Capítulo 20 – Filho Amado
Filho Amado.
Capítulo 20.
Quarto de Jasmine e Noronha…
Noronha entra revoltado no quarto, Jasmine o segue.
Noronha, furioso: É impressionante, se não fosse aquele salva-vidas o Caio teria morrido afogado, morrido, e por um descuido seu, Jasmine.
Jasmine está com o rosto inchado de chorar: Eu já pedi desculpas, Noronha, fui atender uma ligação e deixei o Caio nadando, quando vi ele já estava se afogando!
Noronha: IDIOTA! Idiota é que você é. Além do menino já ter medo de água, você ainda deixa ele nadando sózinho? Tem que ser muito burra mesmo, se ele tivesse morrido, você iria carregar a culpa pelo resto da sua vida! E olha, Jasmine, você é professora de natação, lembra? Foi em uma piscina que eu te conheci!
Jasmine, ainda chorando: Eu sei, eu sei, me perdoa, a culpa é minha mesmo, Noronha, eu estava ajudando o Caio a tentar se recuperar desse trauma de água, desde que o filho da minha prima Eva morreu atropelado por um jet-ski, o Caio criou medo, não quer nem saber de praia e piscina!
Noronha: Eu sei disso, sua tonta, estou falando que você viu o seu filho se afogar e não entrou na piscina pra salvar ele! Imbecil! Pode deixar que eu mesmo busco ele na enfermaria do hotel quando ligarem, ou é capaz de você perder o menino do caminho de lá para cá!
Jasmine, revoltada: Você não pode me humilhar desse jeito, e aumentar as coisas, eu tive um momento de panico sim, e já pedi perdão, agora não preciso ficar ouvindo suas reclamações!
Noronha continua: Não adianta nada, o Caio ter uma mãe professora de natação, parece mais um poste, não faz nada!
Jasmine começa a estapear Noronha: Você não pode falar isso comigo, você não tem o direit…- Noronha lhe dá um tapa que a faz cair no chão.
Noronha limpa seu terno: Não encoste e mim, ou eu faço pior- Ele sai do quarto.
Jasmine fica chorando, e com a marca da mão do marido no rosto.
Mansão de José do Gado…
Clécio chega, Aurora está no sofá com as fotos que caíram do terno dele.
Clécio vai até a estante e pega a chave: Sabia que a chave da prateleira dois estava aqui em casa, voltei só pra isso, vou indo amor…
Aurora o para: Não, espera, antes de você ir eu quero que você me dê uma explicação.
Clécio estranha: Aconteceu alguma coisa?
Aurora mostra as fotos: O que significa isso?- As fotos são de diferentes crianças- Quem são essas crianças, Clécio? O que as fotos faziam no bolso do terno?
Clécio pega as fotos e recolhe para si mesmo: Não é nada do qe você tá pensando!
Aurora, irritada: E o que eu deveria pensar? É a segunda vez que eu flagro foto de criança nas suas roupas, e então? Qual a explicação?
Clécio, nervoso: Essas crianças são dos shows de mágica que faço pra aquela entidade. Elas tiram fotos, que valem como ingressos, e eu acabo ficando com as fotos pra mim, algum problema?- Ele guarda as fotos em seu paletó- Você é muito desconfiada mesmo, Aurora- Ele bate a porta.
Aurora, para si mesma: Mentiroso, tenho certeza que essas crianças não tem nada a ver com os shows de mágica…Mas eu ainda vou descobrir porque o Clécio tem tantas fotos de criança…Nem que eu precise começar a seguir ele!
Marinez chega: O que aconteceu, Aurora? Seu pai está quase chegando de viagem! Você não vai comigo até o aeroporto de Cuiabá pra esperar ele?
Aurora, atordoada; Não, eu vou pra igreja, mãe, preciso rezar um pouco, minha vida anda muito confusa e agitada.
Marinez: Aconteceu algo grave?
Aurora, triste: O Clécio, ele anda mentindo pra mim, eu sinto, ele guarda várias fotos de crianças no terno dele, e diz que são do show de mágica!
Marinez: Será que podem ser filhos dele?
Aurora, melancólica; Não sei, mãe…
Cemitério Municipal.
