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Filho Amado

Capítulo 26 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 26.

 


 

Quarto do detetive Américo/Noite.

 

Noronha entra: Queria falar comigo, detetive?

 

Américo: Eu gostaria de te pedir para irmos no Acervo de Vila Varzeônica… Eu queria investigar mais sobre o passado da sua família, fiquei curioso com aquelas fotos, tenho quase certeza que o passado de sua mãe tem vários pontos interessantes.

 

Noronha ri: Iremos sim, amanhã de manhã.

 

Américo, preocupado: Mas tem um problema, o zelador do Acervo nunca mais vai deixar eu colocar os pés lá.

 

Noronha mostra sua arma: Se ele não deixar por bem…Vai ter que deixar por mal- Ele faz gesto de tiro.

 

Dia seguinte…

 

Mansão de José do Gado/Manhã do outro dia.

 

José do Gado estranha: Como assim a Aurora viajou e eu não sabia? Ela foi junto com o Clécio?

 

Marinez nega: Ela foi para Cuiabá fazer as “ compras anuais” com uma amiga, volta dentro de alguns dias.

 

José do Gado: Entendi…Bom, vamos as novidades, querida.

 

Taléfica, rancorosa: Eu vou tomar um banho de sol no jardim, pra manter minha pele bonita e saudável!- Ela sai.

 

José aproveita: Ainda bem que ela saiu, assim podemos ter mais privacidade, meu amor- Ele pega nas mãos de Marinez- Novos tempos estão chegando…

 

Marinez ri: Nossa, parece uma esposa dizendo ao marido que está grávida “ novos tempos estão chegando”.

 

José, confiante: Para de bobeira, Marinez, estou falando sério e tenho dito: Esse ano eu irei ganhar as eleições para prefeito!

 

Marinez continua rindo: Você diz isso desde a primeira vez que se candidatou!
José beberica café: Mas esse ano tudo será diferente. Esse é um ano atipico, tivemos a Copa do Mundo, teremos as eleições para presidente e também a nossa eleição para prefeito! E eu me reinventei! Troquei tudo, inclusive meu vice candidato!

 

Marinez, surpresa: E quem é o seu vice agora?

 

José, com orgulho: O Éssio Dávila.

 

Marinez: O ÉSSIO?

 

Cidade de Varzea Junqueira.

 

HOTEL JARBAS FILHO.

 

Clécio coloca sua cartola e seu uniforme de mágico, ele vai até o saguão, onde Aurora está disfarçada.

 

Clécio segue em direção ao estacionamento, ele liga o carro e Aurora faz o mesmo com o seu.

 

Clécio estaciona em frente a sede da ONG REVIVER, bem como Aurora, ela o segue até lá dentro, onde está sendo organizado o show, que ocorreria a noite.

 

Acervo de Vila Varzeônica.

 

Noronha e Américo tocam o interfone.

 

Gomide: Quem é?

 

Américo disfarça a voz: O carteiro!

 

Gomide: Vou abrir o portão automático, pode subir.

 

Noronha e Américo sobem.

 

Gomide está de costas, ajeitando uma pilha de papel: Pode deixar as cartas aí em cima da mesa.

 

Noronha fecha a porta: Queremos muito mais do que cartas!

 

Gomide se assusta: Quem são vocês?- Ele reconhece Américo- Você é aquele fotógrafo que veio aqui outro dia e me deu remédio pra dormir!

 

Américo se explica: Foi por uma boa causa, se eu tivesse dito o real motivo da minha vinda você teria me expulsado, eu preciso saber tudo sobre os Dávila!

 

Gomide, trêmulo: Não posso revelar nada pra vocês, agora saiam daqui ou chamo a policia!

 

Noronha ri: Não tenho medo de policial, querido, eu posso comprar todos eles e ainda mando te prender!

 

Gomide abre a gaveta e pega uma arma: Tenho ordens expressas de não deixar ninguém mexer em arquivo privado, saiam daqui ou eu atiro nos dois!

 

Noronha se aproxima dele: Você não raciocina, idiota? Se atirar na gente, vai preso! É melhor colaborar com a nossa “pesquisa”…

 

Gomide não cede: Sinto muito, não posso, a história da família Dávila é privada! Agora saiam daqui por favor, não vou mandar novamente, apenas atirarei!

