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Filho Amado

Capítulo 17 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 17.

 


 

Clécio chega em casa.

 

Taléfica, que estava costurando, sai correndo para falar com ele: Ainda bem que você chegou, filho, preciso falar coisas sérias contigo, a respeito do seu casamento.

 

Clécio sobe as escadas: Eu vou tomar banho, depois a gente fala disso, mãe…

 

Taléfica insiste: Seu casamento é mais importante que o banho, desça já aqui e escute os conselhos da sua mãe!

 

Mas Clécio continua subindo as escadas: DEPOIS, mãe.

 

Taléfica bate os pés no chão: O Clécio é teimoso igual o pai, se a Aurora pedir a separação minha vida de luxo acaba, e eu vou ter que voltar pra aquele maldito asilo, onde a comida é azeda e fedida!Não posso deixar os dois se separarem, não posso e não vou!

 

Clécio entra no quarto, onde Aurora lê uma revista: Boa tarde, Aurora.

 

Aurora, séria: Eu preciso falar com você, Clécio, e é um assunto sérissimo!

 

Clécio tira sua camisa: Você e minha mãe tiraram o dia para assuntos importantes? Vou tomar um banho e depois falo com você e com a velha lá embaixo.

 

Aurora o impede de ir para o banheiro: NÃO. Eu já esperei demais, Clécio, tá na hora de você me escutar, pelo menos uma vez, poxa, eu preciso ficar mendingando a sua atenção!

 

Clécio a beija: Não se preocupe, amor, eu vou te dar o quanto de atenção precisar, mas não fedido, por isso estou indo tomar banho- Um helicóptero passa, fazendo enorme barulho- Nossa, deve ser o helicóptero do Noronha!

 

Aurora, paralisada: Helicóptero de quem?

 

Clécio pega sua toalha: Do Noronha, um homem que morou aqui por uns anos e voltou, filho de uma tal Anna, parece que o sujeito até abandonou a noiva no altar, acredita?

 

Aurora lembra de todo o seu passado, a respiração começa a ficar ofegante: Ele…Voltou?

 

Clécio confirma: Sim, porquê? Você o conhece?

 

Aurora começa a se sentir mal: Não…Não é possível…Não pode ser!- Ela desmaia e cai no chão.

 

Clécio, assustado: Aurora! Aurora, fala comigo!- Ele a põe no colo e desce as escadas com a esposa até a sala, depois a deixa em um sofá- Conceição! Conceição traz um copo de água, rápido, a Aurora desmaiou!

 

Taléfica chega: O que houve?

 

Clécio tenta acorda-la: Não sei, mãe, eu falei uma coisa e ela desmaiou, começou a se sentir mal do nada…- Ele dá leves tapas na face da mulher- Aurora! Aurora!

 

Casa dos Dávila/ Tarde.

 

Anna, ao telefone: É hoje as oito, Alminha, então tá, até lá, cunhada- Ela desliga.

 

Bento chega: Ai, que calor insuportável, cadê o frio que não aparece mais?- Ele entra em casa- Nossa…Que cheiro de queimado!

 

Anna fica o observando: Cadê o Éssinho? Não veio com você?

 

Bento tira suas botas: Nós brigamos, Anna, ele andava implicando com alguns trabalhadores, e andava provocando também, fui reclamar e ele me disse que preferia estar desempregado do que trabalhar em um lugar com “ pobres nojentos”.

 

Anna, inconformada: Alguém deve ter provocado o Éssinho, ele não é de ter esse tipo de comportamento.

 

Bento, cansado: O Éssio SEMPRE teve esse comportamento, só você que se recusa a enxergar. Ele pelo visto não apareceu, deve estar se embebedando em algum bar, pra afogar as mágoas.

 

Anna, irritada: Justo hoje essa briga tinha que acontecer!

 

Bento estranha: Tem algo de especial hoje por acaso?

 

Anna pede para que ele se sente: Aconteceu uma coisa terrível, Bento, ele voltou.

 

Bento não entende: Ele quem?

 

Anna, querendo chorar: O Noronha, Bento, ele voltou.

 

Bento, morrendo de felicidade: O Noronha voltou?

 

Mansão de José do Gado…

 

Quarto de Aurora e Clécio…

 

Marinez, cuidadosa: Tem certeza que você já está melhor, filha? Eu fiquei assustada quando a Taléfica me contou do desmaio!

 

Aurora, já deitada: Eu tô melhor sim, mãe, foi apenas um desmaio bobo, acho que minha pressão baixou.

 

Marinez fecha as imensas cortinas do quarto: Então repouse, eu já coloquei sal na sua língua, com o tempo tudo volta ao normal, vou te deixar descansar e ajudar a Conceição com a lista de compras.

