Capítulo 39 – Realeza
Cena 1- Mansão Sales Couto de Sá- Noite.
Daniele e Antonella saem no tapa. Antes de ir para o quarto, ela dá um beijo em Frederico.
Daniele: Responde alguma coisa, Frederico. Você teve mesmo coragem de beijar a boca dessa imunda?
Frederico: Eu posso te explicar tudo, meu amor. – Ele está tenso. – Foi apenas uma noite, nada mais do que isso.
Antonella: Uma noite inesquecível, aliás. – Ela ri. – A única imunda que estou vendo aqui é você. Contenha-se, querida.
Daniele: Olha aqui. Não pense que você vai ganhar vantagem com isso não, tá? – Ela se aproxima de Antonella. – O que vocês tiveram foi passado, agora eu sou o presente.
Antonella: Como eu já disse: não me incomodo que você se contente com o meu resto. – Daniele avança em cima da irmã, a jogando em cima da mesa. – Me solta sua suburbana.
Daniele: Você vai sentir a força da suburbana aqui, sua desgraçada. – Ela dá vários tapas na cara de Antonella, que revida todos.
Antonella: Sai de cima de mim. – Célia, Frederico e Simone tentam separá-las, enquanto Roberto continuar jantando.
Daniele: Me larga, Frederico. – Ela se debate. – Me deixa dar uma surra nessa fresca.
Antonella: Pode me soltar, eu sou uma lady. Não vou descer o meu nível. – Célia e Simone a soltam, ela se ajeita. – Tenho dó de você, Fred. Com tanta moça bacana e educada por ai, foi logo escolhendo a primeira que te deu abertura. Sei que é legal pegar as mais fáceis, porém, talvez valha a pena esperar mais um tempinho por uma difícil.
Daniele: Fácil aqui é você, sua lambisgoia. Saiba que rolou uma química entre Frederico e eu, por isso nos tornamos namorados.
Antonella: Volto a repetir: ele merecia coisa melhor. – Ela corre na direção de Frederico e lhe dá um beijo. Daniele se contém para não voar no pescoço dela. – Você continua a beijar muito bem. – Ela vai para o quarto dela.
Frederico: Dani, será que a gente pode conversar agora? Só nós dois? – Ele praticamente implora.
Daniele: Chega por hoje, Frederico. Talvez seja melhor você ir embora. Já não tenho nem mais estômago para comer nada. – Ela chora.
Frederico: Se é isso o que você quer. – Ele vai embora.
Roberto: Que papelão. Não me admira nada que você trate as coisas dessa maneira. – Ele se levanta da mesa. – De onde você veio, era o mínimo que devia saber. Agora Antonella, que dei tanta educação e respeito… acho que essa falha foi sua, Simone. – Ele se retira.
Cena 2- Mansão Garcia de Albuquerque- Noite.
Severino visita Marillu. Eles têm uma conversa estranha.
Marillu: Então foi você quem contou aquilo para o Frederico. Nunca imaginei que te veria tão cedo.
Severino: Quando me formei, acabei vindo para cá. Foi quando recentemente me ligaram lá do interior, dizendo que você andava me mandando cartas.
Marillu: Você me ajudou bastante durante todo esse tempo, Severino. Na verdade, ainda está me ajudando.
Severino: É ai que você se engana, Marillu. Não te darei mais nem um centavo: primeiro, porque eu não tenho mais nada para te dar; segundo, porque você me enganou com aquela história toda.
Marillu: Quem disse que eu te enganei? Muito pelo contrário. Acabei comprando essa mansão com o dinheiro que você me deu.
Severino: Para de ser mentirosa. Você nunca esteve em uma situação difícil. O que você fez, foi se aproveitar do meu dinheiro, das minhas economias. Eu te dei cem mil reais, Marillu. O suficiente para manter essa mansão, mas não para compra-la.
Marillu: O que você queria? O seu irmão morreu, e me deixou na pindaíba. Só tinha você para me ajudar. Por isso lhe enviei aquelas cartas.
Severino: Por que você não fala logo a verdade? Para mim o Jayme estava mesmo morto e enterrado, mas umas semanas atrás, me ligaram dizendo que ele estava vivinho da Silva.
