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Filho Amado

Capítulo 15 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 15.

 


 

Alminha ri: Você não pode impedir ele de voltar, uma hora ou outra o Noronha pode chegar aqui!

 

Anna, chorando de raiva: Mas o que aquele infeliz pode querer voltando? Ele já causou desgraça demais enquanto esteve aqui!

 

Alminha põe a mão no ombro da cunhada: Anna, você já pensou no que o Noronha pode ter se tornado?

 

Anna pega o terço que fica pendurado e seu pescoço: Como assim?

 

Alminha, tensa: O Noronha pode ter virado um ser amargurado, com rancor de você…E uma pessoa rancorosa e com sede de vingança é capaz de tudo pra atingir o que quer.

 

Anna se defende: Eu nunca fiz nada pra ele ter raiva de mim, fui uma mãe como qualquer outra, mas que o sujeito me deu trabalho, deu sim!Motivo pra se vingar ele não tem!

 

Alminha resolve encerrar o assunto: Então tudo bem, vamos esquecer o Noronha e falar de outras coisas.

 

Anna: É melhor, sempre quando falo dele me dá uma dor de cabeça insuportável.

 

Mansão de José do Gado/ Tarde.

 

Aurora pega sua bolsa, decidida a ir para o centro.

 

Taléfica sai atrás dela: Pense bem, minha querida, vocês só tiveram uma discussão, o Clécio ainda vai te pedir perdão, ele não é de ficar brigando com ninguém, conheço meu filho!

 

Aurora põe os óculos e ajeita  o cabelo: Acontece, dona Taléfica, que o seu filho já me estressou demais esses últimos dias, ele se dedica tanto aos shows de mágica que faz pra aquela bendita instituição e se esquece que tem uma esposa precisando de atenção, me cansei disso!

 

Taléfica tenta impedir que ela vá: Olha, eu te peço dois dias, dois dias e eu tenho uma conversa definitiva com o Clécio, eu juro que ele vai ser um marido mais presente, ele anda mesmo se dedicando demais pra os shows de mágica…

 

Aurora, revoltada: E eu não sei porque o Clécio ainda faz esses shows! Já está na hora de parar com isso, ele tem uma loja de calçados agora, não precisa mais do dinheiro com os shows!

 

Taléfica: Você tem toda a razão, Aurora!

 

Aurora pega uma maçã na fruteira: Eu vou visitar um amiga, dona Taléfica, mas quando eu chegar vou falar tudo o que está entalado na minha garganta, o Clécio não me escapa- Ela beija a sogra e vai.

 

Taléfica, simpática: Vai, pode ir, querida!- Ela espera Aurora sair e muda a expressão- Não acredito que o boboca do Clécio vai perder a Aurora, mas se eles se separarem não vai ter onde eu morar, ai meu Deus, vou pra um asilo! Não posso ir pra um asilo! Fora que a Aurora é rica, e os pais dela também, não posso abrir mão da minha manicure semanal e nem do meu SPA, não posso deixar que meu filho se separe.

 

Calçados Clécio/ Tarde.

 

Clécio ajeita alguns sapatos, quando Natércia chega.

 

Natércia, apressada: Pronto, chefe, me desculpe o atraso.

 

Clécio, intolerante: Não admito que você chegue atrasada de novo, eu dou UMA HORA de almoço pros meus funcionários, e nada mais, ouviu?

 

Natércia concorda: Sim, chefe, me perdoe.

 

Clécio, bravo: Aproveita que o movimento está baixo e vai encerar o chão!

 

Natércia: Sim senhor.

 

Clécio olha no relógio: E cadê o Bruno? Será possível que em uma hora ele não consegue almoçar!

 

Natércia pega os produtos de limpeza: Ele deve repetir o almoço umas duas vezes, chefe!

 

Não muito longe, Bruno corre pelas ruas de terra da cidade: Ai, meu Deus, o chefe me mata se eu chegar atrasado de novo, mas a culpa não é minha, é do meu intestino!- Ele para de correr e se abana um pouco- Ai, que calor infernal!

 

De repente todos começam a escutar um som vindo do alto, passa então um helicóptero preto sobre a cidade, mas rapidamente.

 

Bruno, admirado: Nossa…É um helipoctero, helicoctero, sei lá o nome…- Ele olha fixamente o objeto- Nunca tinha visto um, parece até um monstro voador!

 

Alguns minutos depois…

 

Bruno chega, todo suado: Bruno se apresentando para o serviço, senhor!

 

Clécio o olha com uma péssima expressão: Atrasou meia-hora, e ainda chega todo suado! Alguém vai querer comprar sapato com um fedorento desses?

