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Sublime

Capítulo 2 Sublime

CAPITULO: 2

 

 

 

Definitivamente Ellen não suportava o peso da solidão, mesmo com sua família ao seu lado, a perda de Danilo a abalava muito e a única solução era a companhia de Alice, porém seu passado continuava sendo um mistério.

Chegando à casa da amiga, Ellen é imediatamente recepcionada com um caloroso abraço que faria qualquer um pensar que se conheciam há anos; Alice parecia estar sempre feliz e quase nunca esboçava outro sentimento, muito menos de tristeza, diferente de Ellen que sentia como se lhe roubassem a alma.

Não sabendo sobre o que falar com a amiga, Ellen comenta sobre a cirurgia de Clara, mas para sua surpresa, Alice fica pálida no mesmo instante.

 

Alice sem emoção— Esse acontecimento fará com que ocorram grandes mudanças na vida de todos.

 

Era notável que Alice escondia um grande segredo, mas Ellen jamais se acharia no direito de questiona-la sobre isso, por esse motivo muitas vezes apenas se calava.

Repentinamente então Ellen muda de assunto e sugere que vão até alguma lanchonete, pois a mesma não quer passar muito tempo naquela praia, já que era o lugar preferido para encontrar Danilo. Andando as duas conversam calmamente, sentindo o vento batendo em seus rostos e exibindo seus cabelos esvoaçantes, após algum tempo chegam a lanchonete, as duas dirigem-se até a mesa, Alice fica de frente com Ellen, e atrás da mesma senta-se um rapaz loiro, olhos verdes e boa aparência, o rapaz parecia estar esperando alguém. Após um tempo chega uma bela moça com cabelos escuros e cacheados, alta e rosto delicado, então ela entra e procura por alguém, o tal rapaz quando a vê a chama: — Lorelai!

Ao ouvir esse nome, Ellen repentinamente se vira para o rapaz:

 

Ellen — Me chamou?

 

Rapaz — Desculpe, chamei a moça do lado, não sabia que esse também era seu nome!

 

Ellen se vira muito sem graça e é questionada por Alice sobre o acontecimento.

 

Ellen — Acho que fui tomada pelo ímpeto, pelo impulso, não sei de onde isso veio ou o motivo pelo qual reagi com esse nome.

 

Na manhã seguinte ao acordar, pensa constantemente no acontecido, pois ao ouvir aquele nome sentia como se fosse o seu próprio, mas o momento agora é de se preocupar com Clara e não com tais bobagens, era o que pensava Ellen.

 

Clara pensa a caminho do hospital ‘Fiquei tão animada com a notícia que nem contei ao Carlos, mas tudo bem depois farei uma surpresa!”

 

Chegando, Clara é imediatamente levada à sala de cirurgia, onde logo se inicia o procedimento, enquanto a operam Heitor e Fernanda perguntam ao doutor sobre a identidade do doador, porém não obtém resposta os dados são sigilosos.

 

Fernanda — Apenas gostaria de agradecer a família do doador.

 

Ellen, assim como toda sua família aguardam ansiosos pelos resultados da cirurgia, principalmente Fernanda que crê que o acontecimento pode ser o estopim para o perdão que tanto desejava de Clara. Muito tempo depois, já ansiados por notícias, eis que chega o médico lhes dando uma, a cirurgia havia sido um sucesso, Clara apenas teria que ficar alguns dias com as ataduras e em repouso.

Após celebrarem por um momento tal acontecimento, eis que Ellen recebe em seu celular uma mensagem de texto de um número não conhecido, o teor da mesma dizia o seguinte:

 

“A luz voltara aos olhos da fera,

então se levantara mais uma vez

para perseguir os cordeiros que a colocam em risco.

Nessa selva onde vive deve contar somente com sua astúcia, pois

a fera possui muitas caras.”.

 

Perplexa pelo conteúdo da mensagem, Ellen se afasta da família e liga imediatamente, mas para sua surpresa a gravação avisa que aquele número não existia. Realmente aquele número não era existente, e esse fato deixou Ellen muito pensativa, pois passa a ser a segunda mensagem misteriosa que recebe, e crê ser algo além de uma brincadeira.

