Capítulo 16 – Agridøcє
Agridøcє
Sair da última prova na sexta-feira foi um alívio. Uma longa e cansativa semana de provas havia acabado, um longo e cansativo semestre também. Rylan me esperava na porta do dormitório encostado em sua moto com uma enorme mochila nas costas.
— Boa tarde, docinho! Que bom te ver! — Ele me deu um leve beijo na testa.
— Que bom ver você também! — Passei as mãos pela sua cintura meio desajeitada, abraçando a mochila também.
— Vim me despedir, to indo para casa hoje. — fiz bico. — Mas apareço na sua casa final de semana que vem e aí fico com você até você enjoar de mim.
— Está preso eternamente a mim, então! — beijei seu queixo. — Quer subir um pouco?
— Só se for bem pouquinho. Um dos paqueras de Joy já foi leva-la para casa e ela me fez prometer que eu não iria deixa-la sozinha com nossos pais por mais de meia-hora. — Nós rimos e eu fui abrir a porta o puxando pela mão.
Assim que entramos, duas meninas saíram do elevador, conhecia vagamente as duas, Elena e Mabel, estavam acomodadas no mesmo andar que eu e ás vezes, as trombava pelo corredor. As duas estavam com mochilas e malas, indicando que também já estavam indo para casa. Eu e Rylan entramos no elevador. Saímos no andar do meu quarto e o silêncio dominava tudo, nunca vira aquele andar tão silencioso. Caminhei para meu quarto completamente ciente da mão entrelaçada na minha. Ele era tão quente!
Entramos no quarto e foi estranho ver a cama de Joy pela primeira vez arrumada, ela tinha sérios problemas com organização, pelo menos, na parte dela do quarto.
Rylan jogou sua bolsa em cima da cama da irmã e deitou relaxadamente na minha, me fazendo lembrar minhas primeiras semanas ali. Ele estava quase igual, tirando os cabelos que agora estavam mais curto, em um estilo topete bagunçado, não mais preso atrás das orelhas.
Joguei minha bolsa junto com a minha mochila que já estava pronta para ir para casa. Caminhei para minha cama e me joguei preguiçosamente do lado de Rylan.
— Preciso ir, docinho. — Rylan sussurrou puxando-me para ele.
— Agridoce. — Suspirei em seu peito, sentindo seu cheiro.
— Agridoce? — Apesar de não poder ver seu rosto, podia ver perfeitamente em minha mente sua cara de dúvida.
— Joy disse que eu sou amarga e doce. — Dei de ombros.
— Gostei. — ele riu, beijando o topo da minha cabeça. — Mas agora eu preciso ir, agridoce.
— Ok. — Murmurei e funguei em sua camiseta, sentindo seu cheiro. Ficaria uma longa semana sem tê-lo por perto. Seria estranho, agora que eu já estava acostumada a vê-lo todos os dias.
Ele se sentou na cama, ainda me segurando com a cabeça em seu peito, beijou o alto da minha cabeça e segurou meu queixo, puxando meu rosto para cima até que nossos olhos se encontrassem.
Aqueles olhos verdes arredondados me encaravam de uma forma que eu não conseguia desviar os olhos. Seus braços quentes e fortes em volta de mim me faziam se sentir plena, completa. Um pacote outra vez. Eu não tinha grandes experiências com meninos e namoros, Rylan sem dúvida alguma era meu primeiro namorado de verdade. O primeiro que me fazia sentir esse turbilhão de sentimentos apenas por ter seus olhos me encarando. Afinal, será que isso que era amor? Eu não sabia, até por que não tinha com o que comparar, mas se eu pudesse dar um nome àquilo que eu estava sentindo naquele momento, com base em tudo que eu já tinha lido e escutado sobre o amor. Provavelmente seria esse o nome que daria a nós dois e ao que eu sentia: Amor.
Meus olhos se encheram de lágrimas e eu pisquei algumas vezes, tentando fazer com que as lágrimas voltassem.
— Ei, que foi? Tá chorando por quê? — Ele arregalou os olhos e tirou meus óculos, limpando as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.
— Acho que te amo. — Sussurrei. Ele sorriu e depois deu uma longa gargalhada.
— Também te amo. — Sussurrou e me beijou.
Ele me puxou para seu colo e encostou-se à parede, jogou meus óculos em algum canto da cama de Joy. Nos encaramos. Tentei me lembrar da cor da minha calcinha e ri com a ideia.
— Por que está rindo? — Ele arregalou os lindos olhos verdes.
— Nada. — Mordi o lábio inferior, tentando segurar a risada. Ally sempre me dizia que a parte principal da nossa vestimenta era a calcinha e que você devia sempre estar com uma calcinha bonita, até quando ia dormir, pois nunca sabia quando ia aparecer a oportunidade de ir parar na cama de um menino, ou ele parar na sua. Eu era virgem, então nunca havia me preocupado com o modelo e a cor da minha calcinha. Até aquele momento. Lembrava vagamente de ter pego uma calcinha rosa com lacinhos de manhã. Então estava tudo bem.
— Eu preciso ir. — Ele sussurrou encostando os lábios no meu.
— Você precisa ir. — Concordei, mas nenhum dos dois se mexeu. Eu o beijei.
Ele estava com uma camiseta branca de flanela, macia e fina. Passei minha mão pelo seu rosto e desci para seu pescoço, para seus ombros largos e para seu peitoral, podia sentir seus músculos se enrijecendo ao meu toque, desci as mãos até a sua barriga e subi novamente, sentindo seus músculos bem definidos. Subi mais um pouco até alcançar o primeiro botão de sua camiseta e abri. Ele me olhou, mas eu estava envergonhada demais para olha-lo, então continuei encarando sua camiseta e abri mais um botão.
Então seu celular tocou.
Nos encaramos meio desnorteados, envolvidos demais naquela nossa bolha particular. Rylan se mexeu em baixo de mim, tentando tirar o celular do bolso da calça, eu me joguei do seu lado na cama, para que ele conseguisse pegar o celular.
— Fala, Joy. — ele suspirou, me encarando. — Não, eu ainda não estou indo.
O clima já havia acabado, me levantei para procurar na minha bolsa alguma coisa que eu não precisava achar.
— Sim, estava com a Wendy e ainda estou. — ele bufou. — E se quer saber, você é uma grande estraga prazer! Não… Não… Tudo bem, Joy. Já estou indo, agora cale a boca.
Ele desligou e botou o celular no bolso, enquanto eu continuava mexendo na minha bolsa, procurando alguma coisa que eu não precisava. Estava envergonhada demais para olha-lo, e ele pode perceber isso. Me deu um beijo no alto da cabeça, pegou suas coisas e saiu.
Eu me joguei em minha cama, com os olhos já cheios de lágrimas. Ficaria uma semana sem vê-lo, não podia deixa-lo ir embora assim. Pulei da cama e corri para porta.
— Te amo. — Ele estava encostado na parede em frente à porta, seus olhos verdes redondos me encaram. Passei as mãos pelo seu pescoço e entrelacei os dedos nos seus cabelos, ficando nas pontas dos pés.
— Que se dane a Joy! — Murmurei.
— Já desliguei o celular. — Ele sussurrou me empurrando para dentro do quarto.
Fechou a porta com o pé e trancou-a desajeitadamente, sem desgrudar seus lábios do meu. Jogou sua bolsa em algum lugar e me empurrou para a cama, caímos na cama com ele por cima de mim. A única luz acesa no quarto era a da minha luminária em cima da escrivaninha, ele esticou a mão e a luz se apagou. Agora seriamos um do outro.
Capítulo 17 – Dia 02/02