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Realeza

Capítulo 40 – Realeza

QUADRAGÉSIMO CAPÍTULO

 


Cena 1- Apartamento de Leonardo- Tarde.
Riginaldo espanca Leonardo. Luciana tenta intervir, mas acaba sobrando para ela.

Riginaldo: Seja homem pelo menos uma vez, seu moleque. – Ele começa a rir da cara de Leonardo. – Tenho certeza de que está se cagando de medo. – Riginaldo aperta o gatilho, mas não sai nada. – Brincadeirinha.
Leonardo: Você quase me matou do coração. Por que você não me deixa em paz? Eu prometo nunca mais aparecer na sua vida.
Riginaldo: Tudo bem. Eu aceito o acordo. Mas antes, temos algo pendente para ser resolvido. – Ele avança em cima do rapaz e começa a lhe dar socos.
Luciana: Para com isso, Riginaldo. – Ela tenta tirar o marido de cima do filho. – Para de ser infernal, vamos voltar para casa, viver a nossa vida.
Riginaldo: Sai daqui. – Ele dá um tapa bem forte na cara da mulher, que a faz cair no sofá. – Eu posso até não te matar, porque isso só irá complicar ainda mais a minha vida. Mas eu deixarei muitas marcas roxas em você, desgraçado.  – Ele continua a bater em Leonardo.
Leonardo: Bate. – Gotículas de sangue saem da sua boca. – Bate forte. Pois essa é a última vez que vou apanhar de você.
Riginaldo: Você acha que isso vai te livrar da surra que a vida vai lhe dar? – Ele não para de socar. – A surra da vida, é bem mais dolorosa.
Leonardo: Pode ter certeza que não. – Os olhos dele estão cheios de lágrimas. – Nada é mais doloroso do que você ser visto como um monstro pelo seu próprio pai.
Riginaldo: Chega. – Ele para. – Vamos embora daqui, Luciana. A vontade que eu tenho é de vomitar na cara dessa bicha louca.
Luciana: Eu não posso deixar o nosso filho nesse estado, vou leva-lo ao médico e depois vou para casa.
Riginaldo: Se você for com ele, não precisa mais voltar para nossa casa. Eu não te receberei mais lá.
Luciana: Você não pode fazer isso comigo, Riginaldo. Muito menos com o seu filho, sangue do seu sangue.
Riginaldo: Ai é que se engana. Eu não tenho mais filho, e com você eu faço o que bem entender. Você vai ou fica?
Leonardo: Vai, mãe. – Ele chora. – Pode deixar que eu me viro.
Luciana: Se cuida. – Ela o abraça. – E me desculpe por isso. – Ela fala também chora. – Vamos.

Cena 2- Casa de Maria José- Tarde.
Maria Letícia ameaça Maria José.

Maria José: O que você está fazendo aqui? – Ela pergunta ao abrir a porta. – Você não é bem vinda nesta residência.
Maria Letícia: Pelo visto, isso daqui continua o mesmo muquifo de sempre. Até o ar está carregado. – Ela vai entrando sem ser convidada. – Puxa, quanto pó tem nesta estante. – Ela fala após ter passado o dedo no móvel.
Maria José: Ainda não entendi o propósito de sua visita. Muito menos o porquê de estar desprezando o lugar que muito te serviu no passado.
Maria Letícia: Nós temos muito o que conversar, não acha? – Ela se senta no sofá. – Você arruinou a minha vida, sua travesti imunda. E nada mais justo que eu faça o mesmo.
Maria José: Será que isso foi uma ameaça? – Ela olha nos olhos de Maria Letícia. – Estou penando de medo.
Maria Letícia: Se eu fosse você, teria mesmo. Pois eu sou capaz até de matar quem entra no meu caminho.
Maria José: Você continua a mesma de sempre, Maria Antônia. Só sabe latir, porque morder que é bom. – Maria Letícia se levanta e dá um tapa na cara de Maria José.
Maria Letícia: A única cachorra que tem aqui é você, e sarnenta por sinal. – Ela repara no local, onde não há ninguém. – Cadê a sem classe da sua sobrinha?
Maria José: Primeiramente, você não tem direito nenhum em vir na minha casa, e me dar um tapa na cara. – Ela revida com bastante força. – E a Daniele não mora mais aqui.
Maria Letícia: Desgraçada. – Ela leva a mão até o rosto, que está vermelho pelo tapa. – Se ela não mora mais aqui, para onde é que a suburbana foi? Até onde eu sei, meu filho está morto… ela não conseguiu dar um golpe nele como planejava.
Maria José: Ela está morando com o pai dela, Roberto. Agora, por favor, saia da minha casa.
Maria Letícia: Então quer dizer que eu vou ter que me deslocar até a mansão Sales Couto de Sá? Pensei que daria o recado de uma vez só. – Ela faz uma pausa. – Vocês vão me pagar, Maria José. A minha realeza foi desmoronada por vocês, e eu certamente não terei a mesma sorte que tive há anos. Acabaram com os meus sonhos luxuosos, e pagarão caro por isso.
Maria José: Só porque o Alberto morreu e não lhe deixou nenhum tostão, você está assim? – Maria José ri da cara dela. – Pois, certamente, ele não deve ter deixado nada para a mulher que o golpeou. Estou certa? – Maria Letícia não responde. – Agora saia da minha casa, sua vagabunda. – Ela pega Maria Letícia pelo cabelo, e a expulsa de sua casa.
Maria Letícia: Isso não vai ficar assim. Ou eu não me chamo Maria Letícia Lemes Corte Real. – Maria José acena para ela, ironicamente.

