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Filho Amado

Capítulo 19 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 19.

 


 

Bravejo fica perplexo: Como assim? Você sempre foi o meu vice desde meu primeiro mandato, não posso te perder agora, justo em 2014, e olha que o José do Gado parece que viajou pra Cuiabá só pra pegar ideias de campanhas eleitorais, sem você Leopoldo eu vou perder!

 

Leopoldo, confiante: Não vai não…

 

Bravejo, indignado: VOU SIM! Me diz, porque sair agora? Você está com raiva de mim? Eu te fiz alguma coisa?

 

Leopoldo o tranquiliza: Não fez nada, só que eu ganhei um cupom de viagem, e resolvi viajar pois minha vida estava muito corrida ultimamente!

 

Bravejo tenta: Eu cubro essa sua viagem! Te dou o dobro! Pra onde é? São Paulo? Rio de Janeiro?

 

Leopoldo: Para Paris, Roma e Lisboa.

 

Bravejo se lamenta: É o meu fim, sem você eu não tenho chances.

 

Leopoldo se levanta: E aí que o senhor se engana- Ele abre a porta e chama alguém- Eu trouxe alguém que me substitua, uma pessoa muito melhor do que eu.

 

Bravejo, curioso: Quem?

 

Noronha entra: Bom dia, Coronel bravejo!

 

O Coronel não o reconhece.

 

Noronha tira os óculos escuros: Está precisando de Ômega 3, já se esqueceu de mim?

 

Bravejo: Não faço a minima ideia de quem você seja…

 

Noronha ri falsamente: Me chamo Noronha Dávila, será que pelo nome dá pea lembrar?

 

Bravejo se levanta, surpreso: NORONHA!

 

Ruas da cidade…

 

Clécio estaciona o carro em frente a loja, sai com ele sua mãe, Taléfica.

 

Ema chega com Bruno.

 

Clécio abre a loja: Que bom que você chegou no horário hoje, Bruno- Ele liga o alarme da loja- Como vai, dona Ema?

 

Ema, nada contente: Vou bem na medida do possível.

 

Taléfica reconhece ela: EMA! Minha velha amiga, agora que parei pra olhar, vi que era você- Ela abraça Ema- Quanto tempo…Lembra da vez em que você foi lá em casa pedir emprego pro Bruno?

 

Ema, sem graça: Você não me deixa esquecer…

 

Taléfica: Tá fazendo o quê por essas bandas?

 

Ema senta no banco da loja: Eu passei pra trazer o Bruno aqui e depois vou visitar a 

 

Anna Dávila, descobri que o filho dela, o Noronha, voltou depois de anos, e ele era muito amigo do Bruno, portanto preciso descobri onde ele está hospedado e ir até lá, pra pedir uma oportunidade pro Bruno!

 

Taléfica, curiosa: Eu ouvi falar desse Noronha…Mas nem sei quem ele é direito…

 

Ema ri: Ele é filho da Anna e do Bento, da família Dávila, eles moram pra lá do posto policial, na região “ nobre” da cidade- Ela pensa um pouco- Achei que vocês sabiam da existência dele, a Aurora nunca contou?

 

Taléfica fica morta de curiosidade: Contou o quê?

 

Ema conta: Do casamento, o Noronha e ela quase se casaram, mas ele fugiu no dia da cerimônia, por que estava sendo acusado de assassinar o antigo prefeito da cidade, é uma história muito complicada…

 

Taléfica fica perplexa: Então a Aurora já teve outro noivo?

 

Ema se levanta: É, eu tenho que ir, Taléfica, depois de visitar a Anna ainda tenho faxina lá no Bairro Azul, tchau- Ela sai- Tchau filho!

 

Bruno enumera algumas caixas: Tchau, mãe.

 

Casa dos Dávila.

 

Anna e Éssio tomam café da manhã.

 

Anna, tensa: Éssio, o que aconteceu ontem? Porquê você chegou aquele horário?

 

Éssio confessa: Bebi demais, mãe, foi sem querer…

 

Anna: Beber demais é normal, mas você continua com a cara de preocupado, aconteceu OUTRA coisa?

 

Éssio lembra de Zézão caído na estrada: Não aconteceu nada demais, só essa volta repentina do Noronha que me deixou abalado, e o pior, ele tá mais rico do que nunca, e eu continuo com essa vida tosca!

