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Filho Amado

Capítulo 34 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 34.

 


 

Na porta do salão…

 

Jasmine, chorando: Me fala, Noronha, onde você estava indo?

 

Noronha disfarça:Eu estava indo…Tomar um ar…

 

Jasmine começa a bater nele: Mentiroso, covarde! Eu descobri que você me abandonou pra ficar com aquela tal Aurora, me contaram!

 

Noronha, dolorido: Não me bata, você não percebe que eu já briguei hoje? E aqui não é  hora de discutir relação, por favor se controle!

 

Jasmine é acalmada pela tia: Eu nunca me decepcionei tanto na minha vida como nessa festa, vou embora que é melhor, cadê o tio Figaro que não aparece?

 

Josélia: Ele tinha ido atrás de você, Noronha, mas não voltou até agora, deve ter ido fumar por aí!

 

Noronha: Quando chegarmos em casa vamos poder conversar melhor, Jasmine.

 

Jasmine: Não tem conversa mais, eu me cansei dessa vida com você.

 

Uma pessoa chega atrasada: Meu Deus aconteceu uma tragédia!

 

Noronha: Outra? Eu vou consultar meu mapa astral antes de dar outra festa!

 

Josélia, preocupada: O que houve, moço?

 

O homem está sem folego: Aconteceu um atropelamento na beira da estrada logo aqui, virando o salão, e parece que a vitima ainda está lá, caída, e provavelmente morta!

 

Josélia, arrepiada: Meu Deus do céu!

 

Noronha: Vamos ver quem é- Eles saem correndo.

 

Anna, curiosa: Que rebuliço é aquele na porta do salão?

 

Bento chega: Não sei, só sei que eu me cansei de dançar, acabei com minha coluna, e o Éssio sumiu com a chave do carro!

 

Anna lembra do que viu no estacionamento: Tem algo grave acontecendo e o Éssinho não quer me contar!

 

Mansão de José do Gado/ Noite.

 

Conceição acende a luz da cozinha afim de beber água, e dá de cara com Taléfica.

 

Taléfica, quase dormindo: Tá fazendo o quê acordada a essa hora da noite, rata borralheira?

 

Conceição vai até a geladeira: Acordei com sede, e vim beber água.

 

Taléfica aproveita: É a comida cheia de sal que você faz!

 

Conceição bebe água: E você, faz o que acordada até essa hora?

 

Taléfica conta: Estou esperando o Clécio chegar, tenho uma coisa urgente pra falar com ele, mas parece que ele só chegará depois da meia noite!

 

De repente Marinez chega: Que coisa urgente a senhora tem pra contar, dona Taléfica?

 

Taléfica se levanta, furiosa: Eu vou contar pro Clécio que vocês pretendem prender ele, não sei o motivo, mas ouvi você comentando que ia prender o meu filho, e jamais vou permitir isso!

 

Marinez quase entrega: Isso porque seu filho cometeu um crime muito grave!

 

Taléfica, sem entender: Que crime? Fala!

 

Marinez se lembra do relato de Aurora: Melhor não, amanhã você descobrirá.

 

Um carro entra na garagem.

 

Taléfica sorri: é O Clécio que chegou, eu vou contar tudo pra ele, tudo o que vocês planejam fazer!- Ela sai correndo, mas Marinez vai atrás.

 

Marinez a segura: Não faça isso pro seu bem!

 

Taléfica grita: CLÉCIOOO!

 

Marinez então pega uma estatua e joga na cabeça da velha, que cai desmaiada: Melhor assim!

 

Conceição, surpresa; Você matou a dona Taléfica?

 

Marinez tenta pega-la: Não, ela só desmaiou, e provavelmente vai ficar assim até amanhã de manhã, agora me ajude a levar ela até o quarto!- As duas pegam Taléfica e a arrastam até o pequeno quarto da megera, que ficava no primeiro andar.

 

Uns minutos depois Clécio chega com a mala.

 

Clécio, sussurrando: Pelo visto todos já estão dormindo.

 

Marinez então acende a luz: Como vai, Clécio?

 

Clécio, feliz: Vou bem!