Marillu: E como você pode ter tanta certeza de que o Jayme está vivo? Você não o viu.
Severino: Eu posso até não ter visto ele, mas falei com o meu irmão pelo telefone. Você mentiu pra mim, e continua a fazer isso descaradamente. – Ela engole em seco. – Cadê aquela moça meiga e sincera que eu conheci naquele curso de etiqueta, hein Marillu? Nem parece mais a mesma.
Marillu: Não sei do que você está reclamando. Faz parte de uma família classe média alta, e tá ai choramingando por míseros cem mil reais.
Severino: Que foram conquistados com o meu suor. Além do mais, eu não estou reclamando somente disso. Você me deu um sobrinho que não é meu.
Marillu: Quer saber de uma coisa? Nunca precisei do seu dinheiro mesmo. Agora saia imediatamente da minha casa, que eu não quero nem imaginar se o Frederico aparecer por aqui.
Severino: Pensou que o passado não iria voltar a tona quando você fugiu dizendo que ia atrás do meu irmão, que estava desaparecido. Mas se enganou Marillu, mentira tem perna curta. – Ele se levanta. – Eu vou embora, mas eu volto.
Cena 3- Apartamento de Celso- Noite.
Pierre visita Maria Letícia.
Maria Letícia: Que bom que você veio. Cadê o tal gravador? – Pierre entrega para ela. – Então quer dizer que a estúpida da Clotilde, conseguiu me tapear mais uma vez?
Celso: Você realmente precisa se dar um tempo, hein! Já não é a mesma vilã, parece até que Clotilde está passando a perna em você.
Maria Letícia: Me poupe dos seus comentários irônicos, Celso. A Clotilde não é tão esperta assim, percebi que ela estava me gravando. Mas deixei que ela continuasse com o planinho dela, só para ver até onde a cobra chegaria.
Pierre: Foi até bom ela fazer isso. Pois só assim a “Madame” me procurou. Já estava com saudade. – Maria Letícia lhe dá um abraço.
Maria Letícia: Sabia que podia contar com você para pegar esse maldito gravador, por isso deixei que Clotilde continuasse com a burrada dela.
Celso: Você sabe que o Alberto podia ter entregado isso a polícia, não é? Estaria perdida se ele fizesse mesmo isso.
Maria Letícia: Eu sabia que Clotilde não perderia essa chance única de me entregar. Ela não é boba Celso, só tinha entregado aquele gravador ao Alberto para se certificar de que eu seria entregue, caso eu a matasse.
Celso: Pode ter sido mesmo isso o que ela fez.
Maria Letícia: Continuo ou não, sendo uma vilã esperta? Enfim. Só tenho que te agradecer por tudo que fez, Pierre. Mostrou que é um mordomo fiel.
Pierre: Foi um prazer comprar aquele veneno para a minha rainha se livrar de sua prima. E além disso, gostei muito de ter conseguido resgatar esse pen drive. Mas por onde é que a “Madame” andava? Não atendeu a minha primeira ligação.
(FLASHBACK)
Pierre (Com o telefone na orelha): Atende. Vamos! – Dá caixa postal, e ele tenta novamente. – Mas o que será que está acontecendo? – Ele olha para o telefone. – Você não vai me atender?
(FIM DO FLASHBACK)
Maria Letícia: Acho que eu ainda estava no hospital quando você me ligou pela primeira vez. Mas, você tinha algo a mais para me contar? Além do que me disse na ligação de hoje à tarde?
Pierre: Minha rainha, eu acabei cometendo um deslize grave. O “Monsieur” Alberto, reescreveu o testamento dele antes de morrer.
Maria Letícia: O que? – Ela se levanta, surpresa. – Você está me dizendo que eu não estou mais no testamento do meu marido?
Pierre: Não sei lhe informar, se a “Madame” ainda continua no testamento. Mas, o patrão reescreveu o destino de seus bens.
Celso: Calma Maria Letícia. Talvez ele tenha tirado apenas o Marcelo, que já está morto e não pode receber mais nada.
Maria Letícia: Pode ser. – Ela se acalma. – Mas, eu não posso confiar muito nisso. Até porque ele já tinha descoberto tudo sobre mim, e poderia tirar tanto o Marcelo quanto eu.
