Capítulo 23 – Três Jogadas: TESTE DE GRAVIDEZ

Três Jogadas.

Capítulo 23: TESTE DE GRAVIDEZ

“Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.”

Immanuel Kant

Cena 1. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice/ Dia

Quarto do Igor…

Igor tenso: Eu acho que posso explicar.

Luigi se levanta enfurecido: Ah você acha? – ele taca a roupa longe. – Que ódio é esse que você nutre por mim? São ciúmes de irmão. Perseguição ou o quê?

Paloma olhando para Igor: Essa discussão não vai levar vocês dois a lugar nenhum. – ela desvia o olhar para Luigi. – Deixa o Luigi se explicar.

Luigi indignado: Eu estou esperando. Ou você me conta tudo ou eu vou sair daqui e contar para a Júlia que você é o homem que tentou me matar usando uma barra de ferro.

Igor cabisbaixo: Eu não queria ter feito aquilo. Por favor, me perdoa. Eu estava atordoado. Eu nunca tinha bebido daquela forma e eu confesso que não gostei de você. – ele ergue a cabeça. – Mas depois eu percebi que te agredindo não iria resolver meu problema e resolvi parar.

Luigi perplexo: E por você não ter gostado de mim, isso te dá motivos para me atacar? Eu nunca tive nada contra você. Tentei me aproximar e você recuou.

Igor estende as mãos: Eu já te pedi perdão. Deixa-me tentar consertar a besteira que eu fiz. Amigos?

Luigi enfurecido: Eu não consigo ser amigo de um ser que nutre ódio de mim por motivos banais. Eu te perdoo, mas não vou esquecer.

Luigi sai enfurecido. Igor se senta na cama.

Paloma o encara: Satisfeito? Ganhou um inimigo!

Igor dá um soco na cama: DROGA! Tudo da de errado na minha vida. E eu fico ajudo ainda mais fazendo essas besteiras.

Paloma se senta: Eu não vou nem dizer o que acho sobre isso. Só que está na hora de você agir feito homem. Parar de agir feito uma criancinha pirracenta brigando quando não recebe doce. Cresce!

Paloma sai. Igor fica frustrado.

Igor pensativo: Qual problema eu querer viver andando pela contramão? Eu não sou perfeito.

Igor continua ali pensativo.

Mais tarde…

Cena 2. Rio de Janeiro – Copacabana / Motel / Tarde

Kiara se levanta e olha o homem ao seu lado. Ela está enrolada no lençol. A mulher limpa o batom e sorri. Pouco depois… Kiara se arruma de frente para o espelho. Ela desvia o olhar para o homem e sorri.

William acordando: Acho que dormi demais. – ele olha ao redor do quarto. – Já está de noite?

Kiara ri: Não! São quatro da tarde.

William se levanta apressado: Pra quem retornava o trabalho hoje depois das férias, já começou bem.

Kiara se senta na cama: Você não me disse com o que trabalha. Advogado? Médico?

William ri: Antes fosse. Policial! – ele estica a mão. – Prazer, Delegado Peixoto. Para os íntimos: Delegado William.

Kiara surpresa: Delegado?! Nunca ia imaginar. – ela olha a hora. – Já deu minha hora. Foi ótimo esse tempo com você. – ela se levanta.

William a puxa para a cama: Não vai. Ainda temos tempo. – ele começa a beijar o pescoço da mulher. – Não faz isso.

Kiara lhe bate de leve, rindo: Para! Assanhado! – ela coloca um papel em cima da bancada. – Pra quem se conheceu hoje, já estamos indo bem.

William pega o papel: Te vejo de novo?!

Kiara pega a bolsa: Eu ter deixado meu número de telefone já garante alguma coisa. – ela pisca para o homem e sai, sorrindo.

William se senta na cama. Ele se enrola no lençol. O homem sorri e pega o travesseiro de Kiara. Ele cheira o travesseiro de Kiara e ri.

No final de semana…

Cena 3. Rio de Janeiro – Delegacia / Dia

Simone se levanta perplexa: COMO ASSIM MORTO?

Barros entrega algumas fotos: Foi encontrado morto nessa rua, que por sinal é deserta. O assassinato aconteceu cedo. A vítima foi encontrada pela tarde e já com o corpo frio.

Simone vendo as fotos: Meu Deus que barbaridade. Olha o que fizeram com o homem. – ela devolve as fotos. – Conhecido?

Barros guarda as fotos: Por enquanto não. Mas uma hora vai aparecer alguém que o conheça.

