Capítulo 31 – Realeza

 

Cena 1- Mansão Corte Real- Noite.
Marillu tenta seduzir Alberto, mas é interrompida por Clotilde.

Marillu: Agora já não tem Maria Letícia nenhuma para nos atrapalhar. – Ele está sentado na cama, e se assusta ao vê-la entrar em seu quarto. – Podemos fazer o que quisermos.
Alberto: O que você está fazendo aqui, Marillu? E como assim podemos fazer o que quisermos? – Ele diz, se levantando.
Marillu: Eu estou falando disso. – Ela tira as alças do vestido de seu ombro, que cai de imediato. – E ai? Topa?
Alberto: Por favor, Marillu. – Ele se aproxima e pega o vestido dela do chão. – Eu não estou com cabeça para isso. – Clotilde bate na porta, e já vai entrando.
Clotilde: Oh! Desculpe-me. Não era minha intenção atrapalhar vocês. – Ela vê Marillu apenas de calcinha e sutiã. – Eu volto outra hora.
Alberto: Imagina Clotilde. Marillu e eu já terminamos de conversar. – Ele fala, sem graça. – O que você gostaria de tratar comigo? – Ele pergunta, saindo do quarto junto com Clotilde.
Clotilde: É óbvio que eu não cheguei em um bom dia. – Ela é falsa. – Minha prima humilhando a nora, e sendo desmascarada pela tia da menina. Isso tudo foi demais para mim. – Ela faz uma pausa, e inicia um choro falso. – Nunca pensei que ela fosse… esse tipo de gente.
Alberto: Apesar de sua personalidade forte, nunca pensei que Maria Letícia pudesse ter sido o que ela foi. Feito o que ela fez: enganar-me todo esse tempo.
Clotilde: Mas enfim, eu gostaria de te pedir para que me deixe passar, ao menos, esta noite em sua casa. – Ela fala cabisbaixa.
Alberto: Ah, claro! Não se preocupe quanto a isso. Você é uma boa pessoa, ao contrário de sua prima, e pode ficar quanto tempo quiser. – Clotilde o abraça, e Marillu não gosta do que vê.

Cena 2- Casa de Maria José- Dia.
Daniele diz a verdade para Maria José, e vai embora.

Daniele: Acabou. – Ela desce cheia de malas. – Desculpe a minha sinceridade tia, mas este teu jeito não me agrada. Passei tanta vergonha e fui tão humilhada, tudo por culpa sua. As pessoas não aceitam gays. Quem dirá travestis, que são bem mais aterrorizantes.
Maria José: Por que você está fazendo isso comigo Daniele? – Lágrimas escorrem do seu rosto. – Eu devolvi na mesma moeda o que aquela mulher fez com você. E é assim que me agradece?
Daniele: Por favor, não me leve a mal. Eu serei eternamente grata pelo que você fez. Mas, eu não posso viver com uma pessoa tão… diferente da sociedade. Tão diferente, que chega a ser bizarra. Admito que gosto muito do ser bondoso que você é. Porém, eu nunca irei aceitar você ser desse jeito. Aturei todo esse tempo porque você era a minha única família. Mas, eu descobri que agora eu tenho um pai. – Ela faz uma pausa. – E chegou o momento disso acabar.
Maria José: Você está muito confiante de que ele irá te aceitar. O Roberto não presta, nunca prestou. E ele é casado, a mulher dele nunca te acolherá na casa dela. Você vai acabar quebrando a cara, e vai vir pedir ajuda para a bizarra aqui.
Daniele: Por mais que ele não me abrigue na casa dele. Ele terá que me dar um bom lugar para morar, pois eu tenho os meus direitos. – Ela pega as suas malas. – Adeus Maria José.
Maria José: Por que você escondeu isso até agora? – Ela fala desolada. – Por que não me disse antes que, não enxergava com bons olhos eu ser uma travesti? Quando eu te contei, você aceitou numa boa.
Daniele: Não. Eu nunca aceitei. – Ela é rancorosa. – Eu era apenas uma adolescente, quando descobri que você não era mulher como eu pensava. Você me explicou tudo direitinho… que era uma travesti. E depois disso, comecei a sofrer bullying na escola, e em qualquer lugar que eu fosse… tudo por ter uma tia travesti.
Maria José: Você nunca me contou sobre nada disso.
Daniele: Mesmo que eu não tenha contado… era possível perceber pelos olhares que as outras pessoas lançavam para nós. Na verdade, para você. Eu só era olhada diferente por culpa sua. Mas, eu quero passar uma borracha sobre isso. E esquecer que um dia passei pelo que passei. – Ela pega as malas e vai embora.