Pierre: Desculpe ter criado expectativas dentro da senhora, minha rainha. É que justamente no dia em que o “Monsieur” mudou o testamento, eu estava lá naquele barzinho conversando com a senhora sobre sua prima Clotilde.
Cena 4- Mansão Sales Couto de Sá- Noite.
Célia e Simone adverte Antonella pelo acontecido. Elas acabam planejando algo contra Roberto.
Célia: Antonella, minha neta. O que você acabou de fazer foi muito feio. – Ela entra no quarto. – Declarou ser uma lady, mas se comportou como uma qualquer.
Simone: Minha filha, se você quer mesmo que o seu pai expulse aquela moça daqui, terá que fazer por onde. Acha mesmo que ele atenderá um pedido seu com você agindo daquela forma?
Antonella: O que aconteceu não tem nada a ver com ele, mamãe. Foi um desentendimento entre Daniele e eu.
Simone: Eu sei disso. Mas ele está desgostoso por ter percebido que não adiantou de nada ter investido em sua educação.
Antonella: Isso é conversa pra boi dormir. Quer saber de uma coisa? Eu me cansei de ficar parada. O papai cravou uma guerra contra nós, e já está mais do que na hora de eu agir.
Simone: O que você vai fazer, minha filha? Esqueça essa discussão boba. Essa guerra se tornou somente minha e de seu pai.
Antonella: Fui eu quem te submeti a essa humilhação, mãe. Se eu não tivesse enfrentado ele, o papai não teria trago a amante para debaixo de nosso teto.
Célia: Por falar nisso, quase você complica a sua vida pelo seu marido ter trago a amante. Ou se esqueceu que pegou uma faca para eles?
Simone: Acho que eu não teria coragem de mata-los, mamãe. Foi só para assustar aqueles dois.
Célia: Mulher traída é capaz de fazer loucuras, querida. – Antonella está quieta pensando em algo. – Ele achou uma forma de te atacar, e pode ter certeza que ele usará essa amante dele para atiçar mais ainda essa briga de vocês.
Simone: Apesar dos pesares, acho que aquela mulher não é tão má como pensamos. Acho que não teria vindo aqui, caso ele disse que a traria.
Célia: Acha então que o seu marido pegou a amante de surpresa?
Simone: Eu tenho certeza. – Ela olha para filha. – O que é que está passando por essa cabecinha, hein?
Antonella: A vovó tem razão. O papai usará a amante dele para te atacar mais vezes. Ela é a força dele, um trunfo que tem contra você.
Simone: Pois ele que fique com o trunfo dele. Não estou nem aqui para aquele babaca. – Ela finge não se importar.
Antonella: Não finja que não se importa, mamãe. Vovó e eu te conhecemos. Enfim, temos que tirar essa mulher da jogada. Sem ela, doutor Roberto não é nada.
Célia: Você tem razão, Antonella. Mas o que é que você pretende fazer quanto a isso?
Cena 5- Cobertura de Marisa- Noite.
Marisa conta sobre a sua conversa com Rogério para Melissa, que fica desconfiada.
Marisa: Ele concluiu que Celso e Maria Letícia podem estar envolvidos com a morte de Rodolfo. Disse que amanhã voltará para falar sobre.
Melissa: Dependendo da hora que ele vir, acho que não estarei por aqui. – Ela tropeça no tapete. – Por que ele concluiu isso?
Marisa: Pera ai. – Ela se aproxima da filha, e cheira a boca dela. – Que cheiro de álcool é esse? Você andou bebendo, Melissa?
Melissa: Só bebi um pouquinho. Não estou bêbada não, mamãe. Fala ai o que vocês conversaram.
Marisa: Ai, ai, viu menina. Ele concluiu isso, porque Maria Letícia tinha um caso com Celso, o suposto assassino, e também conhecia o Rodolfo, a vítima.
Melissa: Ela conhecia o Rodolfo antes de ele namorar você?
Marisa: Supomos que sim. O Rogério sugeriu que eles tiveram algo, antes que o Rodolfo me conhecesse.
Melissa: Isso é mesmo uma hipótese. O Celso matou o Rodolfo por causa de Maria Letícia, que tivera um caso com ele antes. Mas será que foi isso mesmo?
