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Filho Amado

Capítulo 29 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 29.

 


 

Anna seca a sua mão: Pode falar, mas que eu me lembre não tenho nenhum assunto pra conversar com você,Coronel!

 

Bravejo se irrita: Quer que eu refresque a sua memória? Eu estava agora na reunião para oficializar as eleições!

 

Anna se faz de desentendida: E?

 

Bravejo explode: Para de se fingir de inocente! Como você pode deixar o Éssio se aliar ao partido inimigo? Eu sempre fui tão amigo dessa família, sempre ajudei vocês, eu ajudei você e o Bento a pagar essa casa!

 

Anna: Mas o Bento pagou tudo depois de volta!

 

Bravejo joga o chapéu no chão: Mesmo assim, eu ajudei vocês muitas vezes, sempre fui muito amigo de todos, e agora o Éssio faz isso comigo? Fiquei realmente muito decepcionado por você e o Bento terem permitido isso!

 

Anna ri: Fui eu mesma que dei a ideia! E quer saber? Eu não te devo nada, querido, passado ficou lá atrás, o que importa agora é o futuro!

 

Bravejo: Naja, traidora, ingrata!- Ele a pega pelo braço- Quer dizer que nada do que eu fiz por essa família é levado em consideração? Fora que o Noronha também é candidato junto comigo, você quer promover uma guerra entre eles? É isso?

 

Anna: Quero que o Noronha se dane! O que importa é o Éssio! Eu ainda não entendi porque aquele assassino voltou, será que você esqueceu que ele matou o Chico Branco?

 

Bravejo: Tudo bem, não vamos mudar de assunto…

 

Anna vai até a sala e abre a porta: Não tenho nada pra falar com você, Coronel, os tempos são outros agora e não precisamos mais do seu apoio, agora saia daqui por favor e me deixe fazer o almoço.

 

Bravejo olha para a mesa: Claro, mas se nada do que eu fiz por vocês tem valor, eu vou ter que pegar tudo o que eu dei de volta, ou melhor, vou destruir tudo!-Ele vai até a mesa e derruba tudo o que tem em cima dela no chão, e a vira para baixo, quebrando-a em várias partes!

 

Anna, abismada: SEU MALUCO!

 

Bravejo vai até o armário e pega essas panelas: Essas panelas que te dei no dia do seu aniversário de casamento não tem mais importância?- Ele as joga no chão.

 

Anna: SAI DAQUI IMEDIATAMENTE!

 

Bravejo vai até a cristaleira: E essa frágil cristaleira que dei ano passado também não tem importância!- Ele derruba a enorme cristaleira, o que produz um estrondoso barulho, se espatifa vidro por todo lado.

 

Anna pega a vassoura e começa a bater nele desesperadamente: SAI DAQUI MALUCO, IDIOTA!

 

Bravejo pega para si a vassoura e a quebra com as pernas: Me lembrei que essa vassoura veio junto com a cristaleira!- Ele limpa seu chapéus e abre a porta- Toda a minha relação com a família Dávila acabou a partir de agora, só o Noronha é meu amigo- Ele bate a porta com tudo.

 

Anna fica olhando para a cozinha e a sala cheias de cacos de vidro, e a cristaleira derrubada: Ele não podia ter feito isso! O Coronel me paga!

 

Hospital/ Quarto de Aurora.

 

Marinez, barbarizada: Pedófilo?

 

Aurora não consegue falar, só chora.

 

Marinez se senta, de tamanho susto que levou: Aurora, me explica isso direito filha, ainda não caiu a ficha.

 

Aurora escorre suas lágrimas: Ele estava lá com uma criança, beijando ela…Ele…Eu não consigo falar…- Aurora começa a sentir falta de ar.

 

Marinez,desesperada: SOCORRO! MINHA FILHA ESTÁ AQUI PASSANDO MAL!

 

Duas enfermeiras chegam.

 

Aurora, sem conseguir respirar: Mãe…Me ajuda…Me ajuda!

 

Marinez fica arrasada e imóvel. As enfermeiras tentam ajudar Aurora.

 


 

Ruas de Vila Varzeônica.

 

Jasmine, cansada: Vamos desistir de procurar casa, Noronha, aqui só tem casa antiga!

 

Noronha se senta em um banco: Pelo visto vou ter que construir minha própria mansão.

 

Ele vê o tio Benê em uma mesa jogando dominó com alguns outros idosos.