 

Bruno, sem ar: Eu sei, mas é porque eu corri muito…

 

Clécio tapa o nariz: Vai lavar o rosto no banheiro, Bruno, ou você empesteia  ambiente todo!

 

Bruno cheira a si mesmo: É verdade- Ele vai em direção ao banheiro, mas cai no meio do caminho- Ai, quem teve a ideia de encerar o chão justo agora?

 

Minutos depois, Bruno sai do banheiro, mais limpo.

 

Bruno, eufórico: Vocês não acreditam no que eu vi quando vinha pra cá!

 

Natércia continua encerando o chão: Algum assalto?

 

Bruno ri: Claro que não, foi um helipoctero!

 

Clécio, sem entender: Quê?

 

Bruno explica: Aquela coisa que fica no ar, com aquele troço rodando, que de vez em quando aparece na televisão!

 

Natércia, surpresa: Você viu um helicóptero sobrevoando a cidade?

 

Bruno confirma: Sim, foi a primeira vez que vi um de verdade, é lindo, queria saber o que estava fazendo ao sobrevoar aqui!

 

Clécio debocha: Devia estar filmando para uma série especial de cidades que não estão no mapa do Brasil.

 

Bruno ajusta seu cinto: Ou eles poderiam estar falando sobre a Cidade do Pequi, não é assim que somos conhecidos?

 

Clécio anota algumas informações sobre sapatos: Claro que não, ninguém liga pra Vila Varzeônica, Bruno, ninguém!

 

Lavoura…

 

Bento observa a plantação de trigo, dois agricultores chegam.

 

Josué, furioso: Bento, nós temos um assunto importante pra tratar contigo!

 

Bento, curioso: O que aconteceu, Josué? Alguma praga atacou de novo a plantação de milho?

 

Zézão tira seu boné: Não é isso, Bento, olha, cê sabe que nóis tem o maior respeito pela sua pessoa, tu é um dos melhor agricultor aqui da cidade, mas nóis veio falar sobre seu filho Éssio.

 

Bento, preocupado: Aconteceu alguma coisa com o Éssio?

 

Josué, transtornado: Seu filho é um mau criado, me desculpe te dizer essas palavras, mas é impossível que um homem de 30 e poucos anos se comporte daquele jeito, agora ele tá nos atacando, xingando a gente, e deu pra brigar, hoje mesmo ele trocou murro com o Zézão, e olha que o Zézão só fez um comentário, nada demais!

 

Bento, decepcionado: Eu entendo…Não se preocupem, eu vou ter uma conversa séria com o Éssio!

 

Zézão mostra seus ferimentos: Olha só o que ele fez, você me desculpe Bento mas se mesmo assim ele continuar com esse comportamento eu não sei o que sou capaz de fazer, quando seu filho foi expulso da prefeitura nóis acolheu ele aqui de braços aberto, e agora ele trata a gente assim? Me poupe!

 

Bento os tranquiliza; Eu vou falar com o Éssio, prometo, de hoje não passa.

 

São Cristovão Hotel´s.

 

Noronha termina de se cadastrar, ele pega uma chave com a recepcionista: Obrigado.

 

Jasmine, Figaro, Josélia e Caio estão sentados no sofá da recepção.

 

Figaro, feliz: Gostei do sofá, confortável, espero que no quarto tenha um desses aqui…

 

Noronha chega: O Domingues foi buscar o Detetive Américo em Cuiabá, já reservei um quarto pra ele- Noronha guarda uma chave no bolso- Olha, essa chave aqui é do meu quarto com a Jasmine- Ele a entrega pra Jasmine- E essa chave aqui é do quarto de vocês Figaro e Josélia- Ele joga a chave para Figaro- Ah, e o Caio vai ficar com vocês.

 

Josélia, indignada: Mas e a nossa privacidade?

 

Noronha dá uma gargalhada: Privacidade?

 

Figaro protesta: Como nós vamos poder ter nossos momentos íntimos com o seu filho dormindo entre a gente?

 

Josélia apoia: Fora que ele é filho de VOCÊS!

 

Caio brinca com um tablet: Eba, eu vou dormir com o tio Figaro e com a tia Josélia!

 

Noronha põe seus óculos escuros: Escuta aqui, se for pra reclamar eu desfaço a reserva de vocês dois e deixo vocês dormindo na calçada!

 

Josélia: Venenos…- Figaro tapa a boca da mulher.

 

Figaro, falso: Nós vamos dormir com o menino sim, é a única opção.

 

Noronha, cínico: É, cuidado porque o Caio as vezes costuma ter ataques de sonambulismo, e ele as vezes dá uma de bebê e vai até o peito da Jasmine.

 

Josélia protege os seios: Já vi que vai ser uma viagem desagradável.

