Capítulo 44 – Saber Viver
Capítulo 44, Saber Viver
CENA 1. RIO DE JANEIRO/ RECREIO – RUA/TARDE
Dentro do carro…
Rafaela tira a máscara e olha para trás.
RAFAELA Eu disse que aquilo era só a minha primeira parte da vingança, chegou a hora da segunda! – ela tranca as portas e gargalha. Ao seu lado quem dirige é Gabriel.
VALENTINA ME TIRA DAQUI, SUA LOUCA, EU VOU TE DENUNCIAR, LOUCA-A-A-A! – ela grita, desesperada.
CENA 2. RIO DE JANEIRO/ CENTRO DO RIO – DELEGACIA/TARDE
Diego e Heitor estão conversando, Diego está triste.
DIEGO Ver meu amigo naquela situação foi horrível! Eu nunca pensei que fosse ver ele daquele jeito.
HEITOR Eu posso imaginar. Mas agora é aceitar a situação. Quem fez isso, vai pagar caro! Você já decidiu o que vai fazer com o corpo dele?
DIEGO Coloquei para cremar. Era pouca gente que gostava de verdade do Marcone, além do que ele é sozinho, não tenho dinheiro para pagar um enterro que meu amigo merece.
HEITOR Eu sinto muito pela morte do Marcone, muito mesmo!
CENA 3. RIO DE JANEIRO/ PETRÓPOLIS – CASA DO ENZO/TARDE
Enzo e Alice conversam na sala.
ALICE E essa morte repentina da Telma, isso está muito estranho, não está?
ENZO Demais, parece que foi proposital, você viu o estado em que ela ficou pelas fotos. Foi horrível, nossa!
ALICE E esse povo não perdoa. Fiquei chocada, até o Marcone entrou na roda.
ENZO A vida é difícil, a vida é difícil, minha amiga. – ele sorri.
No quarto de Carolina…
Carolina redige o texto que Davi mandou.
CAROLINA Não vejo logo a hora de colocar a mão nessa fortuna toda, e só de pensar que daqui a pouco me verei livre dessa família nojenta. Ainda bem que o Davi não é tão burro feito eles.
Rebeca entra no exato momento em que ela diz isso.
REBECA Tsc, tsc, tsc. – ela sorri e Carolina gela. – Que coisa feia, Carol! Roubando a empresa em nome do marido. – ela se senta na cama e cruza as pernas. – Será que o Sr. Enzo sabe disso?! – ela sorri, ironicamente
CENA 4. RIO DE JANEIRO/ TAQUARA – CASA DA CRISTINA/TARDE
Cristina chega em casa, sorridente.
CRISTINA Ai, como é bom estar sozinha em casa, liberdade, liberdade. – ela se olha no espelho e percebe o corte no canto da boca. – Eu disse que essa surra ia te custar caro! Eu avisei!
Ela sobe a escada e vai pro banho.
Do lado de fora da casa…
TÁRSIO Eu tenho certeza, eu vi, foi uma mulher que roubou o meu carro! E se eu ficar frente a frente com ela eu consigo reconhecer a assassina dessa moça. Eu sou inocente, eu juro!
DITA O Társio é cliente da Tamires a muito tempo, inclusive conhecia a Telma muito bem. Ele não a mataria!
JERÓNIMO É isso mesmo, ninguém vai matar ninguém aqui não! O Társio não teve culpa da fatalidade, inclusive ele foi uma VÍTIMA!
REPÓRTER Mas o que a gente ficou sabendo que é que o assassino deixou o carro ali, e se o carro era do rapaz, o assassino é ele.
DITA Ô minha filha, não existe assassino aqui não! Foi alguém de fora e você mete o pé daqui, ANDA, AGORA, ANDA! SAI DAQUI!
A repórter vai embora, depois de ser escorraçada.
DITA Heuin, querendo cantar de galo aqui no meu terreiro, sai para lá EXÚ! – ela vai para casa.
CENA 5. RIO DE JANEIRO/ PETRÓPOLIS – EMPRESA DAN QUADROS/DIA
Alessandra e Laís passam pelo portão da empresa.
TALHARIM Quê que isso, assim “cê” mata papai.
ALESSANDRA Olho o respeito, criatura abusada! Vamos amiga, vamos.
Na recepção…
LAÍS Eu não esperava que o Daniel fosse fazer isso. Você viu o estado que a Alice chegou em casa, ensanguentada, com machucados pelo rosto, corte na nuca e ainda por cima toda preta de fumaça.
ALESSANDRA Nem eu esperava. Como as aparências enganam, em pensar que aquele homem já deu em cima de mim, CREDO.
LAÍS Mas ele é gostoso, confessa, vai! – ela brinca.
