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Detalhes Sórdidos

Capítulo 22 – Detalhes Sórdidos

GARIBALDI – Então? Vamos baixar nossas armas e conversar como pessoas civilizadas? Que tal?
MORDOMO – De acordo.
GARIBALDI – Aliás, você está de parabéns, Júnior. Faz muito bem o papel de lacaio… digo: mordomo. Soubessem eles que você é um homem de posses, heim? (risos)
MORDOMO – Quer calar a boca? Nós temos serviço a fazer. Se temos que trabalhar juntos, vamos capturar o resto que está lá fora, e ver o que essas mulheres têm que interessam tanto ao Anfitrião.
GARIBALDI – Eu tenho uma noção.
PADRE DORNAS – Mesmo? E pode nos falar o que é?

FLASHBACK

A mente de Garibaldi foi transportada para o momento em que ele saiu do fosso.

GARIBALDI – Mas o que é aquilo?

Era um cemitério. Mas um cemitério. E havia cinco túmulos. Cada um continha um nome. “Miguel Gilson Oliveira Martins; Antônio Oliveira Martins; Ana Maria Oliveira Martins; Amélia Santana Oliveira Martins; Brígida Maria Oliveira Martins – Marina, Zélia Marta oliveira Martins.”

GARIBALDI – Dois homens, quatro mulheres: Tom, Sérgio, Mariah, Marina, Anita, irmã Sofia.

À frente do Túmulo, havia uma capela com atestados de óbito, com data retroativa. Cada atestado havia uma fotografia presa a ela com um clipe de prender papel. Com exceção da freira, cada ma das garotas tinham fotos do seu ventre. Cada qual com uma cicatriz de uma cirurgia. Havia outras fotos. Bebês sendo operados. Algo foi colocado no ventre das mulheres. Algo muito importante.

GARIBALDI – Para saber, terei que sacrificar as belezuras. Uma pena, mas um mal necessário.

FIM DO FLASHBACK

GARIBALDI – Seja o que for, está na barriga delas. Então, cara Valéria, receio que uma carnificina será necessária. Mais do que isso, será imprescindível, quer você goste ou não.
VALÉRIA – Não tomarei parte nisso.
GARIBALDI – Azar o seu. Mas saiba que se não ficar caladinha, tomará parte no banquete. E… Júnior, eu sei que você é o mandante dessa operação desde o início. Eu ignoro quais eram as intenções do Anfitrião, mas as suas, eu sei. Eu sei que desde o início você quis roubar o dinheiro do seu chefe. Eu sei que as armadilhas foram feitas por você. E até mesmo os cães são seus.
JÚNIOR – Mas vocês três, incompetentes quase estragaram tudo. Se eles tivessem morrido antes do tempo, se os cães os tiverem comido sem que soubéssemos nada, estaria tudo perdido.
GARIBALDI – A culpa maior é sua. Poderia ter nos contatado de uma forma normal, num restaurante, com um almoço e um vinho. Mas tinha que inventar esses malditos cartões e mandar que a Valéria nos recrute. Pelo amor de Deus! Que incompetência! As coisas mudaram. Eu agora sou o chefe da operação.
JÚNIOR – O que faz você pensar que eu o obedecerei?
GARIBALDI – Eu posso ser bem persuasivo.

Ele abriu o casaco e mostrou um detonador.

JÚNIOR – Onde você achou isso?!
GARIBALDI – Andando por aí. Você é um desgraçado filho de uma puta! Achou o que? Que ia sair daqui com um helicóptero, e explodir a casa com todo mundo dentro?
PADRE DORNAS- Do que vocês estão falando?
GARIBALDI – Sabe as armadilhas? Os cães? Os corpos, as rãs, a lama, tudo isso é criação dele. Fale, mordomo de uma ova! Fale para eles!
JÚNIOR – Eu… eu sou engenheiro cenográfico. Fui eu que criei essa casa. Na verdade, aperfeiçoei.
VALÉRIA – Mas e o Anfitrião?
JÚNIOR – Existe, mas nunca esteve aqui depois que a casa foi reformada. Para ele, a única novidade é o equipamento de comunicação. Ele me contratou para criar um cenário de horror para a sua vingança, e eu criei armadilhas de verdade. Criei toda essa história de crianças do Pacto, porque eu descobri algo que nem mesmo o Anfitrião sabia.
PADRE DORNAS(aos berros) – E o que é? Fale!
GARIBALDI – Ele descobriu que o Anfitrião foi traído por apenas um dos seus diretores. Um homem que condenou seus próprios filhos. Seis crianças. Um cara tão sem escrúpulos, que jurou para a sua esposa que os seus filhos haviam morrido, mas o que ele fez foi ainda mais terrível. Ele mandou gravar placas de titânio com o número de uma conta na Suíça, e essas placas foram colocadas dentro da barriga das três meninas, e mandou tatuar coordenadas nas cabeças de algumas das crianças, que levariam ao cemitério lá fora. Todas as crianças foram enviadas a um orfanato, e ele matou a própria esposa, para ficar sozinho com a empregada. Dois anos mais tarde ele retornou ao orfanato querendo reaver as crianças, mas elas já tinham sido adotadas. Enlouquecido, ele investigou até descobrir cada família onde estavam, as convidou para essa casa, através do Anfitrião.
PADRE DORNAS – Mas como o Anfritião entra nessa história? Que raio de vingança é essa? O que as crianças tinham a ver com isso?
JÚNIOR – Eu conheci o sentimento de ódio do Anfitrião através de um perfil fake em uma rede social. Nós conversamos, e eu disse que podia ajudar, porque ele falou que era muito rico, e que recentemente havia recuperado uma casa que foi da sua família a muitos anos, e que ia usar essa casa para ir à forra com os descendentes daqueles que o traiu.
PADRE DORNAS – Isso é loucura! Essas pessoas não têm culpa do que fez o pai delas.
JÚNIOR – Eu não quero nem saber. Eu entrei nessa porque ele havia me explicado tudo o que descobrira sobre o dinheiro da sua família que havia sido roubado. Então, com a sua autorização, vim a essa casa, li os diários antigos do pai das crianças, e o que ele havia feito. Obcecadamente ele guardou o segredo de uma cofre na casa, mas morreu de acidente de automóvel, e o segredo seria perdido, se eu não o encontrasse. E por isso eu mandei que a Valéria contratasse vocês, e persuadi o Anfitrião a enviar-lhes também os convites para que não desse muito na cara. Vocês seriam a minha equipe de apoio, mas falharam.

