Capítulo 21 – Três Jogadas: HERNANI

Três Jogadas.

Capítulo 21: HERNANI

“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.”

Machado de Assis

Cena 1. Rio de Janeiro – Leblon / Restaurante Silvestre / Fim de Tarde

Continuação imediata da cena anterior.

Gisele chega. Alice espera o garçom trazer a conta.

Gisele sorrindo: Alice!

Alice se levanta e vira-se: Finalmente garota. Eu achei que/ – ela percebe que não é Luíza. Mas para seu maior desespero, ela reconhece Gisele.

Gisele radiante: Saudades de mim irmãzinha?!

Alice se desespera. Foca na imagem de Alice, apavorada.

Alice furiosa: Que palhaçada é essa?! Eu não sei do que você está falando.

Gisele sorri: Sabe sim. Sou eu, Gisele, sua irmã. Não sabia que você fosse esquecer-se de mim tão rápido assim. Estou decepcionada! – ela ri de deboche.

Alice pega sua bolsa apressada: Eu realmente não sei quem você é. Não faço ideia. Dá licença.

Gisele lhe puxa: Senta! – ela diz firme. – Você só sai daqui quando eu deixar! A gente tem muito que conversar.

Alice se senta: Eu não tenho nada para conversar com você. Eu nunca te reconheci como irmã. Deixa-me ir embora!

Gisele faz que não: Você só sai daqui quando eu permitir. As contas pendentes exigem muito cálculo. – ela se ajeita na cadeira. – A conversa será longa.

As duas se encaram. Alice desesperada. Gisele gostando do desespero de Alice.

Cena 2. Rio de Janeiro – Laranjeiras / Hospital / Noite

Stênio está deitado na cama com alguns aparelhos. Sheyla chega. Alguns enfermeiros estão no quarto.

Sheyla sorri: Boa noite querido! – e lhe dá um beijo com nojo. – Está se sentindo melhor?

Stênio furioso, sussurrando: MALDITA!

Sheyla sorri: Eu também te amo querido. – Os enfermeiros saem. – Que bom saber que você resistiu. Achei que você morreria e eu não ficaria com seus bens.

Stênio se ajeita na cama: Eu não vou te dá nada que é meu! Eu te odeio desgraçada. Você acabou com a minha vida.

Sheyla senta-se na cama: Ah, que pena. E pretendo acabar ainda mais. Você não é mais útil pra mim. Só aprende uma coisa? Eu não peço e nem mando, eu EXIJO! E é isso que faço no momento. Eu exijo que você passe TUDO, TUDO, o que você tem pra mim.

Stênio nervoso: Isso se você não morrer antes. Eu vou sair daqui, Sheyla. E eu vou acabar com você. Eu juro que te mato.

Sheyla gargalha: Querido… Quais tipos de tempero estão colocando na sua comida? Você está à beira da morte. Só precisa de um empurrão meu.

Ela caminha até os aparelhos e coloca dedo no botão que desliga os mesmos.

Stênio desesperado: Você não tem coragem!

Sheyla séria: Você não me conhece o suficiente. Eu vou deixar você morrer de uma forma lenta e muito dolorosa. – ela se aproxima do homem. – Mas antes você vai criar um testamento me passando tudo. Trouxa!

Sheyla e Stênio se encaram. Sheyla sorri de deboche, para a fúria de Stênio, que bufa.

Cena 3. Rio de Janeiro – Gávea / Revista Luz / Noite

Jordan e Tiago terminam de mexer na lista. Jordan pega a identidade de Luana.

Tiago guarda uns papéis: Você não esqueceu mesmo essa história das identidades né?!

Jordan analisando a identidade: Eu não consigo engolir essa história. Tiago, a Luana morreu há muito tempo. Não faz sentido essa identidade aparecer agora. E pior, na carteira do Leandro.

Tiago se levanta: Nessa viagem, onde vocês se conheceram, ele não tocou no assunto de nada? O nome da mulher ou algo do tipo?

FLASHBACK / ALGUM TEMPO ATRÁS

Jordan fecha o livro: Claro que não. – ele sorri. – Eu não sabia que você era casado.

Leandro olha a aliança: Sou casado sim. Com uma mulher maravilhosa. Você é casado?