Éssio observa o caixão de Zézão ser enterrado, estão alguns familares e amigos, dentre eles Bento.
Éssio resolve se afastar e sai do cemitério, mas é surpreendido.
Josué: Tá fazendo o que aqui, cara de pau?
Éssio mente: Eu vim participar do enterro do Zézão, apesar de não nos darmos bem, eu achava ele uma excelente pessoa!
Josué não acredita: Tanto que matou ele!
Éssio gela: Tá louco?
Josué: Estou muito bem, Éssio, e sei que a unica inimizade que o Zézão tinha era com você! Vocês viviam brigando, e você humilhava ele, aposto que matou ele naquela estrada escura, por maldade!
Éssio: Você realmente endoideceu! Eu não tinha motivos pra matar o Zézão, e o que eu estaria fazendo em uma estrada escura? Se você quer saber eu estava em um jantar de família- Ele sai caminhando- Pense bem antes de falar besteira!
Josué grita: Tu não me engana, o Zézão não morreu sozinho, e nem tava bêbado, só pode ter sido você, e eu vou descobrir!
São Cristovão Hotel’s.
Noronha cumprimenta o médico: Obrigado pela assistência, doutor.
O médico sorri: Qualquer coisa me chame, estou a disposição de todos do hotel, e quanto ao seu filho, felizmente foi apenas um sustinho!
Noronha pega Caio no colo: Vamos, filho- Eles saem da enfermagem- Já está tudo bem com você?
Caio, ainda apático: Está sim, papai, mas nunca mais quero ir na piscina!
Noronha põe ele no chão: Depois falamos disso, agora eu você e o detetive Américo vamos até Vila Varzeônica, fazer uma surpresa pro vovô- Ele chama Domingues.
Domingues: Pois não, senhor…
Noronha: Leve o Caio até o helicóptero, vou chamar o detetive Américo e então seguiremos para Vila Varzeônica.
Jasmine e Josélia chegam.
Jasmine corre para perto de Caio: Meu filho…
Mas Noronha a impede: Não encoste no Caio depois vamos falar desse episódio da piscina, agora eu vou para Vila Varzeônica de novo.
Jasmine, furiosa: Você não pode me impedir de vê-lo, ou eu posso chamar a policia da mulher, e mandar de prender, seu agressor!
Noronha sussurra: Experimente, Jasmine, e eu tomo o Caio de você pra sempre!- Ameaça.
O detetive Américo chega, mas está todo disfarçado.
Josélia: Que roupa é essa, detetive? Parece até que você é um fotografo.
Noronha conta: É assim que ele vai se disfarçar quando for pra Vila Varzeônica, ninguém pode saber que ele é detetive. Bom, vamos para o heliporto- Ele, o detetive, Caio e Domingues seguem para o heliporto.
Jasmine, arrasada: Ele não pode me impedir de ver meu filho, tia!
Josélia a aconselha: É até bom o Noronha levar o Caio! Assim os dois passam mais tempo juntos, ele só está bravo com você, sobrinha, logo logo vocês dois se entendem, agora vamos para o spa!- Ela abraça Jasmine, e as duas saem andando.
Sitio de Belarmino.
Uma pick-up estaciona em frente a propriedade, dela sai uma mulher cheia de malas e sacolas.
Betânia grita: Belarmino, Belarmino! Cheguei!
O velho fazendeiro abre a porta: Minha querida esposa, achei que tinha me abandonado, ficou quase um mês em Campo Grande!
Betânia lhe dá suas malas: Pra sua sorte, ainda não te abandonei, mas estou a um fio de fazer isso.
Dentro do refinado sitio…
Betânia se deita no sofá: E as coisas por aqui, como andam, esposo?
Belarmino acende a fogueira: Com esse friozinho que fez de ontem pra hoje, eu resolvi acender nossa velha fogueirinha, os porcos inclusive se adoentaram, não gostam muito de frio…
Betânia pega seu celular: Só isso você tem pra me contar? Eu fico um mês fazendo compras e quando volto não há nenhuma novidade!
Belarmino acende seu cachimbo: Por aqui as coisas estão do mesmo jeito, mas na cidade…Fui lá ontem fazer um jogo na lotérica e descobri que uma pessoa muito interessante voltou!
