Capítulo 21 – Menina Flor
Capítulo 21
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Melissa: Eu não sei, por isso preciso de sua ajuda. Você como namorada do Miguel desde a escola deve saber muito bem o que ele fez de certo ou errado.
Fernanda: Eu nesse caso não sei de muito porque eu sempre fui muito caseira e correte, mas o Thomaz, o meu irmão e o Miguel viviam juntos, eu tenho certeza que eles se meteram em muitas confusões juntos.
Melissa: E você acha que ele vai querer me contar?
Fernanda: Aquele lá é tão canalha que só por alguns centavos ele abre a boca!
Casa da família Figueiredo.
Fernanda entra: Pode entrar dona Melissa.
Melissa: Obrigada, onde está seu irmão?
Thomaz e uma menina surgem do nada correndo pela casa.
Thomaz: Me empresta, eu te pago depois.
Clara: Ah tá, é mais fácil elefante criar asas.
Fernanda, batendo palmas: Ei, chega dessa bagunça, o que houve?
Thomaz: A Clara não quer me emprestar dinheiro, eu tô precisando.
Clara: Não empresto, ele nunca mais vai me pagar.
Thomaz: Eu já falei que vou te pagar.
Clara: Ah tá, já se foi o tempo que eu acreditava em Papai Noel.
Thomaz: Fernanda, faz ela me emprestar.
Fernanda: Não empresta não Clara porque ele vai gastar tudo em bebida, vai chegar tarde, bêbado e aí o papai nos mata e eu mato ele.
Thomaz: Qual é Fernanda?
Fernanda: Clara, esconde melhor o seu dinheiro e sai pra rua pra brincar que nós aqui vamos ter uma conversa de adultos.
Clara sai da sala: Claro, com licença.
Thomaz: Puxa Fernanda, por que você faz isso comigo?
Fernanda: Não faz drama porque você é um péssimo ator. Até porque a dona Melissa aqui tem uma ideia melhor.
Thomaz: Como assim?
Melissa: Você e o Miguel sempre foram grandes amigos desde o Rio de Janeiro, né?
Thomaz: Com certeza, mas por quê?
Melissa: Eu estou curiosa pra saber o que o Miguel andou aprontando nesses três anos lá no Rio de Janeiro depois de terminar os cursos nos Estados Unidos.
Thomaz: Mas eu não fiz os cursos com ele.
Melissa: Eu quero saber como ele se comportou nesses três últimos anos.
Thomaz: Eu não sei se posso falar, o Miguel vai ficar uma fera comigo.
Melissa tira um bolinho de notas de R$ 100,00 da bolsa: Isso aqui é suficiente pra você abrir a sua boca?
Lar Coração de Mãe.
Lurdes: O que você tá achando da nova casa Pedrinho?
Pedro: É legal, mas é meio sem-graça.
Carlos: Não se preocupe, logo você fará novas amizades.
Pedro: Como assim?
Lurdes: O lar aqui é aberto para as crianças virem aqui e brincarem durante a tarde, mas hoje é sábado e já é quase 9h, as crianças devem vir daqui há pouco.
Pedro: Quer dizer que vão chegar mais crianças aqui pra morar com a gente?
Carlos: Não Pedrinho, elas vem aqui só pra brincar, como um parquinho, mas só você é quem vai continuar morando aqui.
Pedro: Ah, tá.
Casa dos Figueiredo.
Melissa: Me conte tudo direitinho.
Thomaz: O Miguel e a Fernanda voltaram dos Estados Unidos em 2012, assim que chegou o Miguel alugou um apartamento, mas ele não quis trabalhar de início.
Melissa: E o que ele fez?
Thomaz: O Miguel e eu nos conhecemos num bar, eu tinha bebido muito e um homem veio puxar briga comigo e ele me defendeu, desde então somos amigos, mas eu nem imaginava que ele e a Fernanda tinham estudado juntos.
Melissa: O Miguel num bar?
Thomaz: Eu ia sempre muito lá pelo bairro e o Miguel começou a andar comigo.
Fernanda: Na época nós éramos só amigos e um tempo depois começamos a namorar.
Thomaz: O Miguel e eu fizemos algumas amizades no bar e de vez em quando os caras lá nos vendiam algumas coisas.
Melissa: Que tipo de coisas?
Thomaz: Cigarros, objetos roubados e às vezes até drogas.