Cena 3- Mansão Sales Couto de Sá- Tarde.
Célia conta a Antonella sobre o que viu no clube. Ela não perde a chance de atacar Daniele.

Célia: Hoje eu tive a prova de que aquele tal Frederico é mesmo muito disputado.
Antonella: Do que a senhora está falando, vovó? Por acaso ainda é sobre aquele meu desentendimento com a Daniele?
Célia: Aquele rapaz deve ser muito rico mesmo. Ou deve ter algo que agrada, não somente as mulheres, como também os homens. – Cheia de veneno.
Antonella: Vovó, eu não estou entendendo nada. Seja mais específica. O que foi que a senhora viu?
Célia: Sua irmã estava aos beijos com o namorado, lá no clube. E eu percebi que eles estavam sendo vigiados, por alguém que me parecia muito interessado no rapaz.
Antonella: Oi? Quer dizer que tem mais alguém de olho no Frederico? – Ela sorri. – A Daniele vai adorar saber disso.
Célia: Não sei se você soube, mas recentemente lá no clube estão havendo algumas fofocas sobre a família Queiroz Galvão.
Antonella: Ah! Já fiquei sabendo. Parece que a Luciana anda apanhando do Riginaldo. E além de tudo, ele foi entregue a polícia pelo próprio filho.
Célia: E você sabe porque ele foi parar na cadeia? – Antonella responde que não. – Porque ele não aceitou a opção sexual do filho, e espancou ele.
Antonella: Gente. – Ela se surpreende. – Que babado forte, vovó. Quer dizer então que o Leonardo é gay? Só pode ter sido por isso que ele não noivou com Maria Luiza, não gosta da fruta.
Célia: E se restavam dúvidas de que ele é gay, hoje foram sanadas todas elas. É ele quem estava de olho em Daniele e Frederico. Mas presumo que ele olhava, o que lhe agrada, se é que você me entende.
Antonella: Choquei. – Ela leva as mãos até a boca. – A Daniele tem que tomar cuidado. Vou adorar passar esta informação a ela.
Daniele: Presumo que estejam falando de mim. – Ela fecha a porta, e tira os óculos escuros. – Já que não sabem fazer outra coisa.
Antonella: Coincidentemente, estávamos mesmo falando de você. – Ela dá um pulo do sofá. – Mas, desta vez serei camarada com você, mesmo não merecendo.
Daniele: Você, camarada? Estou pagando para ver. – Ela cruza os braços. – Diga logo o que quer.
Antonella: O seu namoradinho está sendo visado por um homem, que parece estar muito apaixonado por ele. Isto se eles já não tiverem um caso pelas suas costas.
Daniele: Do que você está falando? – Ela fica perplexa. – Você só pode estar inventando isso tudo para envenenar o meu namoro, cobra.
Antonella: Tudo bem. Quando ele aparecer aos beijos com outro homem, não diga que eu não te avisei. – Daniele engole seco.

Cena 4- Cobertura de Severino- Noite.
Severino encontra drogas no meio das coisas de Ivan. Os dois tem uma discussão feia.

Severino: O comportamento do Ivan está indo de mal a pior. Tenho certeza que algo de errado está acontecendo. – Ele diz, entrando no quarto do filho. – Até porque ele anda muito, “quieto” pro meu gosto. Ele não é assim… Deve ter algo por aqui que possa me mostrar a gravidade da situação. – Ele abre a gaveta da cômoda. – Isso é, se ele não estiver aprontando algo pelas minhas costas, desde algum tempo atrás. – Ele revira a gaveta, e acaba encontrando uma sacola.
Ivan: O que você está fazendo no meu quarto? Não posso sair nem mais um segundo que você ataca? – Ele fala com raiva. – Que atitude baixa, para um advogado.
Severino: Será que você pode me explicar o que significa isto? Você está usando heroína, Ivan? Você anda se drogando? – Ele fala com a sacola na mão.
Ivan: Você não tem o direito de me cobrar explicações sobre nada. – Ele avança em cima do pai para pegar a sacola.
Severino: Quem não tem o direito de me tratar assim é você. – Eles brigam pela sacola, cada um puxa de um lado. – Querendo ou não, eu sou seu pai.
Ivan: Não nego que você seja meu pai. Só não aceito que seja um assassino, que matou a minha própria mãe. – A sacola se rasga ao meio e libera muito pó.
Severino: Eu já te expliquei por que fiz o que fiz: a sua mãe me traiu, Ivan, e isso foi o cúmulo para mim.
Ivan: Pelo amor de Deus. Com tanta mulher no mundo. Por que você não foi atrás de outra? Deixava a minha mãe em paz com qualquer um que fosse.
Severino: A morte da sua mãe não está em discussão. Quero saber o motivo pelo qual você anda usando isso. – Ele aponta para o chão. – Por que você está se autodestruindo?
Ivan: Porque isso me anima. É a única coisa que me faz feliz, pois nem um pai descente eu tenho para me animar. – Os olhos dele enchem de lágrimas.
Severino: Quantos vezes eu tentei me aproximar de você? Impossível saber, não é? Até perdeu a conta. Você é um ingrato, Ivan, só sabia me afastar de você. O pior é que até hoje continua a fazer a mesma coisa.
Ivan: E porque deveria ser diferente? Você detonou a minha vida, quando disse que havia matado a mamãe. – Ele seca as lágrimas. – Sai do meu quarto. Pelo amor de Deus, sai daqui.
Severino: Tudo bem. Se é isso o que você quer. – Ele se aproxima da porta. – Então se mate sozinho. – Ele sai e Ivan continua a chorar.

