar forte por fora, mas por dentro estou me desmanchando em lágrimas.
RAFAEL – Não fique assim, Cris, eu sei que você vai conseguir contornar essa situação toda, quer que eu ligue para a Joy para ela vir para cá?
CRISTIANA – Não, deixa que eu ligo, tinha me esquecido de que eu havia dito que quando eu chegasse iria ligar para ela (Cristiana pega o seu celular e ver que ele está descarregado) aff me empresta seu celular, o meu está descarregado.
RAFAEL – Claro pode pegar.
Cristiana pega o celular e disca o número da amiga
JOYCE – Oi, Rafael!
CRISTIANA -Oi, Joyce, não é o Rafael é a Cris.
JOYCE – O que você faz com o celular do Rafael, em?
CRISTIANA – Você e suas insinuações… meu celular descarregou e eu pedi o dele emprestado, só estou ligando para te dizer que já cheguei e que você já pode vir aqui para casa.
JOYCE – Posso mesmo? Será que não vou atrapalha os pombinhos?
CRISTIANA – (sorrindo) Para de palhaçada e vem logo.
JOYCE – Ta bom já já estou ai, só vou pedir para minha mãe me levar.
CRISTIANA – Ta bom
Cristiana devolve o celular para Rafael.
CRISTIANA – (sorrindo) Ai, ai não sei como nós aguentamos a Joyce e suas insinuações.
RAFAEL – (rir) Já deveria ter se acostumado, uma figura ela.
CRISTIANA – E então você quer fazer o que? Quer comer alguma coisa?
RAFAEL – Um filme, com uma pipoca seria ótimo.
CRISTIANA – Bela pedida, era o que eu estava pensando.
Cristiana levanta vai até a cozinha e pedi para Silveira providenciar a pipoca quando volta encontra Rafael procurando um filme na lista da TV a cabo.
CRISTIANA – Iai o que vamos assistir?
RAFAEL – Eu pensei em o caçador de pipas, você quer assistir o que?
CRISTIANA – Pode ser esse, vamos esperar a Joyce ou vamos começar logo?
RAFAEL – Seria covardia nossa não esperar ela.
CRISTIANA – E o que vamos ficar fazendo enquanto ela não chega?
RAFAEL – (rir) Sinceramente, não sei.
CRISTIANA – Eu também, Que tal assistirmos televisão por enquanto?
RAFAEL – Pode ser.
Rafael muda para a TV e está passando jornal; Cristiana senta ao lado dele e pega o braço de seu amigo e passa pelo seu ombro, depois apoia a cabeça no ombro dele
Depois de um tempo Helena desce para a sala e os dois se separam rapidamente.
HELENA – Podem ficar à vontade, faço muito gosto do namoro de vocês.
CRISTIANA – Gosto de que mãe? Somos apenas amigos
Rafael olha para o chão com o ar de tristeza com a resposta de Cristiana.
RAFAEL – (coma voz presa) É tia somos apenas amigos.
HELENA – Eu acho que estão perdendo tempo, formariam um belo casal.
CRISTIANA – (Fala meio exaltada e envergonhada) Mãe!
Rafael também fica vermelho com a declaração da mãe de sua amiga.
HELENA – Tudo bem, vocês são muito complicados.
Nesse momento eles escutam alguém mexendo na porta
HELENA – (voz tremula) É o Tony!
CRISTIANA – Calma, mãe, vai dar tudo certo!
***
Delegacia de polícia do Leblon
DELEGADA – Senhor Tony Rubens Siqueira, eu sou a Delegada Cristina, e temos uma grave denúncia contra o senhor.
TONY – (friamente) De agressão doméstica contra a minha esposa.
DELEGADA – Isso mesmo, então você tem que nos dar algumas respostas.
TONY – O que você quer saber?
DELEGADA – Vamos por partes, no depoimento da Senhora Helena e sua enteada Cristiana cita que hoje você agrediu sua esposa dentro do quarto enquanto mantinha relações sexuais forçadas com ela.
