Capítulo 30 – Cantiga de Amor
Cena 01: Rio dos Campos. Manhã.
Adelmo está ajoelhado à beira do rio. A água molha sua calça.
Adelmo – Nossa Senhora, me ajude, me perdoem, e perdoem também a Agnella. Eu tenho certeza de que eu sou o homem certo, o destino certo para esta tua pobre e inocente filha! Somente eu!
Adelmo molha o rosto com a água do rio, enche o balde e sai.
Cena 02: Termes. Casa de Giancarlo. Exterior.
Gustavo ficou em silêncio, olhando para o “nada”.
Cecília – Então, Gustavo? Estás calado… (Ela abaixa a cabeça) Gostavas muito de teu avô, não era?
Gustavo – Não… Quero dizer, gostava dele sim. Mas quando ele se foi eu era muito pequeno. Não lembro quase nada dele. Imagens rápidas, dele me pegando no colo, me jogando para o alto… Coisas assim.
Cecília – E tu não sabes nada de como era a vida dele, de como ele achou esse tesouro?
Gustavo – Não. Meu pai morreu logo, também, logo depois da visita de teu pai. (Ele aponta para o final da rua) Aquilo ali é um cão?
Cecília – Sim, sim. Ele vive pelas ruas da cidade. Os padres não gostam muito dos cachorros, dizem que eles são a encarnação do… tu sabes quem. Mas todos aqui se apegaram a ele.
Gustavo – Eu tinha um em casa. Morreu de tão velhinho que estava, mas foi um grande caçador até o último dia de sua vida. Olha, aquele cachorro está vindo para cá. Ele é bravo?
O cachorro se aproxima de Gustavo, e vai logo colocando sua cabeça sob a mão dele.
Cecília – (rindo) Isso responde sua pergunta?
Eles sorriem e começam a brincar com o cachorro.
Cena 03: Povoado das Hortaliças. Casa de Enzo.
Prudência está na sala, rezando.
Prudência – Deus, Nossa Senhora, e todos os santos, protejam a minha filha, onde quer que ela esteja! Tende piedade dela, porque é apenas uma garota que ainda não se livrou dos sonhos!
Nesse momento, alguém bate na porta. Ela abre.
Prudência – (Surpresa) Adelmo? O que fazes aqui?
Adelmo – Eu gostaria de conversar com o senhor Enzo. Ele se encontra?
Prudência – Infelizmente não. Saiu há pouco tempo para o trabalho.
Adelmo – Hum… É uma pena que não esteja aqui agora. A senhora pode me fazer um favor? Caso eu não possa estar aqui antes disso, avise a seu marido quando ele chegar que eu preciso falar com ele ainda hoje.
Prudência – E tu podes ao menos me dizer o conteúdo dessa conversa?
Adelmo – Eu prefiro explicar tudo quando Enzo estiver aqui. Enquanto isso… Passar bem, dona Prudência. Tenha um bom dia.
Prudência – Um bom dia para ti também, rapaz.
Prudência fecha a porta.
Prudência – Eu não sei por que… Talvez seja apenas uma preocupação de mãe… Mas eu sinto, meu Deus, que ele veio falar de Agnella… E agora, minha Nossa Senhora?
Cena 03: Termes. Quarto de uma pequena estalagem.
Brás – Não posso deixar de dizer que é uma surpresa para mim vê-la tão cedo, senhorita.
Marlete – Também não planejava vir agora. Mas eu decidi dar-te logo uma resposta para a tua oferta.
Brás lança-lhe um olhar inquisitivo.
Marlete – E a resposta é sim. Eu pensei bastante e decidi acreditar no senhor, conforme já havia feito antes. Só não entendi como o senhor pretende conquistar o tesouro depois de desmascarar o impostor.
Brás – Não tenho um plano. Essa parte eu deixo com a senhorita.
Marlete – Comigo? Então acha que eu estou tão interessada nesse tesouro quanto o senhor?