 

Anna, brava: Não fala assim, o Noronha não é nada comparado a você. Quando chegamos no purgatório, filho, não importa se somos ricos ou pobres, o que importa são os nossos valores e sentimentos, você é pobre mas é do bem, confiante, e incapaz de matar uma mosca, e o Noronha apesar de ser rico, é falso e dissimulado, ruim desde criança, cruel e venenoso, ele voltou pra nos fazer o mal, Éssio, mas eu não vou deixar, tá escutando? Eu não vou deixar ele nos fazer nada.

 

Bento chega, desolado.

 

Anna, ríspida: O que aconteceu? A essa hora em casa?

 

Bento se senta cabisbaixo na mesa: Hoje o patrão decretou luto, ninguém tá trabalhando, porque o Zézão morreu. Aliás, foi achado morto na estrada.

 

Éssio gela.

 

Anna: Pra você ver como são as coisas nessa vida, um dia podemos estar bem, e no outro podemos morrer repentinamente.

 

Bento bate forte na mesa: Mas o Zézão não morreu de uma hora pra outra, ele foi assassinado por algum cretino, quem será o ser cruel capaz disso? Conheço ele há anos, sempre foi bom e respeitoso!

 

Anna: A polícia vai descobrir, Bento, criminoso foge foge mas acaba sendo punido!

 

Éssio fica paralisado.

 

Bento tira suas botinas: Agora eu vou tomar banho, e ir pro velório dele.

 

Ema entra: Bom dia a todos!

 

Bento, alegre: Ema, que prazer te rever, só não te abraço porque acabei de chegar da lavoura!

 

Ema, feliz: Não tem problema, Bento!

 

Anna, seca: Está fazendo faxina por aqui perto?

 

Ema: Na verdade não, eu vim porque soube que o Noronha voltou, queria saber onde ele está hospedado, queria pedir que ele ajude o Bruno a arrumar um emprego, o que o meu pobre filho ganha é pouco para sustentar a gente.

 

Anna: Gente interesseira é mais rápida que lebre.

 

Bento ignora a esposa: Ema, ele está hospedado nesse hotel aqui- Ele pega um papel- São Cristovão Hotel’s, na cidade vizinha, é perto do estádio municipal!

 

Ema lembra: Eu sei muito bem onde é, faço faxina lá perto de vez em quando na casa de uma senhora, inclusive vou pra lá amanhã mesmo- Ela comemora.

 

Bento, orgulhoso: Pode ir sim, o Noronha gostava muito do Bruno, tenho certeza que irá ajuda-lo.

 

Anna, maldosa: SE ele ainda se lembrar do Bruno.

 

Prefeitura…

 

Bravejo, alegre: Vou te confessar, Noronha, quando o Leopoldo me disse que ia sair fiquei sem chão, mas depois das propostas que você me fez, estou muito mais confiante, você voltou da capital um gênio!

 

Noronha minimiza: Isso não é nada demais, são apenas ideias para melhorar Vila Varzeônica- Ele se levanta e estende o braço: Mas e então? Eu vou poder ser o seu vice nas eleições no mês que vem?

 

O Coronel aperta a mão de Noronha: Sim, você poderá, semana que vem os representantes do governo vem aqui oficializar as eleições, e você tem que estar aqui para assinar os documentos- Ele vibra- Esse ano eu derroto o José do Gado, de lavada ainda mais!

 

Leopoldo, contente: Eu disse que o Noronha era um substituto a minha altura, sendo assim, vou poder viajar tranquilamente.

 

Bravejo, curioso: Ainda não entendi: Quem te pagou passagens pra um cruzeiro na Europa, Leopoldo?

 

Noronha faz cara de segredo.

 

Leopoldo inventa: Eu ganhei, em um concurso, Coronel.

 

Lá fora…

 

Noronha e Leopoldo saem da prefeitura.

 

Leopoldo, feliz: Que bom que tudo está saindo como o que você planejou.

 

Noronha, sério: Isso mesmo, e o próximo passo é você deixar essa cidade, semana que vem no máximo, as passagens são para daqui a quinze dias.

 

Leopoldo, aflito: Mas mesmo saindo  daqui eu fico preocupado, você com esses planos, me deixa nervoso.

