Capítulo 5 – Detalhes Sórdidos
GARIBALDI – Pode ir dando adeus à vida, seu desgraçado.
EDSON – Você enlouqueceu? O que é que está fazendo?
Com o cabo do rifle, Garibaldi golpeou o rosto de Edson, abrindo um corte profundo.
GARIBALDI – É você! É você!
EDSON – Mas do que é que você está falando? Espere… esse rifle. Provavelmente foi com ele que eu levei um tiro no ombro. Então você… seu desgraçado, é você.
GARIBALDI – Cale-se. Levante-se e vai andando. Vocês dois.
EDSON – Por que não a deixa?
GARIBALDI – Porque eu vou matar vocês dois, só por isso. Agora cale-se e vai andando!
EDSON – Garibaldi, eu não sei o que você está pensando. Eu sei inclusive que tivemos algum mal estar no começo, mas eu não tenho nada contra você. Por que não abaixa essa arma…
Edson leva outra pancada. Dessa vez nas costas. Garibaldi parecia descontrolado e tremia muito.
GARIBALDI – Se falar mais alguma, mato você aqui mesmo.
EDSON – por que você está fazendo isso, pode me dizer?
GARIBALDI – Não se faça de inocente.
Sala de convivência
TOM – Alguém pode explicar o que aconteceu aqui?
SÉRGIO – Todos aqui caímos numa armadilha.
TOM – Ratos numa caixa skinner, foi o que ele disse. Não há melhor definição para a nossa situação.
De repente, a costumeira estática, e o monitor descendo do teto.
ANFITRIÃO – Boa noite a todos.
TOM – Pela última vez, pode nos dizer quais são as suas intenções conosco?
ANFITRIÃO – Estudar. O ser humano tem comportamentos diferentes em diferentes situações. E vocês são especiais pra mim. Por exemplo, o padre tem uma história ótima pra nos contar, não é mesmo, padre?
Todos olharam pra ele.
PADRE DORNAS – Do que é que você está falando?
ANFITRIÃO – Da Paróquia Nossa senhora das Dores, interior de São Paulo.
SÉRGIO – O que isso tem a ver…
PADRE DORNAS (nervoso) – Isso não é da sua conta. Fique fora.
SÉRGIO – O que foi que eu disse?
ANFITRIÃO – Vocês dois têm algo em comum. Adivinhe quem foi explorador de menores? E adivinhe quem foi explorado?
Um clima tenso se formou entre o padre e o professor. O padre meneou a cabeça, e saiu, retirando-se para o seu quarto.
SÉRGIO – Eu vou procurar a Valéria e o Edson. Ainda estão perdidos.
Jardim frontal
EDSON – Escuta: nós podemos fazer um acordo. Nós dois. Matamos todos na casa e dividimos o dinheiro
GARIBALDI – Ah, então, o mais sério da casa está mostrando as unhas. Eu tenho uma notícia péssima pra você meu caro. Pra você e pra essa vadia feiticeira aí. Tem alguém lá dentro querendo matar a todos nós. Mas eu não sou nenhum otário. Eu não! Vou matar todo mundo. Um por um, até que não sobre ninguém. Agora, quer calar a boca e cavar rápido?
Sala de Convivência. (O padre já tinha se retirado)
TOM – Você acha que o padre Dornas é pedófilo?
MARIAH – Ele leva um jeito sim. Acho que pode ser.
ANITA – O anfitrião disse que ia extrair o pior de todos nós. Você acha que ele sabe que o padre Dornas é pedófilo?
MARIAH – Ele sabe muito sobre cada um de nós. Coisas que preferíamos que os outros não soubessem.
TOM – Tipo o que? O que você tem pra esconder?
MARIAH – Eu? Claro que não tenho nada pra esconder…
TOM – Então por que você está aqui.
MARIAH – Estou aqui pelo mesmo motivo que você está. Fui convidada a fazer parte de um projeto para um livro.
TOM – E aí você aceitou assim, sem perguntar quem era, que projeto é esse…
ANITA – E você perguntou alguma coisa?