Brás – Tive a mais absoluta certeza de que tu não estás simplesmente preocupada em destruir uma mentira, desde que demonstraste o quão amargurada és pelo tratamento que te dão ali. Sei muito bem o que é querer se ver longe daqueles que nos tratam mal. Sabe, comigo foi assim.
Marlete – Então este rapaz te fez algum mal e o senhor quer se vingar… Entendi.
Brás – Não… Ele não tinha a nada a ver comigo, não até agora. Eu fui essa pessoa que uma vez tratou outra mal; e por isso fui expulso do meu lugar, da minha casa. Mas olha só onde estou agora: prestes a colocar minhas mãos em um tesouro! Como dizem, há males que vêm pro bem…
Marlete – A sua ambição não nega seu caráter. Porém estamos nos desviando do foco, não acha?
Brás – É verdade. E então? A senhorita sabe como agir depois para possuir o tesouro que não pertence a Gustavo?
Marlete – Talvez sim, talvez não. Tudo vai depender de um mapa… Se nós os encontrarmos logo, talvez nem mesmo seja preciso desmascarar ninguém. Podemos alcançar esse alvo apenas através dele.
Brás – (Sorri) Pode até ser. Mas a verdade… Ah, ela nunca é demais.
Cena 04: Povoado das Hortaliças. Casa de Simone. Tarde.
Inês chega à casa da mãe. Encontra Simone e Leonor.
Inês – Que bom, mãe, vejo que a senhora está acompanhada! Tudo bem, Leonor?
Leonor – Comigo sim, querida. Não sei contigo.
Inês estranha.
Inês – Não entendi. Comigo está tudo ótimo. Não parece? O que a senhora acha, mãe?
Simone – Eu acho que está bem demais. E eu já sei o porquê.
Inês – (Um pouco evasiva) Eu continuo sem compreender nada. Do que a senhora e Leonor falam, mãe?
Simone – Do teu caso, Inês. Dos teus encontros com o camponês desprezível. Leonor viu quando vocês se encontraram e fez o favor de me contar.
Inês – Mas a senhora… É realmente surpreendente! Além de uma alcoviteira que não sabe arranjar os casamentos certos, afinal me uniu àquele maluco do Brás achando que ele era rico… É uma mexeriqueira que não consegue segurar na língua aquilo que não devia ver!
Leonor – Olha só, menina, eu exijo primeiramente respeito! Eu sou uma mulher mais velha que tua mãe, e não preciso ser tratada da maneira como estás me tratando! Em segundo lugar, era tu quem não devias estar namorando aquele Pero escondida dos outros. És uma viúva que perdeste recentemente o marido, e não podes pensar em casamento tão cedo! Talvez nunca mais!
Inês – Isso não é verdade!
Simone – São as leis de Deus, filha. Infelizmente, é assim que acontece. E mesmo que algum dia ainda possas voltar a construir uma família, eu farei questão de que Leonor me ajude a encontrar teu marido. E da mesma maneira como fizemos da primeira vez, faríamos agora: definitivamente, Pero não seria o escolhido! Então, Inês, trate de desfazer essa história o quanto antes possível. Não quero ver minha filha envolvida com um homem desses.
Inês – Quer saber de uma coisa? Eu estou cansada disso. Estou cansada de a senhora e essa alcoviteira intrometida influenciarem tanto minha vida. Eu já me casei, já estive sujeita a meu marido, e agora estou sujeita a Deus, apenas. (Diz claramente) Somente a Ele!
Inês sai furiosa, batendo a porta.
Simone – Eu vou atrás dessa menina. Eu não a criei tão mal assim,
Leonor – Deixa, minha amiga, deixa. O que ela pode fazer agora? Nada. Aquele Pero é um homem insignificante. E ela há de entender isso.
Simone – Tomara, Leonor. Tomara… (Ela respira) Mas vem cá, minha amiga, eu andei pensando… Eu já sou um viúva, e não posso mais me casar, apesar de às vezes me pegar tendo esse desejo… Mas e tu? Tu nunca foste casada… Nunca pensaste nisso?