Betânia: Quem voltou?
Belarmino conta: O Noronha! Filho da Anna Dávila, e parece que voltou montado no dinheiro!
Betânia, surpresa: Ele voltou?- Ela se lembra de Noronha- Gostava tanto dele, uma vez o beijei na escola, foi o melhor beijo que dei até hoje!
Belarmino, incomodado: Não supera nem os meus beijos?
Betânia ri: O Noronha tinha fogo, os beijos dele ardiam e me levavam a loucura, pena que só o beijei umas três vezes porque depois ele começou a namorar com a sonsa da Aurora, e os seus beijos Belarmino, mais parecem murchos!
Em frente ao Acervo de Vila Varzeônica.
Noronha instrui Américo: Qualquer coisa que te perguntarem, você é um fotógrafo de Cuiabá, que precisa de uma matéria sobre o inicio da cidade, por isso precisa fuçar nos jornais, entendeu?
Américo: Entendi sim, mas qual nome eu uso?
Noronha: Invente qualquer um, Américo, e não se esqueça de conseguir o máximo de informações sobre a família Dávila e sobre minha mãe, entendeu? Essa é só a primeira de muitas missões que mandarei você fazer.
Américo: Entendi sim.
Noronha se afasta: Em duas horas volto pra te buscar- Ele e Caio saem andando.
Caio: Vamos tomar o sorvete agora?
Noronha: Primeiro nós vamos ao posto de gasolina, lá tem uma surpresa pro vovô Bento, que comprei no Rio de Janeiro!
Caio, curioso: E o que é?
Noronha conta: Um carro, filho, e eu mesmo vou levar ele até a casa do vovô!
Eles atravessam uma rua, começa a anoitecer. Noronha e o filho passam em frente a loja “ Calçados Clécio”.
Caio repara em um tênis, e corre pra dentro da loja: Olha papai, olha, é o tênis do SuperMeme que eu quero!
Noronha entra e repara: Outro dia eu compro, filho, agora vamos buscar o carro do vovô!
Clécio aparece: Posso ajudar essa linda criança?
Noronha puxa o filho: Estávamos só olhando, mas hoje estou com pressa, outro dia volto com mais calma e escolho um tênis- Ele vê Bruno atendendo uma freguesa- Não pode ser…
Clécio estranha: Algum problema?
Noronha: Qual o nome daquele funcionário ali?- Ele aponta.
Clécio olha: É o Bruno, o senhor conhece ele? Ele te atendeu mal por acaso?
Noronha, com o olhar fixo no amigo: Não é nada…Vamos filho…Outro dia voltamos aqui…- Eles saem.
Clécio: Será que ele conhecia o Bruno?
Igreja Municipal.
Aurora termina de rezar, ela se lembra do dia de seu casamento com Noronha: Ah, eu devia ter vivido o momento mais feliz da minha vida aqui…- Ela se lembra depois do casamento com Clécio- Mas não vivi…Será que eu fiz alguma coisa de errada pra merecer esse castigo? Ser abandonada na igreja, depois me casar com um cara que mente pra mim…- Ela resolve ir embora- Melhor eu parar de me lamentar, e tomar uma atitude, e é isso que vou fazer agora, ir na loja do Clécio, não aguento mais essa minha vida…- Ela sai da igreja.
No carro novo…
Noronha dirige: Acho que o vovô vai adorar esse carrão, né, filho?
Caio está no banco de trás: Vai sim, é maneiro! Mas porque que você quis comprar um carro pra ele, papai?
Noronha lembra do dia de sua fuga: É uma velha divida, filho, agora vamos ver se tem alguma sorveteria por aqui e deixar o carro na casa do vovô- De repente ele se esquece de olhar no sinal, tenta freiar mas é tarde, e acaba atropelando uma mulher.
Noronha, desesperado: Ah, meu Deus- Ele tira o cinto e sai do carro- Moça, moça, tudo bem? Me desculpe…
A mulher vira o rosto: É Aurora.
Noronha, comovido: Aurora?
Aurora parece não acreditar: Noronha…
Termina o capítulo 20.