Os dias correm, e o tão esperado para Clara chega, Ellen não consegue esconder suas preocupações com tais mensagens, nem Alice conseguiu confortá-la e acalma-la.

 

Ellen pensa — Chega de se preocupar com você, agora só o que precisa é estar do lado de sua irmã!

 

Chegando ao hospital para tirar as ataduras de Clara, a mesma é acompanhada somente por Ellen, Catariana e Fernanda, e antes de entrar na sala para ver os resultados, Catarina lhe pergunta:

 

Catarina — Clara, você falou com Carlos alguma vez depois que foi marcada essa cirurgia?

 

Clara — Não, ele não atendeu as vezes que liguei, também queria que ele estivesse aqui, mas quando acabar vou até a casa dele para conversarmos.

 

Então Clara é conduzida pelo doutor ao devido local, sua família a acompanha. As ataduras são lentamente removidas, o doutor pede para que vagarosamente abra seus olhos, e assim o faz; no começo um pouco turvo, mas a visão vai melhorando até um grande sorriso se estampar em seu rosto então, espontaneamente diz:

 

Clara sorri — Estou conseguindo ver! Foram tantos anos que passei na escuridão, mas agora não dependo de mais ninguém!

 

Clara então se levanta lentamente, observa Ellen de frente, a pega cuidadosamente pelo braço a levando em direção a um espelho na mesma sala em que se encontram.

 

Clara — Como todos dizem realmente somos idênticas! É tão bom te ver, a última vez tínhamos cinco anos. E quanto a mim, sou realmente linda, agora percebo que quando me elogiavam não era por piedade.

 

 

Na volta para casa, Clara se igualava a uma criança fascinada pela paisagem, olhando tudo, encantada com imagens, cores e formas, porém seu atual e maior desejo se resume em encontrar Carlos e vê-lo pela primeira vez.

 

Clara — Bem, vou chamar um taxi, pra me levar até lá, perguntar a ele por que não respondeu minhas mensagens nesses dias!

 

Fernanda — Calma, acabamos de chegar em casa, e você precisa de repouso!

Porém Clara sempre foi acostumada a fazer a própria vontade, então a mesma desce do veículo tentando se lembrar do número da casa, até que o mesmo vem a sua cabeça, 143, ela se aproxima da residência, mas ao olhar pela janela vê que a mesma está vazia, sem móveis ou qualquer sinal de morador. Um senhor se aproxima e pergunta:

 

Senhor — A moça está procurando pelo rapaz dessa casa?

 

Clara — Sim, Carlos, é aqui que ele mora não é?

 

Senhor — Morava, se mudou há uns dois dias, como a senhorita se chama?

 

Clara — Clara, mas o senhor sabe pra onde ele foi?

 

Senhor — Não, mas ele me deixou um bilhete para se caso uma moça com esse nome aparecesse.

 

Clara pede para que o homem leia o bilhete, e o conteúdo é o seguinte:

 

“Clara, sinto muito por talvez não ter sido o homem

que tanto esperava ou merecia.

Tentei muito te fazer a mulher mais feliz do mundo, mas

infelizmente percebi que jamais serei, por

isso devo deixar você seguir sua vida sem mim.

Preferi ir embora antes que você me visse depois da cirurgia

penso que seria muito mais difícil pra você se tivesse me conhecido depois

Adeus, te amo e sempre amarei…”

 

Rapidamente, volta ao taxi e pede que a leve para casa. Totalmente transtornada, Clara entra em casa sem dar explicações, é claro que Catarina já imaginou que Carlos não estava em casa, então percebe que Clara deixou o bilhete cair no chão, mostra para Ellen e sua mãe, e as duas se mantêm perplexas sem saber o motivo da fuga, já que Carlos a amava tanto.

Algum tempo depois chega Heitor, sem saber de nada leva com sigo quatro vestidos novos para noite e entrega a sua esposa e suas filhas, dizendo que na noite seguinte haveria em sua casa uma recepção para os executivos de sua empresa, e suas famílias.

 

Heitor — Será muito importante pra mim, principalmente para os negócios! E esse vestido e de Clara, onde ela está?

 

Ellen disfarça — É melhor deixá-la, parece que Carlos foi embora e ela não se sente bem.

 

Nesse momento Clara desce as escadas:

 

Clara ironicamente — Estavam falando de mim?