Leonor – Mas é claro que sim! Porém eu acho que me ocupei demais com os casamentos dos outros, eu sempre gostei de ajudar as famílias… E, no final das contas, eu não sinto mis tanta falta de um casamento agora como eu sentia antes. Quer dizer… Não posso mentir – e vê se não conta isso a ninguém – mas nos últimos dias eu me surpreendi pensando em uma pessoa… Mas, por Deus, eu sei que isso não é bom. Ainda mais na minha idade!
Simone – O padre sempre disse: Deus nos castigará se mantivermos esses pensamentos. (Pensando) Mas como afugentar essas ideias?
Cena 05: Povoado das Hortaliças.
Inês saiu da casa da mãe atordoada. Decidiu seguir à casa de Pero. No final da rua de sua casa, passou em disparada pela irmã Francisca e pelo padre Santorini, sem notar sua presença.
Francisca – O que houve com esta moça? Minha experiência com jovens mulheres me permite ver quando há algo de errado em uma delas.
Santorini – A senhora vê coisas demais, irmã Francisca. Deixe Inês em paz e vamos prosseguir nossa segunda ronda de hoje em busca dos fugitivos.
Francisca – Tudo bem. Porém eu continuarei desconfiada da atitude furtiva dela. Furtiva demais…
Cena 06: Floresta próxima ao Povoado das Hortaliças.
Agnella está escondida na floresta, um pouco distante de Gregório e Valentina. Ela está olhando as flores de uma planta quando é surpreendida por uma voz.
Adelmo – Cuidado, Agnella, essas flores podem ser perigosas.
Agnella – Mas eu prefiro seus espinhos a tua presença. O que fazes aqui? Não quero te ver.
Adelmo – Vim apenas admirar tua beleza. Admirar a mulher que logo será minha.
Agnella – Eu já falei que eu quero Gustavo, que eu amo Gustavo…
Adelmo – E eu já te disse que conversarei com teus pais, Agnella. Tu não tens para onde ir mesmo. Mas não te preocupes. Eu garanto que não voltarás para o convento. Que independentemente de todos os teus erros, eu te perdoo. E que por isso eu sei que o melhor para ti sou eu. E agora, cara donzela, com licença. Tenho um assunto importante a tratar.
Agnella – Já estás indo tarde, cavalheiro. Até nunca mais!
Adelmo – Até logo!
Ele sai. Agnella se dirige a Gregório e Valentina, desesperada.
Agnella – Eu preciso sair daqui. Eu preciso encontrar Gustavo o quanto antes. Adelmo descobriu onde estou, e embora ele tenha dito que não permitiria que eu voltasse ao convento, não é dele que eu preciso… Só que eu não sei onde meu amor está… E o pior é que ninguém sabe, também. E eu só quero sair daqui depois que me disserem onde ele está.
Valentina – Agnella, isso está bastante perigoso. Adelmo pode não nos ter visto, mas se ele usar um pouco a cabeça, associará o teu esconderijo ao nosso. E, muito mais do que tu, eu não posso reencontrar esse povo. Nem eu, nem Gregório. Não é Gregório?
Gregório está pensativo.
Valentina – Gregório!
Gregório – P-perdão, eu me perdi em um pensamento. O pensamento de que eu tenho errado contigo, Agnella. Tenho te feito sofrer; mas porque eu acreditava, e ainda acredito, que o que eu sei não poderá te dar esperanças. Ainda assim, eu preciso te dizer algo.
Agnella – Mas o quê?
Gregório – É sobre Gustavo. Eu… Acho que sei onde ele está agora. Todavia eu receio que não poderás encontrá-lo.
Agnella – E… Por quê? Onde ele está? Eu estou disposta a ir a qualquer lugar, somente para vê-lo de novo…
Gregório – Ele deve estar em Jerusalém no momento. Lutando pela Guerra Santa. (Respira fundo) Isso se ele ainda estiver vivo.
Uma lágrima cai no rosto de Agnella.
Agnella – Como?
Cena 07: Termes. Casa de Giancarlo.
Cecília e Gustavo estão em seus respectivos quartos. E ambos, envoltos em pensamentos.
