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Detalhes Sórdidos

Capítulo 16 – Detalhes Sórdidos

CAPÍTULO 16

SEGUNDA FASE

Ala oeste, andar térreo.

TOM – Parece ser uma antiga repatiçã da casa. Como se a mesma tivesse sido reformada, deixando algumas partes antigas. Vamos, não temos tempo a perder. Temos que procurar um alçapão.

MARIAH – Hei, vocês, olhem isso!

MARINNA – São fotografias de crianças.

EDSON – Não são quaisquer crianças. Essas fotografias aqui são minhas.

Todos se reconheceram nas antigas fotografias.

TOM – “Crianças desaparecem misteriosamente de orfanato.” “Diretora é condenada por assassinato e ocultação de cadáveres.” Mas o que significa isso?

EDSON – Somos nós…

MARIAH – Não! Eu não! Eu sou rica de berço! Nunca vivi em um orfanato! Meus pais teriam dito… ou não?

Lágrimas.

TOM – Tem mais jornais aqui. “Filhos do Pacto desparecem – Mais um capítulo das misteriosas crianças herdeiras do Diabo”

EDSON – Eu não estou gostando disso.

GARIBALDI – Talvez eu possa explicar. “Filhos do Pacto”, “Herdeiros de Satanás”, “Rebentos da Perdição”. Com esses nomes foram conhecidas as crianças, filhos de um grupo de homens que se reuniram para fazer um pacto com o Diabo. Cada um deles ganhou uma quantia fabulosa em dinheiro. Mas se recuraram a cumprir a sua parte no pacto.

TOM – E o que era?

GARIBALDI – Entregar seus próprios filhos em sacrifício a Lúcifer.

TOM – Isso é ridículo!

GARIBALDI – Ridículo ou não, você, o padre e a freira tem as cabeças marcadas, como judeus pelos nazistas. Entenda, Tom, eu fui tido como louco, fui acusado de ter cometido assassinatos, tudo porque eu estava investigando esse caso. Você terá que admitir que é um bom tema para um livro.

TOM – E como você veio parar aqui?

GARIBALDI – Um golpe de sorte. Certa vez eu estava conversando com um homem que se dizia Ghost Writer…

EDSON – Que se dizia o que?

GARIBALDI – Ghost writer! Escritor fantasma. É o profissional especializado em escrever livros, oude outro autor irá assinar. é muito comum em grandes instituições, empresas e até no Vaticano. O papa João Paulo II tinha seu próprio Ghost Writer…

TOM – Por favor, não divague.

GARIBALDI – Eu conversava com esse Ghost Writer, pouco antes de ser internado, e ele havia sido contratado para escrever um livro, cujos personagens se viam presos em um casarão, om coisas estranhas acontecendo com eles. Os mesmos seriam convidados a estarem lá, coma promessa de um ganho muto generoso em dinheiro.

PADRE DORNAS – Deixa eu ver se eu entendi:Aí então você plagiou o livro do cara e escreveu o seu: Brumas Azuis.

GARIBALDI – Muito perspicaz, padre. Foi isso mesmo que aconteceu. Ele disse que o seu empregador, um homem muito rico queria usar pessoas reais, numa casa real, para ver o que acontecia e essas pessoas já estavam escolhidas. Eram os meninos cujos pais se recusaram a entegar-lhes ao Diabo.

PADRE DORNAS – Vai me dizer que o nosso Anfitrião é o Diabo em pessoa.

GARIBALDI – Não, claro que não. Ele é apenas um sacerdote.

TOM – Mas, como assim? Quem é ele?

GARIBALDI – É o que eu quero descobrir.

EDSON – Mas alguma coisa está errada aqui. Você tentou me matar, por que?

GARIBALDI -Uma pessoa desse grupo deseja a morte de todos, isso é fato. Eu apenas estou liquidando as opções. Primeiro, quis tirar você do caminho, e depois o próximo, e o próximo.

EDSON – Mas então você é louco mesmo! Quer resolver um problema tentando nos matar? E se a polícia…

Garibaldi se dobrou de rir.

GARIBALDI – Polícia? Não seja idiota! Não seja ingênuo. Essa é a ante-sala do inferno, e se a polícia chegar aqui, fi porque um de nós saiu vivo. Do contrário, não há como chegar aqui antes de estarmos todos incinerados.

TOM – O que???!!!

GARIBALDI – Isso mesmo, Tom, temo que o destino final dessa mansão seja o fogo.

TOM – Mas e quanto a essas mensagens cifradas nas nossas cabeças?

