Capítulo 16 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa
– Não pode ser! Eu estou apaixonada! – sussurra para si.
Após essa conclusão, Dora refez-se rapidamente e pegou Lara com uma pergunta.
– Com essa sua entrada teatral nem pude perguntar… Mas o que te trouxe aqui tão cedo? Vontade de visitar os pobres? – ironiza voltando-se para mãe.
– Não, querida! Os céus são testemunha do quanto é difícil pra mim pisar nesse lugar, mas recebi uma ligação ainda de madrugada de um detetive chamado… – tenta se lembrar.
– Leonard Turner! – resmunga Dora enfurecida.
– Ele mesmo! Me ligou dizendo que te trouxe pra isso que você insiste em chamar de casa com um suspeito e que vocês estavam num lugar muito perigoso. Me aconselhou a por juízo nessa sua cabeça!
– Tudo bem, mãe! Você já fez o seu trabalho! Mensagem recebida… Agora, com licença que eu tenho mais o que fazer! – diz abrindo a porta.
– Mas filha, eu pensei que já que estou aqui, a gente podia passar a manhã no shopping… Como nos velhos tempos! O quê você acha?
Ela então se acalmou e respondeu.
– Não, obrigada! Eu realmente tenho outros planos, como arrumar a casa e fazer os trabalhos da faculdade.
– Nossa, realmente você me excluiu! Não passo de um passado vergonhoso pra você! – a mãe volta a dramatizar.
– Não é nada disso! Vamos marcar, eu vou pra casa e a gente vai. Prometo! – diz beijando os dedos.
Lara aceitou a promessa, então saiu despedindo-se da filha, vendo que era o máximo que conseguiria ter.
– Tá bem… Promessa é divida, hein! Senhorita Isadora Réquiem.
Quando Dora fechou a porta, estava bufando como não era muito raro de acontecer. Não sabia direito se era pela visita inesperada da mãe, ou se por achar que gostava de Alonso, mas naquela hora, achou um alvo certo para descontar seus sentimentos.
– Leo Turner, você me paga! – grita.
Pegou o telefone e um cartão em cima da mesa, esmurrou com os dedos os números e deixou tocar do outro lado da linha. Quem atendeu foi o próprio citado.
– Alô! Detetive Leo Turner, pois não!
– Seu idiota! Quem pensa que é pra se meter na vida dos outros desse jeito? Mas também é isso que dá recrutarem crianças pra fazer o serviço de um homem.
– Calma, Dora! Bom dia pra você também! Mas que saudade é essa que não esperou nem o dia amanhecer direito?
– Eu só vou falar uma vez, ou você me ajuda a descobrir o que eu preciso ou me deixa em paz! Se avisar minha mãe de novo sobre o que eu faço, você vai se arrepender! Escolha outra pessoa pra bancar a criança responsável amadurecendo. Isso não me impressiona nem um pouco, vê se cresce! – termina desligando.
O detetive, ainda em choque, pensou um pouco sobre o minuto anterior, mas logo pôs o telefone no gancho e surpreso brincou.
– Nossa! Assim eu me apaixono! Que garota mais maluca essa! Sorte dela… Se eu não fosse uma criança de coração mole, ela já estaria presa por desacato a autoridade. – ri.
Do outro lado da linha, Dora respirava ofegante e arrependida pelo seu ímpeto de loucura.
– Acho que exagerei… – conclui.
Enquanto isso, do outro lado de Holanda Garden, Alonso batia à porta de um sobrado grande e conservado que destoava das outras casas da rua, na verdade do bairro todo. Teve que insistir um pouco, até que alguém veio atender.
– Alonso! Nossa, é você! Finalmente… Onde você se meteu? Já tava quase ligando pros seus pais!
– Relaxa! Eu passei a noite no apartamento de uma amiga. – justifica escoando porta adentro.
– Amiga, sei! E o que é isso, essa garota é lutadora de vale tudo? – pergunta observando os machucados.
– É que eu tive que defendê-la, literalmente bancar o herói!
– Alonso… Cuidado cara… Tem certeza que ela é confiável? Pensei que tivessem descoberto que você… – para bruscamente com medo das paredes terem ouvido.
– Ninguém descobriu nada, você que é paranoico!
– Cuidado, Alonso! E o que é isso na sua mão?
– Umas coisas que ela me deu pra trazer.
– Me deixa ver! Ahan! Roupinha lavada e passada, cheirosa! Remedinho e até lanchinho! Alonso, o que você anda aprontando? Quem é essa garota? Como não fiquei sabendo dela antes? Tem certeza que ela não sabe que você é…
– Xiiiiuuuu!!!! Ela não sabe de nada, e nunca saberá se você não contar. – termina Alonso, calando-o com a mão.
– Tá! Nesse caso essa moça parece ser bem legal! Mas me promete que vai tomar cuidado.
– Meu amigo… Com essa menina você faz isso o tempo todo senão acaba em confusão. Você vai ver quando a conhecer.
– Eu vou?
– Vai, quando as coisas acontecerem. E agora vamos, eu tenho planos pra noite.
– Vamos aonde?
– Pro médico! Não quis ir à noite passada porque iam descobrir, mas preciso fazer um check-up, descansar e executar meus planos. Vamos, tá tudo bem, não precisa ficar com essa cara passada Romeu.
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Nome: Romeu La Verona
Status: Amigo, fiel escudeiro.
Idade: 22 anos.
Hobby: Tem um jeitinho pra tudo.
Livro de Cabeceira: Cem anos de Cinema.
Frase: “Luz, câmera, ação.”
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Os dois saíram em disparada logo após a conversa.
Lara eve estar surpresa com a mudança radical de sua filha, pois até eu estou surpreso com a maturidade de Dora… deixou mesmo de ser patricinha, e que os anjos digam amém.
Coitado do Léo Turner, tudo bem que ele foi muito intrometido, mas a Dorita poderia ter sido mais dócil com ele, tadinho. E tenho certeza que algo ainda vai rolar entre eles, nem que seja um caso rápido!!! Isto é, se ela resolver deixar o Alonso de lado, pois está perdidamente apaixonada por ele.
Mais um personagem chegando na web e trazendo mais curiosidade para os leitores. O que será que Alonso esconde de Dora, minha gente? Será algo grave? Estou até com medo de criar hipóteses :O
Coisas surpreendentes e que pareciam impossíveis vão ligar todas essas pessoas quando menos esperarmos! Essa menina vai precisar de muita força ainda…