 

Noronha, desesperado: Ah, vamos sair daqui antes que…

 

Benê o vê: NORONHA MEU SOBRINHO!

 

Noronha se vira e sorri cinicamente: Titio! Que coincidência te ver aqui! Não quero te atrapalhar, pode continuar jogando dominó com seus amiguinhos.

 

Benê abraça o sobrinho: Nada disso, faz tempo que não te vejo, só uma coincidência pra nos aproximar,e também você nem veio me procurar!

 

Noronha: É que eu não tenho nada pra tratar com o senhor.

 

Benê: Como é?

 

Noronha corrige: Quero dizer que ando muito ocupado, me candidatei a vice com o Coronel Bravejo!

 

Benê: É mesmo Noronha?Que legal!-Ele chama alguém- Belarmino, esse é o filho do meu sobrinho Bento, o Noronha.

 

Belarmino o cumprimenta: Então você é o famoso Noronha de quem tanto a Betânia fala?

 

Noronha, se esforçando pra sorrir: Você é o quê da Betânia?

 

Belarmino: MARIDO!

 

Noronha se segura para não cair no riso: Bem…Eu a encontrei um dia desses, de qualquer forma mande lembranças pra ela, tenho que ir agora pois estou procurando uma casa pra vender, vou morar aqui.

 

Benê grita: NÃO ACREDITO! VOCÊ SABIA QUE EU TENHO UMA CASA PRA VENDER?

 

Noronha: É mesmo?

 

Benê: Sim, fica ali naquela rua, esse bairro é um dos melhores da cidade, além de tranquilo é também cheio de árvores.

 

Noronha observa o ambiente: É, realmente é um belo bairrro, se o senhor quiser me mostrar a casa!

 

Benê fica feliz:Claro, fica bem ali- Ele vai até a mesa de dominó e pega a sua bengala.

 

Jasmine: Como vai o senhor?

 

Benê, atirado: Não tão bem de saúde como você, mas estou indo…- Ele os guia até a casa.

 

Casa dos Dávila…

 

Éssio chega: Mãe, voltei!-Ele repara na bagunça-Mãe o que aconteceu?

 

Anna limpa os cacos de vidro: O Coronel Bravejo veio aqui…E destruiu tudo!

 

Éssio, horrorizado: Aquele velho não tinha o direito de fazer isso!

 

Anna: Ele ainda me paga…

 

Casa de Benê.

 

Benê abre o quarto: E esse é o amplo quarto, veja que essa casa não tem uma rachadurinha, é nova em folha, mas não achei ninguém que comprasse até agora, é a única das casas que tenho que possui piscina!

 

Noronha nota: Você tem outras casas?

 

Benê ri: É  modo de falar, é que todas as casas da família Dávila estão no meu nome, a da sua mãe, a da Alminha, a do Leopoldo…

 

Noronha se interessa: Não sabia disso…

 

Jasmine e Caio chegam.

 

Jasmine: Até que eu gostei dessa casa!

 

Noronha fica pensativo: Eu também…Bom, volto amanhã com uma resposta, até agora foi a melhor casa que achei por aqui!

 

Benê bate levemente no ombro do sobrinho: E eu faço um preço ótimo, pense bem, tem dois andares e piscina!- Ele repara em Caio- Esse é o seu filho? Qual o nome dele mesmo?

 

Noronha ri: É Caio. Um nome horrível mas foi a Jasmine que escolheu, se fosse por mim teria colocado um nome grego, como Geófones ou Apolo, mas a Jasmine é assim mesmo, muito chatinha.

 

Jasmine fica visivelmente irritada.

 

Benê acaricia Caio: Eu acho um lindo nome!

 

Noronha: Amanhã eu volto pra te dar uma resposta, tenho que ir lá pro Monte Varzeônico porque o helicóptero fica estacionado lá, preciso urgentemente  comprar um carro!

 

No helicóptero…

 

Domingues: Podemos partir, senhor?

 

Noronha, Jasmine e Caio sobem.

 

Noronha: Podemos sim, Domingues- Ele fecha a cabine e fica reparando em Jasmine-Porque essa cara emburrada? Foi algo que eu falei…

 

Jasmine, chateada: Foi sim, eu não gostei do modo como você se referiu a mim e ao nome do Caio.

 

Noronha não dá importância: Você leva tudo ao pé da letra, pelo amor de Deus, relax!