 

Fernanda — É que seu pai vai dar uma festa, uma recepção para os amigos da empresa na verdade, será amanhã a noite, mas acho que não vai querer participar.

 

Clara cinicamente — E porque não mamãe, ainda tem vergonha de mim? Eu vou participar sim, e vou estar simplesmente linda, será um pequeno presente ao Carlos, mesmo que ele não esteja aqui para me ver.

 

Ellen interfere — Ótimo, papai, posso trazer a Alice também?

 

Heitor — Sim é claro, como quiser!

 

Clara — Ah, vou sair daqui, essa ceninha familiar me mata.

 

A noite da festa chega vários convidados, inclusive Alice já havia estava ali, porém somente Clara e Ellen ainda estava se arrumando, cada uma em seu quarto.

Clara resolveu radicalizar, deixou seus belos cabelos negros soltos, optou por se maquiar de uma maneira que nunca havia feito antes, o batom intensamente vermelho era o que mais chamava a atenção, o vestido também vermelho e muito bem avantajado lhe caíram muito bem, dali por diante Clara se vestiria sempre daquela maneira.

Já Ellen usou o vestido lilás que lhe favoreceu, sua maquiagem resplandecia sua personalidade, que era serena e tranquila, Ellen estava simplesmente linda.

Clara sai do quarto para ir até o centro da recepção, porém ao ver perto do corredor uma garrafa de vinho e uma taça, enche a mesma e vai até o quarto de Ellen.

 

Clara com segundas intenções — Ellen! Nossa como você ficou linda!

 

Ellen — Mas, que houve com você, está diferente.

 

 

Clara — Sim estou e agora será sempre assim, mas queria te perguntar, se você já superou a morte de Danilo.

 

Ellen dá as costas — No que isso te interessa?

 

Clara com a taça na mão — Deve ser difícil, eu fui abandonada, mas o seu nunca mais irá ver!

 

Então se aproxima e fingindo que havia tropeçado derrama o vinho no vestido de Ellen.

 

Clara finge — Deus, me perdoe Ellen, ainda estou me acostumando a enxergar, mas não se preocupe, tenho outro vestido no meu quarto, vou trazer.

 

Clara vai até seu quarto e pega um vestido preto, pouco além do seu tamanho, que havia sido usado em um carnaval há algum tempo atrás; ao levar o vestido para Ellen, apenas deixa sobre a cama e desce em seguida para a festa. Tudo o que Clara desejava naquele instante era ver Ellen descendo com aquela roupa horrível.

Ellen começa a chorar e pede a Deus uma solução, pois não pode descer com nenhum daqueles vestidos, então de repente olha para as cortinas de seu quarto; elas eram brancas em um tecido leve e esvoaçante, então com alguns alfinetes, depois de enrolar em seu corpo, e prendê-lo, a cortina se torna o vestido mais lindo que alguém já havia visto.

 

Na festa, Alice percebe pelo sarcasmo de Clara que alguma coisa está errada para Ellen não ter decido ainda, mas de repente na bela escadaria da casa, eis que surge com um anjo belo, Ellen que no mesmo instante chama a atenção de todos. Ao se virar para ver a irmã derrotada, Clara não sabe o que faz, não se conforma e fica totalmente desconcertada.

Irritada com o acontecimento, Clara fica do lado de fora da casa encarando o vazio, até que um belo rapaz, com ótimo porte, cabelos escuros olhos castanhos porém profundos, se aproxima dizendo:

 

Renan — Clara?

 

Clara — Sim sou eu, quem é você?

 

Renan — Sou eu, Renan, lembra-se de quando éramos crianças? Além disso falei com você a pouco tempo, antes da cirurgia.

 

Clara sorri — Renan! Que ótimo, estou muito feliz em te rever, por que está aqui trabalha com o meu pai?

 

Renan se aproxima — Meu pai trabalha, eu comecei há pouco tempo, mas agora voltamos a morar aqui em Maresia. Sabe que eu nunca te esqueci.

 

Clara pensa no abandono de Carlos e diz:

 

Clara — Eu também, jamais te esqueci! “Rouba impetuosamente um beijo de Renan”.

 

Surpreso com o beijo repentino, também corresponde.