Garibaldi golpeou Júnior no rosto, com a coronha do seu revólver.

GARIBALDI – E depois de tudo, você ia explodir a casa com todo mundo dentro, não é isso? A idéia era colocar os cães para nos comer até os ossos, e aí incinerar a casa e ficar vestígio somente dos cães, não é?!

Um chute nas costelas. Júnior grita de dor.
Garibaldi aponta a arma para ele, e ameaça:

GARIBALDI – Eu deveria matar você.
JÚNIOR – Você não vai fazer isso. Não vai me matar.
GARIBALDI – Me dê um motivo muito bom, um motivo excelente para eu não fazer isso.
JÚNIOR – Porque o Anfitrião chegará de helicóptero. E entre nós, sou o único que sabe como pilotar um.

Garibaldi olhou para os lados, e balançou negativamente a cabeça.

GARIBALDI – Muito esperto. Mas por hora, você fica amarrado aqui. Vou procurar algo para comer, porque estou com muita fome. É melhor não fazer nenhuma gracinha, Júnior. Eu não sou homem de brincadeiras.

Corta para Tom.

MARIAH – Você acha que ainda tem algum cachorro daqueles por aí?
TOM – Eu acho que não. Devem ter morrido todos. O nosso maior inimigo agora chama-se Garibaldi.
EDSON – Se eu colocar as minhas mãos nele, ele é um homem morto.
TOM – Se você não for morto primeiro. Ele se revelou um homem extremamente perigoso.
EDSON – Perigoso demais.
TOM – Disse alguma coisa?
EDSON – Nada.

Corta para Garibaldi

GARIBALDI – Como está a minha futura defuntinha? Hã? Não pode falar, né? O titio Hernesto lhe amordaçou, não foi? Que maldade.

Ele retirou a mordaça de Anita, e ela cuspiu em seu rosto. Garibaldi, explosivo como é, respondeu com outro tabefe em seu rosto, já arroxeado de tanto apanhar. Ele apontou seus dedos nodosos no rosto de Anita e falou:

GARIBALDI – Já disse, se não se comportar, vai sofrer muito, mas muito mesmo antes de morrer. Não prometo não lhe matar, porque infelizmente, para que eu possa cumprir tudo o que vim fazer aqui, você e aquelas três vagabundas que eu ainda vou capturar deverão morrer. Eu posso ser bonzinho e meter um tiro na sua nuca e você nem vai saber o que a matou. Mas se eu ficar bravo, juro que você vai desejar a morte. Eu trouxe comida. Tinhas umas frutas se perdendo lá na cozinha e eu achei um desperdício deixar que elas se estraguem. Você não se importa de comer uma banana já passada, não é? Vai morrer mesmo.

Garibaldi soltou a mão de Anita, para que ela pudesse comer. Aos prantos, ela pegou uma banana e descascou bem devagar, comendo em mordidas pequenas.

GARIBALDI – Ande logo porque eu não tenho o dia todo.

Mas num instante de distração sua, Anita se jogou em cima do revólver que estava sobre uma mesinha. Ela agora tinha Garibaldi na sua mira.

GARIBALDI – Vamos conversar. Você não… você… você não se atreveria não é?
ANITA(trêmula) – Eu vou matar você.
GARIBALDI – Quantas vezes na sua vida você empunhou um revólver, heim?
ANITA – Não interessa!

Ela puxou o gatilho.

Fim do capítulo 22

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