 

Jasmine, aborrecida: Não posso ficar “relax” porque há duas semanas eu estava no Rio muito feliz e agora estou em um hotel por causa de um plano besta de vingança e…

 

Noronha a interrompe: Não começa com essa discussão de novo, Jasmine, já cansei do seu papinho. Agora eu vou colocar os meus fones e não quero ser incomodado- Ele pega vinho no frigobar- Só um bom vinho tinto que me livra da sua acidez!- Ele põe em uma taça.

 

Caio: Eu quero suco de uva, mamãe!

 

Jasmine se levanta: Só tem no frigobar lá atrás, vou pegar-Ela passa de uma cortina e vai para a parte de trás do helicóptero, onde normalmente fica outra cabine.

 

Caio se aproveita que o pai está de olhos fechados, pega a taça com vinho, e resolve experimentar: Suco de uva!-Ele bebe dois goles, quando Jasmine chega.

 

Jasmine, abismada: CAIO SOLTA ISSO!- Ela pega a taça e joga no chão.

 

Noronha acorda: O que aconteceu?

 

Jasmine, desesperada: Você se descuidou e o Caio pegou o seu vinho pra experimentar! Ah meu Deus!

 

Noronha olha pra Caio: Mal tem dezoito e já quer beber menino, esse aí vai dar problema…

 

Jasmine, indignada: Como você tem coragem de fazer piada em um hora dessa? O Caio bebeu vinho  e pode ter algum tipo de reação, e a culpa foi sua que não prestou atenção nele!

 

Noronha se controlas: Calma Jasmine não foi nada demais, vinho não é veneno, eu sei que os dois começam com V mas dá pra distinguir um do outro!-Ele pega Caio- Filho, nunca mais faça isso.

 

Jasmine fica atormentada: Você é um irresponsável mesmo que consegue fazer piada em um momento desse, nem pra pai serve!

 

Noronha joga os fones de ouvido no piso: Jasmine, para de ser neurótica caramba!

 

Jasmine fica andando de um lado para o outro: Ai, precisamos ir pro hospital, o Caio pode ter algum tipo de alegria ou indigestão com esse vinho!

 

Noronha se levanta e a pega pelo braço, ele atravessa a cortina e vai para a parte vazia do helicóptero: Presta atenção, o Caio bebeu dois goles de vinho, não fez mal nenhum, agora se controla e abaixa essa voz, larga de ser neurótica!

 

Jasmine, chorando: Você não tá nem aí pro Caio não é mesmo? O que custa passar no hospital? Nem parece que ele é seu filho do modo como você o trata!

 

Noronha perde a paciência: AGORA CHEGA! O CAIO NÃO É MEU FILHO MESMO, ELE É SEU FILHO, SEU E DAQUELE SENADOR QUE VOCÊ DEU O GOLPE DA BARRIGA!

 

Jasmine se revolta: Mas você prometeu assumi-lo naquela época e trata-lo com carinho! E não é bem isso que tá fazendo, você trata o Caio com indiferença, como agora no caso do vinho.

 

Noronha: Eu trato o Caio como um filho meu sim, sua injusta- Ele a segura fortemente, machucando ela- Desde que eu cheguei aqui você tá muito chata e aborrecida, antes você era alegre e viva, e me dava muito prazer, agora virou uma carola reclamona que não aceita nada, cansei de você- Ele a olha fixamente- CANSEI.

 

Jasmine: Me solta, Noronha, me solta…

 

Noronha abre a cabine do helicóptero: Não foi você que começou com essa história, agora aguente- Ele a leva até a beira do helicóptero- Aquele dia lá no monte você me jurou que ia se comportar, mas não cumpriu, pois agora minha paciência de Jó se esgotou, vou te jogar daqui!

 

Jasmine se assusta: Não, pelo amor de Deus me perdoa!

 

Noronha não cede: Te perdoar porquê se você vai fazer tudo de novo? Nananinanão, cansei de você, adeus Jasmine!

 

Caio chega: Não papai, para!      

 

Noronha não se intimida: Sai daqui Caio!

 

Caio sai correndo.     

 

Jasmine: Eu imploro, por tudo o que é mais sagrado, eu juro… 

 

Noronha ri: É uma lastima mas gostaria de falar algo antes de morrer? Não? Então bye bye- Ele a joga…

 

Termina o capítulo 29.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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