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Detalhes Sórdidos

Capítulo 28 – Detalhes Sórdidos

Corta para a prisão improvisada por Garibaldi.

GARIBALDI – Agora que eu tenho as três juntas, eu tenho aqui um documento, que as três assinarão. O…o cara que roubou o Anfitrião aí foi esperto. Fez um seguro em nome das seis crianças mortas, sacou o dinheiro do seguro, colocou na Suíça, e somente com a assinatura de três pessoas pode acionar a chave do cofre. E olhem só, vocês são as três bilionárias. Mas tem uma questão: as chaves estão nas barriguinhas de vocês. E assim que assinarem, infelizmente terei que arrancar as suas tripas.
TOM – Então é isso!
GARIBALDI – Por favor! Por favor! Não diga que não sabia. Você sabia. Eu contei toda a história. Claro, inventei aquele absurdo de crianças do Pacto porque estavam todos aqui. Eu só queria elas. Por mim, somente elas estavam aqui, como trazer três garotas sozinhas para um lugar como esse, sem despertar a desconfiança. Fala para eles, Júnior.
ANFITRIÃO – Júnior, você participou disso…
GARIBALDI – Tá com vergonha agora, Mordomo? Heim? Você convenceu seu chefe dessa vingança absurda, lembra? O pai dessas …“crianças”, matou o pai de Anderson Vilella, conhecido aqui por vocês como Anfitrião. O roubo e o incêndio no banco causou um desastre, acabando por fazer o nosso amigo aqui ficar aleijado, e nós dois bolamos o plano. Convencemos ele da vingança, nada de matar, apenas constranger com os detalhes sórdidos da suas vidas patéticas, mas aí, você, Júnior, engenheiro competente, criou uma armadilha gigante, criou cães modificados geneticamente, e mortos de fome. Se as pessoas morreram aqui, a culpa foi sua, ou melhor, nossa.

Garibaldi gargalhou.

GARIBALDI – E então, para convencer essas três vagabundas aqui, criamos toda uma historia, e fizemos o nosso querido Anfitrião convidar todo mundo. E adivinhem só: os prêmios de um milhão de reais já está depositado nas contas de todos vocês. Pena que ninguém vai sobreviver para ficar com o dinheiro, não é? Eu não saco, porque isso é gorjeta. Na Suíça me espera 100 bilhões de euros. Uma quantia obscena, eu diria.
MORDOMO – Nos espera, você quer dizer.

Garibaldi virou para o mordomo com o rifle e fulminou seu peito. Júnior foi lançado na parede, e o tiro varou em suas costas.

GARIBALDI – Acho que ninguém mais vai reclamar, não é? Valéria? Algum questionamento?

Valéria não disse nada, apenas tirou uma carta do tarô. A Torre, invertida. A pior carta do tarô.

VALÉRIA – Nenhum reduto é completamente seguro. O sucesso mal gerado sugere desgraças. A confusão. A transformação. O fim drástico.

GARIBALDI – Acho que essa é para você, Anfitrião.
VALÉRIA – Não! É para você. Quando eu alei para o grupo que a casa ia ser derrubada, eu falei nesse plano miserável, o qual e também fiz parte e do qual eu me arrependo muito. Vá em frente, se quiser me matar, como fez com os outros.
GARIBALDI – Não. Eu quero ir à forra. Eu quero vencer. Anderson Vilella, Anfitrião. Olhe para mim, não sabe mesmo quem sou eu?

FLASHBACK

“Editora Letras & Almas – Grupo Vilella”

VILELLA – Geralmente eu deixo para os editores júniors a aprovação ou não de uma obra. Mas você é insistente, senhor Henesto. Acho que a sua obra já foi recusada dez vezes nessa editora, e o senhor solicitou uma audiência comigo, o proprietário. Eu tenho bancos, lojas, empresas de construção civil, tudo para Administrar, e o senhor me faz perder tempo com uma obra ridícula como essa? “Brumas Azuis”. Nem pagando.

FIM DO FLASHBACK

ANFITRIÃO – Claro! O escritor.
TOM – Como fomos tão idiotas! Então é por isso que o livro se parecia muito com o que estava acontecendo.
ANFITRIÃO – A situação não muda! Seu livro, continua sendo ridículo.
GARIBALDI – Não adianta provocar. Não vou matá-lo agora. Primeiro, vou fazer você sofrer e implorar pela morte. Chega de conversa.

Ele se virou para as mulheres.

GARIBALDI – Vou soltar um braço de vocês, e cada uma assinará esse documento, em três vias…
MARIAH – Vai nos matar de qualquer forma. Não assino nada.
GARIBALDI – Se não assinar, durante setes dias você vai querer morrer, e eu vou me divertir muito. Assine, e nos poupe do trabalho, ou eu vou começar arrancando um dos seus olhos, e a metade da sua língua.

Mariah pegou o documento, e assinou.

GARIBALDI – Anita. A ameaça serve para você também. Vocês duas.

Anita assinou, e em seguida foi a vez Marinna.

GARIBALDI – Que ótimo! Muito bom.

Em seguida, ele pegou a faca.

GARIBALDI – Quem vai ser primeiro? Podem disputar no cara-ou-coroa, vocês têm a mão livre. E então? Não vão escolher? Vão deixar para que eu escolha? Quanta gentileza. Bem, eu escolho …

Mas como um raio, um cão surgiu sem que ninguém se apercebesse, e agarrou o braço de Garibaldi, que caiu, deixando cair também as armas que ele tinha posse. Tom se aproveitou, pegando a faca e cortando as cordas que prendiam a todos. Todos saíram correndo, e Valéria empurrava a cadeira de rodas do Anfitrião, que a despeito de ser elétrica, velocidade não era o seu forte.

TOM – O cão não vai prendê-lo por muito tempo. Vamos para o helicóptero.
VALÉRIA – Você está brincando? Aquele cão vai fazê-lo em pedaços. Foi pra isso que foram criados.
TOM – É, mas eu não vou pagar para ver.

De repente, a casa começou a tremer novamente, e vários pedaços das paredes começaram a cair, atrapalhando o caminho.

TOM – pode nos explicar o que é isso?
VALÉRIA – Um sistema de suspensão vibratória, hidráulico. Foi feito com força suficiente para derrubar essa casa. E é isso que vai acontecer. Foi criado pelo Júnior.
ANFITRIÃO – Quando chegarmos a São Paulo, vou denunciá-la à polícia.

Todos corriam para fora, mas com a casa tremendo, ficava difícil a locomoção. E perto da porta, uma viga despenca do teto, e ia cair sobre o Anfitrião, não fosse por Valéria, que a segurou com as próprias costas, sendo esmagada imediatamente, poupando o Anfitriao, e deixando um pouco da saída aberta.

TOM – Vamos logo. Deixe essa cadeira. Vamos colocar o Anfitrião pela saída, e lá fora o carregamos.

Foi o que fizeram. E do lado de fora ficaram O Anfitrião, Edson e as mulheres. Do lado de dentro, outra viga caiu, interrompendo a passagem. E como se não bastasse, do outro lado da sala, a terrível imagem de Garibaldi, dilacerado, mas ainda vivo, parecendo um monstro, empunhando um rifle.

GARIBALDI – É a última vez que sou interrompido em um trabalho. Dê adeus à vida, seu filho da puta!

Fim do Capítulo 28

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