Marisa: Não posso te dar certeza de nada. Tudo não passa de uma suposição. – Ela se levanta. – Agora vá tomar um banho gelado e depois se deitar. Vamos.
Melissa: Acho que não vou conseguir me levantar daqui não. Vou dormir aqui mesmo.
Cena 6- Casa de Maria José- Dia.
Rafael fala sobre uma vaga de emprego no clube para Gaby. Maria José e Michele as incentiva.
Rafael: Bom dia a todas. – Ele se junta à mesa. – Que café da manhã mais apetitoso. Tudo isso é pela minha presença?
Maria José: Não seja convencido, Rafael. – Ela leva uma jarra de leite para a mesa. – E não fizemos esta bela mesa por causa de você.
Rafael: Tudo bem, Maria. Se você está dizendo, nem vou contestar. – Ele fala, sem graça.
Gaby: Não fique com medo da José, Rafa. Ela só está brincando com você. – Ela cochicha para ele. – Ela é uma pessoa muito legal.
Rafael: Eu também pensava, até namorar você. – Eles continuam a cochichar. – Mas depois que ela ameaçou me capar, acho melhor eu ficar na minha e não voltar a perturbar o juízo dela.
Gaby: Chega até engraçado isso. – Ela ri alto.
Maria José: Por que não contam a piada para que todos nós possamos rir também? Não é Michele?
Michele: Escutei alguns sussurros, acho que estão falando de você, José. – Ela ri da cara de Rafael. – Mostra para eles quem é que manda.
Maria José: Rafael. Será que eu posso saber o que você anda falando de mim pelas costas?
Rafael: Estava comentando com a Gaby o quanto que a senhora é… legal.
Maria José: Legal? Eu? – Ela se aproxima dele, que sua. – Bom saber que pensa isso de mim. Acho que vou sentar aqui ao seu lado.
Rafael: Ô Gaby. – Ele engole seco. – Sabia que tem uma vaga de auxiliar de cozinha lá no clube? Acho que você está dentro dos requisitos.
Gaby: Hm! Darei o meu currículo para você levar. – Ela passa manteiga no pão. – Deixa eu só terminar de preparar o seu prato.
Michele: Olha ai. Está com a sorte grande, hein amiga! Todo mundo saindo da vida fácil, só eu que ainda continuo na mesma.
Maria José: Tomara que você conquiste esse emprego ai. Desejo somente coisas boas para você. Quanto a você Michele, não se preocupe que a sua vez irá chegar.
Gaby: Pronto. Come tudo, hein! Deixa eu ir lá pegar esse currículo logo. – Ela sai correndo.
Maria José: Viu só como ele mudou de conversa rapidinho, Michele? Só foi você ter me contado que ele estava falando de mim, para ele mudar de assunto. – Ela brinca.
Michele: Quer dizer que coisa boa ele não estava falando. – Rafael se engasga com o suco.
Rafael: Que é isso gente. Vocês entenderam tudo errado. – Ele volta a suar. – Pergunta para a Gaby. Não falei nada demais.
Maria José: Quem me garante que você não tenha falado nada demais? Por acaso você está incomodado com algo, Rafael?
Michele: Acho que ele anda muito incomodado, José. Se eu fosse você, ficava de olhos abertos.
Rafael: Michele. Você quer mesmo que eu fique aleijado, não é? Se ela me capar a culpa é sua.
Maria José: Então é com isso que você está preocupado? Pode ter certeza que do que eu falo, eu cumpro.
Rafael: Acho que já tá na minha hora. – Ele olha o pulso, que está sem relógio. – Estou atrasado, até. Bom café para vocês. – Ele sai apressado.
Maria José: Esse Rafael é mesmo um sarro. – Ela dá uma gargalhada. – Adoro tirar uma com a cara dele.
Michele: E o pior é que ele acredita no que você fala. – Ela chora de tanto rir.
Gaby: O que foi que aconteceu aqui? Rafael só faltou ter levado a minha mão junto com o currículo. – Ela aparece rindo. – o que vocês duas aprontaram com o meu namorado, hein?
Michele: Só descontraímos o ambiente. – Maria José e ela continuam a rir, Gaby fica sem entender nada.
Cena 7- Clube Realeza- Dia.