 

Quarto de Noronha e Jasmine…

 

Jasmine coloca as roupas com rancor no guarda-roupa.

 

Noronha se aproxima: Vamos, se anime, Jasmine…

 

Jasmine, furiosa: Me animar? Você me disse que iamos fazer uma viagem incrível e eu, iludida, achei que fosse pra Paris, Roma…Quem sabe até pra Costa Rica, imaginava qualquer lugar menos Vila Varzeônica ou São Cristovão!

 

Noronha, sério: Essa viagem é muito importante pra mim, você tem que me entender, me apoiar!

 

Jasmine o confronta: Agora me diga qual o motivo dessa viagem, aquela história de o Caio ver o avô não ornou!

 

Noronha a pega suavemente pelo pescoço: Eu quero mostrar pra minha mãe quem eu me tornei, o ser rico e poderoso que sou, diferente do Éssio, que até hoje deve ser um zé ninguém, eu vou pisar nela, Jasmine, eu vou sambar na cara dela!

 

Jasmine, horrorizada: Essa história te perseguindo de novo, eu sabia, você sempre muda quando fala na sua mãe e no seu irmão, você vira outra pessoa.

 

Noronha reflete: Ela não sabe do que eu sou capaz, agora eu posso muito mais, e já tenho todo o meu plano de vingança na minha mente.

 

Jasmine implora: Deixa essa história pra lá, isso tem que sair da sua mente, essa coisa de vingança nunca acaba bem, Noronha, um dos lados acaba ficando ferido!

 

Noronha, com o olhar longe: Pode acreditar, vai ter muita gente ferida, Jasmine, e eu não respondo pelos meus atos…- Ele sorri- Eu vou acabar com o Éssio e com a minha mãe.

 

Jasmine se afasta de Noronha: Eu não gosto quando você fala isso…

 

Noronha a enche de beijos: Você não gosta porque sabe do que sou capaz- Ele sussurra- Já fizemos muitas coisas juntos que até o diabo duvida!

 

Josélia entra: Desculpe…Estou interrompendo alguma coisa?

 

Noronha faz sinal para que ela entre: Não, eu e Jasmine estávamos apenas conversando sobre os nossos planos para o futuro.

 

Josélia faz cara de medo: Bom, eu só vim avisar que o detetive Américo e o Domingues chegaram, eles estão lá no corredor.

 

Noronha se lembra: É mesmo, esqueci de avisar pro Domingues que ele vai ter que dividir o quarto com o detetive.

 

Josélia ri: E ele não vai ficar incomodado?

 

Noronha ri: Ele nunca fica incomodado porque no final do mês quem dá o salário dele sou eu- Ele sai rindo.

 

Jasmine continua com semblante de preocupação.

 

Josélia vai até a sobrinha: O que houve, querida?

 

Jasmine, triste: O Noronha cismou de novo com aquela história de vingança contra a mãe dele, e isso me deixa preocupada, não sei até onde ele é capaz de chegar.

 

Corredor…

 

Noronha cumprimenta o detetive: Como vai, Américo? Quanto tempo, desde o ano passado que não tenho noticias suas, achei que você tinha morrido!

 

Américo, contente: Estive envolvido em uma missão secreta em Londres, mas quando você me chamou eu corri de lá porque você sempre foi o que me pagou melhor!

 

Noronha estranha: Você tava em Londres? Mas eu te chamei ontem! Como você veio de lá pra cá em menos de um dia?

 

Américo confessa: Na verdade eu estava em Londrina, mas isso não importa, o importante é que estou aqui.

 

Noronha aponta para o quarto e lhe entrega a chave: Esse quarto é seu, pode descansar, sei como essas viagens são exaustivas, depois conversarei sobre o porque te chamei aqui.

 

Domingues está com sua mala: E onde eu vou ficar, chefe?

 

Noronha lembra: Ah, você vai dormir no mesmo quarto que o detetive, desculpe por isso mas eu não tenho condições de pagar quatro quartos nesse hotel, já basta o detetive e os tios chatos da Jasmine.

 

Domingues resmunga: Eu preferia dormir no helicóptero…

 

Noronha dá um tapa no ombro dele; Você é tão engraçado, Domingues, agora vai colocar sua mala no quarto, daqui a uma hora quero você com o helicóptero pronto, vamos para Vila Varzeônica.

 

Domingues, curioso: Fazer o quê lá?

 

Noronha lhe dá outro tapinha no ombro: Não é da sua conta, mas estou tão empolgado que te conto: Vou visitar minha mãe- Ele sorri- Depois de vinte e dois anos, vou ver Anna Maria Dávila novamente.

 


 

Termina o capítulo 15.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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