Cena 5- Clube Realeza- Noite.
Maria Luiza vê Melissa indo buscar Jonathan depois do trabalho.

Melissa: Não disse que voltaria para te buscar? Você não vai se livrar tão fácil de mim, Jonathan. – Ela surge atrás dele.
Jonathan: Por favor Melissa. Eu pedi para que você não viesse. Você melhor do que ninguém, sabe que não estou com cabeça para um novo relacionamento agora.
Melissa: Você não percebe que sou a cura da sua enfermidade? Contente-se. E é por saber o que aconteceu entre Maria Luiza e você que…
Jonathan: Que você deveria se tocar, e respeita que sou ex da sua prima. – Ele é duro, e ela fica sem graça.
Melissa: Tudo bem. Acho que entendi o recado. – Ela se vira para ir embora, mas ele a pega pelo braço. – Me solta.
Jonathan: Você me obrigou a falar isso. – Ele a segura com força. – Eu não queria ser grosso contigo. E sei que você só quer me ajudar a superar minha história com Maria Luiza.
Melissa: É muito mais do que isso. Eu acabei ficando apaixonada pelo seu jeito… meigo. Mas esqueci que todos têm duas faces: uma boa e a outra ruim.
Jonathan: Eu não queria te magoar, mas eu não estou preparado para um novo namoro.
Melissa: E quem foi que falou em namoro? Eu só quero conhecer você, ficar contigo. Se as coisas forem em uma boa maré, quem sabe nós não acabamos… – Ela passa a mão na barriga dele. – … namorando?
Jonathan: Então você só quer ficar? Sem compromisso? – Ela faz que sim com a cabeça. – Podemos conversar agora.
Melissa: Conversar? Pode até ser, mas se você aceitar minha carona. – Eles caminham até a saída.
Maria Luiza: Jonathan e Melissa, amigos? E a amizade é tanta que ela veio até busca-lo. Ou será que é outra coisa? – Ela desconfia. – Não, a Melissa não seria capaz de fazer isso comigo.

Cena 6- Mansão Garcia de Albuquerque- Noite.
Frederico conversa com a mãe sobre o rolo dele e de Daniele, por causa de Antonella.

Marillu: Você foi jantar na casa da sua futura esposa, e nem ao menos me conta como foi? – Ela se senta ao lado dele. – Você já foi mais meu amigo.
Frederico: Desculpa, mamãe. Mas é que deu um rolo lá, que nem vale a pena conversarmos sobre.
Marillu: Claro que vale a pena. Meu filho, você precisa me contar tudo para que eu possa te ajudar. Pois pode ser que coloque tudo a perder.
Frederico: Engraçado. Sabe o que eu estava pensando? A senhora fala tanto que ficaremos pobres, mas eu não vejo indício disso. Tanto que continuamos com todos os nossos empregados.
Marillu: Não se iluda, Frederico. De oito milhões da herança do Carlos Henrique, nos restam apenas trinta mil. Você precisa casar o quanto antes.
Frederico: Alguma coisa de errado tem ai nesta sua conta. Mãe, eu não usei um centavo daquele dinheiro todo. Você me proibiu de usufruir do que era meu.
Marillu: Eu sei. – Ela fala, cabisbaixo. – Mas para manter esta mansão de pé, eu tive que usar o que seu pai te deixou.
Frederico: Mãe. E aqueles imóveis do papai que você vendeu? Tínhamos bem mais que oito milhões, não é possível que tudo isso tenha descido pelo ralo. Que história mal contada é essa, dona Marillu?
Marillu: Filho. Além de manter esta mansão, nós ainda tínhamos que manter nossos empregados, nossos veículos, nossa luxúria… não deixei que você gastasse nem um centavo da herança, porque tudo já estava planejado na minha cabeça. Eu sabia com o que gastaria, mas não contava que você iria demorar tanto para se casar. Pois se tivesse corrido atrás de alguma ricaça, assim que o seu pai morreu… você estaria casado e bem feliz. – Ela mente.
Frederico: E a herança do papai ia ficar somente para a senhora, é isso?
Marillu: Claro que não, meu bem. Eu acabaria indo morar com você e sua esposa por um tempo, e depois iríamos investir o dinheiro de seu pai em algo rentável. Entendeu agora?
Frederico: Continuo sem entender. Você poderia ter investido este dinheiro em algo rentável, mesmo eu não estando casado.
Marillu: Frederico, se eu investisse com nós morando aqui na mansão… ficaríamos sem dinheiro rápido, e não sobraria nada para manter este local. Se você casasse, nós não teríamos esta mansão para nos preocupar… e investiríamos o dinheiro. Enfim, eu quero saber sobre o seu jantar com a sua namorada, não sobre a pobreza que está cada vez mais perto de nós.
Frederico: A Antonella contou para a Daniele que nós passamos uma noite juntos. A Dani pareceu bastante compreensiva, mas mesmo assim… me deu um tremendo frio na barriga.
Quase que o meu namoro acaba por culpa dela.
Marillu: Se vocês passaram uma noite juntos, parece que ela ainda está caidinha na sua. Por isso deu logo um jeito de tentar complicar o namoro de vocês.
Frederico: Também me ocorreu que a Antonella estivesse mesmo apaixonada por mim. E isto será um empecilho em meu relacionamento, já que ela fará de um tudo para ver a nossa ruína.
Marillu: Só vai ser um empecilho se você quiser. Seja esperto Fred, invista nas duas. Se uma te der um pé na bunda, você tem a outra. O que importa é você se casar com uma delas.
Frederico: E como é que eu vou investir nas duas ao mesmo tempo? Elas são irmãs, moram na mesma casa, esqueceu?
Marillu: Não vejo complicação nenhuma. Diz para mim, que homem nunca teve amante? E um caso com a Antonella valerá muito para ela. Já que está obcecada em atacar a irmã, pelo que entendi.