Daniele e Frederico conversam sobre o que aconteceu na noite passada. Cléber e Leonardo os observam de longe, Célia estranha.
Daniele: Não precisa se preocupar, querido. Sei muito bem do que Antonella é capaz. Ela quis tirar proveito da noite que passou com você, mas não adiantou de nada.
Frederico: Sei que as coisas não serão mais as mesmas entre nós, por não ter te contado antes sobre isso.
Daniele: Não tem nada a ver, Fred. Você só não me contou porque isso não iria acrescentar em nada no nosso namoro.
Frederico: Que bom que você me entende. – Ele a beija. – Você é a mulher da minha vida, sabia?
Daniele: Claro que sabia. E você sabe que eu te amo muito, não é?
Frederico: Não mais do que eu te amo, mas sei sim. – Cléber e Leonardo os observa de longe.
Cléber: Não sei como você aguenta isso. Precisa colocar um ponto final nesta história, Léo. É você ou ela.
Leonardo: Eu gosto muito do Fred, Cléber. Por mais que eu tenha todos os motivos para odiá-lo.
Cléber: Não sei como engoliu aquela desculpinha sem pé nem cabeça. Está mais do que na cara que ele tá é te enganando.
Leonardo: Não posso dizer isso com tanta firmeza. Nós podemos estar vendo coisa onde não tem.
Cléber: Muito difícil, viu? Como é que ele diz te amar, e estar com outra? E se eles se casarem mesmo como o próprio Frederico pretende? Não vai dizer que engoliu aquela história de divórcio.
Leonardo: Claro que não engoli. Também não sou tão trouxa. Sei que tem algo estranho nisso tudo, mas acredito no amor dele.
Cléber: Pois se eu fosse você, começava a duvidar mais desse amor. Tudo nessa história é muito estranho. Quem te garante que ele não quer fazer com você, o mesmo que está fazendo com aquela moça ali? Você pode ser apenas o plano B.
Leonardo: Não tem nada a ver, Cléber. Rico é o meu pai, não eu.
Cléber: Você tem uma família rica, Léo. Isso é o que importa para ele, pelo que disse a você. Se ele está tão necessitado assim, se a mãe dele praticamente o obrigou a sair por ai golpeando a alta sociedade, é porque eles estão mesmo muito necessitados. E qualquer um vale.
Leonardo: Por que as coisas não são mais fáceis, hein? – Ele olha atentamente os dois se beijando. Célia está em outra extremidade captando toda a cena.
Célia: Que estranho. Primeiro descubro que aquele garoto é gay, agora ele fica olhando para o namorado da favelada. Pelo visto ele gosta mesmo de dar o que não deveria, e que está interessado no tal Frederico.
Cena 8- Mansão Corte Real- Dia.
Marisa entrega a Maria Luiza um vaso com as cinzas de Alberto, a garota se emociona. Elas conversam sobre o testamento do finado.
Marisa: Malu. Aqui estão as cinzas do seu pai. – Ela coloca um vaso de porcelana sobre a mesa central. – Cuide disso muito bem.
Maria Luiza: Pode deixar. Cuidarei disto como se fosse a minha própria vida. – Ela abre o vaso. – Ao menos poderei te ver todos os dias, sem nem ter que ir ao cemitério.
Marisa: Será que o seu pai planejou se matar? Não acha muita coincidência ele ter mudado o testamento, pouco antes de morrer?
Maria Luiza: Foi mesmo muita coincidência. Mas tenho certeza que o meu pai não planejou se matar, deve ter sido coisa de momento. Se viu ali no alto daquela escada, e se atirou.
Marisa: Por que fala com tanta certeza assim? Por mais que conhecêssemos o seu pai, não podemos fazer uma afirmação dessas, já que ele andava muito abatido, como nunca vimos antes.
Maria Luiza: O Ivan, filho do advogado do meu pai, garantiu isso. Parece que eles conversaram bastante, antes do meu pai morrer. Enfim, estou preocupada apenas sobre como irei comandar aquele clube.
Marisa: Quanto a isso você não precisa se preocupar. O Alberto conversou comigo que iria fazer uns ajustes no testamento e me garantiu…
(FLASHBACK)
Alberto: Nesse testamento, Marcelo e Maria Luiza seriam herdeiros do clube, mas como o meu filho morreu… não posso deixar essa responsabilidade imensa nas costas da minha filhinha.