ALESSANDRA Vê se isso é hora para brincar, Laís, vê se isso é hora. – elas ficam em silêncio. – Eu vou procurar um pai de santo, esse treco de mediunidade não é comigo não. Onde já se viu, um homem QUE NEM MORREU AINDA entrar no meu corpo.
O vento frio e rápido passa novamente pela recepção.
LAÍS Ai, tô toda cagada. – ela se treme.
ALESSANDRA Que isso gente? Virou copiadora, uma faz a outra copia? Heuin, não te criei para isso.
CENA 6. RIO DE JANEIRO/ APARTAMENTO NÃO IDENTIFICADO/TARDE
Valentina chega amarrada e fica presa.
Do lado de fora do apartamento.
GABRIEL Veja bem o que você vai fazer com ela, é uma surra no máximo, acabou, foi!
RAFAELA Relaxa, Gabriel. Calma, que a coisa aqui é rápida!
Rafaela entra e Gabriel fica do lado de fora.
VALENTINA Posso saber o que você quer comigo? É ME MATAR, É ISSO?
RAFAELA Quero vingança! Você não sabe o quanto tempo eu esperei por isso! Senta no sofá. – Valentina não obedece. – AGORA! EU ESTOU MANDANDO.
VALENTINA Você vai fazer o quê comigo, me torturar, é isso?
RAFAELA Primeiro vou raspar seu cabelo, isso mesmo! Você picotou meu cabelo, e eu farei o mesmo, porém pior!
CENA 7. RIO DE JANEIRO/ PETRÓPOLIS – CASA DO ENZO/TARDE
CAROLINA Que direito você acha que tem para sair entrando no MEU QUARTO assim?!
REBECA Direito nenhum, mas entrei porque eu quis, porque ninguém manda em mim.
CAROLINA Saia do meu quarto AGORA, antes que eu te coloque no lugar que você merece.
REBECA Fica calminha Carol, não vou contar NA-DI-NHA pro papai, POR ENQUANTO, é claro.
CAROLINA E NÃO VAI CONTAR NUNCA! SAIA DO MEU QUARTO REBECA, AGORA, ANDA, XISPA.
REBECA Se você continuar – ela se levanta e ajeita a roupa – falando assim comigo, eu vou chorar. – ela ironiza.
CAROLINA Sabe qual é o seu problema? É que você cresceu mimada, UMA GAROTA PETULANTE! É por isso que o Daniel não te aguentou, por que tem NOJO, NOJO de você, assim como todos os outros homens. Você é fraca, olha para você, Rebeca. Mal saiu de uma depressão e já está achando a dona da verdade, o fato é que você não passa de uma PIRANHA ILUDIDA!
Rebeca não aguenta a humilhação e dá um tapa na cara de Carolina, que a faz parar longe.
REBECA Limpa a sua boca para falar de mim. Eu vou fazer você se arrepender de tudo, tudo o que você disse agora.
CAROLINA Saia do meu quarto agora. – ela tira a mão do rosto, que está vermelho. – E se quiser pode ir contar pro Enzo agora, vai lá. O único sentimento que ele guarda de você É NOJO, RAIVA E ÓDIO por um dia você ter vindo ao mundo. Vai lá, conta tudo para ele.
Rebeca sai do quarto de Carolina chorando, furiosa.
No quarto de Rebeca…
REBECA A-A-A-A-A-AH! – ela taca um jarro na parede. – VAGABUNDA, VOCÊ ME PAGA, VOCÊ ME PAGA! – ela grita, furiosa.
CENA 8. RIO DE JANEIRO/ CENTRO DO RIO – CENTRO DE REABILITAÇÃO/TARDE
OLÍVIA Com essa situação da morte da Telma, o Vítor vai ser esquecido aqui pela Cristina. Até onde sei, ela DETESTA ele.
TITO Essa Cristina tem cara de boazinha mas no fundo, no fundo, não passa de uma sonsa, isso sim. Aposto que ela tem algum envolvimento com a morte da irmã.
OLÍVIA Que isso, Tito. Tá doido, a Cristina parece gostar da irmã. Acho que um ser humano não chegaria ao ápice ao fazer isso com a própria irmã. Sangue do sangue!
TITO Deixa a polícia investigar essa morte, mas que ela tem alguma coisa ligada a isso, há ela tem!
Olívia e Tito ficam pensativos.
ALGUMAS HORAS DEPOIS…
CENA 9. RIO DE JANEIRO/ APARTAMENTO NÃO IDENTIFICADO/NOITE
Rafaela leva Valentina até o espelho, ela se olha e chora desesperada.
VALENTINA O que você fez comigo! VOCÊ ACABOU COMIGO! – ela chora, desesperada.
