Capítulo 25 – Detalhes Sórdidos
Uma tempestade estava se formando, Os raios já eram bem visíveis e os trovões ribombavam, fazendo estremecer toda a casa. Mariah tentava andar escalando pelas saliências da parede, tentando alcançar a outra janela. Suas mãos tremiam, e ela já perdera as forças, mas o pânico a ajudava a continuar. Mas o vento era muito forte, e os raios e trovões causavam-lhe muito medo.
GARIBALDI – Você podia ter facilitado para nós dois, lindinha. Mas tudo que vem fácil, não tem muita emoção, não é mesmo? (gargalhou)
Outros dois raios explodiram no ar. Amedrontada, ela chorava, mas ainda assim, se arrastava de lado pela parede. Só que Garibaldi parecia ter muito mais destreza em fazer isso, e já a estava alcançando.
GARIBALDI – Esse trabalho todo está me cansando, garota. Quando eu colocar minhas mãos e você, vou arrancar com os dentes cada centímetro de carne que você tiver, antes de lhe matar.
Ele chegava bem perto, e a sua mão esquerda já podia tocar a garota. Ela não tinha alternativa. Pulou, caindo numa sacada abaixo dela, rolando pelo telhado, sendo arremessada para dentro de uma piscina, que para sua sorte, estava cheia. Cheia de dores e ferimentos, ela nadou pela piscina, deixando atrás de si um rastro de sangue.
GARIBALDI- Mas que droga!
Garibaldi também pulou, mas Mariah já havia saído da piscina e correu em direção ao labirinto de árvores, no jardim frontal. Com a faca na boca, ele também nadou para sair da piscina e foi em perseguição à Mariah. Os raios e trovões contribuíam ainda mais que o seu pânico aumentasse. Quando clareavam os raios, era como se a sobra das árvores fossem humanas. A cada raio e a cada trovão, ela gritava.
GARIBALDI(gritando) – Mariah! Mariah! Por favor, gatinha, vamos terminar logo com isso. Menos sofrimento para você, que tal? Prometo de te mato rapidinho, você não vai nem sentir. Que lhe parece, heim?
Apenas o barulho do vento nas árvores e vez por outra um trovão.
GARIBALDI(gritando) – Anitaaaa!!!!
Anita escutou os gritos de Garibaldi, constatando que ele estava bem perto. Mas confusa como estava, saiu correndo, dando de cara com ele.
GARIBALDI – Aí está você!
A chuva começou a cair violentamente. Mariah voltou-se para sair correndo, mas Garibaldi a agarrou pelo braço.
GARIBALDI – Pensou que ia escapar de mim, não é sua vadia? Eu deveria matar você agora.
Mas de repente, um cão surgiu do nada, e silenciosamente o agarrou pelo outro braço, derrubando o escritor enlouquecido. Foi a deixa para que Mariah saísse correndo. Os dentes do cão quase estraçalharam a carne do braço de Garibaldi, mas ele conseguiu recuperar a faca, a enterrando nas costelas do bicho, que com muito custo, soltou o seu braço. Ele sentia muita dor, mas ainda assim, levantou-se para perseguir Mariah. Dessa vez, mais enfurecido ainda.
Corta para o padre Dornas
PADRE DORNAS – Começou uma chuva horrível lá fora.
MORDOMO – Garibaldi está demorando muito. Vamos até onde ele prendeu as garotas. Vamos esperar lá.
Corta para Anita.
ANITA – Padre Dornas? Mordomo…
MORDOMO – Júnior. Meu nome é Júnior.
ANITA – Vocês vieram nos soltar?
PADRE DORNAS – Você sabe que não.
MARINNA – Você sempre fez parte dessa turma de assassinos, não é? Esse negócio de Anfitrião, de um milhão de reais, foi pra nos atrair até aqui, não é?