Simone perambulando: Tem alguma coisa acontecendo Barros. Eu não me engano nunca. Quero as filmagens das câmeras de seguranças. Todas que você conseguir.

Barros se senta: Estranho essas imagens só ter chegado agora. Só que tem uma coisa que vai te interessar. O cemitério que velou o corpo do homem não quis passar informação, mas disse que uma mulher pagou pelo enterro do homem.

Simone para e vira-se: Uma mulher?! Barros, eu quero que você arrume o nome dessa mulher. Apresente o distintivo, ameaça prender, faça o que for preciso, mas descubra que mulher pagou pelo enterro do homem.

Gelado entra: Doutora! – ele entra. – Essa identidade chegou. Parece ser do homem. Foi achada na carteira que ele carregava.

Simone apressada: Cadê. – ela se senta.

Gelado coloca a identidade na mesa: Nome de Petrônio. É um nome estranho. Pesquisamos esse nome e não encontramos nada parecido. Mas, encontramos pelas digitais – ele entrega um papel. – Tem outra identidade com as mesmas digitais, só que essa com o homem de ENRICO. Provavelmente o homem falsificou a identidade como Petrônio.

Simone se levanta: Espera. Espera. Você disse o quê?!

Gelado não entende: Uma com nome de Petrônio e outra com nome de Enrico.

FLASHBACK / ALGUNS DIAS ATRÁS

Alice cínica: Ela estava no local do crime. Por que só eu sou a culpada? Ela não pode ter feito isso tudo para me incriminar?

Simone assustada: Mas com qual intuito ela faria isso?

Alice se fazendo de vítima: Essa mulher é louca. Ela tem inveja de mim. Tem ódio de mim porque eu me dei bem na vida. Ela me acusa de ter destruído a família dela quando comecei a namorar com o Enrico, primo dela. Essa mulher é uma psicopata.

FIM

Simone se joga na cadeira perplexa: Não pode ser. Essas duas de novo não. É muita coisa para uma pessoa só.

Gelado sem entender: Aconteceu alguma coisa, doutora?

Simone, apressada: Nada. Uma hora eu descubro isso. – ela se ajeita na cadeira. – Agora eu queria falar com vocês sobre outra coisa: William. Cadê esse ser?!

William chega na hora: Serve eu minha querida delegada?! – ele sorri. – Agora voltei.

Simone expulsa Gelado e Barros. William e Simone se encaram.

Simone: Dois dias de atrasado. Acha isso bonito?!

William se senta: Não levanta o tom. Aliás, essa coisa de misturar vida pessoal com trabalho já está cansativa. Muda o disco. Eu sei que você me adora.

Simone: Misturar vida pessoal? Graças a Deus abri meus olhos antes de me casar com você e percebi o quão canalha você é. Quê que é agora? Encontrou uma vagabunda qualquer na rua e passou esses dias com ela?

William pensando em Kiara: Não necessariamente. Estou até pensando em tirar umas férias de novo.

Simone furiosa: Nem brinca com isso. Ou eu te mato. Temos coisas para resolver. Aliás, muita coisa!

William rindo: Adoro te provocar. Você até que fica bonitinha furiosa.

Simone pega a xícara de café frio e taca em William: E você fica bonitinho todo sujo. – ela sorri. William tira a camisa. – Não faz isso. – ela se aproxima do rosto de William. – Eu posso ter uma recaída. – finaliza, sussurrando.

William lhe rouba um beijo: Eu sei que você sente saudades de mim. Falta confessar isso.

Simone lhe dá um tapa: Olha o abuso! Se eu sentisse saudades, teria voltado com você e me arrependido de não ter me casado com você. Troca logo essa blusa e não demora. Já ficou tempo demais sem fazer nada.

William sorri e Simone lhe encara, furiosa.

Cena 4. Rio de Janeiro – Três Rios / Hospital Santo Amaro / Dia

Fernanda termina de arrumar as malas: Nem acredito que finalmente vou sair desse hospital. – ela se senta na cama. – Obrigada por ter cuidado esse tempo todo de mim.

Adriana sorri: Eu nunca iria abandonar vocês nessa situação. Fico feliz que você tenha saído, mas ainda estou bem preocupada com a tia Branca.

Fernanda prendendo o choro: Eu me sinto tão culpada por tudo isso. Na verdade eu tenho culpa. Eu não me perdoar nunca se eu perder a minha mãe, Drica.

Adriana abraça a prima: Nem tudo é como a gente quer. Nem tudo é perda, às vezes isso se torna um livramento. – ela se afasta. – Uma vez eu te disse que queria chorar o teu choro e sorrir o teu sorriso. Eu vou cuidar de você. Pra sempre!