RAFAELA Ficou uma gata, poxa! Inclusive a pancada de mais cedo ficou até mais realçada, cuidado você pode ter crises de convulsão, você desmaiou, poxa vida! – ela ironiza.
VALENTINA COMO VOCÊ CONSEGUE SER TÃO CRUEL! – ela chora.
RAFAELA NEM TANTO QUANTO VOCÊ! – ela fica frente a frente com Valentina. – Você me torturou naquele galpão, esse era o MINÍMO que eu podia fazer por você. – ela dá um tapa bem forte na cara de Valentina, que chora mais ainda. – Um prêmio para você! – ela desamarra Valentina. – Agora você pode ir, e olha só: se contar alguma coisa para a polícia, eu termino de te matar, EU ACABO COM VOCÊ!
Valentina sai, desesperada, correndo aos prantos.
Na rua…
Valentina anda vagamente, se arrastando. Ela chora, todo mundo olha para ela. As suas roupas estão rasgadas, ela está apenas de sutiã na rua, cabelo raspado e toda suja.
VALENTINA QUANTA HUMILHAÇÃO! A-A-A-A-A-AH! – ela se joga no chão, chorando.
De volta ao apartamento…
RAFAELA Vamos, já fiz o meu serviço. – ela sorri para Gabriel e sai.
CENA 10. RIO DE JANEIRO/ CENTRO DO RIO – DELEGACIA/NOITE
HEITOR Meu amigo, eu preciso ir, mesmo. Eu tenho que resolver uns problemas lá em casa. Aline deve estar meio abalada com tudo isso, grávida não pode ter estresses.
DIEGO Claro, você tem toda razão. Eu vou ficar por aqui mesmo, vagando por essa delegacia atrás do meu amigo. Eu peço que chegue aqui amanhã à tarde, de manhã vou jogar as cinzas do Marcone fora. Temos que continuar nossa busca pela dupla!
HEITOR Tudo bem, continuarei procurando por eles. E estarei aqui sim, amanhã à tarde. Fique tranquilo!
Heitor sai. Hugo entra para falar com Diego.
HUGO Dr., eu também estou indo. Depois desse dia exaustivo. Preciso me recompor.
DIEGO Está dispensado Hugo, vai lá. Até amanhã, meu caro!
Hugo sai e Diego chora lembrando de Marcone.
DIEGO É meu amigo, fomos criados juntos, amigos de infância. Achei que fossemos imbatíveis. – ele sorri olhando a foto de Marcone. – O que me resta agora é dor, lembranças. Mas eu te prometo, eu te prometo que irei me vingar de cada um deles, em SEU NOME! Eu te prometo isso, meu irmão, eu te prometo! – ele chora.
No dia seguinte…
CENA 11. RIO DE JANEIRO/ MORRO BABILÔNIA/DIA
DIEGO É meu amigo, parece que sua missão na terra foi cumprida. Você veio, nos ajudou no que foi preciso, mas parece que a vida te levou mais cedo.
Ele abre o pote onde estão as cinzas de Marcone.
DIEGO Eu vou sentir muitas saudades, muitas! – ele pega um pouco e joga no ar. – Meu irmão, meu fiel amigo, meu escudeiro. Eu te amo, irmão! – ele termina de jogar tudo, chorando.
Foca na imagem de Diego, chorando.
CENA 12. RIO DE JANEIRO/ RUA NÃO IDENTIFICADA/DIA
Valentina está jogada no chão, dormindo. Anderson passa pela rua e percebe que é Valentina.
ANDERSON VALENTINA?! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?! – ele a vira de barriga para cima. – NESSE ESTADO! – ele se apavora.
CENA 13. RIO DE JANEIRO/ PETRÓPOLIS – CASA DO ENZO/DIA
Estão todos tomando café, Aline se arruma para levantar.
ENZO Mas já está saindo, Aline?
ALINE Sim, pai. Vou para a empresa. Tenho que trabalhar, né?!
ENZO Claro! Eu vou ficar em casa hoje com sua mãe.
ALICE Não, de maneira alguma! Não precisa ficar em casa por conta de mim, eu sei fazer minhas coisas, Enzo. Além do que não morri.
ENZO Quase morreu. E esse corte na sua coxa, você reclamou ontem de dor.
ALICE Foi de raspão, nem foi profundo. Já até cicatrizou! Nem precisa ficar assim, ok?! Podem ir trabalhar, eu fico em casa.
LORENZO Eu vou ficar em casa também. Eu cuido da mãe, podem ir.
Aline se levanta rapidamente, ela tem um sangramento.
ALINE Não! Não pode ser! – ela diz, desesperada.
Todos olham apavorados, apenas Rebeca que não se espanta.
Foca em Aline, apavorada, ela chora.
FIM DO 44° CAPÍTULO!