Assim como Clara, Renan não era de confiança, possuía muitos artifícios para conseguir o que queria, e também muito dinheiro, afinal o que desviava era o suficiente.

Não demorou muito tempo para que a aproximação de Clara e Renan chamassem a atenção de Ellen e Alice.

 

Alice cochicha para Ellen — Me desculpe falar desse jeito, mas àquele sujeito não parece de confiança, demonstra ser muito mau caráter!

 

Ellen — É Renan, amigo de infância de Clara, eu não gostava dele nem naquela época, mas é melhor relevarmos, ele pode ter mudado.

 

Era obvio naquele momento que Alice havia pressentido algo de ruim ao ver Renan, algo que ninguém poderia explicar, por esse motivo a mesma temia pela segurança de Ellen e sua família.

Alguns minutos depois, Catarina, um pouco desanimada se aproxima de Ellen e Alice.

 

Ellen — Que cara é essa Catarina? Ainda pensando no Carlos!

 

Catarina aflita — Você me conhece! É que eu não consigo ficar em paz sem saber onde ele está e pelo que está passando.

 

Alice — Pelo jeito ele deve ter feito uma boa escolha deixando a Clara de lado! Perdoe-me por dizer isso.

 

Catarina — Tudo bem, Clara nunca o mereceu. Vocês me desculpem, vou falar com o papai e subir para meu quarto, com licença.

 

Alice — Ela o ama de verdade, mas coitado, mesmo sem ter o conhecido, acredito que ele amava mesmo a sua irmã Clara.

 

A festa vai chegando ao fim, muitos convidados vão embora, Alice também se despede de Ellen e vai para sua casa, Clara e Renan são os últimos a se retirar; os dois se despedem já com encontro marcado para o dia seguinte; uma pequena conversa como diz Clara.

Renan havia se envolvido pela beleza e fascínio de Clara, tanto que seria capaz de fazer qualquer coisa que ela pedisse. Clara, no entanto via em Renan a possibilidade de seduzi-lo a fim de ter um comparsa para ajudá-la nos planos de vingança contra a família.

No dia seguinte, todos postos a mesa do café da manhã, Ellen pega a correspondência, e entre contas e outros envelopes, um deles chame-lhe a atenção, pois não possuía remetente e nada, a não ser um nome, “Lorelai”.

Ellen não hesita em abrir o envelope, já que esse nome lhe era familiar por algum motivo que ela ainda não compreendia. Como em todas às vezes a carta veio manuscrita, e nessa dizia o seguinte:

 

“Ao redor de ti existem tantos mistérios

que a afligem, não temas Deus está contigo

por mais que tudo possa piorar e com certeza irá.

Lembre-se que para grandes mudanças podem

ser necessários tormentos e ventos contrários…

Tenha fé…”

 

Fernanda — Jogue essa carta fora, provavelmente mandaram por engano, não vê o nome? Não era pra você!

 

Ellen desesperada — Não percebe mãe? Não é a primeira carta que recebo, e tenho certeza de que essa também é para mim, eu não entendo o que elas significam, mas só sei que elas me alertam de alguma coisa!

 

Imediatamente Ellen vai ao encontro de Alice.

 

Clara irônica — Eu também não suporto ficar vendo as ceninhas de Ellen, sempre tentando chamar a atenção. Eu vou me encontrar com Renan, até mais!

 

Ao chegar à casa de Alice, a mesma parecia pressentir que Ellen estava chegando, pois já estava do lado de fora como se esperando alguém.

 

Alice — Sabia que você viria se acalma!

 

Ellen surpresa — Como sabia que eu viria?

 

Ellen sempre soube que Alice tinha um ar pouco estranho, como se soubesse de muitas coisas e estivesse escondendo um segredo, mas naquele momento ela apenas desconversa e pede a Ellen que a acompanhe, pois iria levá-la a um lugar onde ela poderia buscar fortaleza e conversar com alguém que nunca iria desampará-la.

Chegando ao local Ellen se senta nos bancos e pergunta a Alice: __Me trouxe aqui na igreja da Copiosa Redenção? A fim de que? __Pergunta um pouco apreensiva.

 

Alice — Aqui Ellen, está a pessoa em quem você sempre poderá confiar, ele é a rocha onde podemos construir nossas vidas! Entregue suas preocupações a ele.