 

Marinez, séria: Só desci pra te avisar que a Aurora foi na festa de uma amiga, ela nem queria ir mas foi obrigada, e só deve voltar de manhã, boa noite.

 

Clécio estranha: Tudo bem…Boa noite.

 

Marinez sobe as escadas, com rancor “ Nojento, pedófilo, cínico!”

 

Na festa…

 

Noronha caminha com dificuldade: Cadê o atropelado?

 

O homem guia Noronha, Jasmine e Josélia até o corpo.

 

Josélia parece não acreditar em que vê.

 

Noronha, surpreso: É o… Figaro!

 

O corpo de Figaro está estirado na estrada de terra. Coberto com sangue e barro.

 

Josélia cai de joelhos no chão, sem dizer nada.

 

Jasmine, sem acreditar: Não pode ser…

 

Josélia se aproxima do corpo do marido: Figaro…- Ela parece com o olhar longe- Figaro, fala comigo meu amor, Figaro!- Ela tenta abrir os olhos do marido, que permanecem fechados- FIGARO! FIGARO PARA DE BRINCADEIRA COMIGO EU NÃO GOSTO DESSE TIPO DE PEGADINHA!

 

Noronha tenta acalma-la: Josélia ele…

 

Josélia olha para Noronha: Ele tá brincando, ele adora esse tipo de pegadinha- Ela olha para Noronha como se Figaro estivesse mesmo vivo, um olhar muito esperançoso- Me diz que é uma brincadeira, me diz!- Ela começa a passar a mão pelo corpo do marido-Figaro, não ouse…Não faça isso comigo!

 

Noronha, triste: Ele morreu, Josélia!

 

Josélia, inconformada: Não, não pode ser, é mentira!-Ela tenta de toda forma fazer que o marido acorde- Figaro volta pra mim, não faça isso, Figaro! Ele disse que me amava, jamais iria me abandonar isso é só uma pegadinha!

 

Jasmine, perplexa, se ajoelha diante do corpo: Tia, aconteceu um acidente e…

 

Josélia a ignora: Não, não aconteceu nada, você não vê que seu tio está apenas brincando? Chega Figaro acorda, acabou a pegadinha, abre os olhos-Ela começa a chorar- Por favor, não faz isso comigo! FIGARO!

 

Todos começam a sair do salão e se deparam com a horrível cena.

 

Logo uma multidão se aproxima para ver a tragédia muitos “ Ah meu Deus” e “Que horror!”  saem da boca dos convidados.

 

Bento, frágil: Gente, era o Figaro!

 

Tristeza geral.

 

Josélia já está toda suja de sangue.

 

Noronha mantém a paciência: Alguém chame a policia, e parem de ficar parados olhando, aconteceu uma tragédia aqui e algo precisa ser feito!- Ele atravessa a multidão.

 

Anna, fria: Éssio que dar querer fazer essas festas chiques e pomposas, Deus não gosta e leva embora!

 

Noronha acha o detetive Américo, e o puxa: Me diga que não foi você quem fez isso!

 

Américo jura; Não tenho nada a ver com isso, chefe, mas estou muito triste, jamais iria me imaginar que o senhor Figaro ia acabar desse jeito…- Ele começa a chorar também.

 

Noronha: Você também? Me poupe dessas emoções, chame a policia que é melhor, quem devia estar chorando era eu, que fiz essa festa milionária de bodas de ouro e o homem morre!- Ele fala pra si mesmo-Era só o que faltava!-E volta pra perto do corpo- Se afastem um pouco, e deixem nos respirar, bando de…

 

Éssio e Lara chegam.

 

Éssio instrui: Você aja naturalmente, ninguém pode suspeitar que temos alguma coisa com esse acidente.

 

Lara reclama: Desculpe se estou com essa cara, mas é que não tenho esse seu sangue frio de assassino, sou humana-Ela vê a multidão- Pelo visto já acharam o “cadáver” do Josué. Você acha que alguém suspeita da gente?

 

Éssio e ela caminham:  Ninguém suspeita, aliás, o Noronha suspeita sim mas não tem provas, meu pai pode até suspeitar, mas é muito inocente, agora vamos nos aproximar como se não soubéssemos de nada, Lara- Eles entram na multidão.