As duas se abraçam.

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Fernanda termina de arrumar as malas. Paralelo à cena… Eliane se diverte com Luíza, nos preparativos do seu casamento. Paralelo à cena… Júlia e Luigi se divertem no parque e Igor tira algumas fotos. Paloma e Igor se divertem também. Paralelo à cena… Kiara se lembra de William e sonha alto. Paralelo à cena… Fernanda entra no CTI, onde Branca está e vai até o leito da mãe. Ela acaricia o rosto da mulher e chora. Do lado de fora, Adriana vê a cena pelo vidro e se emociona. Fernanda segura a mão de Branca, que mexe a mão lentamente e deixa Fernanda ainda mais emocionada.

MAIS TARDE…

Cena 5. Rio de Janeiro – Urca / Apt. da Eliane / Tarde

Eliane coloca o vestido na cama: É lindo. – ela segura as mãos de Luíza. – Eu nem sei como agradecer pela sua amizade. Você caiu do céu!

Luíza sorri: Não precisa agradecer. Sua amizade é ótima e isso basta.

Eliane corre até o guarda-roupa e pega um colar: O que acha? Estou pensando em usar ele na hora do casamento.

Luíza admirada: Ual! Que lindo. – ela ajuda Eliane a colocar o colar. – Ficou perfeito no seu pescoço.

Eliane se olhando no espelho: Uso ou não?

Luíza vira Eliane: Claro que sim! Olha só que colar lindo. Ficou deslumbrante. E combina com o seu vestido. Eu usaria.

Eliane alisando o colar: Esse colar é tão valioso. Ele era da minha mãe. Eu prometi usá-lo apenas em ocasiões muito especial. E eu nunca usei. Acho que chegou o momento.

Luíza tira o colar de Eliane: Você vai ser a noiva mais linda que eu já vi. Você merece toda sorte do mundo. Mas… Você precisa se agilizar. Noiva se atrasa, mas nem tanto!

Vanessa bate na porta: Posso entrar?! – ela abre a porta e sorri. – Será que a noiva está precisando da minha ajuda?

Eliane radiante: Entra Vanessa. Ajuda é sempre bem-vinda. Ainda mais vindo de uma pessoa tão especial.

Luíza encara Vanessa, furiosa. A última tranca a porta e se aproxima, com olhar de deboche para Luíza. Eliane não percebe nada.

Cena 6. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. da Alice / Tarde

Gisele desce a escada apressada, segurando um jornal. Alice está sentada na televisão, lendo uma revista.

Gisele furiosa: Foi você, não foi? – Alice não responde. Gisele se aproxima e arranca a revista da mulher.

Alice se assusta: AI. AGRESSIVA! Quê que foi? Não tenho mais paz nessa casa?

Gisele mostra o jornal: Foi você que matou o Enrico, não foi? CONFESSA!

Alice pega o jornal: A violência nesse mundo cada vez maior. Triste fim!

Gisele taca o jornal longe e empurra Alice: Não se faça de sonsa, esse seu teatro não cola comigo. Mais um crime para coleção. Você não para nunca?

Alice se levanta: Eu não sei do que você está falando.

Gisele puxa Alice e lhe taca no sofá de volta: Sabe sim. E fica aqui que eu ainda não terminei. Essa sua vontade de matar qualquer pessoa ainda vai te fazer de refém. Você será vítima da sua própria vontade e vai acabar sabe como? MORTA. Esse será o seu fim, Alice. O mesmo fim que meu filho teve… O homem que você matou. Assassina!

As duas se encaram. Alice sem reação.

Na cozinha…

Sérgio chega apavorado na cozinha: Oh Deus. Perdoe essa louca, ela não sabe o que diz.

Gioconda cozinhando: Deu para falar sozinho, Sérgio? Ainda chama a mulher de louca. Vê se pode.

Sérgio nota a presença da mulher: Calada! Sua capivara com problema de tireoide. Você não é paga para dá informações da vida alheia.

Gioconda desliga o fogão: E nem você é pago para ficar escutando a conversa da patroa. Folgado.

Sérgio pega a colher de pau: Repete isso pra vê se eu não quebro isso aqui na sua cabeça. Ao invés de se preocupar com a minha vida, vai fazer uma dieta. Tá gorda!

Gioconda: Você agora vai querer ofender a minha pessoa? Bicha atirada! Saiba que na praia eu faço um sucesso com esse corpo.

Sérgio a olha de cima em baixo: Você não pode ir à praia nenhuma com esse corpo. Capaz de você causar um maremoto.