Marisa: Em vista sobre como é difícil cuidar de um clube, é aconselhável que você deixe com pessoas de sua confiança.
Alberto: Você tem razão, e já tenho duas pessoas em mente. Pessoas que honram o meu nome diante daquele clube.
Marisa: E quem são elas? Será que eu posso saber?
(FIM DO FLASHBACK)
Maria Luiza: E quem são essas duas pessoas, tia?
Marisa: Você saberá na leitura do testamento. Mas pode ter certeza que são duas pessoas muito competentes.
Maria Luiza: Contanto que não seja Maria Letícia, para mim tudo bem.
Marisa: Ele a tirou do testamento. Não ganhará um tostão da herança do seu pai. O que era dela e de Marcelo, foi dividido entre você e mais duas pessoas. Aliás, eu prometi pro meu irmão que me manteria calada, e será isso o que vou fazer.
Maria Luiza: Ivan e Melissa também sabem quem são essas pessoas, posso perguntar para eles. – Ela brinca.
Marisa: O dever da testemunha é apenas confirmar tudo que o testador escreveu. E pode ter certeza que eles não te contarão nada.
Maria Luiza: Por mim tudo bem. Daqui a duas semanas saberemos quem são essas pessoas.
Cena 9- Cobertura de Severino- Dia.
Há um café da manhã tenso entre Ivan e Severino.
Severino: Eu vou agora mesmo para o clube. – Ele enche o seu copo com iogurte. – Vai para algum lugar? Quer uma carona?
Ivan: Eu não te pedi nada. E, por favor, não se faça de amiguinho. – Ele dá uma mordida em seu pão.
Severino: Você é mesmo muito ingrato. Não sei porque fui inventar de traze-lo comigo. Poderia muito bem ter ficado lá no interior.
Ivan: Repito mais uma vez: não te pedi nada, você me trouxe porque você quis.
Severino: Olha aqui moleque, se você pensa que eu vou ficar aqui aguentando os seus desaforos, você está muito enganado. – Ele se levanta irritado. – Já estou cansado dessa sua rebeldia, dessa sua delinquência.
Ivan: Cansado? Se eu sou assim, a culpe é sua, somente sua. Pois se você não tivesse matado a minha mãe, e depois ter jogado isso na minha cara como se fosse nada… o mínimo que eu deveria fazer, é tudo isso que eu faço: te dou problemas.
Severino: Maldita hora que fui abrir minha boca para você. Saber a verdade só te tornou numa pessoa amargurada. Mas eu não vou perder meu tempo com você. E quer saber mais? Pode aprontar quantas burradas você quiser, eu não darei mais importância pra nenhuma delas.
Ivan: Sai daqui. Me deixe tomar meu café em paz, vai embora.
Severino: Eu vou sim, mas não porque você está me expulsando. Só estou saindo porque eu preciso colocar dinheiro nesta casa, coisa que você não faz. Vagabundo.
Cena 10- Clube Realeza- Dia.
Melissa volta ao restaurante do clube. E diz a Jonathan que se lembra muito bem de tudo o que ele lhe disse na noite passada. A moça beija o rapaz.
Melissa: Se você pensou que eu estava bêbada ontem, você estava muito enganado. – Ela surge atrás de Jonathan. – Me lembro perfeitamente de tudo que me disse.
Jonathan: Pensei que você estava na pior. – Ele sorri. – Mas parece que você não estava tão mal assim.
Melissa: Eu falei para você que não estava, mas não quis acreditar em mim. Agora diz ai, será que aquilo tudo que me disse ontem era verdade? Você estava mesmo me cantando?
Jonathan: Acho que não, mas pode ser que sim. – Ele a deixa em dúvida. – Pode até ser.
Melissa: Moleque, você não brinca comigo. Não sabe do que eu sou capaz de fazer com essa brincadeira toda. – Ela sorri.
Jonathan: Presumo que irá pedir para que algum psicólogo me analise, para saber se estou falando sério ou se tudo não passa de uma brincadeira.
Melissa: Não chegaria a tanto. – Ela o olha atentamente. – Você ainda não superou a Maria Luiza, não é?