 

Lara tenta ser natural.

 

Éssio se aproxima de Bruno: Que rebuliço é esse, baleia?

 

Bruno, sério: Aconteceu algo terrível, vocês nem imagina, um atropelamento.

 

Éssio faz cara de surpreso: Minha nossa, e quem morreu?-Ele pisca pra Lara.

 

Bruno abaixa a cabeça: Quem morreu foi o que estava comemorando bodas de ouro hoje, o Figaro, foi brutalmente assassinado!

 

Éssio parece não acreditar: Como assim o Figaro morreu?

 

Lara fica horrorizada.

 

Bruno conta:Atropelaram o coitado na beira da estrada- Ouve se o som da sirene da policia- Coitado, em um dia tão feliz ele morre dessa forma, que fatalidade!

 

Éssio puxa Lara:É uma pena mesmo- Eles saem correndo.

 

Lara, horrorizada: Você percebe o que aconteceu? Atropelamos a pessoa errada, Éssio, matamos o Figaro por engano, que horror!

 

Éssio fica agitado: Tinha certeza que era o Josué!Que droga!-Ele se dá conta- Espera um pouco, se Josué não foi atropelado, ele com certeza está vindo pra cá! E se ele vier pra cá, vai contar tudo sobre o assassinato do Zézão!

 

Lara: Eu sabia que esse plano ia dar errado, eu disse que você não devia ter feito nada disso mas você nunca me escuta, agora a tragédia é maior!

 

Éssio planeja: Tenho que ir na casa do Josué agora, se ele não chegou até agora, algo aconteceu, mas é bom verificar, e você fique aqui- Ele vai até o carro.

 

Um pouco depois, Éssio chega novamente.

 

Éssio: O Josué adormeceu na porta de casa, por isso não chegou aqui, quando acordar amanhã não vai se lembrar de nada- Ele percebe a policia retirando o corpo do homem- Nós lavamos e secamos o carro novo do papai, não há como suspeitarem que foi a gente, agora vamos nos misturar na multidão, e fazer cara de choro!

 

Josélia acompanha o corpo do marido: Era pra ser uma noite feliz, estávamos tão bem…- Ela acaba desmaiando nos braços do policial.

 

Jasmine, ainda chocada: A tia Josélia é muito frágil pra suportar uma coisa dessas, nem eu consigo suportar- Ela recomeça o choro.

 

Noronha se dirige aos convidados: Agora o policial vai levar o corpo pro hospital primeiro, portanto podem ir pras suas casinhas, acabou a festa, podem ir embora!-Ele pega Caio e sobe com Jasmine na ambulância.

 

Américo: E eu devo voltar pro hotel?

 

Noronha: Sim, e pensando bem- Ele pega Caio- Vá com o detetive e o Domingues para o hotel, filho, amanhã conversamos.

 

Caio, triste: Mas e o tio Figaro?

 

Jasmine, abatida: Amanhã nós conversaremos com você, filho.

 

Bento observa a ambulância partir: Que noite triste…

 

Anna: Estou com frio, vamos voltar pra casa e esquecer esse Figaro que é melhor, nem ao menos conhecíamos direito o sujeito!

 

Éssio chega: Vamos?

 

Bento, preocupado:Aonde você estava esse tempo todo? Soube do que aconteceu?

 

Éssio mente: Eu peguei a chave do carro só mesmo pra pegar o meu casaco que estava lá dentro, depois fiquei conversando com a Lara aqui fora, mas nem vimos o acidente que aconteceu, é uma pena, pobre homem…- Ele disfarça o riso.

 

No dia seguinte.

 

Hospital/ Manhã.

 

Noronha está cabisbaixo, sentado no corredor do pequeno hospital com Jasmine, Josélia se levanta vagarosamente e vai beber água.

 

Noronha suspira: Porquê tanta demora pra liberar um corpo? Que lixo de hospital, já não me basta ter tido uma das piores noites da minha vida, ainda tenho que ficar esperando um corpo ser liberado uma noite inteira! Eu ainda vou descobrir quem fez isso com o Figaro, coitado, na própria festa de bodas de ouro, pelo menos morreu comemorando.