Gustavo – E agora? O que fazer? Por um momento eu achei que havia encontrado uma luz…
Cecília – Por que tanta rigidez em cumprir a palavra de meu avô? Sei que é uma forma de respeitá-lo… Oh, Deus, eu não quero ser rebelde, desobediente…
Gustavo – Eu não posso continuar mentindo… Esse tesouro só me afasta cada vez mais de Agnella… Do rosto de Agnella… E dos seus olhos, tão belos…
Cecília – Talvez haja uma maneira de encontrarmos esse tesouro, por nós mesmos. Talvez sejamos felizes então. Senhor, que eu não esteja errando…
Gustavo – Será que amar nos faz mesmo felizes? Amei, amo Agnella… E onde estou agora?
Cecília – Ou será que o amor é a chave principal para a felicidade, como dizem tanto?
Cecília segura o colar que está em seu pescoço – ele possui dois pingentes, um redondo de madeira com o desenho de signos emaranhados envolvidos por desenhos de folhas talhadas; o outro de metal, fino e comprido, com uma “protuberância” na ponta. Gustavo faz o mesmo com o colar que ele ganhou de Marconi.
Gustavo – Haverá um caminho diferente para ser feliz?
Cecília – Será que eu conseguiria encontrar uma felicidade diferente da que eu sempre esperei?
Gustavo – Eu quero apenas fazer o certo… Viver o que me fará realmente bem…
Cecília – Eu só espero não estar errando… Só gostaria de descobrir a chave para os problemas da vida…
Cena 08: Povoado das Hortaliças. Casa de Pero.
Inês está na sala da casa de Pero. Ele chega.
Pero – Inês? Por que estás na sala de minha casa? Não deverias aparecer por aqui!
Inês – Eu só vim porque eu precisava muito falar contigo, camponês. Desabafar.
Pero – Claro, minha flor silvestre. Se é assim, eu te escuto, te amparo, te protejo. Faço o que for preciso para te ajudar.
Inês – Na verdade, é algo que também te interessa. Diz respeito a nós dois. Leonor descobriu que estamos nos encontrando e contou tudo a minha mãe.
Pero – Mas isso é ótimo! Agora não precisamos mais esconder nada de ninguém! Dá até uma sensação de alívio!
Inês – Quanto mais eu tento acreditar que não és burro, mais tu me surpreendes, hein, camponês! Será que não percebes? Minha mãe te odeia! Ela não permitirá casamento nenhum, ainda mais agora que sabe que namorávamos em oculto. E o pior é que eu sou uma viúva, e se isso chega aos ouvidos do padre e da antipática irmã Francisca, eles farão tudo para me separar de ti, Pero!
Pero – Não! Isso não acontecerá!
Inês – Foi por isso que eu fiquei com bastante raiva e saí da casa de minha mãe cheia de pressa para vir aqui. Eu estou cansada, cheia de depender de minha mãe para tudo, e de vê-la confiando naquela alcoviteira curiosa que se diz sua amiga. Eu não sei o que farei, mas eu sei que eu não quero me separar de ti.
Pero – Nem eu, Inês. Nem eu.
Pero olha pela janela.
Pero – Eu acho melhor sairmos daqui. Ninguém pode nos ver. Vamos para a floresta. Lá estaremos mais seguros.
Inês – Em compensação, estaremos em companhia daqueles três, incluindo a tal Valentina. Mas tudo bem. Ela não é meu maior problema agora.
Pero – Inês, Inês, não sei o que faço contigo e com esse teu gênio petulante…
Ele ri. Os dois seguem para a floresta.
Cena 09: Povoado das Hortaliças. Casa de Enzo.
Prudência e Enzo estão na sala, acompanhados de Adelmo.
Enzo – Então, rapaz, que conversa é essa que desejas ter comigo? Não irás me dizer que lembraste de alguma coisa que já aconteceu e tu achas que não?