 

Noronha saca seu revolver: QUER VER QUEM ATIRA PRIMEIRO? VOCÊ TEM QUE ATIRAR EM NÓS DOIS E EU SÓ TENHO QUE ATIRAR EM VOCÊ!

 

Gomide abaixa arma: Por favor saiam daqui! Eu não queria ter usado essa arma, sou um cara da paz, é que você são muito insistentes…

 

Noronha, com um golpe certeiro, arranca a arma das mãos dele e o faz de refém: Dá a chave do armário secreto pro meu amigo agora, ou eu atiro em você!

 

Gomide implora: Não façam isso comigo, sou pai de família, tenho uma mulher doente e dois filhos pequenos pra criar!

 

Noronha não se intimida: Seria uma pena se seus dois filhos ficassem órfãos, já pensou? Teriam que trabalhar pra sustentar a mãe doente, ou logo ela morreria e os dois iram pra um abrigo!-Ele aproxima a arma do ouvido dele- Dá logo a chave do armário!

 

Gomide pega a chave e entrega ao Detetive Américo.

 

Noronha continua fazendo o zelador de refém.

 

Américo abre o armário, e começa imediatamente a procura por alguma informação sobre a mãe ou a família de Noronha.

 

Noronha ordena: Agora senta aí e fica quietinho, sem tentar nenhuma brincadeirinha porque não tenho medo de usar essa arma.

 

Américo continua revistando o armário: Aqui tem muitos recortes de jornais antigos, aqui é sobre o incêndio de 74 no salão de Vila Varzeônica, esse fala sobre a Festa do Pequi de 1968- Ele acaba achando uma caixa preta.

 

Gomide implora: Por favor, não abra essa caixa, você vai se arrepender!

 

Noronha ordena: Quieto aí, barbudo! Sua voz me irrita…

 

Américo abre a caixa: Nossa, mas aqui tem muitas coisas, objetos, papeis, recortes de jornais também…Olha esse aqui parece interessante, e foi retirado do principal jornal do país na época.

 

Noronha, interessado: O que diz nesse recorte?

 

Américo o abre: É uma matéria sobre o grupo revolucionário ABA, aqui diz que muitos deles vieram se abrigar aqui depois da guerra que houve entre as cidades do Mato Grosso.

 

Noronha: Eu já ouvi falar sobre esse grupo, parece que eram rebeldes, e também ouvi falar da guerra, a família do meu pai lutou a favor de Vila Varzeônica, inclusive foi nessa guerra que o meu avô paterno morreu!

 

Gomide se levanta e pega a caixa: Vocês não podem mexer aqui!- Ele sai correndo em direção aporta.

 

Noronha rapidamente atira.

 

Ele erra o tiro, que por pouco não pega no homem.

 

Gomide fica deitado no chão.

 

Um guarda fala lá debaixo: Tudo bem aí, Gomide? Eu ouvi uma barulho forte!

 

Noronha sussurra: Responde que tá tudo bem, anda! Fala que foi um vaso que caiu!

 

Gomide, nervoso: T-t-tá tudo bem, senhor Junqueira, foi apenas um vaso que caiu!
Ouve se o barulho do portão abrindo.

 

Junqueira: Você se machucou? Tô subindo…

 

Noronha gela: E agora, detetive?

 

Américo corre: Me siga, tem uma porta dos fundos atrás de uma estante, foi por onde fugi da outra vez, ela dá na rua de trás.

 

Noronha pega a caixa preta, mas a maioria dos papéis cai: Não conte pra ninguém que estivemos aqui, senhor Gomide, ou eu volto só pra apertar esse gatilho na sua direção, você tem sorte que eu te poupei, papai de família- Ele sai correndo.

 

Junqueira chega: Que bagunça é essa aqui Gomide? Deu pra ouvir o estrondo lá de baixo!

 

Gomide ajeita os papéis: Eu como fico sozinho aqui acho tudo muito quieto, então resolvi abrir a janela pra circular um ar, e acabou espalhando e desorganizando todos os papéis, pra completar, quando fui pegar os papéis, derrubei um dos melhores vasos que tinham aqui!

 

Junqueira estranha: E cadê os cacos do vaso?

 

Gomide mente: Joguei fora já…-Ele continua com o coração acelerado por causa do tiro.