PADRE DORNAS – Não. Receio que tanto o Anfitrião quanto o prêmio sejam verdade. Eu queria poder tirar vocês daqui, de verdade, mas não posso. Ou são vocês, ou sou eu. Não é uma escolha difícil.
Marina cuspiu na cara e Dornas.
MARINNA – Eu tenho nojo de você.
Dornas limpou com um lenço.
PADRE DORNAS – Eu não te culpe
ANITA – O que vocês não sabem é que quando o Garibaldi terminar, vocês dois também serão mortos, porque vai matá-los, para ficar sozinho com o dinheiro.
MORDOMO – Não diga bobagens. Somos parceiros.
MARINNA – Vai pagar pra ver, mordomo.
MORDOMO(aos berros) – Eu já disse que meu nome não é Mor-do-mo!
MARINNA – Isso importa? Você vai morrer, Mordomo.
Júnior voltou-se para Marinna e armou a mão para batê-la, mas desistiu.
MORDOMO – Cuido de vocês depois. Dornas, você acha que pode cuidar delas?
PADRE DORNAS – Claro que sim.
MORDOMO – Eu vou procurar o Garibaldi. Ele pode estar precisando de ajuda. Cuidado com essa… Marinna.
PADRE DORNAS – Pode deixar.
Voltou-se para Marinna .
PADRE DORNAS – Por que você faz isso? Vocês vão morrer.
MARINNA – O senhor… você é um idiota. O Garibaldi é um psicopata. Ele vai liquidar vocês dois, assim que conseguir o que quer.
PADRE DORNAS – Fique calada, por favor.
MARINNA – Você já teve uma mulher alguma vez na sua vida, padre Dornas?
PADRE DORNAS – Não me venha com retórica. Você sabe que eu não sou padre realmente.
Marinna mordeu os lábios languidamente.
MARINNA – É uma pena. Eu sempre tive uma tara por padres. Eu posso fingir que você é um padre que tal?
PADRE DORNAS – Não, obrigado.
MARINNA – Quanto tempo estamos aqui nessa casa? Um mês? Já ficou tanto tempo sem mulher? Venha, Dornas, me possua. Estou lhe oferecendo o meu corpo, só para você.
Respirando fundo, e com o coração acelerado, o padre precipitou sobre Marinna, abraçando-a e lhe beijando.
MARINNA – Solte minhas mãos, e eu vou lhe dar todo prazer do mundo.
Ela mal terminou de falar, e ele já foi desamarrando. Em seguida a abraçou forte e a beijou. Suas mãos exploravam cada centímetro do seu copo, mas logo, uma violenta dor invadiu sua nuca. Ao soltar Marinna, Anita também foi liberta, e com uma perna de mesa, ela abateu o padre Dornas, que caiu desfalecido.
MARINNA – Aprendi com a Valéria.
ANITA – Homens. Sempre pensam com a cabeça de baixo.
MARINNA – Vamos amarrá-lo.
Corta para Mariah.
Sozinha e amedrontada, Mariah tentava ter segurança no labirinto, mas a tempestade piorava e Garibaldi ainda a estava perseguindo. Houve um momento em que ele teve que parar, e fazer um torniquete em seu braço, que sangrava muito. Isso o fez perder tempo. A chuva era tão densa, que dificultava ainda mais a visão, e a lama impedia Mariah de ser mais rápida. Mas afinal de contas, para onde ela ia fugir?
Com o torniquete feito, Garibaldi retomou a perseguição. O clarão feito por um raio, lhe deu um momento de clareza, e ele pode ver alguém se mexendo em uma direção. Era Mariah. Sorrindo, ele foi correndo pegá-la. De repente, ele ouviu um estrondo de águas, como se houvesse uma grande queda d’água por ali, mas isso não ia impedir a sua caçada. Mariah então entrou em outro beco, e novamente se viu acuada por Garibaldi.
GARIBALDI(ofegante) – Eu já estou cansado!
Fim do capítulo 25.