Jordan ri: Não. Estou muito velho pra isso. Eu já fui noivo, mas isso tem 30 anos.  Depois disso eu só me envolvi com algumas mulheres, mas nada de compromisso. Seu casamento é forte?

Leandro: Bastante. Eu tenho uma ótima relação com minha esposa. Clarice o nome dela.

Jordan gargalha: Que estranho. Eu também fui noivo de uma Clarice. – Leandro estranha. – Mas ela morreu atropelada. Um fim trágico.

VOLTA A CENA

Jordan pensativo: Eu lembro que ele me disse que era casado com uma Clarice. E tudo parece está se ligando.

Tiago estranha: A mulher que você foi noivo também se chamou Clarice. Ela tinha alguma irmã?

Jordan perambula pela sala: Ela era gêmea com a Luana. Essa mulher da identidade. Eu tenho certeza que é elas. Se ele é casado com a Clarice e está com a identidade da Luana, tudo indica que quem morreu naquele atropelamento não foi a Clarice e sim a Luana. A única maneira que vai me fazer descobrir isso é esse almoço na casa dele. Eu vou descobrir tudo!

Tiago fica perplexo. Jordan continua analisando a identidade.

Cena 4. Rio de Janeiro – Leblon / Restaurante Silvestre / Noite

Alice assustada: Eu não tenho nada para conversar com você. Não temos nenhum assunto pendente!

Gisele furiosa: Você matou meu filho sua desgraçada. E eu vou fazer você pagar por isso!

Alice se ajeita: Eu não matei ninguém! Você sempre com essa obsessão que eu matei o Hernani. Ele era meu sobrinho! Você está maluca.

Gisele furiosa: Foi você sim! Eu o vi saindo do seu quarto só de cueca. No mesmo dia que você matou meu filho! Você achou que tinha se livrado de mim. Que eu nunca mais iria voltar. Mas você se enganou. E eu vou acabar com você. Isso é o que eu quero!

Alice furiosa: Eu nunca me envolvi com o Hernani. Ele queria. O Hernani era todo fogoso, vivia dando em cima de mim. Mas eu sempre o respeitei. E sempre te respeitei. Eu não matei ninguém!

Gisele tira algumas fotos do bolso: E essas fotos aqui? – ela taca as fotos na mesa. – Isso aqui é o casarão que vocês moravam. Só você e o Enrico moravam naquela casa! Você matou meu filho. A única pessoa que eu amei nessa vida você tirou de mim. Assassina!

Alice olha as fotos, apavorada: Gisele acredita em mim. Você cria as coisas na sua cabeça de certa forma inexplicável.

Gisele pega as fotos de volta: Eu estou indo morar com você. Você vai ter que me aceitar na sua casa. Juntamente com a minha filha.

Alice perplexa: Como é que é?! Você surtou, foi isso? Que filha?! Não vai me dizer que/

Gisele a interrompe: A Luíza é minha filha. – ela sorri. – A menina te adora. Fez faculdade de moda para seguir os passos da titia. – ela fica séria. – Você vai ter que me aceitar lá no seu apartamento. Ou eu entrego essas fotos para a polícia. É pegar ou largar, irmãzinha.

As duas se encaram. Gisele ri debochada e Alice se irrita ainda mais.

No dia seguinte…

No apartamento de Adriana… Stacy acorda sentindo se sentindo só. Ela perambula pela casa e vai para o banheiro. A jovem toma banho e logo se arruma. Stacy pega uma bolsa e sai de casa. Pouco depois, Stacy cola o rosto na janela do ônibus. A jovem está com um semblante caído. Foca na tristeza de Stacy.

 Cena 5. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice / Dia

Leandro diante de Clarice.

Clarice se levanta indignada: No final de semana?! – ela diz trêmula. – Você marcou um almoço co

m um cara que você mal conhece para o final de semana?

Leandro sério: Como mal conheço? A gente já se conhece há um tempo. E eu não vejo nada demais em apresentá-lo para vocês. O cara é um empresário famoso. Ele pode me ajudar nessa péssima fase que me encontro.

Clarice furiosa: Eu não vou falar nada com você. Você tem essa mania ridícula de engatar em uma amizade sem ao menos conhecer a pessoa de verdade.