Cena 7- Apartamento de Leonardo- Noite.
Cléber conforta Leonardo pelo que acontecera entre ele e o pai. Acaba rolando um beijo.

Cléber: Graças a Deus o pior não aconteceu. – Eles entram no local. – Bem que você desconfiou da voz de sua mãe no telefone.
Leonardo: Estou todo quebrado. Se ele tivesse me dado mais um ponta pé, acredito que eu estaria morto agora. – Ele está com um braço enfaixado, e cheio de curativos pelo corpo.
Cléber: Me dá até dó de você. Porque, querendo ou não, ele é seu pai. E deve ser horrível viver em pé de guerra com o próprio pai.
Leonardo: Ele é um covarde, isto é o que ele é. Acredita que ele deu um tremendo de um tapão na cara da minha mãe?
Cléber: Coitada. Por que você não o entrega para a polícia novamente? Sei lá, tente impedir que ele chegue perto de você. Há leis que concedem este direito para algumas pessoas.
Leonardo: Eu não quero mais me meter com ele. Para mim Riginaldo está morto. Até porque ele aceitou nunca mais vir atrás de mim, mas eu não posso entrega-lo para a polícia.
Cléber: E você acreditou nele? Não sei porque, mas isso não me impressiona. Já que você adora acreditar nos cafajestes.
Leonardo: Você está se referindo ao Frederico ou… é só impressão minha? Ele não é nenhum cafajeste, Cléber. Só é capacho da mãe.
Cléber: Por que você não o esquece de uma vez? – Ele senta do lado de Leonardo. – Parece até que gosta de sofrer. Pois é só isso o que ele faz contigo: te fazer sofrer.
Leonardo: Muito pelo contrário, Frederico me mostrou o que é amor verdadeiro. – Cléber fica bem próximo dele.
Cléber: Ele te mostrou na teoria o que é o amor verdadeiro, e pode ter alguém apenas esperando a oportunidade de te mostrar na prática o que isto significa.
Leonardo: E será que eu posso saber quem é esse alguém? – Ele não responde, apenas o beija. Leonardo o afasta rapidamente. – O que foi isso? Você não devia ter me beijado.
Cléber: Desculpa. Mas é que…
Leonardo: Por favor, sai daqui Cléber. Eu não acredito que você fez isso comigo. Acho melhor nós nos afastarmos por um tempo. Será bem melhor assim.
Cléber: Se é isso o que você quer. – Ele se levanta. – Eu espero que você fique melhor logo. – Ele se aproxima da porta. – O engraçado é que você o ama tanto, mas ele nunca está presente. Nem ao menos te ajuda quando você mais precisa, como agora. – Ele vai embora.

Passam-se duas semanas…

Cena 8- Motel- Noite.
Antonella e Frederico conversam sobre o caso deles, e também sobre Daniele.

Antonella: E pensar que esta sua ideia foi maravilhosa. No início achei uma má ideia, até porque queria atacar a Daniele sem ser pelas costas. Queria te pegar ali mesmo, na frente dela.
Frederico: Seria legal. Um verdadeiro golpe letal na sua irmã otária. Você sabe que eu só estou namorando ela porque pensei que aquela noite não tinha valido de nada para você.
Antonella: Você já me contou isso inúmeras vezes. E confesso que fiquei surpresa ao saber que você também pensou em mim depois daquela noite.
Frederico: Só não aprovei uma coisa. Por que você inventou aquilo para a Daniele? Sobre o Leonardo e eu? Ela acreditou em ti.
Antonella: Ela é uma tonta. Até parece que homenzarrão feito você, ficaria com outra cara. Me poupe, né Frederico? Se ela acreditou, é porque ela não te conhece.
Frederico: Realmente, eu nunca ficaria com outro homem. Mas mesmo assim, ela poderia sair espalhando isso. E a minha fama de pegador? Onde fica nesta história toda?
Antonella: Desculpa. Eu só fiz suposições no que a minha avó havia presenciado lá no clube. Só dei uma apimentada nas informações que ela me passou.
Frederico: E o que foi que a sua avó viu? – Ele fica tenso. – Será que ela não está mentindo para você?
Antonella: impossível da minha avó mentir para mim. Ela viu o Leonardo olhando com muito interesse para você e Daniele. Ele não desgrudou o olho de vocês, havia algo que o interessava, e certamente não era a Dani.
Frederico: Por que não? Ele poderia muito bem estar olhando para a Daniele. Até seria mais provável, já que ele quase ficou noivo de Maria Luiza.
Antonella: Não ficou sabendo da fofoca? Até me impressiona, já que você vive naquele clube de namorico com a “Dani”. Todos estão comentando da sexualidade de Leonardo. Parece que ele é gay, e foi por isso que largou Maria Luiza.
Frederico: Como é que é? – Ele finge surpresa. – Nada contra. Que ele seja gay, mas bem longe de mim.
Antonella: E foi isso. Quando a minha vó contou o que viu, acabei não me aguentando… e enchi a cabeça da minha maninha.
Frederico: Sabe? Vamos esquecer esse povo. – Ele a beija. – Aguenta um segundo round?