Cena 3- Apartamento de Leonardo- Dia.
Frederico acorda, e percebe que dormiu junto com Leonardo e Cléber.

Frederico: Onde é que eu estou? – Ele se pergunta abrindo os olhos. – Ai, que dor de cabeça infernal. – Ele olha para o lado e vê Leonardo dormindo. – Então quer dizer que eu fiquei com você mesmo. – Ele sorri. – Frederico dá um pulo da cama, está só de cueca.
Cléber: Aonde você vai a esta hora da manhã? – Ele checa o relógio. – Você não vai iludir o Léo, não é? O meu amigo está passando por um momento muito difícil. E parece que ele gostou, e muito, de você.
Frederico: Nem percebi que você estava ai – Ele comenta assustado. – E quanto ao Leonardo, não se preocupe. Eu também gostei muito dele. E… pretendo voltar mais vezes. – Ele se veste.
Cléber: Afinal, você é mesmo gay? – Ele pergunta em dúvida.
Frederico: Na verdade, eu sou bissexual. Gosto tanto de mulher, quanto de homem. – Ele faz uma pausa para terminar de calçar o tênis. – Mas antes de ir embora, você poderia me passar o número dele? – Leonardo dorme profundamente.

Cena 4- Apartamento de Celso- Dia.
Maria Letícia e Celso planejam ir ao clube para pegar o dinheiro da campanha. Clotilde os surpreende com uma visita.

Maria Letícia: Olha bem para a minha cara, Celso. Você acha mesmo que eu, uma verdadeira rainha, vai trabalhar? – Ela dá uma gargalhada.
Celso: Essa verdadeira rainha foi capaz de fazer coisas piores no passado. – Ele comenta ironicamente. – E se você não quer trabalhar, como nós iremos sobreviver?
Maria Letícia: Se esqueceu da campanha? Não consegui finalizar com chave de ouro, mas as doações renderam milhões. – Ela sorri. – Só que todo esse dinheiro está em minha sala lá do clube.
Celso: Estamos falando de quantos milhões? – Ele se alegra com a notícia.
Maria Letícia: Estamos falando de cinco milhões de reais. Serve?
Celso: Acho que eu não escutei direito. – Ele fala, arregalando os olhos. – Tudo isso? Você é mesmo muito esperta, meu amor. – Ele a beija.
Maria Letícia: Eu não sou de dar ponto sem nó. Marcelo que o diga. – Ela sorri.
Celso: Além de ser esperta, você é má. E isso não é bom, para quem é bonzinho. – Ele sorri maldoso. A campainha toca, e ele vai atender.
Clotilde: Olá, “primo”. – Ela fala ironicamente. – Que bom revê-los. – Ela vai entrando. – Maria Letícia, querida. – Ela a beija na bochecha. – Como vocês estão depois da noite de ontem?
Maria Letícia: Melhores impossível. O que você quer aqui? Como você nos achou?
Clotilde: Em uma conversa com a Marisa, acabei descobrindo o endereço do meu “priminho”. E presumi que estavam aqui, juntos. – Ela se senta. – Pensou sobre o que eu lhe disse?
Maria Letícia: Estou passando por uma grande turbulência. Você sabe que, agora que o Alberto me deixou, eu não tenho um vintém no bolso. – Ela mente.
Clotilde: Não tente me passar para trás, Maria Letícia. Você só vai acabar se queimando ainda mais. – Ela faz uma pausa. – Estou com a minha língua coçando para te entregar pelo que você fez.
Maria Letícia: Desgraçada. Você me paga Clotilde.
Clotilde: Não. Quem vai me pagar é você. E um milhão está ótimo para um mês em Paris, depois eu volto. – Ela dá uma gargalhada. – Volto para pegar mais.

Cena 5- Mansão Albuquerque Garcia- Dia.
Marillu comenta com Frederico sobre o que aconteceu com Maria Letícia. Ela planeja se casar com Alberto, e ele revela seu interesse em Daniele.