Leandro ri: Que moral você tem para falar de mim? Você fala de mim como se a sua vida servisse de exemplo para alguma coisa. Você é toda errada também! Eu já marquei com ele e não irei desmarcar para satisfazer as suas vontades. Dá licença.

Leandro sai furioso. Kiara desce a escada e acaba esbarrando com o homem.

Kiara o olha: Dá próxima vez me leva junto.

Leandro passa apressado: Não enche!

Kiara se senta: Acordou com a macaca virada hoje? Leandro só se estressa com jogo de futebol.

Clarice desesperada: O Jordan vai vir almoçar aqui no final de semana. Está bom pra você?

Kiara perplexa: Quê?! O Jordan então fixou nessa ideia e vai trazer o homem aqui?

Clarice perambulando: Eu não sei mais o que fazer Kiara. Se esse maldito aparece aqui ele descobre tudo. Isso não vai dá certo. Não vai!

Clarice perambula desesperada. Kiara perplexa.

Paralelo à cena… No apartamento de Alice…

Alice e Gisele assistem televisão. A campainha toca. Gioconda abre a porta e Petrônio entra.

Petrônio sorrindo: Alice! – ele vai até à sala. – Acho que vou conseguir vir para cá definitivamente. – ele repara em Gisele. – Quem é essa?!

Gisele se levanta: Não se lembra de mim primo?

Petrônio chocado: Gisele?!

Os dois se encaram.

No escritório de Alice…

Petrônio chocado: Como essa mulher descobriu que eu estou vivo?!

Alice perambulando: Eu contei para ela. Petrônio essa mulher está me ameaçando com aquela história do passado. Lembra-se do Hernani?

Petrônio pensativo: O filho dela. Claro que lembro. Na época a Kiara chegou a te acusar que você tinha um caso com ele. Pouco depois o homem morreu.

Alice para e se senta: O que você disse? Que a Kiara?!

Petrônio não entende: Que a Kiara te acusou uma vez de você ter um caso com ele. Desde então a Gisele passou a ir diariamente lá em casa. Já que o Hernani morava lá.

Alice assustada: Kiara… – ela fica um tempo sem falar nada. – A Gisele tem umas fotos de uma pessoa enterrando o Hernani lá no casarão que a gente morava. Ela me ameaçou e eu tive que deixá-la morar aqui. Só que eu não vou aguentar isso por muito tempo. Não vou!

Os dois se encaram. Os dois se desesperam com as ameaças de Gisele.

Cena 6. Rio de Janeiro – Urca / Apt. da Eliane / Dia

No Salão do Condomínio…

Eliane triste: Poxa Waldir, eu já fiz os convites e eles não estão com data para esse final de semana. Não tem como colocar para sexta?

Waldir vendo uns papéis: Eu sinto muito Eliane. Mas eu não posso alterar as datas das festas que já estavam marcadas. Você chegou tarde demais. O que eu posso fazer é colocar a sua festa para esse final de semana. O outro não tem condições.

Eliane frustrada: Pode marcar para esse final de semana então. Só terei o trabalho de ligar para todo mundo e trocar a data. Obrigada!

Eliane sai frustrada. Ela pega o telefone e disca para Tiago.

Na Revista…

Tiago desliga o telefone: Problemas e mais problemas. O homem que cuida do salão do condomínio confundiu algumas datas e viu que já tinha uma festa marcada para o mesmo dia da minha renovação de votos. Agora a gente vai ter que alterar a data.

Jordan o olha: Nossa! E o que vocês vão fazer para avisar o pessoal que já recebeu o convite?

Tiago sério: Ela vai ter o trabalho de ligar para todo mundo e avisar. Mas você já está avisado. Ela conseguiu para sábado agora.

Jordan: Sábado?! Mas eu marquei o meu almoço com o Leandro. A gente vai falar de negócios também e eu não posso faltar.

Tiago: Mas a festa vai ser à noite. Você ainda vai estar na casa dele?

Jordan triste: Provavelmente. Eu queria ir à sua festa, desfrutar desse momento tão importante. Mas acho que eu não vou conseguir. Mas… Talvez eu dê uma passada por lá. Acho que consigo marcar presença rápida.

Tiago sorri: É bom mesmo. Você é meu amigo e eu quero a presença de todos para grande momento.

Os dois sorriem. Jordan volta ao trabalho. Tiago continua pensativo.