Cena 9- Apartamento de Celso- Noite.
Celso, Maria Letícia e Pierre conversam sobre a leitura do testamento de Alberto.

Maria Letícia: Sabe quando será a leitura daquele maldito testamento, Pierre? Já está mais do que na hora de lerem aquilo.
Celso: Ela não falou de outra coisa durante a semana. Não se conforma que pode não estar no testamento de Alberto.
Maria Letícia: E não é pra estar mesmo muito inconformada? Eu vivi ao lado daquele homem por tanto tempo. Dei dois belos filhos para ele. E é assim que ele me agradece?
Celso: Você fez isso porque você quis. Só estava de olho no dinheiro dele, e acabou se ferrando. Construiu a sua realeza, mas esqueceu que existia um furacão chamado Maria José que poderia derrubar tudo.
Maria Letícia: O pior é que eu tinha mesmo me esquecido totalmente dela. As únicas pessoas que sabiam do meu passado, era você, Roberto e ela.
Pierre: “Madame” a leitura do testamento será amanhã. – Maria Letícia fica boquiaberto. – E já que a rainha não sabia, é porque ela não está no testamento. Pois a essa altura já devem ter contatado os herdeiros sobre a leitura.
Maria Letícia: Não. – Ela dá um murro sobre a mesa. – Aquele desgraçado não foi capaz de fazer isso comigo. Ele me paga. Miserável. Isso não vai ficar assim. Você sabe onde vai ser realizada essa tal leitura?
Pierre: Sei sim “Madame”.
Maria Letícia: Eu vou querer o endereço certinho. – Ela fala com raiva. – Eu irei até lá, para protestar pelos meus direitos.
Celso: Que direitos, Maria Letícia? Não seja louca. Alberto e você, já não tinham mais nada um com o outro. Esqueceu disso?
Maria Letícia: O divórcio não havia sido declarado ainda. Portanto, continuo casada com ele.
Celso: Na verdade, agora você é viúva. Mas mesmo assim, vocês se casaram na igreja. Ele não tem o direito de te deixar nem um centavo. Além do mais, vocês nem adquiriram nada durante o casamento de vocês, pois poderia ser que ele deixasse como herança para você.
Maria Letícia: Chega. Eu vou ir até esse tal cartório amanhã, e não tem quem me impeça. – Ela pega um papel e uma caneta para Pierre. – Escreva o endereço ai.

Cena 10- Cobertura de Marisa- Noite.
Rogério fala sobre o depoimento de Celso e Maria Letícia. Melissa diz para que o delegado não os tirem da lista de suspeitos.