TONY – (calmamente) As mulheres gostam de inventar coisas, né? eu havia acabado de chegar do hospital da família, creio que a senhora conheça o renomado São Miguel, estava eu no banheiro quando ela chegou me acariciando e me puxando pela gravata até a cama, e eu não nego fogo, quando já havíamos começado a fazer aquele sexo, ela pediu que eu pegasse o sinto e começasse a bater nas costas dela, eu fui contra e disse que não iria fazer, então ela insistiu e acabei cedendo, comecei a bater lentamente, só que ela gosta de um sexo masoquista e disse que sentia prazer em receber aquelas cintadas.
Pedindo que eu batesse mais forte, comecei a aumentar a intensidade das batidas na costa dela, mesmo aumentando, ela continuou a pedir mais, mais, mais e até me ameaçou se eu não atendesse o que ela queria, então bati mais forte só que percebi que começou a machucá-la e parei.
DELEGADA – E por que o senhor fugiu do local da cena?
TONY – (espanto) Fugir? claro que não, minha secretária me ligou avisando que tínhamos um problema com uma conta e precisava ser resolvida imediatamente então fui lá resolver quando os seus policiais chegaram.
DELEGADA – Entendo, ela também me confessou que já havia sido espancada outras vezes.
TONY – Infelizmente eu tenho uma mulher com bastante imaginação, nunca levantei um dedo para ela e muito menos para seus filhos.
DELEGADA – A senhorita Cristiana Albuquerque nos informou também, que o senhor ameaçou matar o senhor Gabriel Albuquerque.
TONY – Obvio que não, eu amo essas crianças mais que tudo na minha vida.
DELEGADA – O senhor bebe ou faz uso de entorpecentes?
TONY – Bebo socialmente, nunca para ficar bêbado e não uso drogas.
DELEGADA – Obrigado por vir aqui senhor Tony, provavelmente será chamado novamente.
TONY – Espero ajudar.
Tony levanta, aperta a mão da delegada e sai em direção a seu carro, ele começa a sentir a fúria, cerra a mão e seu rosto se transforma de cordeiro para lobo, só o que pensava era que Cristiana iria lhe pagar.
Saí direto para casa, que ficava a pouco quarteirões dali e só conseguia pensar em como fazer aquela fedelha sofrer, e uma voz em sua mente dizia. ataque o coração e era exatamente o que iria fazer.
***
Leblon, Rio de Janeiro
JOYCE – Oi pessoas, aplausos porque eu cheguei
Nesse momentos todos soltam um suspiro de alívio
JOYCE – ihhh que clima tenso em povo.
CRISTIANA – Ainda bem que é você, pensávamos que era o Tony.
JOYCE – Ainda não botaram esse canalha para fora de casa?
CRISTIANA – Ele não ainda não apareceu desde o ocorrido.
HELENA – Não aguento minha filha, vamos viver com medo sempre que alguém passar por essa porta, sempre vou está esperando que ele venha e me bata, não posso viver desse jeito.
CRISTIANA – Daqui a pouco ele vai ser preso e esse pesadelo vai acabar.
HELENA – Mas enquanto isso vamos vivendo esse inferno.
Joyce se aproxima de Helena e dá um abraço nela.
JOYCE – Nós estamos aqui e não deixaremos que ele faça nada com a senhora.
Os outros se juntam a ela.
Ao mesmo tempo um homem alto descia de um carro em frente à casa de Cristiana, pegou o que tinha no carro e dirigiu-se a porta de entrada, ele bateu na porta e quem veio atendê-lo foi o Silveira.
SILVEIRA – (espanto) My lord.
HOMEM – Não diga nada quero fazer uma surpresa.
SILVEIRA – Pode entrar!
O homem alto adentra a sala e se depara com a cena emocionante e se aproxima lentamente.
HOMEM – Que bela imagem, que bom ver minha família!
Todos se separam rapidamente e Helena com cara de espanto.
HELENA – Fernando!
***
CRISTIANA – Pai? Mas como você está vivo? Já fazem três anos desde o seu acidente!