Adelmo – Por favor, senhor, não zombe de mim e das sequelas do meu acidente. O que eu vim falar ao senhor é algo sério, e eu tenho certeza de que nem o senhor nem sua mulher sabem. Aliás, poderiam já ter sabido, uma vez que eu venho dizer o mesmo que não disse um mês atrás devido ao incidente com Agnella e a jarra d’água, e posteriormente o acidente na floresta.
Enzo – (Ficando bastante interessado) E do que se trata, então?
Prudência – Eu… Tenho certeza de que não deve ser nada tão grave, não é, rapaz?
Adelmo – Pelo contrário, senhora. É muito grave. Porém eu digo desde já que tenho uma solução a propor. Como o senhor e a senhora já devem ter pensado, trata-se mesmo de sua filha e minha amada, Agnella. Eu vim dizer-lhes o que eu vi um dia antes daquele fatídico dia, e me lembrei hoje mesmo, no rio.
Adelmo revela o que viu entre Agnella e Gustavo, no dia em que eles se amaram embaixo de uma árvore, no Rio dos Campos. Revela também sua conversa com ela, em que ele ameaçou contar tudo a Enzo.
Adelmo – E eu inclusive acho, com todo o pesar do mundo, que foi devido a essa jarra d’água quebrada por Agnella em minha cabeça, que eu perdi o equilíbrio e o controle do cavalo e me acidentei floresta adentro.
Enzo – (Esbravejando) Mas isso é um disparate total! É, é um absurdo! Minha filha não seria capaz disso! Eu me recuso a acreditar em uma mentira dessas!
Adelmo – O senhor irá me perdoar, mas eu estou apenas contando o que eu vi. E o senhor precisa saber que eu também sofri ao ver Agnella sendo enganada, usada, desvirtuada por aquele homem despudorado! O meu amor por ela é verdadeiro, senhor. E eu só quero o melhor para ela, assim como o senhor e a sua esposa.
Enzo – Isso foi culpa tua, Prudência! Tua! Devias ter ensinado direito o que era certo a nossa filha!
Prudência – Eu… Simplesmente não sei. Pode ser que sim, meu senhor. Mas e se ela tiver sido enganada, como esse rapaz diz? Ela sempre foi uma moça delicada e inocente…
Enzo – Certo… Porém agora ela ficará assim, solta? O correto seria casá-los, já que pecaram. Mas não sabemos onde Agnella está, nem sabemos onde o tal rapaz está. (Respira fundo) E eu sinceramente ainda prefiro vê-lo longe! Aliás, nunca mais vê-lo!
Prudência – Talvez o melhor para nossa filha, depois de a encontrarmos, seja voltar para o convento. Continuar se dedicando a Deus, e pagar assim por esse pecado.
Adelmo – Não! Por favor, me escutem! Eu disse que tinha uma proposta para fazer-lhes. Eu… Eu sei onde Agnella está. E eu estou disposto a perdoá-la pelo seu erro, a esquecer o que ela fez, o que foi obrigada a fazer por aquele homem, se o senhor, Enzo, me permitir casar com sua filha. O senhor me concede a mão de Agnella em casamento?
Cena 10: Floresta próxima ao Povoado das Hortaliças.
Agnella – Tu disseste que ele pode estar morto?
Gregório – Sim, Agnella. Perdoe-me por ter permitido que ficasses iludida por tanto tempo. Eu só queria te proteger e não te iludir ainda mais…
As lágrimas caem do rosto de Agnella aos poucos.
Agnella – Isso… Não importa. Nada importa. Nada além do meu amado…
Gregório – Por favor, Agnella, não alimentes esse sonho que não poderá se realizar…
Agnella – Pode sim. Agora que eu sei onde ele está, eu quero ir para Jerusalém.
Gregório – Mas isso é impossível! É uma loucura! Teríamos que percorrer um longo caminho até chegarmos lá. Além do que o lugar está em guerra!
Agnella – Eu me encontrarei com Gustavo, mesmo que esteja morto.
Gregório – Mas Agnella…
Valentina – Espera, Gregório. Agnella pode ter razão.
Gregório – Em querer ir para Jerusalém? Não há lógica nisso!