Marillu: Você foi embora antes da festa começar. Perdeu Maria Letícia sendo escorraçada por uma travesti.
Frederico: Depois de perceber que eu havia perdido Maria Luiza para o garçom, não tive mais nada para fazer naquele lugar. Por isso vim embora. Mas o que aconteceu com Maria Letícia?
Marillu: Ela humilhou a namorada do Marcelo. E logo após, a tia da moça, que é uma travesti, chegou lá “causando”.
Frederico: Sério que o Marcelo se desentendeu com a namorada? O que foi que essa travesti fez com a “Rainha”?
Marillu: Contou o passado da cobra. Parece que a “vossa majestade” era prostituta, antes de construir a sua realeza. Enfim, tudo isso foi muito bom para mim. A megera perdeu o trono, e aposto todas as minhas fichas que eu irei sucedê-la.
Frederico: Já que a otária da Maria Luiza preferiu ficar com o garçom. Partirei para cima da ex do Marcelo.
Marillu: Daniele? Aquela pobreto… aliás, a travesti disse que ela era filha do Roberto, pai da Antonella. Conhece?
Frederico: Sim, conheço muito bem. – Ele se lembra da noite que passou com Antonella. – Já que não tem mais em quem eu investir na mansão Corte Real, partirei para a mansão Sales Couto de Sá. Daniele que me aguarde.

Cena 6- Mansão Sales Couto de Sá- Dia.
Alberto conversa com Maria Luiza sobre o sumiço de Marcelo.

Maria Luiza: Eu tentei ligar para ele inúmeras vezes, mas ninguém atende. Dá sempre na caixa postal. Será que faço mal em ligar para os hospitais?
Alberto: Do jeito que ele saiu daqui, ligar para os hospitais é o mínimo que deveríamos fazer. – Ele leva as mãos até a cabeça. – Será que ele foi capaz de fazer alguma loucura?
Maria Luiza: Não sei. – Ela começa a pensar. – Se eu fosse o Marcelo, para onde eu iria depois de uma noite de decepções? – Ela se pergunta. – Já sei.
Alberto: O que foi menina? – Ele pergunta assustado. – Do que é que você já sabe?
Maria Luiza: Tem um lugar que o Marcelo me levou quando eu estava triste. E pelo que ele havia me dito, lá é o refúgio dele. É lá que ele se esconde, e esquece todos os seus problemas.
Alberto: Então vamos para lá logo.

Cena 7- Clube Realeza- Dia.
Célia percebe os hematomas em Luciana.

Célia: Olá, querida. – Ela se senta ao lado de Luciana. – Não te vi ontem na ceia de Maria Letícia. Por que você não foi? Perdeu o maior babado do ano.
Luciana: Eu até fui, mas depois que vi Maria Luiza aos beijos com o garçom… me senti tão magoado pelo meu filho. Trocado por um brucutu daqueles.
Célia: Como é que é? Maria Luiza namorando o garçom? Por essa nem eu esperava. Mas enfim, você também vai ficar de queixo caído com o que eu tenho para te falar.
Luciana: Em pleno natal, a rainha perde a coroa. – Ela lê na revista. – Parece que eles estão falando de Maria Letícia aqui. – Ela mostra para Célia.
Célia: Ah! Não acredito. Vai preferir ler na revista, o que eu posso te contar aqui e agora?
Luciana: É sobre isso que você iria falar? – Ela parece se interessar pelo assunto, e tira os óculos escuros. Mas, ela esqueceu que os seus olhos estão roxos. – O que foi que aconteceu com ela?
Célia: Que olhos roxos são esses? – Ela se assusta. – O que aconteceu com você, Luciana?
Riginaldo: Ela acabou se acidentando em casa. – Ele surge. – Vamos Luciana. Eu já acertei a mensalidade com o clube. – Ele sai puxando a mulher.
Célia: Ai tem. – Ela fica desconfiada. – Tenho certeza que não foi um simples acidente que te deixou com os olhos assim. – Ele comenta consigo mesma. – Será que o Riginaldo teria coragem de bater na própria mulher?

Cena 8- Mansão Sales Couto de Sá- Dia.
Simone pede divórcio a Roberto. Daniele chega, e exige abrigo ao pai.

Simone: Essa noite de sono serviu para me fazer refletir sobre tudo. – Ela desce a escada. – E acordei determinada em me divorciar de você.
Roberto: Como é que é? – Ele levanta do sofá assustado. – Você não pode fazer isso, Simone. Nós construímos uma bela família, e não podemos acabar com tudo isso assim.
Simone: Pensasse nisso antes de fazer o que fez. – A empregada avisa que tem uma mulher no portão querendo falar com Roberto. – Deve ser a sua amante. Talvez ela tenha descoberto que todos já sabem que você me coloca chifres. E veio pedir para que você fique com ela de vez. – Ele sai, sem dar importância ao que ela fala. Simone vai atrás dele.
Roberto: Quem é você? E o que quer? – A mulher está de costas para o portão, e se vira ao escutar a voz dele.
Daniele: Sou eu, papai. – Ela tira os óculos escuros. – E vim para ficar. – Roberto e Simone ficam sem reação.

CONTINUA…