FERNANDO – Oi filha, oi Amor, é uma história muito longa.
JOYCE – Eu sou toda ouvidos.
FERNANDO – E como vocês cresceram Rafael e Joyce.
HELENA – Por favor sente-se.
FERNANDO – Obrigado, onde está o Gabriel?
CRISTIANA – Ele está no quarto! Eu vou chama-lo.
Cristiana sobe até o quarto do irmão, encontra-o deitado de bruços na cama só de cueca, ao redor da cama ela observa três latas de cerveja e sente a raiva subir, só que ela consegue controlar.
Ela vai até a cama e começa a chamar o irmão.
CRISTIANA – Gabriel… Gabriel…
Ele vai acordando lentamente
GABRIEL – Hum… Cris?
CRISTIANA – Levante-se (pega uma lata de cerveja vazia que estava ali perto) você pode me explicar isso?
GABRIEL – Só bebi algumas latas, nada de mais, a Amanda veio aqui…
CRISTIANA – (cortando) Ahh! Então foi ela que trouxe para você?
GABRIEL – Não, claro que não, a Amanda nem bebi, ela veio aqui ficamos um pouco juntos e depois que ela saiu, bebi algumas latas para relaxar.
CRISTIANA – Relaxar!? Essa é boa, você quer acabar com sua vida, em? sabe o que a bebida faz com o nosso corpo e eu sei esse seu “ficar juntos” espero que tenha se protegido.
GABRIEL – Claro que sim, sabe que não é minha primeira vez e sei como deve ser feito.
CRISTIANA – Eu espero que sim, agora vá tomar um banho e desça temos uma surpresa para você lá embaixo e espero que seja a última vez que chamo sua atenção sobre bebida.
GABRIEL – O que é?
CRISTIANA – Quando descer você vai ver, agora vá tomar um banho.
Cristiana deixa Gabriel no quarto e desce para a sala.
CRISTIANA – Ele já está descendo.
HELENA – Agora você pode nos contar como estar vivo.
FERNANDO – É uma história bastante longa, mas já que vocês querem ouvir, vou contar…
Tony chega na porta de casa, abri domado pela ira, percebe que há um grupo de pessoas na sala, reconhece Cristiana e seus amigos, sua mulher, mas não consegue reconhecer o homem que está de costas para ele.
Quando as pessoas notam sua presença se levantam com caras assustadas, o homem é o último a levantar e começa a se virar lentamente, então vem uma faixa de lembrança na memória de Tony, reconhece aquele homem e um pouco chocado e confuso consegue pronunciar apenas:
TONY – Você!?
DEPOIMENTO REAL
Tammy Santiago, Rio de Janeiro
“Quando me casei, larguei meu trabalho para ser secretária do meu marido. Em 2004, depois de dez anos de casada, descobri que ele tinha um caso com uma garota de 16 anos. Pedi a separação. Ele não aceitou e começamos a ter brigas cada vez mais sérias, até o dia em que ele me derrubou com um tapa. Como foi a primeira vez, fiquei calada. Mas aí começou uma fase de violência física constante, e depois de muito apanhar resolvi registrar queixa na Delegacia da Mulher. O mais triste foi quando minha filha (de outro casamento) revelou que meu marido a molestava. Consegui na Justiça a separação de corpos e em seguida ele levou todos os móveis da casa. Depois de tudo, eu fui a única que ficou presa. Tenho medo de sair de casa e de que aconteça algo comigo e com minha filha. O mais chocante é que ele é um arquiteto e urbanista, com pós-graduação, que não fumava, não bebia, não se drogava. Era um marido exemplar.”
Achei a volta de Fernando sem emoção também. Enfim, isso me fez lembrar da novela Império. Silveira chamando “my lord” lembrou o mordomo da família medeiros quando se referia ao comendador José Alfredo, será que foi inspirado nisso?
A volta de Fernando não teve emoção.. A família reagiu normalmente!
Não teve aquele baque.
O núcleo Martha é o melhor. Amanda é infantil demais.