 

Quase de noite…

 

Mansão de José do Gado.

 

Marinez, no celular: E então, filha? Já descobriu alguma coisa?

 

Aurora está na platéia do show: Não, mãe, estou começando a achar que vim atoa, o Clécio não fez nada de diferente, e olha que segui ele por todos os lugares, agora estou aqui esperando o show começar.

 

Marinez, feliz: Eu sabia, o Clécio é um bom homem, não sei como pudemos duvidar dele- Ela ri- Assiste a esse show, Aurora, e volte amanhã cedo, filha!

 

Aurora, contente: A senhora tem razão,só perdi meu tempo seguindo ele…Então amanhã cedo eu chego aí, tenho que desligar porque o show vai começar e o número de mágica é o primeiro!

 

Casa dos Dávila…

 

Anna ajeita o terno de Éssio: Você está lindo, filho! Tenho certeza que o José do Gado vai se impressionar contigo!

 

Éssio, confiante: Eu também, mãe. Queria te agradecer por você ter conseguido essa oportunidade pra mim!

 

Anna, contente: Eu faço tudo por você, TUDO. Agora jante, escove os dentes e depois vá para a casa do José do Gado, se não fica muito tarde, você pegou seus documentos?

 

Éssio: Sim, peguei tudo, e ainda fiz uma espécie de currículo meu, e uma pasta com as minhas propostas para a melhoria da cidade.

 

Anna vibra: Esse é o meu vencedor, com você dando sorte o José do Gado vai ganhar essas eleições!

 

Bento, desanimado: Você sabe que o Bravejo nunca vai nos perdoar por isso!

 

Anna ignora: Chega de besteira, Bento, para de ser “cricri” e apoie o seu filho!

 

Casa de Batista.

 

Batista e Natércia conversam.

 

Batista, mais conformado: Ontem quando o Zé do Gado veio aqui dizendo que “ ia me substituir” eu entrei em estado de choque, não tinha como reagir bem, me desculpe se fui explosivo e destruí a casa, agora estou um pouco mais calmo, e resolvi que irei na casa do Zé pra ter uma conversa civilizada com ele!

 

Natércia comemora: Muito bem, amor!

 

Batista pega o casaco: Aposto que depois de uma boa conversa comigo vamos nos entender!- Ele põe sua famosa capa, pega a chave do carro e sai- Me deseje sorte.

 

Natércia olha pela janela: Ai ai…Lua Cheia- Ela se dá conta de uma coisa- Ah meu Deus, que dia é hoje?- E vai até o calendário- Hoje é sexta, e de lua cheia!

 

Mansão de José do Gado…

 

José instrui Conceição.

 

José, enraivado: Coloque o quadro mais pra lá, Conceição! Tá muito torto!

 

Marinez bebe champanhe: Pare de cisma, tá tudo ótimo.

 

José tira Conceição da escada e sobe nela: Ótimo não é o suficiente, temos que estar perfeitos, já falei que hoje vem jantar aqui o meu futuro vice-prefeito, o Éssio, e ele tem que ter uma boa impressão de mim e da minha casa!- Ele quase cai ao descer da escada- Agora o quadro está lindo! E o ganso assado?

 

Conceição corre: É mesmo, esqueci o ganso!

 

José se senta no sofá: É isso que dá, eu trago sapatos pra ela da capital e a sujeita me retribui com um péssimo serviço! As empregadas de hoje não são mais como as de antigamente…

 

Na cozinha…

 

Conceição regula o forno: Ainda bem que o ganso não queimou!

 

Taléfica vai beber água: Cuidado, querida, ou você pode ser demitida por desatenção!-Ela repara em um frasco de remédio perto dos copos- Que remédio é esse?

 

Conceição pega o creme de cebola: É o remédio do senhor José, ele toma um toda noite.

 

Taléfica se interessa: Pra que serve?

 

Conceição: Parece que é pra controlar alguma coisa no “celebro” dele! O patrão toma esses remédios desde antes de que estou empregada.

 

Taléfica analisa o frasco: Interessante….

 

A campainha da mansão toca…

 

José, animado: Deve ser ele!-O politico sai correndo até a porta, mas tem uma surpresa quando a abre.

 

Batista: Olá.

 

José, surpreso: Batista?

 


Termina o capítulo 26.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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