GARIBALDI – A freira me falou sobre a marca dela. Eu supuz entao que todos vocês tinham, devido à semelhança da idade. São todos jovens, de até trinta e cinco anos. São todos órfãos, adotados em seguida, tendo uma vida distinta da de seus verdadeiros pais, mas com uma condenação: todos são propriedades do Anfitrião.

EDSON – Chega de bobagens. Vamos procurar o que vimos procurar. Deve ter um alçapão aqui em algum lugar.

TOM – Vamos procurar.

Eles reviraram móveis, tapetes e nada encontraram. Quase uma hora procurando inutilmente.

TOM – Acho que não adianta. Não deve ter alçapão nenhum, deve ser uma brincadeira…

MARINNA – Quem iria tatuar números por brincadeira na cabeça de crianças.

PADRE DORNAS – Talvez o nosso escritor aqui possa nos dizer.

GARIBALDI – Já falei tudo que eu sei.

PADRE DORNAS – Mas não há nenhum alçapão aqui. Estão nos fazendo de bobos.

GARIBALDI – Estão nos fazendo de bobos desde que aceitamos este convite

PADRE DORNAS – Você não aceitou convite algum! Está aqui porque quer.

GARIBALDI – Padre, estou aqui pelo emprego. O Ghost Writer de que lhes falei, ofereceu-me a chance de escrever uma história verdadeira e ficar rico com isso. Por isso estou aqui.

TOM – Mas e a Valéria? Ela chegou como nós, em limusines. Será que ela aceitou um emprego de nos enfernizar?

GARIBALDI – O que está certo é uma coisa: Nossas ambições foram estudadas e exploradas ao máximo. Ele conhece os detalhes mais sórdidos da nossa alma sabe como usá-los contra nós. É uma pessoa muito sagaz, e que conhece cada passo nosso aqui dentro.

PADRE DORNAS – Júnior, o mordomo. Vocês acham que pode ser ele?

GARIBALDI – Eu acho que não.

TOM – Bom, chega de conversa. Se existe um alçapão, vamos encontrá-lo. E se ele está aqui, só pode estar debaixo desse chão de tábuas. Eu deixei um pé-de-cabra no corredor, perto da cozinha, e vou buscá-lo.

MARIAH – Mas os cães…

TOM – Alguém tem que fazer isso.

GARIBALDI – Eu vou.

PADRE DORNAS – Você?!

GARIBALDI – Tenho uma dívida com o grupo, e essa dívida será paga.

Garibaldi armou-se com um porrete e saiu da segurança do quarto na ala oeste, embrenhando-se pela escuridão do interior da mansão sem energia elétrica. Volta e meia um tremor abalava tanto as estruturas da mansão, quanto a estabilidade do grupo. Ele andava devagar, como se temesse que o chão fosse afundar sob seus pés.

GARIBALDI – Acho que é por aqui. Minha memória está me traindo.

DESCONHECIDO – Conversando sozinho?

GARIBALDI – Quem é você.

DESCONHECIDO – Se eu lhe dissesse que sou o Anfitrião, o que diria?

GARIBALDI – Que está mentindo. Se o Anfitrião fez questão de não aparecer até agora, significa que teme ser reconhecido. Você é o lacaio dele, Júnior.

O estranho tirou o capuz.

MORDOMO – Muito perspicaz. Quase tão esperto quanto meu senhor. Vim para lhe dizer que foi muita sabedoria da sua parte não dizer que o Ghost Writer era eu.

GARIBALDI – Faltou oprtunidade.

MORDOMO – Meu mestre lhe prometeu muitas riquezas e pode cumprir a promessa se você for até o fim com o nosso acordo, e matar um por um.

GARIBALDI – Eu não fiz acordo nenhum com vocês! Vocês me enganaram! Disseram tratar-se de uma hospedagem przeirosa, com jogos interessantes, mas o que vejo aqui são armadilhas, cães monstruosos

MORDOMO – Essas pessoas devem ao meu mestre. E se você não ajudar a cobrar a dívida, também passará a ser um devedor. E a morte pode ser um doce alento, se comparada com tudo que você passará em nossas mãos, seu escritorzinho de merda. Vá buscar o seu pé-de-cabra. Não queremos que a turma perca o pique.

Garibaldi andou até perto da entrada da cozinha. O pé-de-cabra estava lá. Mas havia um barulho dentro da cozinha, e a sua curiosidade foi maior que o bom senso. Ele olhou. A sua presença, o seu cheiro, chamou a atenção deles, dezenas de cães monstruosos, procurando comida.

Fim do capítulo 16

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