Cena 7. Rio de Janeiro – Três Rios / Hospital Santo Amaro / Dia

Adriana chega no hospital apressada. Ela vai até a recepção e dá suas informações para a secretária, gesticulando. Pouco depois o médico aparece.

Élder, com uma ficha: Você que é o parente da família que se acidentou ontem à noite?

Adriana vira-se, nervosa: Eu mesmo. Então doutor, como eles estão?

Élder com a voz embargada: A gente tentou de todas as formas salvar os três, mas isso não foi possível. O homem que estava no carro, Tóta, morreu no local. Mas o caso da Branca não é o dos melhores. Ela está em estado grave.

Adriana se senta, chorando: Meu Deus não pode ser. E a Fernanda. Como ela está?

Élder: A jovem que dirigia foi a que menos sofreu lesões. O estado dela não é grave. Ela passa bem. Você pode ir visita-lá.

No quarto de Fernanda…

Fernanda está sentada na cama, pensativa. Adriana entra.

Adriana chorando: Prima! – ela corre e abraça a prima. – Que bom que você está bem.

Fernanda se afasta: Drica me dá informações dos meus pais. Por favor, me diz como eles estão.

Adriana enxuga as lágrimas: O tio Tóta morreu no acidente. Eu sinto muito.

Fernanda em choque: Você está me dizendo que eu matei o meu pai?!

Fernanda fica em estado de choque. A jovem chora bastante e Adriana tenta consolar a prima. Foca na imagem das duas chorando abraçadas.

Cena 8. Rio de Janeiro – Leme / Praça / Dia

Amanda e Gustavo se divertem na praça. Os dois passam por alguns brinquedos e tomam sorvete. No ponto de ônibus, Stacy desce do ônibus e de longe vê a cena dos dois. Ela se aproxima aos poucos.

Amanda cansada: Chega! Chega! – ela ri. – Eu estou super cansada. Não aguento mais brincar de nada.

Gustavo agarra a jovem: Isso não foi nada. Você se cansa fácil. – ele percebe que Stacy vê os dois. – Aquela dali é a Stacy?

Amanda a olha: É ela mesma. Será que ela viu a gente?

Gustavo sério: E você duvida?

Amanda ajeita a roupa: Eu vou lá falar com ela.

Amanda sai apressada.

Gustavo nervoso: Amanda não!

Perto da praça…

Amanda se aproxima de Stacy: Stacy!

Stacy vira-se: Amanda!

Amanda séria: Eu não queria te machucar. E eu estou me sentindo culpada por você ter visto eu e o Gustavo se divertindo, enquanto você sofre.

Stacy durona: Sofre?! Quem disse que eu estou sofrendo? Eu estou ótima. O que não me mata me fortalece. Você não precisa se preocupar comigo.

Amanda sorri: Você faz à durona, mas eu sei que não está bem. Eu não queria que você sentisse ódio de mim.

Stacy ri: Eu não tenho ódio de você. Tenho pena! Pena por você se iludir com um amor repentino. Daqui a pouco ele cansa de você. E irá te trocar por outra, como fez comigo. Eu não tenho culpa se você foi incapaz de encontrar um homem.

Amanda furiosa: Eu que não tenho culpa se você não foi capaz de segurar o Gustavo e o deixar fugir de você. Você não tem confiança e muito menos amor.

Stacy se enfurece e dá um tapa na cara de Amanda. Gustavo vê de longe e corre. O garoto chega e segura Amanda. As duas se encaram.

Cena 9. Rio de Janeiro – Leblon / Apt. da Melissa / Dia

Melissa prepara o café da manhã. Ferraz vai até a sala e vê um envelope em cima da mesa. Ele abre o envelope e pega um documento.

Ferraz lendo: Maria da Penha?! – ele se assusta. – Essa idiota me denunciou?!

Ele vai furioso até à cozinha. Ele pega Melissa pelo braço e a joga na cadeira.

Melissa furiosa: FERRAZ! – ela se assusta.

Ferraz mostra o papel: Que palhaçada é essa Melissa? Você me denunciou?! – Melissa não responde. – FALA MELISSA!

Melissa fica sem saber o que dizer. Foca em Melissa, apavorada com a reação de Ferraz.

Fim do Capítulo 21!