Rogério: Parece que Celso e Maria Letícia não tem mesmo nada a ver com a morte de Rodolfo.
Marisa: O que foi que eles disseram de tão… inocente, para que você mudasse de ideia assim?
Rogério: Os depoimentos deles foram mais que satisfatórios.
(FLASHBACK)
Celso: Não sou eu nessas imagens. – Ele olha no fundo dos olhos de Rogério. – Eu juro pela minha vida. Esse homem não sou eu.
Rogério: Como posso acreditar que não é você? Não acha que é muito parecido com o cara?
Celso: Admito que sou bastante parecido. Mas por que eu mataria o Rodolfo?
Rogério: Ele namorava a Marisa, que recentemente namorou você. Vê como há tantas coincidências nesse caso?
Celso: Muitas, por sinal. Mas naquele tempo eu não tinha interesse algum pela Marisa. Além do mais, nós só começamos a nos envolver por causa do Alberto, que pediu para que eu fosse até Barcelona visitar a irmã.
Rogério: Tudo bem. Pode até ser que a Marisa não tenha sido o seu… objetivo, ao matar Rodolfo. O que você tem a me dizer sobre Maria Letícia? A mulher que você dizia ser sua irmã, mas na verdade mantinha um caso com a mesma. – Celso engole seco.
Celso: Maria Letícia e eu escondíamos que éramos amantes. Mas o que isso tem a ver com a morte de Rodolfo? Porque até onde eu sei eles não se conheciam, antes de ele se envolver com a Marisa.
Rogério: Será mesmo que não? Você pode ter matado ele por ciúme da sua amada.
Celso: Ciúme? Eu tinha do Alberto, mas o mantive vivo. Não matei ele porque se relacionou com a mulher que eu tinha um caso. E até onde eu sei, Maria Letícia e Rodolfo nunca tiveram nada.
Rogério: Boa resposta, conseguiu me convencer. Mas só que há algo de errado ai. Vocês estavam interessados no dinheiro de Alberto, até onde eu sei. E mata-lo não seria de bom grado, já que perderiam toda a mordomia em que viviam.
Celso: É ai que está. Eu não sou tão louco para matar por amor, como o senhor deduziu. Se eu fosse, teria me livrado do Alberto sem nem ao menos pensar duas vezes.
Rogério: Ok, faz sentido. – Ele inspira. – Mas e sobre as imagens? Como pode me provar que não era você?
Celso: Não sou eu, porque no dia em que Rodolfo morreu, eu estava viajando. – Ele se entristece. – Me lembro como se fosse ontem.
Rogério: Viajando? Para onde? Por quê?
Celso: Viajando para o Rio de Janeiro. – Os olhos dele enchem de lágrimas. – A minha mãe havia morrido.
(FIM DO FLASHBACK)
Marisa: Viu como nós fomos injustas, Melissa? Nos esquecemos que o Celso havia viajado porque a mãe dele tinha morrido. E foi neste período que o Rodolfo morreu. Além do mais, o seu tio o levou até o aeroporto. Não tem nem como cogitarmos que o Celso havia mentido sobre a morte da mãe, para ir se livrar de Rodolfo.
Melissa: Sim. Fomos desatentas a esse detalhe. Até porque eu só tinha quinze anos na época. Como iria me lembrar disso? Agora eu tenho vinte e cinco.
Marisa: Se passaram apenas dez anos. Agora, fale-me sobre o depoimento de Maria Letícia, Rogério.
Rogério: Vou apenas dizer o que foi falado de mais importante.
(FLASHBACK)
Rogério: Me dê um motivo para que eu tenha a certeza de que você não teve nenhum caso com Rodolfo, antes que ele conhecesse a Marisa.
Maria Letícia: Vou ser curta e bem objetiva: a minha praia é outra, delegado. Gosto de homens da minha idade, até dois anos mais velhos do que eu. Passando disso, dispenso.
Rogério: Então o Rodolfo era mais velho que você? Quantos anos mais velho?
Maria Letícia: Ele era vinte anos mais velho do que eu. Desculpe, mas não sei como a Marisa conseguiu beijar a boca daquele homem. Ele já usava dentadura.
Rogério: Fiquei sabendo que vocês ficaram muitos surpresos quando se viram pela primeira vez. Gostaria de saber por qual motivo.
Maria Letícia: Na verdade, fiquei surpresa porque Marisa me puxou para apresentar-me o novo namorado, e quando cheguei na mesa deles dei de cara com aquele idoso. Fiquei pasma, pois aquele homem podia ser pai dela. Já a surpresa dele, suponho que tenha sido pela minha beleza, pois mesmo fora das capas de revista, eu era um arraso.
(FIM DO FLASHBACK)
Marisa: Bem típico dela rir do namorado dos outros. Só não digo nada porque o meu irmão era um verdadeiro príncipe.
Rogério: E pelo jeito esnobe de Maria Letícia, creio que ela não ficaria mesmo com um homem bem mais velho do que ela.
Melissa: Eles foram mesmo muito convincentes, mas são os nossos únicos suspeitos. E enquanto não encontrarmos alguém que os substitua… eles ficarão na nossa mira. Continue os mantendo como suspeitos, Rogério.

Cena 11- Mansão Sales Couto de Sá- Noite.
Daniele conta para Roberto sobre o que Antonella pretende fazer para ataca-lo. Ele fica revoltado, e pede ajuda a filha.

Daniele: Sei que sou a última pessoa que gostaria de ver aqui em seu escritório. – Ela entra. – Mas é que eu tenho algo muito importante para te contar.
Roberto: Me poupe de suas discussões bobas com Antonella por causa daquele rapaz. Será que você não vê que estou trabalhando?
Daniele: Não é sobre os meus desentendimentos com Antonella que eu vim falar. – Ele não dá atenção a ela, e continua a assinar os papéis. – É sobre a guerra que existe dentro desta casa.
Roberto: Vai me dizer que está te incomodando? Já ouviu aquele ditado que diz “os incomodados que se mudem”, pois bem.
Daniele: Muito pelo contrário. Não estou nem um pouquinho incomodada. E já que o senhor não para de ser grosso comigo, e nem ao menos me vê como sangue do seu sangue… não irei te contar o que Antonella e as outras duas estão pretendendo fazer com você. – Ela se vira para ir embora.
Roberto: Espera, Daniele. Talvez eu tenha um tempinho para você, mas seja breve. – Ela volta e se senta.
Daniele: A Antonella sugeriu para as outras, que elas deveriam pegar em seu ponto fraco, ou seja, a Michele. As três estão confiantes que sem a sua amante, você não é nada.
Roberto: Ai é que elas se enganam. Posso muito bem atacar as três sem envolver a Michele. – Ele dá um soco na mesa. – Minha própria filha mancomunando contra mim, ordinária.
Daniele: Não foi por falta de aviso, não é? Sempre disse que sua filhinha amada não prestava. E isso é um castigo que Deus está te dando, pois não reconhece que sou a sua melhor filha.
Roberto: Talvez eu tenha mesmo errado em não ter dado uma oportunidade para termos uma boa relação.
Daniele: Não é talvez não, é certeza mesmo. Agora, eu já fiz o que deveria ser feito. Tome as medidas necessárias, antes que elas te derrubem.
Roberto: Espera. Você sabe como as atacar melhor do que eu. E por isso preciso que me ajude a pensar em algo. – Ela o olha risonha.
Daniele: Está falando com a pessoa certa. Já sei até o que pode fazer para começar.
Roberto: Parceiros? – Ele estende a mão para a filha, que aperta. – Faremos uma bela dupla.

Cena 12- Mansão Corte Real- Noite.
Ivan convida Maria Luiza para sair no dia seguinte.