 

Aurora: Espera, mãe…Eu preciso te contar uma coisa…

 

Marinez se senta na cama: Pode falar, filha, eu estou sentindo que você quer me dizer alguma coisa!

 

Aurora começa a chorar: Eu descobri que o Noronha voltou, mãe, aquele desgraçado voltou pra Vila Varzeônica- Ela não se contém e começa uma choradeira.

 

Marinez a acalma: Filha, porque esse chororô? Vai me dizer que você ainda sente alguma coisa por aquele homem? Ele te abandonou no dia de seu casamento, pra fugir da culpa que tinha no assassinato do seu padrinho Chico Branco, esse homem não te merece, Aurora! Esqueça ele de vez!

 

Aurora confessa: Esses anos todos o fantasma do Noronha sempre me assombrou, afinal, nós nos amávamos demais, mãe, tinhamos uma história de amor! História que inclusive nunca contei pro Clécio!

 

Marinez instrui: E nem vai contar, ele não precisa saber dessa maldita história, vamos apagar aqueles episódios do passado, o Noronha não te amava, apenas inventava que te amava, você sabe o quanto ele é sangue frio, foi capaz de MATAR uma pessoa!

 

Aurora não para de chorar: Tudo bem, você tem razão, eu vou esquecer isso de vez e parar de lamentação, não tenho mais nada com esse homem! E se depender de mim, o Clécio nunca vai saber.

 


 

O que as duas não sabem é que Taléfica escuta tudo atrás da porta, com um copo: Essa ovelhinha da Aurora tem um passado e tanto pelo que pude ouvir-Ela tira o copo da parede- De repente veio uma ideia genial na minha cabeça!- Ela sai rindo pelo corredor.

 

São Cristovão Hotel’s.

 

Quarto de Noronha e Jasmine.

 

Noronha põe seu terno: Coloque sua roupa mais brilhante e deslumbrante, Jasmine, quero que a ralé saiba o que você pode vestir.

 

Jasmine escolhe um vestido vermelho sangue: Eu ainda estou muito preocupada com o reencontro que você teve com sua mãe, vocês foram muito agressivos um com o outro, pelo que você me disse.

 

Noronha põe perfume: E você queria que eu tratasse aquela tosca com carinho? Ela não vai ter mais paz enquanto eu estiver aqui, anote isso, aliás, anote tudo o que estou prometendo, pra depois não dizer que não avisei.

 

Jasmine escolhe alguns brincos: Mas ela é sua MÃE!

 

Noronha se olha no espelho: É sim, no papel, na alma não, agora chega desse papo, Jasmine, você não vai conseguir me convencer de desistir dos meus planos, estou decidido e ponto- Ele abre a porta- Vou ficar esperando você e os outros na recepção, não se atrase ou já vamos ficar conhecidos como “Demorados”.

 

No quarto ao lado…

 

Josélia coloca um enorme brinco: Acho que já estou chique o suficiente, assim como o Noronha pediu.

 

Figaro põe uma gravata borboleta: Você está linda…Eu já te vi usando roupa reciclada, lembra? Você lembra da época em quemoravamos no lixão do Garcia?

 

Josélia se treme: Não me fale desse lixão, Figaro, nunca mais quero pisar lá- Ela pega uma mini-mini bolsa- É por isso que temos que ser obedientes ao Noronha e a Jasmine, eles nos tiraram da pobreza, e não queremos voltar pra lá.

 

Figaro: E cadê o Caio? Ele falou que ia se arrumar faz tempo!- Ele sai procurando pela suite- Onde é que esse menino se meteu? Além de ficar no nosso quarto ainda dá jeito de se esconder!.

 

Caio, que estava dentro do guarda-roupa, pula nas costas de Figaro: Eu sou um dinossauro!

 

Figaro o tira de suas costas: Cuidado, garoto, eu tenho problema de coluna, tá pronto pra ir no jantar?

 

Caio: Sim, só falta amarrar os tênis, e eu não sei.

 

Figaro: Amarra os tênis dele, Josélia.

 

Josélia se recusa: Não, amarre você.

 

Figaro: Eu me esqueci como se amarra, por isso que só uso esses sapatos sem cadarço- Ele exibe seus sapatos- No helicóptero seu pai amarra seus sapatos, agora vamos pra recepção, eles já devem estar nos esperando.

 

Na recepção estão Noronha, Jasmine, o detetive Américo e o piloto Domingues.

 

Noronha, feliz: Então vamos!

 

Casa dos Dávila.

 

Anna termina o jantar: Estou preocupada, o Éssio ainda não chegou até agora! O que aconteceu com meu filho, santa Georgia?

 

Bento chega, está muito elegante: Ainda bem que o Éssio tem mais de 30 anos, é vacinado, sadio, e que eu saiba paga todos os impostos, para de preocupação!