Quando você ficou nervosa veio direto a mim pra buscar forças, mas eu sou apenas intermediária, pois a força verdadeira está aqui. Eu, seus pais, suas irmãs, todos podemos te decepcionar, mas ele não.

 

Nesse momento Ellen não consegue dizer nenhuma palavra, apenas cai de joelhos em direção ao Santíssimo Sacramento e começa a chorar como se fosse uma criança pequena. Nesse momento as lembranças de Danilo, do abandono de Carlos, da situação de Clara, da ausência de seu pai e da constante tristeza de sua mãe vem átona, e após quase uma hora pensa chorando e orando, eis que se aproxima um sacerdote que ao observar a moça, lhe pergunta se a mesma deseja se confessar; já havia feito muito tempo que Ellen não se confessava; então aceita, e ao fim da confissão sente como se uma luz que a tempo não sentia voltasse a brilhar dentro de si, era uma limpeza da alma, uma sensação tão maravilhosa que era impossível descrevê-la, o único modo era senti-la. Ellen agradece profundamente a Alice por tê-la levado aquela igreja.

Naquele mesmo instante, Clara já estava em uma praça, num local mais reservado conversando com Renan.

Em certo ponto da conversa, Renan entra num assunto que os dois haviam começado na noite anterior, o motivo que levava Clara a ter tanto ódio da família, principalmente de Ellen.

 

Clara — Você lembra-se de quando éramos crianças, e eu sempre reclamei da atenção que davam a Ellen, sempre a boazinha, ela fazia as coisas que a nossa mãe pedia, a mais delicada, bonita! Mas quando fiquei cega e você foi embora tudo piorou, me senti reclusa mais e mais. Porém agora tudo vai terminar, tenho planos.

 

Renan — Que planos? Ser como a Ellen?

 

Clara — O plano é ser ela.

 

Nesse momento ele se assusta, e ao perguntar como deseja fazer isso a resposta soa como um tiro certeiro.

 

Clara — Quero matá-la e assumir o lugar dela, e fazer de conta que Clara simplesmente fugiu!

 

Renan desnorteado — Não acredito, não pode estar falando sério!

 

Clara se aproxima — Estou, e espero que me ajude! Ou será que não me ama como confirmou ontem. Você disse que faria tudo por mim, será que era apenas algo do momento? Vai me ajudar?

 

Renan — Está bem, só por que estou perdidamente apaixonado por você, mas, o que eu ganho com isso?

 

Clara — Depois que ocupar o lugar de minha irmã e fazer com que minha família sofra um pouco, prometo que fujo com você para bem longe daqui, o que acha?

 

Renan a beija— Farei o que você quiser!   —Mas como pretende que isso aconteça?

 

Clara — Me ligue um pouco mais a noite, vou pensar em alguma coisa e ai te aviso, mas agora apenas me leve para casa.

 

Chegando próxima à sua casa, a Clara pede a Renan que a deixe descer do carro para caminhar sozinha o pouco caminho que restava, ele a compreende e a atende com precisão.

Andando aquele pequeno caminho que restava até chegar, Clara pensa em toda sua família, crendo que eles sempre foram os culpados pela sua infelicidade, pois na sua maneira de ver, Ellen e Cataria receberam toda a atenção, carinho e amor de seus pais. Nesse momento ela começa a bolar planos. Clara em certos momentos se igualava a pessoas sádicas e sem qualquer tipo de amor, tanto que acaba levando em consideração dar um fim em sua família através da morte ou de outro tipo de sofrimento.

Ao chegar perto de casa é tomada por um súbito susto e desespero ao se deparar com um homem parado em frente à porta, e em direção a ela; o homem vestia uma grande capa marrom escuro, com um capuz na cabeça e a mesma estava inclinada para baixo, devido a isso não tinha como ver seu rosto.

 

Clara assustada — O, o que… quer? Saia daqui.

O homem não mexe um músculo, parece hipnotizado com a voz da moça.

Clara insiste — Não me ouviu, sai!

 

Vagarosamente o homem recua, e Clara entra rapidamente.

 

Mais a noite chega a hora do jantar. Fernanda havia feito um belo cozido, pois adorava cozinhar, mesmo tendo outros empregados

A família toda reunida começa a jantar, a felicidade de Ellen e muito visível, parece muito mais contente e serena do que quando havia conhecido Danilo.