Ivan: Amanhã é a leitura do testamento. E você precisa estar descansada, não é?
Maria Luiza: Sinto que surpresas vêm por ai. Acho mesmo que preciso de um bom descanso para aguentá-las amanhã.
Ivan: Então eu acho que vou indo nessa. – Ele se levanta. – A propósito, você aceitaria sair comigo amanhã a noite? Já que ficará ocupada o dia inteiro, só nos resta a noite.
Maria Luiza: Talvez seja uma boa. Preciso voltar a viver urgentemente. E para onde nós iremos?
Ivan: Ah! Eu quero fazer uma surpresa para você. Ou vai dizer que não gosta de surpresas?
Maria Luiza: Não vou dizer que gosto, nem que não gosto. Dependendo da surpresa, ela pode ser muito bem-vinda.
Ivan: Que bom saber disso. – Ele a dá um abraço. – Se cuida, fique com Deus. E até amanhã.

Cena 13- Casa de Maria José- Noite.
Gaby lamenta por não ter passado na entrevista de emprego. Maria José tenta confortar a moça, enquanto Michele a repreende.

Gaby: Ai, como eu queria ter passado naquela entrevista do clube. Seria tão bom.
Maria José: Se você não passou foi porque Deus quis assim. E se não foi esse, talvez seja outro. Você só precisa tentar.
Gaby: Conquistar um emprego hoje em dia não é fácil. E eu já sabia disso. Mas felizmente, consegui um bico em um barzinho.
Maria José: Onde é mesmo esse tal barzinho? Preciso saber no caso de algum dia acontecer algum imprevisto contigo.
Gaby: Pode deixar que eu escreverei o endereço em algum papel. – Michele a olha atentamente. – Para falar a verdade, só aceitei esse bico porque eu estava mesmo precisando. Se quero mudar minha vida, para viver feliz com o Rafa, era preciso que eu fizesse algum sacrifício.
Maria José: Isso não foi um sacrifício. Já que graças ao nosso bom Deus, você saiu da vida fácil.
Gaby: Olhando por esse lado. – Ela encara Michele.
Maria José: Agora, eu preciso ir dormir. – Ela dá um abraço em Gaby. – Tomara que você consiga coisa melhor do que esse bico, mas enquanto isso não acontecesse, contente-se com o que tem. Boa noite, meninas. – Ela vai para o quarto.
Michele: Como você pode mentir na cara dura? Mente que nem sente. Você percebe o quão está sendo injusta com a José? Ela nos ajuda tanto, e você mentindo para ela.
Gaby: Michele. É só estou fazendo o que deve ser feito. Preciso de dinheiro, tanto para ajudar dentro de casa, quanto para comprar coisas para mim.
Michele: Eu sei disso. Mas mesmo assim não estou de acordo com o que está fazendo. Você voltou a fazer programas, Gaby. E se o Rafael descobrir isso, pode ter certeza que ele não pensará duas vezes, irá terminar tudo com você.
Gaby: Bate na madeira. Isso não pode acontecer, eu estou tão feliz com ele.
Michele: E é por essa felicidade que você deveria parar com isso. Tudo bem que você precisa de dinheiro, mas… será que o dinheiro vale sacrificar a sua felicidade?
Gaby: Michele, eu só te peço para que não conte a ninguém. Todos têm que pensar que eu estou fazendo bico nesse tal barzinho, entendeu?
Michele: Se é assim que você quer. Eu só espero que você não perca tudo o que tenha, o que te faz tão feliz.
Gaby: Assim que eu conseguir um emprego digno, irei deixar essa vida. Pode ter certeza disso.

Cena 14- Cemitério- Dia.
Jonathan, Rafael e Regina visitam o túmulo do falecido pai dos rapazes.

Jonathan: Ao menos ele conseguiu me perdoar entes de ir embora. – Ele joga flores no túmulo do pai. – Pensei que nunca conseguiria o perdão dele.
Regina: O seu pai ficou muito magoado, mas entendeu que foi uma fatalidade. E que ele e eu fomos mais culpados do que você.
Jonathan: O Kevin foi enterrado ali? – Ele aponta. – Por que a senhora não o colocou mais perto do papai?
Regina: Porque não havia espaço, ora. – Ela caminha até outro túmulo, e se agacha. – Meu pequeno Kevin. – Os olhos dela enchem de lágrimas.
Jonathan: Pensar que o papai e a senhora se esforçaram tanto para adotá-lo. E que ele não conseguiu completar, nem ao menos um ano de vida.
Rafael: Isso tudo é mesmo muito triste. – Ele fala com os olhos cheios de lágrimas. – Mas não vamos ficar lembrando do passado. O que se foi, se foi, e não volta nunca mais. É vida que se segue, minha gente.
Jonathan: Você está certo. Vamos embora. Nós três ainda temos de ir para o trabalho hoje.
Rafael: Só um momento. – Ele volta ao túmulo do pai e joga uma rosa. – Feliz aniversário, papai.

Cena 15- Parque do Ibirapuera- Dia.
Marillu esbarra em Carlos Henrique, que a ameaça. Depois ela acaba encontrando Rogério.