Jonathan: Já caí, mas levantei, e estou firme e forte. – Ela arqueia as sobrancelhas.
Melissa: Se você está dizendo. Vamos tirar a prova. – Ela o beija.
Cena 11- Cobertura de Marisa- Tarde.
Rogério fala que vai pedir que Celso e Maria Letícia deem depoimento à polícia. Marillu acaba conhecendo o rapaz, e se encanta por ele.
Marisa: Infelizmente eu não consegui segurar a Melissa em casa. Então, o que quer que você tenha para falar, deverá ser dito a mim.
Rogério: Eu andei pensando. E acho que vou precisar dos depoimentos desse tal Celso, e também da sua ex-cunhada.
Marisa: Você acha que eles poderão falar algo que seja útil?
Rogério: Não. Eles são os nossos suspeitos, e precisam ser investigados. Temos saber o que eles têm para nos contar sobre o Rodolfo.
Marisa: Aqueles dois não prestam, você deve prestar muita atenção em cada gesto que eles fizerem.
Rogério: Costumam mentir na cara dura? Se sim, saberei como observa-los.
Marisa: Também. Mas além disso, eles sabem persuadir você, na mentira deles.
Rogério: Esses dois que me aguardem. Sabe aonde posso encontra-los? – A campainha toca.
Marisa: Sei sim. – Ela se levanta. – Eles só podem estar no apartamento do Celso, te passarei o endereço de lá. – Ela abre a porta.
Marillu: Amiga. – Ela abraça Marisa, que se surpreende com a visita. – Já não sei como ainda estou viva depois de tanto sofrimento. – Ela chora dolorosamente.
Marisa: Oh, minha querida. Não fique assim. – Ela a conforta. – O Alberto se foi, e não voltará mais. Temos que nos conformar com isso.
Marillu: Você tem toda razão, mas… – Ela fica sem jeito ao ver Rogério. – Ai, desculpa. Eu não sabia que você tinha visita. Se você quiser eu posso voltar outra hora.
Rogério: Imagina. Eu já estava mesmo de saída. – Ele se levanta. – Qualquer coisa você me liga para me passar o endereço do apartamento, ok Marisa?
Marisa: Tudo bem. Aliás, deixa eu apresentar vocês. Rogério, essa daqui é a Marillu. Marillu, este é o Rogério. – Eles se cumprimentam com um aperto de mãos.
Rogério: Prazer em te conhecer, Marillu. Até mais ver, Marisa. – Ela o leva até a porta, e ele vai embora.
Marillu: Mil desculpas, amiga. Se soubesse que você estava com o seu namorado, eu não teria vindo. Não quis te atrapalhar.
Marisa: O que é isso, Marilu? Eu não estou namorando não. Ele é o delegado que está responsável pelo caso do Rodolfo.
Marillu: Então quer dizer que vocês não têm nada? – Marisa nega. – Preciso admitir que ele é um escândalo de tão belo.
Marisa: O Rogério é mesmo muito charmoso, confesso.
Cena 12- Apartamento de Leonardo- Tarde.
Leonardo se surpreende ao ver que a mãe foi acompanhada de Riginaldo.
Leonardo: Já vai. – Ele grita ao escutar a campainha tocando insistentemente. – Parece até que vai tirar o pai da forca. Quem será nessa pressa toda? – Ele abre a porta.
Luciana: Filho. Me desculpa, eu não queria fazer isso. – Riginaldo está do lado dela.
Leonardo: O que você quer aqui? – Ele olha para Riginaldo com medo. – Eu marquei um encontro com a minha mãe, não com você.
Riginaldo: Na verdade, fui eu quem pediu para que ela te ligasse. – Ele pega Leonardo pelo pescoço e o arremessa contra a parede. – Acho que já está mais do que na hora de nós nos acertarmos, não acha?
Luciana: Riginaldo, pelo amor do santo Cristo. Não faça nada com o nosso filho. – Riginaldo fecha a porta, depois tranca.
Riginaldo: Você pensou que ia me denunciar e as coisas ficariam por isso mesmo? Claro que não, filhinho. – Leonardo olha aflito para o pai. – Sei que é muito clichê, mas… quais são as suas últimas palavras? – Ele saca uma arma e mira na direção do filho.
CONTINUA…