TOM – O pior é que eu perguntei.
ANITA – E aí? Responderam-lhe alguma coisa?
TOM – Apenas que um cheque de um milhão de reais estaria me esperando no fim da experiência. Eu fui um idiota de ter caído nessa armadilha…
ANITA – Mas você viu os carros que nos trouxeram. Limusines.
TOM – Isso não quer dizer nada. Pode ser qualquer coisa.
MARIAH – O Tom tem razão. Pode ser que ninguém tenha nem ideia de onde estamos. Fomos idiotas. Ambiciosos e idiotas.
TOM – Escutem, vamos fazer um pacto nós três. Vamos tentar descobrir quem é esse anfitrião. Vamos trabalhar juntos, porque se é verdade que de nós quer matar o restante, juntos, poderemos nos proteger.
MARIAH – E como você pode saber que não é um de nós? Ou melhor, como nós podemos saber que não é você?
TOM – Eu não faria uma coisa dessas.
ANITA – Pode perguntar a qualquer um, todos responderiam a mesma coisa. Mas você tem razão. Agindo juntos, mesmo que seja um de nós, esse seria um fator para nos manter protegidos por um tempo.
Jardim frontal.
EDSON – Por favor, eu não aguento mais cavar. Por que você não acaba logo com isso? Me mate.
Edson sentiu o cano frio do rifle em sua nuca, e nesse momento, toda a sua vida veio à tona em sua mente.
VALÉRIA – Garibaldi, se isso é uma piada, já está na hora de acabar. Você não teria coragem de nos matar.
GARIBALDI – Ah, eu teria sim. Teria! Claro que teria. E vou fazer isso agora.
O suspense já era insuportável para Edson. Nesse momento ele começou a se arrepender de ter aceito uma proposta tão louca e imbecil quanto essa. Um milhão de reais para morrer.
GARIBALDI – Dê adeus à sua vida.
Mas nesse momento, Sérgio surgiu do nada, voando sobre ele, e derrubando lhe a arma. Trocaram socos, enquanto Garibaldi tentava recuperar seu rifle, mas Sérgio o esmurrava, na tentativa de fazer-lhe perder a consciência. Debalde. Acertando Sérgio com o joelho nos testículos, Sérgio rolou para o lado, com muita dor. Garibaldi recuperou o rifle e se voltou contra ele.
GARIBALDI – Eu estou matando o assassino que quer matar a todos nós. Mas se você pediu pra ficar do lado dele, arque com a consequência.
Mas Edson, recobrando as suas forças, eu com a pá nas costas de Garibaldi, deixando-o inconsciente.
EDSON – Vocês chegaram na hora certa. Esse louco ia matar à Valéria e a mim.
SÉRGIO – Vamos amarrá-lo, até decidirmos o que faremos com ele.
Dia seguinte, sala de refeições.
Garibaldi continuava amarrado.
GARIBALDI – Eu ia mata-lo, porque ele quer nos matar.
TOM – E como você sabe disso? Como podemos confiar na sua palavra? Você se revelou um louco de pedra.
GARIBALDI – Ele vai nos matar um por um. Escutem o que eu estou falando. Um por um.
EDSON – Do que é que você está falando? Eu não sou assassino.
TOM – Todos aqui somos suspeitos.
EDSON – É, mas o único a tentar matar alguém foi esse maluco.
TOM – Edson está certo. E até que nos prove do contrário, você será o único suspeito, e vai continuar amarrado.
Alta madrugada. Quarto de Garibaldi.
A porta se abre lentamente e Garibaldi acorda. Um vulto entra sorrateiramente.
GARIBALDI – Quem é você? O que você quer? Socorro! Socorro!
Fim do Capítulo 5
Resumo do Capítulo 6
Garibaldi desaparece. Todos da casa estão de acordo que ele faz parte de toda a trama do Anfitrião. Todos descobrem uma certa semelhança entre o seu livro e o que está acontecendo na casa. O Anfitrião deixa uma desconfiança geral de que o padre Dornas é na verdade um pedófilo. No dia seguinte, acontece mais uma baixa na casa.