Marillu: Ai que canseira. – Ela senta em um banco. – Preciso beber um pouco de água, antes que eu morra de sede. – Ela caminha até o bebedouro. – Hm! Que delícia. Está bem geladinha. – Ela volta a caminhar, e acaba esbarrando em um homem.
Carlos Henrique: A senhora não olha por onde anda? – Marillu se assusta com a voz, que é familiar, e olha rapidamente para o rosto do homem. – Não me admira nada que continue a mesma desatenta de sempre.
Marillu: Carlos Henrique? Então você voltou. Sabia que mais cedo ou mais tarde você viria.
Carlos Henrique: Pensou que conseguiria passar a perna em mim, vagabunda? Vendeu todos os meus imóveis sem a minha autorização, e me enviou o dinheiro da venda dizendo que era a minha herança. Acha mesmo que sou tão trouxa?
Marillu: Nós temos um filho. Assim que você “morreu” o dinheiro foi todo para ele. O que eu posso fazer?
Carlos Henrique: Nem meu filho aquele desgraçado é. Se esqueceu que eu já sei de toda a verdade? Quis dar um golpe do baú em mim, mas acabou se ferrando.
Marillu: Claro que não. O seu dinheiro é do meu filho agora. O meu golpe deu mais do que certo. Valeu muito a pena ter te entregado para a polícia.
Carlos Henrique: Marillu, você não sabe com quem está brincando. Enfim, só quero que você saiba que eu voltei. E estou por dentro de tudo que você e seu filhinho fazem.
Marillu: Cuidado. A polícia pode te pegar por ai, e te prender. Já que você não morreu como todos pensam. – Ela vira para voltar a caminhar, mas ele a pega pelo braço.
Carlos Henrique: Gostou do presentinho que deixei para você? – Marillu não entende o que ele quis dizer. – Entreguei meu presente na mansão Corte Real. Não acredito que ainda não tenha recebido.
Marillu: Você sabe que eu não moro lá.
Carlos Henrique: Mas o homem pelo qual você resolveu dar um golpe em mim, mora. Ou melhor, morava. Não foi por amar o Alberto que você mentiu, dizendo que o Frederico era meu filho? Só porque sabia que nós éramos próximos.
Marillu: Pera ai. – Ela fica perplexa. – O presente que você está falando… foi você? Você matou o Alberto?
Carlos Henrique: Imaginei que você ainda quisesse se casar com ele, e as coisas estavam mais fáceis, já que não havia mais Carlos Henrique, muito menos Maria Letícia. Então tive que fazer o mesmo que você fez comigo, o golpeei pelas costas. – Ele a solta. – Agora eu preciso ir. Mas saiba que eu voltarei, ou melhor, já voltei. – Ele vai embora.
Marillu: Meu Deus! Então quer dizer que o Alberto morreu por minha culpa? – Rogério pega no ombro de Marillu, que se assusta. – Rogério?
Rogério: Então quer dizer que você também pratica caminhada aqui? Bom saber disso, ao menos agora eu tenho alguém que possa me acompanhar.

Cena 16- Cartório- Dia.
O juiz faz a leitura do testamento. Maria Letícia protesta.

Marisa: Pode ter certeza que o meu irmão teve um bom motivo para fazer isso. Você praticamente fez em uma noite, o que eu vinha tentando fazer desde o dia do casamento dele. Desmascarar Maria Letícia não foi nada fácil.
Maria José: Quando o advogado me ligou há alguns dias, dizendo que eu estava no testamento, quase que caí para traz. Nunca pensei que o Alberto fosse agradecer o que fiz, ainda mais desta forma.
Marisa: Nós tivemos uma conversa, um tempo antes de ele elaborar o seu novo testamento. O meu irmão deixou bem claro, que você ficaria com algumas coisas que seriam destinadas ao Marcelo e a mãe dele.
Maria José: Depois do que ela fez. O mínimo que ele podia fazer, era tirá-la do testamento mesmo. – O juiz entra no local.
Marisa: Só te digo uma coisa: meu irmão ficou muito grato por você ter mostrado quem realmente era Maria Letícia.
Maria José: E tudo ficou mais fácil, pois antes de eu sair de lá, ele havia perguntado o meu nome.
Severino: Senhoras, preciso que se mantenham em silêncio. O juiz vai começar a leitura. – Ele cochicha para elas, que consentem.
Juiz: Eu, Alberto Corte Real, me encontrando no meu perfeito juízo e entendimento, livre de qualquer coação, deliberei fazer esse meu testamento particular, como efetivamente o faço, sem constrangimento, em presença de duas testemunhas, os senhores Melissa Corte Real, minha sobrinha, e Ivan Garcia Medeiros, filho de meu advogado, que se acham todas reunidas em minha residência. No qual exaro minha última vontade, pela forma e maneira seguinte: sou brasileiro, separado, com 52 anos de idade, tendo nascido em São Paulo. Instituo meu herdeiro em vinte e cinco por cento de minha fortuna, a Sra. Maria José Fonseca, uma grande amiga minha. Além disso, gostaria de deixa-lhe também, um veículo, minha mansão e cinquenta por cento das ações de meu clube.
Maria Letícia: Eu protesto. – Ela invade o local. – Não posso aceitar que essa travesti fique com tudo que é meu por direito. Eu sou a viúva do Alberto, não ela. E o pior é que eles nem eram tão amigos assim.
Ivan: Quem é essa maluca? – Ele fala no ouvido de Maria Luiza.
Maria Luiza: Por incrível que pareça, essa é a minha mãe. – Ivan se surpreende.
Maria Letícia: Andem. Acabem com essa palhaçada. Vamos rever os meus direitos antes de oficializar a leitura desse testamento injusto. – Ela se senta em uma cadeira. – Pois eu não saio daqui enquanto não me colocarem nesse testamento. – Todos se entreolham.

CONTINUA…

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