 

Anna justifica: Ele não é disso, Bento, por isso que me preocupo, ele nem pra avisar que ia dormir fora…Vai deixar meu coração aflito!

 

Bar de Gendoval/ Noite.

 

Éssio bebe mais um copo de cachaça, já está bocejando de bêbado: Ô Gendoval, passa aí mais uma dose, vai, tô com pressa.

 

Gendoval porém fecha o armário de bebidas: Por hoje chega, Éssio, eu já vou fechar o bar, já devia ter fechado, você sabe que preciso ir cuidar da minha esposa no hospital!

 

Éssio joga todo o dinheiro que tem: Fica com o troco, idiota, não quer me dar a cachaça? Eu pego em outro bar, tem bares aqui melhores que o seu, eu só venho aqui por pena de você…Pena…- Ele sai caminhando sem rumo.

 

Gendoval limpa o balcão: Aposto que a dona Anna nem sabe que ele tá aqui…

 

Casa de Bruno/ Cozinha.

 

Ema serve o macarrão para o filho e para o esposo: Aqui está, o famoso macarrão com azeitonas que há anos eu não fazia.

 

Helder pega o garfo, com as mãos sujas: É uma das únicas coisas que você sabe fazer na cozinha, além de peixe empanado.

 

Bruno, com o sorriso no rosto: Eu tenho uma coisa pra falar pra vocês!

 

Helder come como um selvagem: Por essa felicidade você deve ter sido promovido naquela loja de sapatos baratos!

 

Bruno continua feliz: Vou ignorar seu comentário, pai, o motivo da minha felicidade é que descobri hoje que o Noronha Dávila voltou!

 

Helder cospe todo o macarrão: Aquele infeliz, se eu cruzar com aquele nojento eu mato ele! Foi esse Noronha que te fez ser preso, e quase me fez ser preso também!

 

Bruno: Aquilo lá foi um mal entendido, o Noronha era meu melhor amigo, conheço ele, jamais seria capaz de matar ninguém!

 

Ema, alegre: Ele voltou! Que bom! Ouvi dizer que ele enriqueceu e virou deputado!

 

Helder cospe de novo: Deputado? Não sabia disso, achei que ele tinha voltado pra conseguir emprego aqui!

 

Ema se senta: Deixa de ser besta, Helder, ele é milionário- Ela bate forte na mesa- Essa pode ser nossa chance de sair da miséria, você pode procurar ele, Bruno, e pedir um cargo na câmara dos deputados!

 

Bruno, com medo: Sei lá, acho que ele nem lembra mais de mim…

 

Ema protesta: Lembra sim! Pode deixar que eu descubro onde ele tá hospedado, e você vai lá pedir um emprego decente pra ele!

 

Enquanto isso…

 

Éssio sai zanzando pela estrada, ele resolve entrar na mata para se aliviar, e de lá segue um caminho rural, por o “ contorno” da cidade, ele vai passando por um trecho escuro, quando escuta seu nome ser chamado e para.

 

Zezão se aproxima: Ora, ora, é o filho do Bento Dávila! Tá fazendo o quê por aqui?

 

Éssio, ríspido: Não é da tua conta, Zézão, você não acha que já estragou minha vida demais? Tu me envenenou pro meu pai, me fez ser demitido!

 

Zézão: Bem feito! Você mal trabalhava, cabra égua, e só sabia reclamar, e dizia que ficava com cheiro de tomate, de abóbora, de soja, deixa de ser fresco! A lavoura não era seu lugar!

 

Éssio, com a visão torta: Não importa, você me envenenou pro meu pai! Eu vou acabar contigo também, eu vou…- Ele vai caindo no chão, quando Zézão o pega.

 

Zézão: Você tá bêbado, logo vi, e deve estar perdido por aqui, deixa que eu te ajudo!

 

Mas Éssio retribui com um soco: Fica longe de mim, roçeiro inútil!

 

Zézão mesmo assim tenta ajuda-lo: Calma, Éssio, eu tô tentando te levar pra um bom lug…- Ele recebe outro soco de Éssio- CHEGA! VOU EMBORA E VOCÊ QUE SE VIRE SEU BEBADO- Ele sai andando.

 

Éssio provoca: Volta pra tua roça, Zézão, vai lá paquerar seus tomates e suas sojas, tá carente de mulher tem que partir pros leguminhos, né?

 

Zézão não aguenta e volta, os dois começam uma briga.

 

Zézão, zangado: Você não tem o direito de me ofender, não tem!

 

Éssio então o joga no chão, e escuta uma forte batida: Zézão havia batido a cabeça em uma pedra, o sangue escorria.

 

Éssio, assustado: O que…Eu fiz?
Termina o capítulo 17.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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