 

Clara cínica — Nossa Ellen o que foi que aconteceu, parece até que esqueceu-se de Danilo e da sua trágica morte!

 

Heitor interrompe — Pare com isso Clara, não tem motivos para atacar sua irmã.  .

 

Ellen — Deixe papai, nem Clara e nem ninguém vai consegui tirar minha alegria! Posso dizer que hoje Alice me mostrou que existe algo muita além do que eu posso enxergar!

 

Clara cai em uma gargalhada tão sinistra que faz com que todos que estão à mesa se assustem e a olhem sem piscar nem um momento.

 

Clara — Desculpem, mas essa pose de santa não cai muito bem em você minha irmã, mas se quiser te levo em um convento, daria uma bela freira, porque qualquer homem que tenha sã consciência não ficaria com você, e se Danilo estivesse vivo provavelmente se suicidaria daqui alguns anos depois de te conhecer melhor!

 

Fernanda adverte — Clara para com isso, está passando dos limites!

 

Catarina — Ela não tem jeito, deixe pra lá!

 

Ellen diz calmamente — Tudo bem Clara, nunca guardei nenhum rancor de você mesmo.

 

Clara só para de rir depois que seu celular toca, de repente ela fica seria e apenas diz que vai ter que atender, levanta-se e sobe imediatamente para o quarto.

Heitor achando estranha a repentina mudança de humor de sua filha, sobe sem que ela veja até seu quarto, fica atrás da porta para ouvir a conversa.

 

Clara — Alô Renan? Sim, sim, já pensei em alguma coisa, quero que consiga uns dois capangas até manhã, provavelmente Ellen vai até a casa daquela amiga esquisita dela! Ai peça a eles que a sequestrem, podem ficar de prontidão em frente a minha casa.

 

Renan — E onde vou levá-la?

 

Clara — Amanhã também procure algum cativeiro, alguma cabana abandonada, mas um pouco retirada.

 

Renan — E quanto tempo ela vai ficar lá?

 

Clara — Quanto ela estiver lá me avise, eu quero vê-la, e depois pode mandar matá-la. Mas agora vou desligar, vou descer antes que comecem a estranhar a minha demora, beijos até amanhã.

 

Nesse momento Heitor entra no quarto e surpreende Clara dizendo.

 

Heitor horrorizado — Ouvi direito? Você pretende sequestrar sua irmã? E mandar matá-la?

 

Clara nervosa — Na… Não, não é isso que você ouviu, é, é tudo mentira.

 

Heitor — Não, eu ouvi direito, só não entendo como você pode se transformar em um mostro como esse, com a coragem de matar sua própria irmã? A troco de que.

 

Clara ainda assustada porém com ódio — Pai não, o que vai fazer?

 

Heitor saindo do quarto — Primeiro vou descer e falar a todos, principalmente para que Ellen tome cuidado, depois a única coisa que posso fazer para garantir a segurança e todos é te colocar em uma cadeia, ou num sanatório que pode ser o seu lugar!

 

Clara o segue — __Não, pai espere, não faça isso, não!

 

Sem pensar e levada pelo momento, a fim de que seu pai não entregasse seus planos, Clara empurra Heitor pela escada.

Heitor rola os degraus, Chegando ao final todos se levantam da mesa apavorados para ajudá-lo, Clara também desce as escadas.

 

Clara grita e chora — Meu Deus ajude, ele ia descendo e não sei, deve ter escorregado ou tropeçado! Pai, pai volta!

 

Depois de colocar os dedos no pescoço de Heitor, Catarina também percebe que ele havia quebrado o pescoço na queda, naquele instante ele já estava sem vida.

Ao ver o corpo do pai caído, mesmo chorando, no fundo Clara estava profundamente contente, e em seu íntimo pensava.

 

Clara pensa — Por que foi me ouvir? A minha vingança começaria por Ellen, mas quis ser o primeiro, descanse em paz paizinho

 

Quanto ao resto da família, não sabem o que fazer. Ficam em estado de choque, especialmente Ellen, que busca silenciosamente consolo em seu coração, e consagra mesmo desesperada aquela situação a Deus.

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