 

Jasmine o encara: Falso!

 

Noronha se ofende: Que tom é esse, Jasmine?

 

Jasmine explode: O  tom que você escutou! Seu cínico, falso, ASSASSINO!

 

Noronha, abismado: Como assim? Jasmine abaixa essa voz pra ficar falando loucura nenhuma!

 

Jasmine, revoltada; Você está com medo que hospital todo saiba que você é um assassino? Pois eu grito pra todos, Noronha! Em alto e bom tom.

 

Noronha: Do que…

 

Jasmine: Não se faça de desentendido! Você me abandonou durante a festa inteira pra ficar com sua ex-noiva e quando o tio Figaro foi te procurar e te flagrou com ela, você deu um jeito de se livrar dele, eu te conheço bem, você matou o meu tio!

 

Noronha, irritado: Mas que acusação sem cabimento, eu sei que você está nervosa mas me acusar desse jeito já é uma falta de respeito!-Ele a pega pelo braço- Não matei ninguém e tenho consciência disso, estava dentro do salão, e o Figaro lá fora, pense bem antes de falar!

 

Jasmine não cansa: Você chamou um dos seus capangas pra se livrar dele, não duvido nada do caráter de um homem que tentou jogar a própria esposa de um helicóptero, você é doente, louco maniaco!

 

Noronha: CHEGA!- Ele começa amachuca-la com sua força- Não matei o Figaro, eu posso ter os meus momentos mas jamais faria isso com ele, que era um homem digno e honesto, agora cala a boca, nós vamos deixar pra discutir isso depois, mas vê se entende uma coisa: Eu não matei o seu tio!

 

Jasmine, chorando:Quando eu chegarem casa vou arrumar minhas malas e ir pra qualquer lugar com o Caio e com minha tia, coitada, ela não merecia passar por isso, ma seu vou dar um jeito de me virar, longe de você.

 

Noronha, rancoroso: Veremos, querida- Josélia se aproxima novamente.

 

Jasmine, para a tia: Melhorou um pouco?

 

Josélia, destruída: Nunca mais vou melhorar de novo, sobrinha, nunca mais vou ser aquela pessoa alegre de antes, não sem o Figaro, o carro que atropelou ele também atropelou minha alma- Ela recomeça o choro.

 

Jasmine olha para Noronha: Nós vamos descobrir quem fez isso com o titio, não vai passar em branco esse episódio- Ela abraça a tia.

 

Um médico se aproxima: Vocês são a família do senhor Figaro Antunes?

 

Noronha se levanta: Aleluia! O corpo está liberado?

 

O médico confirma: Está sim, desculpem a demora.

 

Noronha: Desculpa não traz o tempo perdido de volta.

 

Josélia pede: Eu posso por favor ver uma ultima vez o Figaro antes de mandarem ele pro IML? Por favor…

 

O médico deixa: Tudo bem, vire o primeiro corredor a esquerda, na terceira portado seu lado direito.

 

Josélia sai caminhando.

 

No quarto…

 

Josélia entra e fecha a porta, Figaro já está todo limpo, e tapado por algodões.

 

Josélia coloca sua bolsa em um canto, e se senta do lado do corpo, ela pega a mão do marido: Uma noite tão quente, tão bela como a de ontem, você estava tão feliz…Não era pra nada disso ter acontecido…Mas não se preocupe, Figaro, nós vamos descobrir quem fez isso com você, quem estragou a nossa noite vai pagar muito caro, eu não queria me despedir dessa maneira de você, nós ainda iamos ficar muito tempo juntos mas…Não deu- Ela se deita no corpo dele- Mas nem o pior acidente vai conseguir separar o nosso amor, aquelas juras de ontem não foram atoa, eu nunca vou deixar de te amar Figaro, nunca, e como prova disso- Ela retira a aliança do dedo- Fique com a aliança que selou o nosso amor por cinquenta anos- Ela põe o objeto no dedo de Figaro- Nunca se esqueça do que passamos onde quer que esteja, e leve essa aliança como prova. Eu te amo, Figaro. Obrigado por tudo que passamos- Ela cai a chorar.

 


 

Termina o capítulo 34.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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