Gioconda alisa o corpo: Você tem inveja do meu corpo. Eu faço sucesso entre os homens. Deve ser por isso que você tem tanta raiva de mim. Pois eu nunca dei mole pra você.

Sérgio gargalha: Aprende uma coisa: Da fruta que você gosta, eu como até o caroço. – ele desmunheca. – Agora da licença! – ele sai.

Gioconda volta a cozinhar: Esse seu teatro não cola comigo, Sérgio. Acha que me engana. – ela sorri.

Cena 7. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice/ Tarde

Quarto do Júlia…

Júlia se joga na cama: Que dia exaustivo. Mas foi ótimo. – ela senta na cama. – Que bom que o Luigi e o Igor estão se entendendo. Eu fiquei bem chateada pelo o que o Igor fez.

Paloma senta ao lado da prima: Eu conversei com ele. O Igor tem esse jeito meio avoado, mas é uma boa pessoa.

Júlia: Eu só não consigo entender essa desconfiança toda que ele tinha com o Luigi. Ou tem, não sei. Ele deveria gostar do Luigi. Ele me trata super bem. Será que isso não é o suficiente pro Igor entender que a irmã dele está feliz?

Paloma sorri: O Igor sempre teve ciúmes de você. E isso desde pequeno. Só que como todas as outras vezes, uma hora passa.

Júlia alisa a barriga: Aqueles biscoitos não fizeram bem.

Júlia sente um enjoo e vai para o banheiro. Do lado de fora… Paloma escuta o barulho e faz cara de nojo.

Paloma bate na porta: Está tudo bem?! – ela se preocupa.

Júlia abre a porta: Não. – ela limpa o rosto. – Eu falei que não estava me sentindo bem. Misturei aqueles biscoitos e o resultado foi isso.

Paloma a olha: Isso ou…

Júlia vira-se: Não brinca com isso. Eu e o Luigi sempre tomamos o máximo de cuidado possível.

Paloma: Eu também comi dos biscoitos e não estou passando mal. Faz o teste de gravidez.

Júlia desesperada: Não. Eu não estou grávida. Não é possível isso.

Paloma séria: Você só vai ter certeza depois que fizer o teste. A farmácia é logo ali embaixo. Desce, compra o teste e faz. É melhor ficar na certeza do que na dúvida.

Júlia se desespera. Paloma a olha.

Cena 8. Rio de Janeiro – Catete / Escritório da Adriana / Tarde

Glória faz algumas anotações. Melissa chega.

Glória sorrindo: Melissa! – ela cumprimenta a mulher. – Que bom que você voltou.

Melissa se apoia no balcão: Eu disse que viria. Eu adorei conversar com a Adriana. Ela está?

Glória para as anotações: Você não está sabendo?

Melissa se preocupa: Aconteceu alguma coisa?

Glória: A tia, o tio e a prima da doutora Adriana sofreram um acidente grave de carro. E ela não vem trabalhar desde aquela ultima visita que você fez aqui. No início da semana.

Melissa preocupada: Meu Deus. Mas eles estão melhores?

Glória: O tio dela não suportou. Parece que ele morreu ainda no local. A prima está bem. E a tia se encontra em estado grave.

Melissa: Meu Deus que situação. Você tem pelo menos um número de contato? Eu ligo para ela.

Glória sorri: Claro. Vou pegar.

Melissa fica no aguardo.

Na favela do Vidigal…

Ferraz bate na porta do sobrado de Gisele e ninguém atende. Ele espera impaciente.

Cena 9. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice/ Tarde

Júlia dentro do banheiro faz o teste. Paloma do lado de fora apreensiva. Pouco depois, Júlia sai do banheiro, tensa.

Júlia nervosa: Não tive coragem de olhar o resultado. Vê pra mim.

Paloma pega o teste: Deu positivo.

Júlia pega o teste de volta: Não pode ser. – ela se senta na cama. – Paloma, essa criança só vai atrapalhar os meus projetos. Eu não posso ter esse filho. Eu não posso estar grávida.

Clarice entra na hora.

Clarice: Filha você viu meu relógio? – ela percebe Júlia chorando. – Aconteceu alguma coisa? Por que você está chorando, Júlia? – ela se aproxima da jovem e se agacha. Ela nota o teste. – Que teste é esse, Júlia? – ela diz firme, se levantando. – Você está grávida?! – ela fica sem reação.

Júlia olha para Clarice e as duas se encaram. Foca em Júlia, apavorada.

Fim do Capítulo 23!