Melissa, surpresa: Oh, o Miguel vendendo coisas roubadas?!
Thomaz: Os caras vinham com as coisas roubadas e só nos entregavam e aí nós comprávamos por um preço meio alto e vendíamos por um preço pouco mais caro.
Melissa: E quanto às drogas?
Thomaz: Os nossos amigos nos apresentaram a alguns traficantes e começamos a comprar alguns pacotes de maconha e cocaína, quase toda semana nós íamos lá comprar.
Melissa: Então era com isso que aquele marginal gastava a mesada que o Rafael mandava?! Que cretino.
Thomaz: Certa vez ficamos no meio de um tiroteio com a polícia com os traficantes e nós dois fomos detidos.
Fernanda: Eu usei parte da mesada que o Miguel ganhava do senhor Rafael e consegui tirar eles de lá bem depressa.
Thomaz: Depois disso o Miguel e eu evitamos voltar no bairro por um bom tempo, o Miguel aproveitou e se internou numa clínica e deixou o vício.
Melissa: Meu Deus!
Thomaz: Depois de sair de lá ele conseguiu emprego num restaurante. Nós voltamos lá no bar um dia e encontramos com uns traficantes a quem estávamos devendo muito e brigamos feio, fugimos de lá de moto. Isso foi semana passada, antes de nós viajarmos de volta pra cá.
Fernanda: Minha nossa, por que você nunca me disse tudo isso?
Melissa: Ah, mas quando o Rafael ficar sabendo disso, o Miguel vai estar muito, mas muito encrencado. Finalmente eu vou dar a aquele imbecil o que ele merece.
Thomaz: Eu falei tudo dona Melissa, e o dinheiro?
Melissa entrega o bolinho de notas: Aqui está meu jovem.
Thomaz, contando o dinheiro: Minha nossa, obrigado senhora.
Melissa: De nada meu rapaz, sabe, talvez eu venha um dia a precisar de mais uma ajuda sua.
Fazenda Aguiar Cordeiro. Horas depois. Tarde. Miguel chega. Ele entra no seu quarto e encontra Rafael, sério.
Miguel: Muito bem papai, já decidiu se vai readmitir a Malu?
Rafael não diz nada, apenas encara o filho.
Miguel: Pela sua cara eu acho que não! Bem, eu já fiz uma reserva no hotel lá da cidade e só vim pegar as minhas malas.
Rafael não diz nada.
Miguel: Bem, eu não queria que isso terminasse assim, mas eu vejo que não tem jeito, então até mais pai.
Rafael dá um soco em Miguel que o derruba.
Rafael: MOLEQUE MENTIROSO!
Miguel, ainda no chão: O que? Posso saber por que me bateu dessa vez?
Rafael: Mas não se faça de santo seu hipócrita, eu já sei de tudo.
Miguel: Mas do que você está falando?
Rafael: De tudo que você aprontou ultimamente, de como veio usando o dinheiro suado que eu te mandava quando estava lá no Rio de Janeiro.
Miguel: A que se refere?
Rafael: A tudo, drogas e bebidas, até envolvimento com a polícia!
Miguel: Quem te disse isso?
Rafael: Não me interessa quem me contou, o que interessa é que eu sei e sabe de uma coisa? Eu tenho vergonha de você. Te mando pra um país estrangeiro com uma oportunidade de estudos que tantos dariam tudo para ter e o que você faz? Retribui o meu sacrifício com vadiagem!
Miguel se levanta do chão: É eu admito, eu bebi, fumei, me droguei, fui preso, me reabilitei, confesso, tá satisfeito agora?
Rafael: E ainda fala isso na minha cara? Depois de tudo que eu fiz por você, te resgatei daquele lar, te dei uma boa vida, uma bolsa de estudos.
Miguel: Você sempre fez comigo o que você queria, nunca pensou no que eu queria.
Rafael: E o que você podia querer que eu não te dei?
Miguel: Um tempo como pai, isso.
Rafael: Mas do que está falando?
Miguel: Você sempre passava o dia inteiro fora de casa, nunca tinha tempo pra mim.
Rafael: mas você tinha tempo com a minha esposa.
Miguel: Sua esposa é uma megera que me odeia.
Rafael: Não permito que fale assim dela.
Miguel: Você me tirou do meu lar, da minha casa e pra que? Pra me acusar de roubo, me levar pra um lugar distante e depois me abandonar num país estranho!
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