 

Noronha o tranquiliza; Não fique nervoso, relaxe e esqueça essa praga de lugar, aliás, eu tenho certeza de que quando você chegar em Paris, vai esquecer esse lugar- Ele sai caminhando- Até outro dia, tio, e siga minhas instruções se você quiser se dar bem.

 

O detetive Américo está sentado em um banco da praça perto da prefeitura.

 

Noronha chega: Obrigado por ficar me esperando, detetive, estava acertando os detalhes da minha candidatura a vice-prefeito.

 

Américo, curioso: E pra quê o senhor quer ser vice-prefeito daqui se o senhor pode ser deputado federal?!

 

Noronha põe seus óculos escuros novamente: A curiosidade matou o gato mas ainda fez ele sofrer um pouco…- Eles caminham para algum lugar- Em breve você saberá, e os outros também, mas agora eu quero te contar o porque de eu te trazer comigo nessa viagem.

 

Américo: Estou muito curioso…

 

Noronha: Eu quero que você descubra tudo o que conseguir sobre a minha família, e principalmente sobre a minha mãe-Ele tira uma foto do bolso- Essa é a foto de minha mãe jovem, pedi pro papai ontem durante o jantar, o fato é que minha mãe nunca gostou de falar do passado dela, a danada sempre conseguia “ fugir” do assunto, mas agora que voltei, quero saber TUDO sobre ela.

 

Américo: E como vou pesquisar sobre ela?

 

Noronha instrui: Você e eu estamos indo agora para o Acervo de Vila Varzeônica, lá tem jornais antigos e tudo mais sobre a cidade, você vai ter que procurar notícias sobre nossa família lá, e me trazer essas noticias, eu tenho certeza que há alguma coisa interessante sobre os Dávila!

 

Américo compreende: Entendi, Noronha, pode deixar comigo, eu vou me esforçar ao máximo para descobrir algo sobre sua mãe.

 

Eles chegam no “ Acervo”, mas as portas estão fechadas.

 

Noronha: Estranho…Será que esse prédio fechou?

 

Um guarda chega: Esse prédio é restrito para poucos, se você quiser entrar terá de tocar o interfone e pedir permissão ao zelador.

 

Noronha: Pois é isso que eu vou fazer- Ele toca no interfone.

 

Zelador: Quem é?

 

Noronha: Aqui é Noronha Dávila, eu gostaria de entrar no acervo, por favor, é um caso urgente.

 

O Zelador faz tom de terror: Você disse Dávila? Ah…Desculpe, estamos em reforma, só abriremos mês que vem!

 

Noronha insiste: Mas eu preciso muito!

 

O Zelador nega: Não posso, desculpe- Ele desliga o interfone.

 

Noronha bate o pé no chão: Ele não pode me impedir de entrar aqui, detetive, vamos ter que voltar outra hora, e entro nem que precise destruir essa porta, agora vamos voltar pro hotel, o Domingues deixou o helicóptero um pouco longe.

 

Mansão de José do Gado.

 

Aurora desce as escadas com um monte de roupa: Enquanto meu pai viaja pra Capital, você vai ter menos roupa pra lavar, Conceição.

 

Conceição pega uma bacia e põe as roupas: Ainda bem que inventaram a máquina de lavar, dona Aurora.

 

Aurora repara em um casaco de Clécio no sofá: Ah, o Clécio é um desmantelado mesmo, vive deixando os casacos e roupas largados no sofá- Ela pega o casaco, mas várias fotos caem do bolso.

 

Conceição: Fotos?

 

Aurora recolhe algumas fotos, parece assustada: Meu Deus…O que significa isso?

 

São Cristovão Hotel’s.

 

Noronha e o detetive Américo caminham até a porta do hotel, Josélia e Figaro passam correndo.

 

Noronha grita: Ei, ei! Que correria é essa?

 

Figaro, desesperado: A Jasmine ligou pra gente, o Caio se afogou na piscina do hotel, Noronha!

 

Noronha, desesperado: Como é?- Ele larga as malas- E onde é essa piscina?

 

Josélia os guia: É pra cá, vamos, vamos!

 

(Tema de Noronha e Jasmine).

 


 

Termina o capítulo 19.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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