Valentina – Não, não exatamente em ir para Jerusalém. Mas em sair daqui. Nós não podemos mais continuar nesse lugar. Passamos tempo demais aqui, e uma prova disso é que já fomos descobertos. Ainda hoje podem aparecer o padre, a irmã Francisca e os meus senhores feudais, para nos levarem embora.
Gregório – Isso eu entendo. Porém para onde iremos? Jerusalém é um destino impensável.
Agnella – Para vocês, sim. Para mim, não…
Valentina – Gregório, se Gustavo foi para essa Guerra Santa, ele deve ter ido com a companhia do padre, não é?
Gregório – Sim, claro. Eles foram juntos até o porto, e de lá somente os combatentes partiram para a Guerra.
Valentina – E tu sabes o caminho até esse porto?
Gregório – Sim, eu sei. O meu seminário se localizava entre os dois locais – a igreja e o porto –, e eu frequentemente percorria esse caminho. Mas não tu pensas em partir para lá não, ou é?
Valentina – É a nossa única saída. É o único lugar certo para onde podemos ir agora.
Gregório – Como podemos ir? A pé? Seria impossível chegarmos lá vivos! E poderiam nos encontrar antes disso!
Valentina – A cavalo, talvez. (Frustra-se) É… Realmente, o transporte é nosso maior problema.
Pero – E quem disse isso?
Surpresos, Valentina, Gregório e Agnella se viram para trás. Pero está acompanhado de Inês.
Valentina – Pero? O que fazes aqui? Estavas… Nos ouvindo?
Pero – Não pude não ouvir. E, se depender de mim, haverá sim uma maneira eficiente de chegar até o porto.
Agnella – Como? Como??
Pero – Nas minhas carroças. Tudo de que eu e minha Inês precisamos agora é ficar longe desse lugar. Eu decidi. Nós também iremos com vocês até o porto, até Jerusalém, até onde for preciso para sermos felizes!
Mais dois se juntam na comitiva rumo a Jerusalém. É parece que depois disso as autoridades… terão que mudar suas leis, ninguém quer mais segui-las.
Brás e Mertele estão cada vez mais empenhados a achar esse tesouro e desmascarar o Gustavo, que aliás está mais difícil dê manter sua verdadeira identidade em segredo.
Adelmo, encontrou sua amada e está mesmo decidido a se casar com ela, e para isso contou tudo o que viu a Agnella e Gustavo fazerem, o que não deixou Enzo nada contente.
Outra que está muito influenciada pela religião é Simone e a Leoner (ô mulher chata) o isso deixou Inês revoltada, já que ela ama Pero.
🙂 A web está demais, e parece que vem muito mais com essa ida dos nossos peregrinos a Jerusalém!!!! 😀
Pois é. Agora eles resolveram fugir do povoado, cada um por seus motivos. E isso vai ser, confesso, interessante. (Com relação às leis, é uma pena. Elas não mudariam tão fácil no mundo medieval. Mas quem sabe, né, se no nosso mundo medieval não é um pouco diferente?)
Gustavo nem sonha que Brás e Marlete estão confabulando contra ele. Mas será que essa é a única surpresa que ele terá nos próximos capítulos?
A notícia que Adelmo levou a Enzo realmente o revoltou. Mas a proposta foi lançada. Resta saber se Enzo a aceitará ou não.
E Simone e Leonor representam bem a sociedade da época: a religião é o principal guia do pensamento do povo. O que muitas vezes é ruim pra eles – e pra elas duas, como nesse capítulo elas mesmas falaram.
A viagem dos cinco está marcada para essa semana, mas ela não é a única “agitação” não. Teremos outras coisas acontecendo aqui! Não perca!
E obrigado mais uma vez pela participação! 😉
Como passou, rápido. Já, já, está acabando a web. Cada dia, mais vidrado nessa história.
Pois é… Os dias passam rápido… E ainda tem mais coisa pra acontecer em Cantiga de Amor. Fico feliz por ter conquistado sua audiência, e continue acompanhando e comentando! 😀