Capítulo 18 – Para Todo o Sempre
*No capítulo anterior, quem bateu à porta de Odete foi Alice, e não Carlota, como está lá.
CENA 1. CASA DE ODETE. DIA
Continuação imediata da cena do capítulo anterior, com Alice batendo à porta de Odete procurando abrigo.
Odete fica surpresa ao ver Alice.
ODETE – O que quer?
ALICE – Eu e Alfredo fomos expulsos do castelo por aquele tirano do Armando.
ODETE – E o que eu tenho com isso?
ALFREDO – Eu tenho certeza que a senhora tem muito a ver com isso. (Dá uma olhada ameaçadora a Odete)
Alice repreende o mordomo.
ALICE – Por favor, Alfredo, não estamos em condições de brigar com uma alma tão bondosa como a de Odete, não é?
ODETE – Entendi, então. Vocês querem ficar aqui? Na minha casa?
ALICE – O seu filho foi expulso do castelo também. Se nos unirmos podemos derrotar Armando.
ODETE – Não seja hipócrita, Alice.
ALICE – Então vamos para o assunto principal. Você quer discuti-lo aqui na rua ou vai me convidar para entrar?
ODETE – (com raiva) Entrem.
ALICE – (entrando, falando com Alfredo) Cuidado com as minhas malas, Alfredo. Tem vestidos aí que valem mais de um ano de seu salário.
Maria, que estava vendo toda a movimentação da porta de sua casa, ficou curiosa para saber o resto da conversa. Foi escutar atrás da porta de Odete.
CENA 2. CASTELO. MASMORRAS. DIA
Nem dava pra saber se era dia ou noite nas frias e úmidas masmorras do castelo de Veseli. Nesses dias que Augusto e Daniela estavam presos, eles comeram somente duas vezes, quando o príncipe Rogério foi visitá-los, furando o bloqueio da guarda real.
DANIELA – Você está sendo um anjo, Rogério.
ROGÉRIO – (com um sorriso de canto de boca) Fico feliz de não ser mais considerado um príncipe mimado pela princesa.
DANIELA – Ora, cala a boca!
AUGUSTO – Filha! Tenha mais gratidão pelo príncipe Rogério. Não sabemos até quando ele ficará aqui.
ROGÉRIO – É justamente sobre isso que eu vim falar com vocês. Armando expulsou todos do castelo. Todos, inclusive a rainha Alice.
AUGUSTO – Alice foi expulsa? E agora?
ROGÉRIO – As más línguas dizem que ela foi pedir abrigo com a mãe do moribundo que estava hospedado aqui.
DANIELA – Alexandre não é um moribundo! Ele levou um tiro tentando nos defender do ladrão Robin.
ROGÉRIO – Que seja. O que importa é que ele foi expulso também.
DANIELA – O quê?! Mas ele precisa continuar o tratamento!
ROGÉRIO – Sua preocupação excessiva com o plebeu me incomoda, meu amor.
DANIELA – Não é preocupação, é…
AUGUSTO – Já chega. Rogério não tem muito tempo até os guardas o descobrir aqui. Então me diga: que história é essa de Alice ficar hospedada na casa da mãe de Alexandre? De onde elas se conhecem?
ROGÉRIO – Não sei, Majestade. O que sei é que Armando já deu aviso para que saiamos daqui também. Mamãe está furiosa. Quer contatar o exército da França para declarar guerra a Veseli.
Ouve-se passos. Os guardas reais descobriram Rogério nas masmorras.
GUARDA – Novamente, príncipe? Eu terei que prender Vossa Alteza se continuar visitando os presos traidores.
ROGÉRIO – Não é necessário. Eu já estou de saída. Do castelo, inclusive. Coma todo o sanduíche, Daniela. E não esqueça de jogar tudo no lixo, está bem?
Depois que Rogério sai.
DANIELA – (comendo) Mas é um insolente mesmo. Quem ele pensa que… mas o que é isso?
Ela puxa de dentro do sanduíche um papel enrolado. Daniela abre e tem um recado de Rogério:
“Estamos sendo expulsos do castelo, mas não tema. Irei tirá-la das masmorras. Este tipo de masmorra é muito comum nos castelos da França. Sei como sair deles facilmente. A princesa precisa encontrar alguma passagem secreta. Elas normalmente ficam ao norte. Por isso escondi uma bússola no recipiente do lanche. Boa sorte, amor.”
DANIELA – (rindo) Não poderia deixar de fazer uma graça.
AUGUSTO – Esse príncipe é para casar mesmo, não é, minha filha?
DANIELA – Vamos deixar esse assunto para depois? Temos muito trabalho a fazer.
CENA 3. CASA DE ODETE. DIA
Alice e Alfredo já se instalaram na casa de Odete. Odete fez um chá para eles, a muito contragosto.
ALICE – Esse chá está divino, Odete. Muito bom mesmo. Muito melhor do que os que o Alfredo faz.
Alfredo lança um olhar para Alice, como que dizendo “não precisa puxar tanto o saco de Odete”.
ODETE – Bem, quanto tempo pretendem ficar aqui?
ALFREDO – Bem direta você, não é?
ODETE – Não gosto de fingir, Alfredo.
ALICE – Ah, gosta sim.
ODETE – Eu já falei para não tocarmos nesse assunto. Ainda mais aqui. Alexandre pode chegar a qualquer momento!
ALICE – Então você nos deixará ficar em sua casa quanto tempo precisarmos.
ODETE – Não pense que não tem nada a se explicar se essa história vier a público.
ALICE – Está me ameaçando? Eu devo refrescar a sua memória. Você aceitou ficar com ele por livre e espontânea vontade.
ODETE – Porque você ia jogar ele no rio! Eu não poderia deixar você matar seu próprio filho! Então eu o peguei para criar. Eu peguei Alexandre, o SEU filho que você iria matar!